Mateus 5.8 – BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO

 


"Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus" (Mt 5.8 NVI).

 

Introdução

 

Diante do contexto das bem-aventuranças percebemos que somente aqueles que reconhecem sua total dependência de Deus e choram pelos seus pecados, podem ser cheios de Deus e mansos para com as pessoas podem ter corações puros.

 

 

I – O caráter dos puros de coração.

 

Em nossa cultura ao querermos fazer referência ao aspecto psíquico no nosso ser falamos da mente, do cérebro, onde de fato ocorrem os processos mentais. O coração é órgão responsável pelo bombeamento do sangue para todo o nosso corpo. Mas costumamos utilizar tal expressão como uma metáfora de nossos sentimentos.

A cultura judaica utilizava esse termo de modos diferentes: havia o aspecto literal como ocorre no Salmo 38.10: “Meu coração palpita [...]”; e há também um modo figurado, mas diferente de como utilizamos. Para eles o coração simbolizava o centro da personalidade humana; o nosso ser interior, tudo o que diz respeito a pensamentos, emoções, motivação, propósitos e sentimentos. Nesse sentido em Provérbios 4.23 está escrito: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Os versículos seguintes trazem os exemplos de palavras (v. 24), pensamentos (v. 25) e atos (v. 26,27).

A palavra pureza deve ser considerada aqui. Esse termo para nós traz uma perspectiva bastante comprometedora.  Vejamos seu sentido bíblico e teológico.

 

a) O sentido comum da palavra Kataros (katharos = limpo, puro) – um adjetivo que naquela época tinha várias aplicações. Designava a roupa suja que foi lavada, o trigo que tinha sido separado da palha, o exército depois de ter sido eliminado os medrosos ou descontentes, o leite sem mistura com água, ou seja, era utilizado no dia a dia para designar algo sem mescla, sem contaminação.

 

b) O sentido bíblico de “puro” ou “limpo”. Na Bíblia irá significar o sentido higiênico: naqueles textos em que se refere em usar água para lavar algo ou os pés, por exemplo. O aspecto cerimonial, quando trata da questão da purificação no A. T. E o aspecto espiritual e moral; a pureza ética, que diz respeito a um comportamento puro que se expressa por meio de pensamentos, motivos e atitudes sinceras para com Deus e com o próximo. É nesse sentido que Jesus utiliza a expressão em Mt 5.8. 

O Rev Hernandes Dia Lopes classifica cinco tipos de pureza na Bíblia.

1) Pureza primitiva – É o tipo de pureza que existe apenas em Deus. É tão essencial em Deus como a luz é para o sol.

2) Pureza criada – Esta é a criação de um ser puro, antes da Queda. Deus criou anjos em pureza, e criou o homem em pureza. Ambos caíram.

3) Pureza final – Esta é a categoria de glorificação. No fim dos tempos, todos os salvos serão completamente puros. “seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1 Jo 3:2).

4) Pureza posicional – Esta é a pureza que temos agora, atribuída pela justiça de Cristo.

5) Pureza prática – Apenas Deus conhece a pureza primitiva. Apenas Deus pode conceder a pureza criada. Algum dia, Deus concederá a todos os santos a pureza máxima. Neste exato momento, todos os santos têm a pureza posicional. Mas agora somos desafiados por Deus: “Purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 7:1). (LOPES, 2012, grifo nosso, publicado em: <LOPES, https://hernandesdiaslopes.com.br/bem-aventurados-os-puros-de-coracao-2/>).

 

A Palavra de Deus atesta que a condição natural do ser humano é de ter o coração impuro. “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jr 17.9 NVI). “Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem ‘impuro’ " (Mc 7.21-23 NVI). Jesus fez tais afirmações em contraste ao entendimento dos fariseus de que aquilo que era exterior contamina as pessoas (Mt 15.11,16,17).

O SENHOR purificou os nossos corações. Em contrapartida à purificação que o SENHOR realiza Ele exige de nós que possamos responder com atitudes de purificação pessoal: “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração” (Tg 4.8); “Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).

A pureza de coração, ou seja, a sinceridade em nosso relacionamento com Deus é exigido para o povo de Deus de diversos modos:

Ø  - no que tange ao ato de adoração: Tiago nos exorta a aproximar-nos de Deus com mãos limpas e corações puros (Tg 4.8). “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Is 29.13; Mt 15.8).

Ø Não apenas no que diz respeito ao ato de adoração, mas nosso cotidiano a obediência tem de ser pura, ou seja, sincera. Não com intenção de receber algo d’Ele, e nem com a intenção de vender uma imagem de muito espiritual como faziam os fariseus, mas simplesmente porque o amamos e queremos expressar gratidão.

Ø    Pureza de coração implica integridade, ou seja, total entrega a Deus, não ter o coração dividido (Mt 6.24). Não dá para servir a dois senhores.

Ø  Pureza de coração implica em relacionamento de amor com o próximoIsso implica ser verdadeiro, ter pensamentos sadios, etc.

Ø  E por fim, um coração puro evita todo tipo de expressão maligna: “Afastem-se de toda forma de mal” (1 Ts 5.22 NVI).

 

 

II – A felicidade dos puros de coração. Em que sentido veremos a Deus?

 

Podemos afirmar que os puros de coração veem a Deus neste mundo: na beleza da criação. “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1). “A criação revela a glória de Deus: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.6).

Em sua providência também podemos contemplar o SENHOR: “… Agora meus olhos te veem” (Jó 42.5) afirmou Jó depois de vivenciar momentos de reflexão acerca da providência divina.

Vemos a Deus também na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “Quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14.9).

Mas além disso, também veremos a Deus na Glória eterna: “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). 

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro” (1Jo 3.2,3).

Na eternidade veremos a Deus na pessoa de Cristo. Certamente que tais privilégios dizem de uma felicidade verdadeira.

 Agora, a Palavra é clara ao afirmar que essa honra será apenas para quem vivenciam comunhão com o SENHOR, para aqueles que são salvos em Cristo. “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

E independentemente de como esteja se encontrando o salvo no processo da santificação, ao partir desse mundo o SENHOR de modo soberano e abruptamente o purifica, ou seja, o santifica, elevando-o à condição de não pecador: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14 NVI).

 

 

Conclusão

 

De que modo podemos manter nossos corações puros no sentido prático e estar crescendo nesse sentido?

1. Olhe para Jesus. Nem para terceiros nem para nós mesmos, mas para a aquele que é o maior exemplo de pureza.

 

2. Viva contrição espiritual em suas orações assim como Davi: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável” (Sl 51.10 NVI).

 

3. Que você possa está desejando a presença divina mais do que qualquer outra coisa nesta vida!

 

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