Introdução
O terceiro mandamento é a
exigência divina para com a devida reverência à Sua pessoa. Não tomar o nome de
Deus em vão implica o reconhecimento de sua santidade. Para os judeus o nome
estava intimamente ligado à pessoa, indicando seu caráter ou o caráter de seu
pai (Êx 3.13; Mt 1.21) ou também tinha o sentido de denotar a posição e a
função de quem usava o nome (Êx 23.21).
Deus se revela ao seu povo
na antiga Aliança por diversos nomes, cada um deles apontando para os atributos
divinos, de modo que eles invocavam ao Senhor usando um determinado nome a
depender da circunstância vivenciada. Assim temos:
EL / ELOHIM: Soberano
Criador
JEOVÁ (YHAWEH): “EU SOU”
EL SHADAY: Deus Todo
Poderoso, Onipotente
ADONAI: Senhor (dono)
JEOVÁ JIRÉ: Deus proverá
JEOVÁ M’KADESH: o Deus que
santifica
JEOVÁ NISSI: O Senhor é a
nossa bandeira
JEOVÁ RAFÁ: Eu sou o Deus
que te sara
JEOVÁ SHALOM: O Senhor é a
nossa Paz
JEOVÁ TSIDKENU: Senhor,
Justiça nossa
EL ROHI: O Senhor é o meu
Pastor
JEOVÁ SHAMNAH: O Senhor está
presente aqui
EL ELYON: O Deus Altíssimo
JEOVÁ TSEBAÔ: O Senhor dos Exércitos
JEOVÁ MAKKE: O Senhor nos
corrige
JEOVÁ GMOLÁ: O Senhor das
recompensas
JEOVÁ ELOAI: Senhor meu Deus
EL ELOAH: O Deus pessoal
JEOVÁ ELOENU: O Senhor nosso
Deus
EMANUEL: Deus conosco
O nome que o SENHOR
revela-se a Moisés como o Deus da aliança que haveria de libertar seu povo da
escravidão do Egito é YAVÉ, ou JAVÉ, de onde resulta também JEOVÁ. O
significado desse nome é “eu era quem eu
era”; “eu estou sendo quem estou
sendo”; “sou quem sou” (Êx 3.14)
ou ainda “eu serei o que serei” (Êx
3.12).
I –
A proibições bíblicas para com a falta de reverência ao SENHOR.
O que de fato está proibindo
o terceiro mandamento é o uso leviano do nome do SENHOR. Está em foco o costume
antigo do juramento para atestar a veracidade de algo dito. Conforme Lv 19.12 o
jurar em falso pelo nome do Senhor é condenado por este mandamento: “nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome
do vosso Deus. Eu sou o Senhor”.
A reverência ao nome do
Senhor é a reverência ao próprio Senhor. Por isso a exigência divina. O próprio texto em questão diz que o Senhor
não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
No
Antigo Testamento era rigoroso o castigo para a falta de reverência com o nome
divino, apedrejamento (Lv 24.16).
E de fato os judeus puseram
em prática pelo menos esse sentido literal de não usar o nome do Senhor em vão,
na verdade eles temiam até pronunciá-lo, substituíam por outras expressões ou
nomes que se referiam ao Senhor. À vezes se referiam a Ele por Adonai (Senhor),
por Ha Shem (O Nome) ou ainda por El Olam (O Eterno). Devido a isso ninguém
sabe ao certo qual a pronúncia correta do nome divino YHWH.
EM VÃO – A palavra hebraica
para o sentido de “vão” é “SHAW” e significa usá-lo de maneira imprópria, vazia
de sentido, insincera, frívola, ou para finalidades que nada têm a ver com o
verdadeiro propósito de Deus nos ter dado o seu nome.
Quais atitudes então podemos
entender que estão proibidas a nós com relação a reverenciar o nome do Senhor?
a) Votos
cínicos ou juramentos falsos, Ec 5.4, 5; Mt 5.33-37.
O Antigo Testamento proíbe a
precipitação naquilo em que nos comprometemos ao Senhor. Não ocorre na verdade
uma proibição do juramento no Antigo Testamento, mas da leviandade.
