Atos 1.1-11 – A MISSÃO DA IGREJA


Introdução
Lucas inicia este livro, fazendo menção a Teófilo, um homem de posses materiais elevadas que financiou o autor para que escrevesse a respeito de Jesus. O livro de Atos é uma continuação do Evangelho de Lucas. Foi escrito possivelmente entre 59 a 61 d. C.
O livro trata do início da igreja em Jerusalém bem como de sua expansão pelo mundo. O título Atos dos Apóstolos não é totalmente exato, pois o livro enfatiza apenas Pedro e Paulo, não aparece o ministério dos demais apóstolos.
É um livro que informa os primeiros momentos da igreja de Cristo. Por este capítulo primeiro tentemos responder às seguintes indagações: Quais são os fundamentos para que estejamos servindo no Reino de Deus? Quais potencialidades temos para servir ao SENHOR? Qual deve estar sendo o nosso foco enquanto pretendemos servir? Qual a nossa grande motivação? Diante dessa perguntas vejamos o que nos diz o texto.


I – FUNDAMENTOS PARA O SERVIÇO CRISTÃO, V.3.

1. A ressurreição de Jesus, v.3.
Servir ao Senhor em Seu reino é principalmente adorá-lo, usufruir de Sua presença e suas dádivas e anunciar o evangelho. Assim como era para os apóstolos o anúncio do reino de Deus deve para nós ter a doutrina da ressurreição como algo central (At 2:24, 32; 4:2 ; 13:30, 33-34, 37; 17:18, 31 ; 24:15 ; Rm 1:4; 6:4; 8:11; I Co 15; Ef 1:20; I Ts 4:14....) Isso porque como bem pontua o apóstolo Paulo, se a ressurreição não fosse real todo o sistema da fé cristã ruiria. Se não houvesse a ressurreição o cristianismo seria sem sentido, conforme 1 Co 15. A pregação não teria sentido, a fé seria algo inútil, os cristãos seriam mentirosos (v.15), não teríamos de fato o perdão dos nossos pecados (v.17), todos que morreram em Cristo estariam perdidos (v.18), e poderíamos ser reputados por infelizes e dignos de pena (v.19).
           Se Jesus não houvesse ressuscitado o sistema de ética do cristianismo não seria suficiente para atrair as pessoas.

2. O ensino de Jesus sobre o seu reino,v.3.
Por quarenta dias o Cristo ressuscitado esteve com eles lhes ensinando. Evidentemente que a própria ressurreição foi tema central nesse momento de ensino.


II – PODER PARA O SERVIÇO CRISTÃO, V.4-5.

Eles já tinham o ensino, mas precisavam da capacitação para passar adiante a mensagem do Reino. A efusão do Espírito seria essa capacitação, que Jesus lhes havia prometido e conforme as promessas do Antigo Testamento. 
“Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49).
           Há também a profecia no A. T. de Joel:
E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar (Jl 2.28-32).
Essa profecia cumpriu-se no dia de Pentecostes:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem (At 2.1-4).
Pedro afirma que naquele momento cumpriu-se a profecia de Joel (At 2.16).
Recebemos o poder para testemunhar de Cristo quando de nossa conversão, pois temos o Espírito Santo em nossas vidas. Assim como foi possível aos  apóstolos, que abandonaram Jesus quando ele foi preso (Mt 26.56), após receberem o Espírito Santo anunciavam a Palavra com grande ousadia como nos diz Atos 4.31: “Tendo eles orando, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”; é também possível a todos nós.


III – FOCO NO SERVIÇO CRISTÃO, V.6-8.

PREOCUPADOS quanto a uma restauração política, os discípulos perguntam sobre tal libertação do jugo do Império Romano. Jesus mostra que o foco deles não deve ser os tempos que o SENHOR reservou para sua própria autoridade, deveriam sim estar concentrados em testemunhar do Reino. Ademais, eles deveriam ter lembrado que Jesus lhes havia ensinado que o Reino era espiritual, não territorial e político: “O reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.21).
Muitas vezes também nós perdemos o foco por tantos razões presentes em nossas vidas e em nosso contexto de igreja. Deveríamos ser muito mais centrados na evangelização.
Eles não deveriam estar centrados em quando ocorreriam alguns eventos, mas no presente, pois naquele momento estava começando um novo tempo, o tempo da “igreja”.
O Espírito Santo nos concede o poder necessário, já foi mencionado isso. Atentemos agora para o resultado desse poder na vida do cristão: ele nos transforma em testemunhas.
Conhecemos esse termo Testemunha do linguajar jurídico. A testemunha não tem que dar sua opinião, o que importa não é o que ela pensa, mas tem apenas de relatar fatos. Era exatamente o que faziam os apóstolos: “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (At 4.20).
Nosso foco não deve ser no resultado, não temos como garanti-lo. Somente o Espírito santo pode atestar o nosso testemunha no coração do pecador e leva-lo a crer na verdade e à conversão.
O termo grego “testemunhas” é marti (mártir), que liga o mensageiro a ideia de sofrimentos advindos por transmitir a mensagem. Foi bem isso o que aconteceu, por exemplo, com o apóstolo Paulo (At 9.16).


IV – A ESPERANÇA DE QUEM SERVE NO REINO DE DEUS, V.9-11.

Algumas pessoas atualmente talvez considere um pouco rudimentar esse relato. Mas Cristo ser elevado acima das nuvens não é algo a revelar que a morada de Deus seja acima das nuvens, contudo ratifica quanto Ele é transcendente e que Cristo por mérito de seu ministério dignamente vivencia essa transcendência. Como diz o comentarista Boor: “Trata-se do caminho para a “altitude” junto de Deus, que é inconcebível para os seres humanos e fica encoberto pela “nuvem” aos olhares dos discípulos” (BOOR, 2003, P. 29).
Cristo conclui seu ministério terreno e volta pra junto do Pai.
A esperança de quem serve no Reino de Deus não é a recompensa pelo serviço prestado, embora saibamos que há essa promessa. A nossa grande esperança é aquilo para o qual os anjos chama a atenção no v. 11 – Jesus voltará. É a concretização de Lucas 21.27 que nos diz que o Senhor Jesus voltará “numa nuvem, com poder e grande glória” (Lc 21.27). Assim:
·        na segunda vinda “todo olho o verá” (Ap 1. 7).
·        Ele voltará como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Mas os anjos também chamam a atenção para o fato que os discípulos não poderiam estar gastando muito tempo de modo contemplativo com a maravilha da ascensão de Cristo, havia uma missão a ser cumprida, necessitavam de estar em oração para serem capacitados para essa missão. Conquanto devesse viver a esperança da volta de Cristo, essa espera deveria ser em serviço.


Conclusão

Temos a ferramentas necessárias para prosseguir cumprindo nossa missão como igreja. Não são os recurso financeiros, não é poder político, nãos são as engenhosas estratégias evangelísticas e de marketing. Temos os fundamentos doutrinários da sua morte e ressurreição, bem como da essência do Seu reino; temos o poder do Espírito Santo; temos o foco correto do que é servir ao Senhor; e temos a esperança de nos encontrarmos com ele que nos motiva a prosseguirmos.



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