Introdução
O que é necessário para
influenciar alguém? Evidentemente que a resposta a essa pergunta poderia ser
longa, entretanto, consideremos que basicamente se faz necessário carisma,
integridade, ser persuasivo, ter empatia, ser exemplo, ser autoridade.
Jesus fala sobre esse tema
nesses e versículos, mostrando que aquelas pessoas pouco instruídas, simples;
mas que choram pelos seus pecados, são pobres de espírito, tem sede e fome de
justiça, são pacificadores, assim como as demais virtudes ensinadas por ele têm
o que é necessário para influenciar aqueles que estão à sua volta. Para afirmar
isso Jesus faz uso de algumas metáforas simples do cotidiano judaico dizendo
que seus discípulos são sal da terra e luz do mundo.
I – OS
DISCÍPULOS DE CRISTO SÃO SAL DA TERRA, V. 13.
O sal era um elemento muito
utilizado naquele contexto para além da utilidade da qual fazemos uso que é
modificar o sabor do alimento; também era usado para preservar a carne para que
não apodrecesse.
As metáforas utilizadas pelo
Senhor Jesus transmitem algumas verdades:
A igreja é uma comunidade dentro de outra
comunidade. A igreja está no mundo, ma este mundo necessita da igreja para que
sua putrefação não seja completa. De igual modo, o mundo está em trevas e
precisa da luz que irradia da igreja.
Em sua graça comum Deus
estabeleceu outros freios por meio dos quais a podridão social é diminuída e ou
retardada. Como exemplos podemos citar o Estado e a família.
De modo bem simples podemos
dizer que o Estado tem a função de
organizar a vida em sociedade por meio de seus poderes: legislativo, executivo
e judiciário. Desse modo, a criação e execução das leis, por exemplo, estarão contendo pelo menos em termos práticos o mal presente neste mundo.
A
família é o primeiro e mais importante meio de aprendizado das
normas básicas para o convívio com os semelhantes.
Mas nenhuma instituição é mais
eficaz do que igreja para preservar este mundo. Para que isso de fato esteja
acontecendo Jesus diz que o sal deve
manter sua qualidade de salgar.
A expressão utilizada no grego
(morante) para fazer referência ao sal
ficar insípido, perder o sabor quando aplicada às pessoas traz a conotação de
alguém que está agindo como tolo, que está sendo estulto (RIENECKER, ROGERS, 1995).
Desse modo, é o mesmo que afirmar que é tolice agir desconforme à sua natureza
espiritual em Cristo.
É evidente que o cristão sendo
verdadeiramente sal da terra deve estar pronto para o que o Senhor JESUS FALOU
ANTERIORMENTE, enfrentar a consequência desse impacto de uma vida santa em meio
à uma sociedade pervertida – a perseguição (v. 10-12).
O Dr. Lloyd-Jones enfatizou sobre a dicotomia de a igreja ser perseguida e ao mesmo tempo influenciar o mundo:
A
glória do Evangelho é que, quando a Igreja é absolutamente diferente do mundo,
ela invariavelmente o atrai. É então que o mundo se sente inclinado a ouvir a
sua mensagem, embora talvez no princípio a odeie (LHOYDE-JONES apud STOTT,
1981).
Que você possa continuar
vivenciando o evangelho de forma que a essência de ser cristão não deixe de
transparecer, ou seja, que Cristo esteja sendo visto em sua vida!
O que Jesus quis dizer com o “sal
ser jogado fora e ser pisado pelos homens”?
[...]
naquele tempo, chamava-se de "sal" um pó branco (talvez apanhado à
volta do Mar Morto), o qual, embora contivesse cloreto de sódio, também
continha muita coisa mais, pois antigamente não existiam refinarias. Nesse pó,
o cloreto de sódio era provavelmente o componente mais solúvel e, portanto, o
que mais facilmente desaparecia. O resíduo de pó branco ainda parecia ser sal,
e sem dúvida era chamado de sal, mas não tinha o seu gosto nem agia como tal.
Não passava de pó do chão. (STOTT, 1981).
Então essa expressão utilizada
por Jesus aqui é uma mera referência à quando o discípulo não está sendo o que
deveria ser.
II –
OS DISCÍPULOS DE CRISTO SÃO LUZ DO MUNDO, V.14.
Jesus
afirma em João 8.12: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em
trevas, mas terá a luz da vida”. Desse modo, somos luz por derivação da luz
de Cristo. Nossa funcionalidade é que por meio de nós Cristo apareça.
Como somos luz do mundo? Por
meio de nossas boas obras. Essa é uma expressão geral para denotar tudo o que
os cristãos dizem e fazem. Desse modo as boas obras também incluem o testemunho
verbal de Cristo.
Crer
na verdade e testemunhar da verdade faz parte das obras. Todavia não se pode
deixar de enfatizar que boas obras significam primariamente atitudes de
expressão de amor para com as pessoas.
E como as pessoas glorificam a
Deus ao verem em nós as boas obras?
a) Pelo
reconhecimento de que somos verdadeiramente discípulos de Cristo.
Esse
reconhecimento não significa declarações teológicas a respeito de nossa
realidade espiritual, mas que nossas ações não são incoerentes com o nosso discurso.
É o reconhecimento de que somos verdadeiramente crentes, não somos hipócritas.
b) Pela
gratidão a Deus que poderá surgir em seus corações por algo que lhes foi feito.
Impactados
pelas nossas ações e ou palavras poderão ainda que muito imperfeitamente
agradecer a Deus.
Que
a luz em nós não se transformem em trevas (Mt 6.23). “Assim brilhe também a
vossa luz diante dos homens” (v. 16).
[...]
na qualidade de discípulos de Jesus, não devemos esconder a verdade que
conhecemos ou a verdade do que somos. Não devemos fingir que somos diferentes;
mas devemos desejar que o nosso Cristianismo seja visível a todos (STOTT, 1981).
Assim sendo, que a luz de
Cristo em você possa transparecer. Que as pessoas possam te perguntar: “Como
você consegue ser tão pacífico? Como consegue ser tão manso?” Ou que pelo menos
pensem isso a seu respeito, ainda que você não perceba, pois o importante é
Cristo aparecer.
Conclusão
1. Por você ser sal da terra e luz do mundo não
pode se conformar à cultura prevalecente desse mundo. Não pode viver pelos
padrões de uma sociedade INFLUENCIADA pelo Maligno. Terá necessariamente de
vivenciar uma contracultura neste mundo. Isto é, viver o que expressa 1 João
2.15-17: não ameis o mundo.
2. Aceite essa responsabilidade que está sobre
você. Você foi vocacionado(a) para estar servindo a Deus neste mundo, o que
implica denunciar seus pecados e ser diferente daqueles que não são sal e luz como
você.
Referências
RIENECKER,
Fritz & ROGERS, Cleon – Chave linguística do Novo Testamento grego. Editora
Vida Nova, São Paulo, SP, 3ª edição, 1995.
STOTT,
John R. W. Contracultura Cristã: A mensagem do Sermão do Monte. ABU Editora
S/C, São Paulo, SP, 1981.
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