Introdução
O
livro Jonas foi escrito no século VIII, durante o reinado de Jeroboão II, ele é
então contemporâneo dos profetas Amós e Oséias.
Alguns
estudiosos modernos não consideram a pessoa de Jonas como alguém histórico: mas
não há razão plausível para pensar desse modo, uma vez que a principal
argumentação deles é que os milagres relatados são extraordinários demais; um
homem sobrevivendo três dias na barriga de um peixe, uma cidade inteira se
arrependendo, uma planta que cresce quase que instantaneamente; nada disso é
demais para o Deus de Milagres. Além disso há argumentos plausíveis da historicidade
de Jonas:
a) Há indícios bíblicos de sua historicidade: a Bíblia diz que ele era filho de Amitai (1.1) e habitante
de Gate-Hefer (2 Rs 14.25);
b) Jesus fala dele como um personagem histórico (Mt
12.38-41).
Este
é um livro deveras interessante de ler. E com certeza quando se lembra dele o
que vem logo à mente é o relato de Jonas ter sido engolido por um peixe. Entretanto,
Jonas não é o protagonista dessa história, esse papel pertence a Deus. Todo
acontecimento do livro é em consequência de algo que Deus faz ou diz. O livro
revela que Deus é SENHOR não apenas de Israel, mas de todas as nações, por isso
mostra uma cidade de não judeus se quebrantando diante da mensagem do profeta;
Deus é mostrado como SENHOR da natureza, envia a tempestade, envia um grande
peixe, mostrando que seu propósito sempre há de se cumprir; Deus manda o peixe
engolir Jonas, manda depois vomitá-lo, comissiona Jonas novamente a pregar em
Nínive, perdoa os pecados dos habitantes de Nínive e perdoa o profeta que se
encontrava aborrecido. Deus é o centro e revela a sua vontade a Jonas. No
entanto, podemos observar o texto em apreço considerando a resposta de Jonas ao
agir de Deus. Este agir de Deus aqui é primariamente a ordem de ele evangelizar
Nínive.
AS ATITUDES DE JONAS DIANTE DA VONTADE DE DEUS
I – DESOBEDIÊNCIA, V. 1-3.
Mas Jonas fugiu da presença do Senhor, dirigindo-se para Társis. Desceu à cidade de Jope, onde encontrou um navio que se destinava àquele porto. Depois de pagar a passagem, embarcou para Társis, para fugir do Senhor. (Jn 1.1-3)
O
texto inicia com uma clara ordem do SENHOR a Jonas. Não havia dúvida quanto a
vontade de Deus para o exercício de seu ministério. Havia a necessidade de
anunciar o evangelho naquele lugar e a ordem do SENHOR era clara. Jonas, porém,
faz uma escolha a partir de seus pressupostos, e parte para um caminho
totalmente oposto ao ordenado pelo SENHOR. Vejamos porque Jonas escolheu
desobedecer:
a) Aquela cidade a qual Jonas foi enviado era inimiga de
Israel. Um povo cruel, maldoso,
perverso. Uma cidade antiga, o relato de sua fundação se encontra em Gn
10.9-11, onde revela que um homem chamado Ninrode foi fundador da cidade.
Nínive era a capital da Assíria, a principal ameaça para Israel, em 2 Rs 15.19
vemos o rei Menaem, de Israel, pagando tributo ao rei da Assíria. Isso nos leva
a entender que Jonas estava sendo um profeta extremamente ideologizado; ou
seja...
b) Sendo aquele povo como era Jonas não queria ver a
misericórdia do SENHOR sobre a vida deles,
o propósito do coração de Jonas estava diferente do propósito de Deus. Jonas
queria mesmo era a destruição de Nínive. Mas esta não era então a vontade do
SENHOR.
Se
em algumas coisas questões particulares da vida podemos ficar sem saber exatamente
qual a vontade do SENHOR, no que tange às coisas mais fundamentais somos indesculpáveis
diante de Deus, pois sua Palavra nos revela como devemos agir.
Cuidado
com a desobediência, pois o pecado é uma provocação à ira divina, seja
procedente dos ímpios ou da igreja!
Diante
da vontade de Deus revelada, além da desobediência de Jonas também vemos sua
indiferença.
II – INDIFERENÇA, v. 4-5.
Jonas
dormia de modo tranquilo, não porque estava em paz com suas ações. Seu sono em
um momento tão conturbado mostra sua lerdeza em perceber a realidade de aflição
daquele contexto, e também revela sua indiferença.
Curiosamente a Palavra
de Deus utiliza a simbologia do despertar do sono para a apreensão da vontade
de Deus para nossas vidas, veja Efésios 5.14: “[...] Desperta, ó tu que
dormes, levanta-te dentre os mortos e cristo resplandecerá sobre ti”.
