Lucas 1.26-56; Atos 1.14 - Maria como exemplo para as mulheres cristãs

Sermão nº 148, de 08 de março de 2015, dia das mães. Pregado no Culto Solene da IBG.

Introdução

            O texto no qual queremos refletir fala sobre Maria, mãe de Jesus. Antes é necessário fazer algumas afirmações acerca da pessoa de Maria.
           Ela não é mãe de Deus. Embora Jesus seja Deus, ele possui duas naturezas, uma humana e uma divina, ela é mãe de Jesus apenas em sua natureza humana. Como homem Jesus não teve pai humano, não foi filho de José, e como Deus Jesus sempre existiu (Jo 1.1).
           Maria não imaculada, ou seja, sem pecado. A igreja Católica Romana adota a crença que ela não foi pecadora, mas os cristãos da igreja primitiva não pensavam assim. Este dogma foi promulgado pelo papa Pio IX em 8/12/1854. A Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.23), todo ser humano nasce pecador e isso inclui Maria.
           Maria não é mediadora e intercessora. É totalmente antibíblico orar a Maria, lhe prestar culto, venerá-la como divina. Esse é um pensamento que se originou na idade Média por considerarem Jesus um juiz muito severo, então Maria com um coração mais compreensivo intercederia pelos homens ao seu filho. E a Bíblia afirma que só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Tm 2:5; Jo 14:6; 1 Jo 2:1; Rm 8:34; Hb 7:25).
           Ela também não é Co-redentora. A salvação é obra única de Deus, Maria nada acrescenta. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
           Maria teve outros filhos além de Jesus: Mt 13:54-56; Mc 6:3; Sl 69:8; Lc 2:7; Mt 1:24,25; At 1:14.
       E finalmente ela não ascendeu aos céus à semelhança de Jesus. Cito aqui o Pr. Hernandes Dias Lopes: “No dia 1/11/1950 o papa Pio XII promulgou o dogma de que o corpo de Maria ressuscitou da sepultura logo depois que morreu, que o corpo e alma se reuniram e que ela foi elavada e entronizada como Rainha do Céu, recebendo um trono à direita de Seu Filho.”
           Por tudo isso, percebemos que muito do que se crer sobre Maria não está revelado nas Escrituras. Mas há textos que falam dessa maravilhosa mulher de Deus e que portanto, não podemos deixar de pregá-los. É importante para nós hoje observarmos que ela é um bom exemplo para as mulheres cristãs.



I – Uma mulher submissa aos propósitos divinos, Lc 1.26-38.

           Os versículos 26 a 38 nos mostram o relato do anúncio por parte do anjo Gabriel a Maria de que ela seria mãe do messias prometido. Maria estava noiva de José, havia conforme a cultura judaica um compromisso de um futuro casamento entre os dois, é justamente nesse momento que ela recebe o anúncio que terá um filho. Um grande privilégio, no entanto que traz consigo todo o peso de seu significado. Este privilégio veio-lhe pela graça de Deus, conforme é dito no v. 30: “achaste graça diante de Deus”. Embora com certeza Maria fosse uma moça muito virtuosa, ela não foi escolhida para ser a mãe do Salvador por mérito dela, foi graça divina, um favor imerecido. No entanto, com certeza é de se elogiar a coragem daquela jovem e sua submissão aos propósitos divinos em sua vida. Coragem, porque embora as palavras do anjo Gabriel falem de Jesus como aquele que seria chamado Filho do Altíssimo e lhe seria dado o trono de Davi (v.32), ela com certeza conhecia as profecias de Isaías a respeito do servo sofredor.
Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos...” (Is 52.14).
E no capítulo 53: ”Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos”. (v. 2-7, 10).
           Desse modo ela sabia que por muitos sofrimentos ele haveria de passar. Sabia então que propósito divino para sua vida passava por uma difícil maternidade. Embora ela tenha gerado outros filhos segundo alguns textos bíblicos (Ler: Mt 12:46-50; 13:53-58; Mc 6:1-5; Lc 4:16-30; Jo 7:1-9; 19:25) estava consciente do que iria sofrer enquanto mãe.
           Olhar para Maria como exemplo de mulher é destacar então essa submissão ao Senhor.
           Os parâmetros para a mulher cristã é totalmente contrastante ao apregoado pelo feminismo contemporâneo. A Palavra de Deus nos ensina que a esposa deve ser submissa ao seu marido (Ef 5.22; 1 Pe 3.1), isso é inconcebível para o movimento feminista. Deve também educar seus filhos no temor do Senhor. Deve agir com sabedoria no lar para que haja harmonia. Sem verdadeira humildade ou submissão à vontade do Senhor nada disso poderá ser possível.
           No v. 38 ela diz ao anjo: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra”. Apesar de tudo o que ela poderia vir a sofrer, seja a curto prazo como o possível desprezo de José por pensar que ela o traíra, o possível apedrejamento que era a pena entre os judeus apara o adultério; ou de tudo isso escapando sabia já que seu filho iria padecer; seja qual fosse a situação a enfrentar ela estava disposta a que a Palavra de Deus se cumprisse em sua vida.
           E quanto a você minha irmã? Está disposta a pagar o preço da submissão ao Senhor? A submissão ao Senhor pode lhe trazer algumas consequências, você pode perder a popularidade na faculdade, pode perder um amigo ou uma amiga, pode perder uma promoção no seu trabalho, etc. Isso tudo porque a submissão Senhor o coloca em primeiro lugar em sua vida.