No Novo Testamento Jesus
amplia ao pontuar que a postura mais reverente e compatível com uma vida na
verdade é banir o juramento no sentido de ser verdadeiro em todos os momentos.
Ele está colocando um ideal para nós. Não necessariamente proibindo todo e
qualquer juramento, mas dizendo que é desnecessário em dia-a-dia. “De modo nenhum
jureis” – e depois toma tudo o que é inferior a Deus, mas que é superior a nós
e que serviam de motivo para os judeus estarem jurando. A rigor, Jesus está
dizendo não tomeis nada por testemunha. Jurar é tomar
por testemunha. Conforme o costume da igreja primitiva o apóstolo Paulo toma a
Deus por testemunha ao falar de sua preocupação com a igreja (Rm 1.9).
b) A
banalização
Ocorre em nossos dias com
ênfase acentuada o fenômeno da banalização do sagrado. Isso ocorre por meio de
expressões ou por meio de atitudes. Por ex.: “meu Deus”, “Deus me livre”, “se
Deus quiser”, “Deus é testemunha” são expressões ditas muitas vezes destituídas
de reflexão e reverência, excessivamente comuns na cultura brasileira. A
banalização é tal que hoje em dia há coisas do tipo: “acredite em si, pois Deus
tem mais fé em você do que você mesmo”. A banalização das atitudes está em
nossa cultura por meio de expressões da cultura gospel: “frases bíblicas nos
carros”, o mercado dos supostos artigos cristãos (objetos, música, etc).
Algumas coisas não são erradas em si, mas a forma como delas utilizamos é onde
se encontra o erro.
Dentro deste aspecto
encontramos a repreensão do Senhor diante do uso de seu santo nome por pessoas
que por Ele não foram autorizadas a falar em dado momento. Jr 23.25-27 traz uma
advertência nesse sentido.
c) A
incoerência
Tomamos o nome de Deus e vão
quando nossa vida não está coerente com o que estamos falando. A hipocrisia, o honrar
ao Senhor apenas com os lábios é tomar o nome do Senhor em vão.
No Novo Testamento
encontramos os judeus acusando Jesus de tomar o nome do Senhor em vão. Os
fariseus entendiam que quando Jesus afirmava que Deus era seu pai estava sendo
leviano com a santidade do nome do Senhor. Além do fato de que consideravam que
ele colocava-se como igual a Deus, logo, na mentalidade judaica para daqueles
líderes Jesus era merecedor de ser apedrejado (Jo 10. 30-33).
II –
O uso correto do nome do Senhor.
No Novo Testamento o melhor
exemplo a esse respeito nos vem do ensino de Cristo na oração do pai nosso. “[... santificado seja o Teu nome]”. É evidente que o
nome do Senhor já é santo em si, mas nessa expressão de Jesus está como deve
ser nossa atitude com relação ao Nome Santo.
Aqui se trata do inverso do
mencionado anteriormente, ou seja, cumprir os seus votos ao Senhor, ter a
devida reverência para com Ele. As pessoas em seu suposto direito de livre
expressão faltam com o respeito para o que é divino. É comum vermos o nome
santo do Senhor envolto em piadas mundanas, mais triste é percebermos que
muitos cristãos consideram isso normal. Viver coerentemente o evangelho também
é cumprir positivamente o terceiro mandamento.
Conclusão
Não
podemos ignorar a lei de Deus. Sabemos que não conseguimos guardá-la
perfeitamente. Mas, Deus, por sua graça, nos socorre em Jesus Cristo, cujo
nome, ele exaltou acima de todo o nome – Ef 1.21.
Quando
Deus exalta o nome de Jesus acima de todo nome conduz-nos à adoração à ele.
Assim, cumprimos o mandamento de honrar o nome de Deus, honrando o nome de
Jesus: "para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra,
e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (Fp 2.10, 11).
Hoje
então, podemos honrar o nome de Deus. Isso é possível em Cristo, por meio do
ministério do Espírito Santo, pois, o Espírito Santo aplica as virtudes de Jesus
em nosso coração – Ez 36.27; Jo 16.14; Rm 8.14-17.
Sejamos
perseverantes então em honrar o nome de cristo em nossas vidas: “Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma
porta aberta, que ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto
guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3.8).
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