Introdução
Falar
sobre perseguição é algo realmente relevante para nossos dias? Será que não
vivemos em uma sociedade tolerante? Será que é válido refletirmos sobre perseguição
em um país laico que protege o direito de todos a vivenciar qualquer manifestação
religiosa?
Acredito
que o nosso tema em pauta não é ultrapassado e nem desnecessário. A igreja
sempre vivenciou perseguição e precisa estar sempre alerta a esse perigo.
Se
você desejar ler um pouco sobre a história das perseguições à igreja de Cristo
eu recomendo o site portasabertas.org.br. Inclusive nesse site encontra-se o
seguinte:
A
perseguição, como temos visto, nunca se afastou da igreja. Certamente, para os
que viveram durante as primeiras ondas de perseguição que varreram a história
eclesiástica, ser perseguido parecia fazer parte normal da vida cristã.
De
fato, a perseguição tem acompanhado a história da igreja, mas ela vem e vai
como o movimento das ondas do mar. Os períodos de “tolerância” foram
conseguidos a duras penas, seguidos inevitavelmente por novos ataques, tanto
por forças de fora da igreja ou, tragicamente, de dentro dela própria. Nós, no
Ocidente, no início do terceiro milênio, temos desfrutado de um longo período
de liberdade religiosa. A história, no entanto, nos ensina que não há garantia
de que essa liberdade continue. (https://portasabertas.org.br/cristaos-perseguidos/historia-da-perseguicao).
Na
história da igreja você verá ela sendo perseguida pelo Império Romano, pelos
islâmicos, dentro do contexto da igreja antes da Reforma Protestante, quando
tivemos mártires como John Huss (1369-1415) que foi morto na fogueira. Durante
e após a Reforma Protestante. Em países totalitários e ou comunistas como a
antiga União Soviética, China, a Coreia do Norte, o Vietnã e Cuba. Mais
recentemente grupos extremistas no África como o Boko Haram e Al-Shabaab, realizaram
ataques às vilas cristãs em períodos de quarentena. Além disso, radicais
islâmicos espalhavam que os cristãos eram os culpados e os mais atingidos pela
pandemia. Os radicais hindus, islâmicos e budistas combatem violentamente as
religiões minoritárias, como o cristianismo em alguns países como Nigéria, Mali
e Burkina Faso.
Mas
a Palavra de Deus afirma que são felizes aqueles que são perseguidos pela causa
do evangelho de Cristo.
BEM-AVENTURADOS OS QUE PERSEGUIDOS
I - A causa da perseguição, v. 10-11.
Nem todas
as pessoas perseguidas são bem-aventuradas. Não estaremos dentro do contexto da
bem-aventurança se o sofrimento vivenciado for consequência de nossos erros: Jesus
diz são que bem-aventurados aqueles sobre quem está sendo testemunhado uma
mentira ou calúnia.
Perseguição
pode vir de diversos modos: a simples zombaria é uma das formas de perseguição.
Jesus sofreu esse tipo de perseguição. Ele foi zombado pelos soldados (Mt
27.29-31); pelos que passavam perto da cruz (v. 39-40); pelos líderes
religiosos (v. 41-43); pelos dois ladrões que estavam ao seu lado (v. 44).
A
perseguição é uma realidade para a qual o verdadeiro cristão deve estar preparado.
“Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus, serão
perseguidos” (2Tm 3.12).
Somos perseguidos por causa da justiça. A justiça mencionada no v. 10 é uma vida cheia de
misericórdia, compaixão, pureza, pacífica. Quem é pobre de espírito, chora
pelos seus pecados, são humildes, tem fome e sede de justiça viverão essa
realidade, pois esvaziaram-se de si e agora vivem sob os parâmetros do Reino de
Deus.
“Por minha causa” - A justiça mencionada também
é a vida semelhante a Cristo.
Todos os atos de virtude humana assumem um sentido totalmente diferente quando
realizados em Cristo.
Porque
alguém perseguiria uma pessoa pacífica, misericordiosa?
A
resposta é porque Deus e mamon não se concilia. Lc 16.14-15: “Os fariseus, que amavam o
dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Ele lhes disse: "Vocês são
os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os
corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos
olhos de Deus".
Os
fariseus zombaram de Jesus porque ele tocou no que eles mais amavam. A raiz
da perseguição é o amor por àquilo que é mal; o evangelho nos leva a
confrontar esse ídolo no coração humano, logo não há como haver harmonia entre
quem está em trevas e quem está na luz.
Quando
a igreja confronta o pecado presente no mundo torna-se alvo de ira, da
zombaria, da perseguição, que às vezes se manifesta não de forma física, mas ideológica.
Ex: o mundo zomba do posicionamento
cristão de manter a pureza sexual ao guardar-se para o casamento.
Viver em fidelidade a Deus é de modo
indireto apontar o pecado presente na vida do outro. Ex: alguém que
trabalha corretamente em um contexto corrupto faz com que estes últimos fiquem
expostos. E qual a consequência: perseguição.
Diante
da realidade de vida do cristão na prática das bem-aventuranças poderá haver
dois tipos de respostas por parte do ímpio:
a) a perseguição daqueles
que odeiam a luz porque estão na prática do mal;
b) a pessoa se aproximar da luz.
Ou
seja, odiar e fugir da luz ou amar e se aproximar dela.
Talvez você imagine que
há um meio termo: já que há a possibilidade de não ser perseguido ou não está
influenciando para o evangelho. A reposta está nos versículos seguintes (V.
13-15). Quando não estamos cumprindo nosso papel como luz do mundo e sal da
terra, então realmente acontece de NÃO sermos perseguidos e de NÃO influenciarmos
as pessoas para o evangelho de Cristo. Mas tal condição é algo trágico.
