A igreja de Jerusalém mostra-se exemplo para
a igreja dos nossos dias, era composta por pessoas tementes a Deus. Naquele
momento inicial da história da igreja cristã houve muitos milagres. Duas
perguntas básicas podem ser feitas a partir do v. 43 acerca da igreja de nossos
dias: Como se encontra o temor nos corações
dos cristãos? E por que não vemos milagres como naqueles dias? Não
são perguntas fáceis de responder, contudo, buscaremos na graça do SENHOR refletir
a respeito.
UMA IGREJA TEMENTE AO
SENHOR E QUE REALIZA MARAVILHAS
I – O QUE É TEMER AO
SENHOR?
Vivemos uma época em que as pessoas pensam a
comunhão com o Senhor mais em um aspecto de proximidade e amizade do que de
solenidade. Solenidade é o sentimento de respeito santo por algo ou alguém. Mas
falta nos crentes esse temor santo. Temor não é medo no sentido de pavor diante
de algo horrendo. Mas “medo” no sentido de reverência diante daquilo que é
santo. Assim temer ao Senhor pode implicar para nós algumas posturas básicas:
a) Levar a sério o pecado.
Algumas pessoas atualmente parecem não
considerar a malignidade do pecado, agem mais pelo o que lhes é conveniente ou
não. No final das contas, agem não baseados no fato de suas ações serem
agradáveis a Deus ou pecaminosas, mas baseados no que lhes fará se sentir bem
ou não. O pecado é maligno em todas as suas expressões, não pode ser visto de
outra forma, mesmo aqueles que não causam necessariamente escândalo social. O
temor ao Senhor nos leva a afastar-se do pecado.
b) Não considerar o sagrado como profano.
Há algumas pessoas que não querem ver
diferença entre sagrado e profano. Dizem que tudo é a mesma coisa. Sagrado aqui
é tudo aquilo que foi separado para o uso do serviço santo ao Senhor. Profano
em contrapartida tudo o que é comum, não separado para o serviço ao Senhor. Na
verdade há espaços que são sagrados, há momentos que são sagrados, revestidos
de um significado espiritual especial. Deturpá-los é um desprezo ao Senhor.
Como exemplo citemos o uso dos templos de forma distorcida por alguns.
O uso
das igrejas para a promoção de: CDs, livros, shows de música, venda de diversos
tipos de Bíblia, venda de óleos para unção, venda de água que liberta, pedaço
de pano que cura... está sob a direta condenação trazida por Jesus. Aqui temos
o clássico exemplo de Jesus purificando o templo em Marcos 11.15-19. E a
Palavra nos diz acerca daquele templo: "Porque
escolhi e santifiquei esta casa, para que nela esteja o meu nome perpetuamente;
nela, estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias" (2
Cr 7.16).
“Qualquer igreja ou ministério que
tenta tirar vantagem da presença de Deus para ter lucros e construir um império
financeiro está sob o julgamento de Jesus” (Zondervan
Illustrated Bible Background Commentary – Mark, pg.271).
c) Não escarnecer do Senhor.
Gálatas 6.7 nos adverte com relação às
consequências de nossas ações: “Não vos enganeis: de
Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. O
sentido é que quem vive na prática do mal não há como colher coisas boas,
esperar isso seria como desconsiderar a justiça divina assim como a ordem
natural de sua providência. É a chamada lei da semeadura, ou como é dito na
filosofia, a lei da causa e efeito. O temor ao Senhor nos leva a considerar
as consequências de nossas ações.
Além de ser tementes ao Senhor podemos e
devemos viver sendo usados por Ele para o louvor da sua glória.
II – O QUE É REALIZAR
MARAVILHAS?
As expressões “prodígios” e “sinais” tem o mesmo
sentido, apontam para milagres realizados por intermédio dos apóstolos. Há de se
observar a razão específica historicamente justificada para que naquela época
houvesse uma ação incomum do Espírito Santo na realização constante de
milagres, trata-se da necessidade dos mesmos para ratificação de que a mensagem
do evangelho era mensagem do Deus Todo Poderoso. Diante disso e do contexto dos
nossos dias surgem duas perguntas fundamentais:
a) Há a necessidade de haver muitos milagres em nossos
dias?
Penso que em cada época Deus em sua soberania
e sabedoria age da melhor forma necessária. Isto significa que se Ele não
realiza muitos milagres no contexto das igrejas de nossos dias é porque também
não há essa necessidade implícita no que tange ao avanço do evangelho. Apenas
pensar o aspecto da fé por parte das pessoas não responde à questão de forma
satisfatória.
Observemos
o texto de Marcos 16.14-18. Duas
observações não podem ser negligenciadas neste texto a respeito dos milagres
mencionados por ele: primeiramente está presente a condição da fé, não
meramente de uma fé miraculosa, embora obviamente seja necessária, mas a
referência é à fé salvadora. A todos os que creem na mensagem do evangelho, se
comprometerem com Cristo, forem, por conseguinte, batizados estarão sendo
usados por Deus na realização de maravilhas, dos sinais ou milagres. A
segunda observação é que a concessão deste poder que o Espírito Santo
operará é para o objetivo específico da proclamação do evangelho, não está
aqui uma promessa de milagre meramente pelo milagre, mas para confirmar a mensagem
como sendo divina. Os sinais hão de acompanhar aqueles que creem e estão indo.
Queremos
neste escopo recusar dois extremos: o primeiro daqueles que embora estejam bem
intencionados afirmam que não há milagres hoje, por conta de o evangelho já
está bem difundido, e, de acordo com o texto, segundo estes, a promessa era só
para os primeiros tempos da igreja. Outro extremo que deve ser recusado é
daqueles que entendem que a coisa mais importante é pessoas serem curadas de
suas moléstias, e para esses não importa se tais pessoas serão salvas ou não.
Estes últimos fazem seus shows com supostos milagres, mas não pregam o
evangelho de Cristo.
Com qual
posição então podemos ficar? Deus é soberano e pode sim realizar milagres
dentro de seus propósitos soberanos. Mas não está sujeito às nossas
vaidades de marcarmos dia e hora para que ele opere milagres. Ademais, devemos
admitir que já não há mais necessidade deles no presente como algo que objetiva
confirmar a mensagem do evangelho.
É prometido à igreja o poder no Espírito
Santo de expulsar demônios, em nome de Jesus. A centralidade sempre é
Cristo. O objetivo sempre é libertação para uma vida com Cristo. Em Atos há
vários textos a respeito (5.16; 8.7; 16.16ss).
Mas os que andavam dispersos iam por toda a
parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes
pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe
dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Pois que os espíritos
imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos
paralíticos e coxos eram curados. (Atos 8.4-7).
b) O que dizer dos supostos milagres que percebemos?
Será que em nossos dias o que vemos na TV em
alguns supostos programas evangélicos realmente são milagres legítimos? Se
sejam, será que estão sendo de fato realizados pelo Senhor? A demonstração de
que realmente é o Espirito Santo que está realizando milagres deve está nos
efeitos. Quem está sendo exaltado? A realização dos milagres tem servido para a
proclamação do evangelho? Lembremos que hostes demoníacas podem também realizar
milagres (2 Ts 2.9, 10).
CONCLUSÃO
Queremos sim estar sempre sendo uma igreja
cheia do Espírito Santo, como a operação do Espírito Santo estará se
manifestando em nosso meio está dentro da alçada de sua soberania. Nosso desejo
não deve ser necessariamente ser uma igreja que realiza prodígios e sinais, mas
com certeza devemos querer todos ser cheios do temor do Senhor.
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