INTRODUÇÃO
Acabe, filho de Onri foi um habilidoso rei de Israel, que em favor do
bem-estar político e financeiro da nação, casou-se com Jezabel, filha de um
sacerdote de Tiro e Sidom. Através de Jezabel, o culto a Baal foi fomentado em
Israel e Acabe não fez nada para impedi-lo. Elias, o profeta de Deus, anunciou
então uma forte seca em Israel, por causa da impiedade do povo. Assim, ele
permaneceu oculto por três anos e meio, tempo que durou a fome. Nesse tempo,
Jezabel mandou matar os profetas de Israel, na perseguição a Elias. Obadias,
servo de Acabe, conseguiu porém esconder cem deles em cavernas para salvá-los
da morte. Elias então retornando a Israel, pediu para chamar o rei. Acabe o
acusou de perturbar a nação, e Elias o repreendeu a ele e a sua família por ter
abandonando o Senhor e cultuar a Baal no Seu lugar. Então, no monte Carmelo,
450 profetas de Baal foram desafiados a que o seu deus colocasse fogo no
holocausto. Durante o dia inteiro os
profetas de Baal tentaram este feito, porém nada aconteceu. Depois Elias
preparou o altar para o Senhor, e encharcou tudo com água. Orou e o fogo divino
consumiu tudo e mais uma vez ficou claro ao povo de Israel que o Senhor era o
verdadeiro Deus. Logo em seguida, Elias matou os 450 profetas de Baal. Elias
então anunciou que a chuva iria voltar.
Acabe foi contar tudo a Jezabel que então mandou matar Elias. Diante de
tal ameaça vemos um Elias esgotado, depressivo, desejo de desistir de tudo.
Observando esse texto podemos refletir que assim como Elias também podemos
podemos vivenciar momentos de esgotamento espiritual. Contudo, que já de início
saibamos que é justamente nos momentos mais difíceis que melhor temos a
oportunidade de percebermos como o Senhor cuida de nós.
O que podemos observar na
experiência de Elias que possa nos ajudar em algum momento de crise que
porventura venhamos a passar?
Para começarmos vejamos como
se sentia Elias diante da perseguição que ora se inicia contra sua pessoa.
I –
ELIAS SENTE O DESEJO DE DESISTIR, 1-4.
1. Pois teve medo da perseguição,
1-3.
Elias enfrentara os profetas de Baal com grande coragem e fé, porém
diante da ameaça de Jezabel teme a tal ponto de fugir.
O exemplo de Elias para nós é um exemplo negativo, nos mostra na
realidade como não devemos agir em face a momentos turbulentos em nossas vidas.
Assim como Elias todos nós podemos passar por oscilações de ânimo espiritual.
Ora podemos nos sentir eufóricos, ora queremos desistir de tudo. Não devemos,
no entanto, jamais esquecer que Jesus nos diz que a caminhada cristã não é
fácil, “...no mundo, passais por aflições, mas tende
bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Essa é uma garantia
maravilhosa, Cristo já venceu o mundo. E estando em Cristo é uma realidade
quanto a nós então que podemos vencê-lo, pois temos o Espírito do Senhor, do
contrário 1 Jo 5.4 não seria verdadeiro, “... porque
todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo; a nossa fé”. A vitória sobre o mundo não está em nossa capacidade
intelectual de perceber as coisas, nem em nossas atitudes que chamam a atenção
da sociedade; mas sim em nossa fé.
Ademais, devemos nos lembrar que aqueles que de fato querem estar
seguindo a Cristo não podem olhar para trás, como Jesus diz em Lc 9.62: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é
apto para o reino de Deus.”
Elias estava sendo perseguido porque ousou servir ao Senhor diante de um
grande desafio. Nós também se procuramos servir ao Senhor não devemos nos
surpreender se nos sobrevier alguma perseguição qualquer. O apóstolo Paulo
encorajando o pastor Timóteo fala de suas perseguições sofridas e afirma que “... todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos” (2 Tm 3.12).
2. Encontrava-se angustiado, 4 e
10.
Elias foi tomado por uma grande angústia. E esse sentimento não se deve
à perseguição de Jezabel, mas à realidade por ele contemplada do povo de
Israel, v. 10. Ele desejava encerrar seu ministério, pois tinha a sensação de
que todo seu esforço, todo o seu zelo fora em vão. Sentia-se esgotado, sem
forças. Sentia que tudo o que poderia fazer já tinha feito, que sua história,
seu ministério chegou ao final.
Às vezes todos nós nos sentimos um pouco assim. Acabamos tendo a
sensação de que “as coisas estão fora dos eixos” e podemos nos indagar: Por que
ser tão correto e responsável pela minha vida espiritual, quando tantos não
estão se importando? Por que ser honesto, se a desonestidade já não escandaliza
como antes? Por que ter autocontrole, se muitos se deixam levar por suas
paixões? Por que se esforçar tanto na obra do Senhor se afinal de contas vemos
tão poucos resultados? Perguntas como essas nos vêm em momentos de desânimo.
Mas é em momentos assim que o Senhor vem ao nosso encontro como foi ao encontro
de Elias.
Notem irmãos que o Senhor
foi a Elias de uma forma muito interessante.