É interessante como
comparando a atitude de Jonas com a de Paulo, que também enfrentou uma
tempestade em automar, encontramos contrastes alarmantes: Jonas se aliena no
barco para não pensar, não refletir; Paulo se integra, se comunica, conhece
as pessoas que estão com ele naquela tempestade, influencia, consola,
aconselha, encoraja, adverte (Atos 27).
Conhecendo
você a vontade de Deus não pode ser indiferente ao que está à sua volta, ao que
as pessoas estão passando. O indiferente apenas observa ou se aliena buscando
não se impactar com o contexto, o que se compromete com a vontade do SENHOR
se deixa instrumentalizar por Ele, é sensível à voz do Espírito Santo.
Mas
percebemos nessa história que por Jonas desobedecer e ser indiferente à vontade
de Deus para sua vida acabou sofrendo as consequências.
III – Jonas assume as consequências de suas ações, v. 12.
A
despeito de ter errado terrivelmente, ele assume o seu erro, pensa agora na
vida daqueles homens, como poderiam morrer naquele momento por algo que ele
fez, e decide que ao invés disso quem deve morrer é ele em favor daqueles homens.
Nesse sentido vemos aqui Jonas como um tipo de messias.
Veja
que diante do agir soberano de Deus enviando a tempestade, de toda a consequência
da fuga de Jonas, quando sua atitude é confrontada, ele é verdadeiro em reconhecer
seu erro. Podemos ver arrependimento real por uma atitude pecaminosa. Ele
estava disposto a sofrer a terrível consequência do seu erro.
Como
dissera, Deus é o protagonista, logo, ele enviou aquela tempestade com um
propósito, e não era apenas fazer Jonas voltar atrás, como parte de seu preparo
era necessário que ele viesse a refletir sobre a bondade, sobre a misericórdia
e graça do SENHOR. Quando no capítulo 2 ele ora ao SENHOR está de fato
quebrantado.
Quero
que você tenha em mente que Deus enviará a tempestade que for necessária
para te levar ao arrependimento.
O
nosso a princípio desobediente Jonas, tão indiferente por certo tempo,
vivenciou aquela experiência de ver a consequência do seu erro, mas finalmente
se pôs a obedecer ao SENHOR.
IV – Jonas obedece, ainda que relutante, 3.3.
Jonas
finalmente obedece ao SENHOR, porém de modo tão falho, nisto fica para nós a
lição de que mesmo em nossas imperfeições Deus poderá realizar maravilhas.
Jonas
foi pregar, mas foi contrariado; apesar disso Deus o queria pregando. Quis ser
rápido em sua mensagem (cinco palavras na língua hebraica, 3.4), mas Deus quis
que Ele pregasse. E o Deus soberano não depende de nossa eloquência para
converter.
Recordo
de uma parábola de Jesus em que ele fala de dois jovens que o pai diz para irem
trabalhar no campo, um deles diz que irá, mas não vai, o outro diz que não irá,
no entanto acabou indo (Mt 21.28-32). Jesus fala a respeito da reação inicial à
mensagem de Deus, de arrependimento ou não e fica claro no texto que faz a
vontade de Deus aquele que se arrepende, ainda que inicialmente recuse a
mensagem, mas se quebranta depois. Mas podemos aplicar para a obediência geral,
pois fala do estado de nosso coração, que sofre tantas variações.
Sei
que você pode às vezes está relutante em obedecer ao SENHOR, mas graciosamente
Ele compreende suas imperfeições, evidentemente que isso não legitima nem pode
ser razão de se conformar com elas. Mas quem pode dizer que tem sempre a mesma
disposição pra obedecer, para fazer a obra de Deus?
Vimos
que Jonas desobedeceu, foi lerdo diante das consequências de sua desobediência,
porém assumiu o seu erro e finalmente pôs em prática o que Deus ordenou.
Então
com essas observações iniciais a respeito do agir soberano de Deus e da reação
de Jonas concluamos com algumas aplicações:
Conclusão
1. Acredito que você
percebe que o preço da desobediência é muito alto. Se você está em desobediência
ao SENHOR arrependa-se, antes que comecem as tempestades na sua vida, pois às
vezes elas são necessárias para nos levar à reflexão.
2. Não seja indiferente
a tantos que sofrem, a tantos que estão aprisionados pela escravidão do pecado; ser indiferente a essas realidades é ser indiferente
a vontade de Deus. Tenham em si aquele sentimento que havia no apóstolo
Paulo de ser devedor do evangelho a todos, pois não há dúvida de que esta é a
vontade de Deus para sua igreja (Rm 1.14-15).
3. Quais desculpas
você tem inventado pra si para protelar a vontade de Deus para sua vida? Não
tem como você fugir do plano de Deus para você, espero que não esteja tentando!
4. Lembre-se que Deus
está no controle de todas as coisas, então descanse porque a vontade do SENHOR
vai se cumprir afinal, você então tem duas alternativas: descansar e aproveitar
a vontade manifesta do SENHOR; ou aceitá-la com submissão em seu coração ainda
que ela esteja sendo difícil, contrária às tuas expectativas!
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