II – Uma mulher feliz por ser usada por Deus, Lc 1.39-45.

           Essa parte do texto é bem interessante. Ao contrário do que se crer no catolicismo romano, Maria não está acima das outras mulheres como ente especial, sem pecado, ou mediadora, o texto bíblico aqui apenas diz que ela é bendita (abençoada, feliz), e partícula en traduzida por “entre” é usada no modo hebraico como um superlativo, Isabel está apenas dizendo que ela é abençoadíssima.
           A centralidade do texto é o seu filho, ela é bendita porque iria gerar o salvador (v.43), João Batista se mexe no ventre de Isabel conta do Jesus, não de Maria.  Maria foi usada por Deus para trazer ao mundo o Salvador, e sentia-se muito feliz por esse privilégio, tanto que em seu canto reconhece que em todas gerações a considerariam dessa forma, v. 48.
           Maria era feliz porque creu no Senhor (v.45). Ela não iria casar com um milionário, embora com certeza fosse bonita não feliz por conta de sua beleza, sua felicidade não estava baseada em ser a garota mais popular na região. A base de sua felicidade é porque creu em Deus.
           Minha irmã, há muitas coisas que podem estar contribuindo para sua felicidade: um bom casamento, filhos obedientes e que estejam no caminho do Senhor, estabilidade financeira, ter uma autoestima elevada por conta de sua beleza física, tudo isso é maravilhoso. Mas que você seja feliz principalmente por ser uma mulher de Deus, por crer no Senhor como seu salvador, por ser usado por Ele para glória do Seu nome. Que você possa à semelhança daquela Maria irmã de Marta escolher estar aos pés do Senhor aprendendo dele, amadurecendo como mulher de Deus (Lc 10.38-42).


III - Uma mulher fiel até seus últimos momentos, Atos 1.14.

           Este é o último versículo da Bíblia que fala sobre Maria. Pouco ante do Pentecostes lá estava ela com os demais discípulos. Não estava em uma situação de superioridade, mas assim como os outros sendo perseverante para que o Espírito Santo viesse sobre sua vida conforme prometido por Jesus. Nem a Bíblia nem a história da igreja antiga traz algum relato posterior a esse sobre Maria, seus filhos Tiago e Judas escreveram epístolas, mas não a mencionam, no entanto, é muito razoável acreditarmos que ela foi fiel a Deus até seus últimos dias.
           Diante de tantas lutas que nos deparamos em nossas vidas o que fazer para permanecer em fidelidade? Esta é uma pergunta que suscita uma longa resposta. Entretanto observemos o exemplo da vida de Maria, observemos o seu maravilhoso hino nos versículos 46 a 55 e tiremos dele algumas lições que devem estar presentes em nossas vidas para prosseguirmos em fidelidade. Este hino conhecido como Magnificat nos revela uma profunda compreensão de Maria acerca de Deus e da vida espiritual.
          v.46-48 Alegria por aquilo que Deus fez em sua vida. Ao invés de estar olhando somente aquilo que ainda não está realizado alegre-se pelo o que o Senhor já te concedeu.
           v. 48-50 Reconhecimento dos atributos divinos. Ela canta a soberania, a santidade e a misericórdia divina. A anônima Maria agora seria lembrada por todas as gerações não por algo nela mesma, mas pelo o Todo Poderoso fez nela. Reconheça a soberania divina em toda a história de sua vida, isso lhe fortalecerá diante das dificuldades. Busque conhecer melhor ao Senhor para compreender melhor o seu agir em sua vida!
           v. 51-53 Os valores de Deus são diferentes dos valores do mundo, e por isso muitas vezes ele inverte as coisas. Viva então de acordo com os valores do Senhor e ele estará agindo de forma maravilhosa em sua vida.
           v. 54-55 O Senhor é justo e fiel. Confie que em Sua fidelidade ele estará lhe sustentado. Assim como ele foi fiel a Aliança estabelecida com Abraão será sempre fiel à aliança estabelecida com você em Cristo, portanto estará lhe dando o poder espiritual para também ser fiel a ele.


Conclusão

           Mulheres, que neste dia e sempre vocês possam viver de forma virtuosa assim como era Maria.

           Homens, estejam valorizando mais suas esposas e os solteiros suas futuras esposas. Lembrem-se: “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR”. Provérbios 18:22.

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