II –
O SENHOR FOI A ELIAS ALIMENTANDO-O, 5-8.
1. Pois ainda pretendia usá-lo, 7.
Vemos no texto como maravilhosamente o Senhor alimentou Elias.
Alimentou-o miraculosamente dando-lhe condição física suficiente para caminhar
40 dias. O Senhor ainda pretendia usar Elias. Mas observemos que esse evento
ainda não o despertou, ele continua a caminhar meio como sem destino, como quem
não quer voltar à sua realidade. Ele poderia ter atribuído aquele alimento à
providência divina e ter voltado a partir daquele momento, mas não foi o que
aconteceu.
Assim como ocorreu com Elias o Senhor também nos alimenta: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes” (Sl 23.2).
Expressa Davi poeticamente para falar que o Senhor nos sustenta com alimento
puro.
E assim como o Senhor ainda usaria Elias, você ainda poderá ser usado
pelo Senhor mais do que pode imaginar.
Talvez você nesse momento
esteja se sentindo esgotado(a) como Elias estava, mas quero te dizer que força
que você precisa para continuar caminhando e para renovar o seu ânimo
encontra-se no alimento que que o Senhor te oferece: a Sua Palavra. Como desse
alimento e você poderá continua caminhando, mas não caminhando a esmo em
desesperança como estava Elias, mas caminhando nos propósitos do Senhor para
sua vida.
O Senhor não apenas
alimentou Elias como também lhe apareceu de um modo que ele jamais esperava.
III
– O SENHOR FOI A ELE SURPREENDENDO-O, 11-13.
1. Pois lhe falou com suavidade,
11-12.
Elias estava sofrendo com um
aparente silêncio de Deus. Quem sabe ele não escolhera o Monte Horebe pela
lembrança que foi lá que o Senhor falara a Moisés? Ele queria ouvir ao Senhor.
Na verdade o Senhor já estava falando, ele é que não estava ouvindo. Ele não
precisava ir àquele monte. Ele buscou um lugar sagrado, mas todos lugares podem
ser sagrados ao Senhor, porque Deus está em todos os lugares. Não há a
necessidade de subir montes, como ato de sacrifício para encontrar-se com Deus.
Ele está onde estejamos, seja monte, vales, cavernas. Ele está onde é
procurado.
Aqui vemos um Elias surpreso, pois o Senhor lhe fala não no momento em
que houve o terremoto, fortes ventos e fogo, mas com suavidade. São usadas no
texto figuras para denotar o poder do Senhor. Elementos com certeza da
expectativa de Elias, de como Deus iria lhe falar e de como iria agir. Ventos
fortes, fogo, terremoto, Elias não precisava dessas demonstrações, equivocado
ou não estava ali como um pedido de socorro. E Deus responde da melhor forma. A
brisa suave transmite tranquilidade, paz.
De igual modo, muitas vezes esperamos
algo de Deus, porém a sua forma de agir e o que Ele faz acaba sendo contrário
às nossas expectativas. Mas sempre, com certeza, nos fala o que precisamos
ouvir.
2. Pois veio tirá-lo da caverna, 13.
A atitude de Elias em se isolar na caverna não visava apenas estar a sós
com Deus, mas também era uma fuga dos problemas por ele enfrentados, uma
tentativa de desesperadamente abster-se da dura realidade.
Para nós a fuga sempre é uma tentação presente. Essa “fuga”, ou esse
“entrar na caverna” pode ser meramente a recusa total de cumprirmos nossas
responsabilidades. Pode ser também a desistência diante dos obstáculos
espirituais. Pode ser a covardia de não nos posicionarmos diante de um problema.
Pode ser ver os outros como culpados pela forma nos sentimos. E tantas outras
coisas que nos esgotam espiritualmente e acabam por nos levar a recuar diante
do projeto de Deus para nossas vidas. O texto nos mostra, porém, que o Senhor
foi a Elias com a intenção de tirá-lo da caverna.
Finalmente, o Senhor faz
saber algo muito importante a Elias.
IV –
O SENHOR LHE MOSTRA QUE ESTÁ NO CONTROLE DE TUDO, 15-18.
1. Pois lhe faz saber que exercerá o Seu
juízo, 15-17.
Pela espada de um inimigo estrangeiro (Hazael) e pela luta interna (Jeú)
se cumpriria o Seu julgamento; mas acima de tudo pela palavra profética
(Eliseu) a qual, rejeitada, endurece o homem e o conduz à perdição.
As tarefas que o Senhor concede a Elias uma
demonstração de seu amor para com o profeta. Está dizendo a ele que sua vida
ainda será relevante. Está dizendo ainda que ele está equivocado, não está só
como imaginava: “Também conservei em Israel sete mim, todos os joelhos que não
se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (v.18). Além destes havia
Obadias, havia Eliseu.
O Senhor que está no
controle de tudo não nos deixa só, temos sua presença conosco pelo ministério
do Espírito Santo, e também ele coloca pessoas em nossas vidas que dividem o
peso da caminhada.
Diante de tudo isso, não
devemos então jamais alimentar o desânimo, mas lutarmos constantemente.
CONCLUSÃO
Essa luta se dá
principalmente pela busca por uma comunhão maior com o Senhor e uma compreensão
melhor dos propósitos divinos em nossas vidas.
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