Mateus 5.9 – BEM-AVENTURADOS OS PACIFICADORES

 


"Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9 NVI).


Introdução


Vivenciamos atualmente um momento tenebroso da história; os olhos de todo o mundo estão voltados para Ucrânia devido a invasão daquele país pelos russos.  Diante da brutalidade e injustiça do acontecimento houve várias manifestações de protesto no mundo e até na Rússia. O mundo clama por paz.

Na Bíblia há pelo menos três tipos de paz:

1. A paz da reconciliação do pecador com Deus por meio da obra de Cristo (Rm. 5.1).

2. A paz do relacionamento entre as pessoas (Mc 9.50).

3. A paz interior que temos por confiarmos no SENHOR (Jo 14.27; 16.33). Jesus disse que é uma paz totalmente diferente do que se experiencia no mundo.

O tema paz na Bíblia é bastante enfatizado, há pelo menos 430 referências à paz em toda a Bíblia. E aqui em Mateus 5.9 Jesus afirma que são felizes aqueles que promovem a paz.

 

 

I – Felizes são os pacificadores.

 

Romanos 5.1-11 trata de nossa paz com Deus. Antes estávamos em conflito, éramos inimigos, agora não apenas ocorre ausência do conflito, mas também uma restauração ou construção de relacionamento. Essa paz de reaproximação, perdão e relacionamento renovado deve ser padrão para a paz que podemos vivenciar com as pessoas.

A luta pela paz não pode ser dissociada da luta pela santificação (Hb 12.14). Em Hebreus 12.14 está escrito: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14 NVI). Muito frequentemente lembramos da segunda parte do versículo, mas atentemos também para o nosso dever de nos esforçarmos para estar em paz com as pessoas.

Algumas pessoas falam de paz, mas não são pacificadores, são pacifistas. A visão pacifista apregoa que o ser humano tem condições de si mesmo em buscar a paz e consegui-la, e que o ser humano está em evolução, logo a conquista dessa paz é possível como uma consequência dessa evolução. Essa visão é ingênua porque eleva a capacidade natural do ser humano em conseguir a paz; contrasta com isso a dura realidade do presente e do passado.

Não podemos afirmar que com o passar dos séculos os seres humanos de modo natural evoluíram a tal ponto de a paz ser um bem conquistado e que ateste  uma humanidade evoluída nesse sentido.

A visão pacifista é também antropocêntrica porque fala da paz apenas como uma conquista humana.

O conceito bíblico de pacificador é diferente. O pacificador promove a paz, entretanto, ao contrário do pacifista tem o objetivo de Deus ser glorificado, está ligado à retidão moral. O movimento hippie nos estados Unidos nos anos 70 gritava por paz, mas enquanto isso estavam presentes as drogas e a lascívia.

Pacificador é aquela pessoa que já foi reconciliada com Deus por meio de Cristo (Ef 2.13-18; Cl. 1.20).

Por sermos filhos de Deus somos guiados pelo Espírito Santo, conforme Rm 8.14, logo o Espírito Santo produz a paz em nossas vidas, faz parte do fruto do Espírito (Gl 5.22).

A união da igreja local depende de como refletimos essa virtude de caráter em nossos relacionamentos.

Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso nem neguem a verdade.

Esse tipo de "sabedoria" não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca.

Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males.

Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera.

O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores. (Tiago 3.14–18, NVI, grifo nosso).

Pacificadores, portanto, são pessoas que foram salvas em Cristo e que por isso tem capacidade dada pelo Espírito Santo de promover a paz tendo como objetivo Deus ser glorificado.

A Palavra de Deus nos estimula a buscarmos a paz: “Tende paz uns com os outros” (Mc. 9.50); Paulo o fez em Rm. 12.8; 2Co13.11; 1Ts 5.13; Pedro: 1Pe.3.11 e como já vimos em Hebreus: “Segui a paz com todos…” (Hb12.14). 

Todos são responsabilizados no contexto da igreja: “se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. (Rm 12.17,18).

Finalizando sobre o contexto da igreja lembremos que o apóstolo Paulo afirma aos coríntios a base para eles não estarem com desordem no culto ao SENHOR: “porque Deus não é de confusão e sim de paz” (1Co 14.33).

É necessário a paz no contexto familiar. Tema bastante extenso, mas gostaria de resumir com a afirmação de que o diálogo é essencial  para que isso possa ser uma realidade.

Devemos buscar a paz em nossa sociedade. O cristão deve contribuir para a paz em sociedade, isso não significa que ele deva ser passivo diante de contextos opressores.

 

 

II – Os pacificadores serão chamados filhos de Deus.

 

Há duas palavras no grego para filhos: uioi (Mt 5.9) e tecna (Jo 1.12; Ef 5.8),  a segunda enfatiza mais um aspecto carinhoso da filiação, a primeira enfatiza mais o aspecto da honra e dignidade, e é este o utilizado aqui por Jesus.

Éramos inimigos de Deus, filhos da desobediência, aprouve a Ele fazer-nos seus filhos amados, agora temos a honra dessa filiação. Não por mérito nosso, mas por seu grande amor somos filhos. É uma grande bênção e honra ser chamado filho de Deus. E como filhos, irmãos adotivos de Cristo, somos herdeiros das dádivas espirituais: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17).

     Sabemos que apesar de sermos filhos não estamos livres dos sofrimentos desse mundo, entretanto podemos ter duas certezas muito fortes em nossos corações: 1) Que o nosso Pai, por sua bondade e poder, manifesta seu cuidado para conosco durante toda nossa vida aqui na terra; 2) E que nos garante a herança da glória eterna. Isso é de fato uma grande felicidade para nós que somos filhos de Deus.

  Mas ser filhos não é só privilégio é também responsabilidade: dentro de nosso contexto abordado temos a responsabilidade de sermos cooperadores de Deus em promover a paz entre homens.

 

 

Conclusão

 

Um modelo bíblico de pacificação. Podemos de modo geral aplicar esses passos ou critérios para vivenciar paz nos relacionamentos com as pessoas:

1. Foque em glorificar a Deus: Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31).

 

2. Tire a viga do seu olho: “Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mateus 7.5)

 

3. Restaure gentilmente: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado” (Gálatas 6.1).

 

4. Vá e se reconcilie: "Entre em acordo depressa com seu adversário que pretende levá-lo ao tribunal. Faça isso enquanto ainda estiver com ele a caminho, pois, caso contrário, ele poderá entregá-lo ao juiz, e o juiz ao guarda, e você poderá ser jogado na prisão” (Mateus 5.24).

 

5. Evangelize. A igreja deve ver-se como agência de Deus no mundo. Recebemos o ministério da reconciliação, o evangelho da paz, que devemos proclamar. Cada cristão é chamado a ser um pacificador.

 


(sermão pregado em 08 de junho de 2022).

 

 

 

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