Lembre-se também que você não ver o
coração: muitas vezes você pode estar
levando pessoa à reflexão com seu testemunho cristão sem que esteja percebendo
isso.
II - A atitude cristã diante da perseguição
“Alegrem-se e regozigem-se” (v. 12). Embora a perseguição em si seja algo que provoca
momentaneamente tristeza a Palavra nos ensina a nos alegrarmos, v. 12. A razão
para a alegria é que esse sofrimento que advém da perseguição alimenta nossa
recompensa na eternidade. Lembre-se que quanto maior o sofrimento por causa de
Cristo maior o peso de glória. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2 Co 4.17).
Essa
alegria espiritual por sofrer pelo nome de Cristo estava presente nos apóstolos
(At 5.41).
Para
motivar os irmãos a serem perseverantes em meios às perseguições o escritor ao
Hebreus faz os irmãos olharem para os exemplos maravilhosos de pessoas que
vivenciaram as experiências de seguir avante em fé para agradar ao SENHOR. O
capítulo 11 traz esses relatos dos heróis da fé no Antigo Testamento.
Se
você ler “O Livro dos Mártires”, de John Foxe (escreveu no século XVI), verá
exemplos maravilhosos de pessoas que vivenciaram sofrimentos terríveis, desde a
igreja primitiva ao seu século XVI. Verá que tais pessoas viveram esses
momentos e morreram com alegria espiritual.
Alguns
exemplos maravilhosos na história:
Robert de Ryssel
Um
certo homem chamado Robert de Ryssel e sua família (esposa e dois filhos) foram
presos na Holanda por volta do século XVI por professarem a fé cristã
reformada. Eles foram levados à presença do juiz civil e interrogados. Diante
do interrogatório, eles confessaram que liam a Bíblia, oravam a Deus, cantavam
os salmos em família. Os filhos disseram que se colocavam de joelhos e oravam
diariamente pelas autoridades para que Deus as abençoasse. Os magistrados
chegaram até a se comover com o relato dos meninos. Mesmo assim, o pai e o
filho mais velho foram julgados e condenados à morte na fogueira. Diante da
fogueira, o filho mais velho orou a Deus dizendo: “Ó Pai Eterno, aceita os
sacrifícios das nossas vidas em nome do Seu Filho Amado!”. Ao ouvir isso, o
monge que acendia o fogo interrompeu dizendo: “Mentira, seu marginal, Deus não
é Seu Pai e vocês são filhos do diabo!” E quando o fogo acendeu, o menino
exclamou: “Vejo, meu pai, o céu se abrindo e milhares de anjos se alegrando
sobre nós. Sejamos alegres, nós estamos morrendo pela verdade”. O monge então
gritou outra vez: “Mentira, vejo o inferno se abrindo e milhares de diabos vos
esperando para jogá-los no fogo eterno”. O pai e o filho encorajaram um a outro
até a hora da morte.
O
que aconteceu na vida de Robert de Ryssel e seu filho mais velho é simplesmente
o cumprimento das palavras que Jesus disse acerca dos seus discípulos: “Se
perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros”. A perseguição é parte da
vida cristã. Todo discípulo fiel de Jesus haverá de ser perseguido. Paulo
afirmou isso: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus,
serão perseguidos” (2Tm 3.12). (<http://pregacao.reformada.org/mateus-0510-12/>).
Dietrich
Bonhoeffer foi executado em 1945. Consta
o seguinte relato feito pelo médico do campo de concentração onde ele era
prisioneiro:
Bem
cedo, na manhã de 9 de abril, Bonhoeffer, Wilhelm Canaris, Hans Oster, e mais
quatro outros conspiradores foram enforcados no campo de extermínio de
Flossenbürg. O médico do campo, que testemunhou as execuções, se lembra de ter
visto Bonhoeffer ajoelhar-se e orar antes de ser levado à forca. “Eu fiquei
profundamente comovido pela maneira com a qual aquele homem amável orava: tão
devotado e tão certo que Deus ouviria sua oração”, ele escreveu. “Naquele lugar
de execução, ele novamente fez uma pequena oração e então subiu os degraus para
a forca; corajoso e sereno… Nos quase cinqüenta anos em que trabalhei como
médico, creio que jamais vi um homem morrer tão completamente submisso à
vontade de Deus”. (<http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaobiografias.asp?Numero=1709>).
Conclusão
Aqueles
perseguem os servos do SENHOR haverão de prestar contas ao SENHOR dos servos,
serão julgados segundo suas obras. “As nações se iraram; e chegou a tua ira.
Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os teus servos, os
profetas, os teus santos e os que temem o teu nome, tanto pequenos como
grandes, e de destruir os que destroem a terra" (Ap 11.18).
Quanto
a nós ao passarmos por qualquer tipo de perseguição que possamos nos sentir felizes
por sermos dignos dessa honra! E lembremos que o Senhor Jesus passou por todo
tipo de sofrimento por nós:
a) vivenciou o sentimento de pobreza. Ele não tinha onde reclinar a cabeça.
b) esteve cercado por inimigos. Pedro disse: “Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta
cidade contra o teu santo servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio
Pilatos, com gentios e gente de Israel” (At 4:27).
c) foi traído. “Judas tu trais o filho do homem com um beijo?” (Lc
22:48).
d) acusado injustamente. Acusaram Jesus de insurgir contra a lei, contra o templo,
contra César. Acusaram-no de expulsar demônios pelo poder de Belzebu.
e) ultrajado. Foi preso, espancado, cuspido, pregado na cruz.
Ele,
portanto te acolhe em tuas dores, e tuas angústias, estará presente em sua vida
sempre, pois nada pode te separar do amor dele: Romanos 8:35-39.
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