09
de agosto de 2015, sermão nº 155.
Introdução
Já ouviram falar da expressão
“vitória de Pirro”? Pirro viveu de 318 a 272 a. C. Foi rei de Épiro e da
Macedônia. Lutando contra os romanos após a famosa batalha de Ásculo saiu
vencedor em 279 a.C., no entanto, as perdas do seu exército foram tão numerosas
que diante da comemoração de um de seus soldados ele disse que uma outra
vitória como aquela o arruinaria completamente. Foi uma vitória com ares de
derrota.
Ao ler o relato desta batalha vitoriosa de
Davi, lembrei-me de Pirro, contudo, no caso de Davi as perdas não foram de seus
soldados, mas de seu próprio filho. Outros comemoravam a vitória que para Davi
tinha o sabor de derrota.
Elucidação
O texto nos mostra o desfecho de um
dos momentos mais tristes da vida de Davi. Ele havia perdido o trono de Israel
diante de uma revolta provocada pelo seu próprio filho. Aqui vemos a batalha
final de suas tropas contra as tropas rebeldes de Absalão. O SENHOR concedeu a
vitória a Davi, no entanto junto com ela veio a tristeza pela morte de seu
filho. De tantas coisas que podemos perceber neste texto, uma que nos é
pertinente hoje é o amor de Davi pelo seu filho, apesar de tantos erros
cometidos por este. No entanto, indo para o contexto que o antecede vemos
também todo o processo que levou a esse clímax trágico. Notemos então a partir
dos erros de Davi como podemos agir de modo diferente dele para evitarmos
consequências desagradáveis para nossas famílias.
Essa história trágica do
relacionamento entre Davi e Absalão teve um fim amargo para aquele pai. Davi
estava colhendo amargos frutos de não ter sido o que deveria ser como pai.
Diria que tudo começa naquela tarde primaveril nos jardins de seu palácio.
Aquele rei tão vitorioso em batalhas estava agora ausente de seus deveres como
rei guerreiro que era e se deixou vencer pela tentação, não apenas adulterou
com Bate-Seba como também tramou a morte de seu marido, Urias, um líder militar
competente, temente à Deus e fiel ao rei. Absalão era ainda muito jovem, talvez
não tenha sabido do erro de seu pai, se soube com certeza teve para si um
péssimo exemplo. Aquele ato afetou para sempre a vida de Davi.
O
capítulo 13 de 2 Samuel traz mais relato trágico da família de Davi. Amnon,
filho de Davi violentou a própria irmã, Tamar. Absalão diante disso planeja por
dois anos e concretiza sua vingança contra Amnom.
Pergunto,
onde estava Davi em todo esse processo? Qual sua reação diante de um estupro
incestuoso em sua própria família? Qual sua reação diante de fratricídio em sua
família? Parece que estava estabelecido um padrão do comportamento de Davi com
relação à sua família: excessiva dedicação aos assuntos de seu reino, impureza
no estilo de vida e passividade com os filhos.
Não há dúvida quanto ao amor de Davi
por seus filhos, o problema não reside nessa questão, mas na forma defeituosa
que este amor foi manifesto. Davi não cumpriu devidamente com suas
responsabilidades paternas.
I – A ministração da disciplina.
Davi falhou seriamente em
disciplinar seus filhos. Não tomou nenhuma atitude quando Amnom violentou
Tamar. A Bíblia diz: “Ouvindo o rei Davi todas estas coisas, muito se lhe acendeu
a ira” (2 Sm 13.21).
Mas não agiu, não disciplinou Amnom, não o prendeu, nada fez do que poderia ser
esperado. Quando Absalão mandou matar Amnom mais uma vez Davi não agiu como
deveria. O v. 39 do cap. 13 de 2 Sm diz que ele cessou de perseguir Absalão que
havia fugido para outro país. Se ele de fato tivesse se esforçado teria
conseguido prender Absalão, no entanto, era passivo diante das crises
familiares. Por isso tudo fica evidente que ele falhou em cuidar de sua
família.
Que nosso exemplo seja contrário
neste aspecto ao de Davi. O ensinamento moral e espiritual dos filhos é de
responsabilidade dos pais. “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno,
estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, ...”
(Deuteronômio 6:5-7). E quando os filhos deixam de responder de forma positiva
ao ensinamento esperado dever entrar o princípio da disciplina. “Filhos, obedecei a
vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe ... E
vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na
admoestação do Senhor” (Efésios 6:1-4).
Pais,
não sejam passivos. Seus filhos não precisam apenas do sustento material,
precisam e desejam serem ensinados, repreendidos. Precisam que você pai faça
valer seu papel de pai. O profeta Malaquias termina seu livro de modo bem
interessante, com a afirmação de que a presença do Messias haveria de fazer com
que os corações dos pais fossem convertidos aos seus filhos e os corações dos
filhos convertidos aos seus pais (Ml 4.5, 6). De modo especial, por ter Cristo
em sua vida você deve entender que muito mais importante do que dar presentes
aos filhos é estar presente.
“Corrija os seus filhos enquanto eles
têm idade para aprender; mas não os mate de pancadas”. (Provérbios 19:18 NTLH)
Além de ministrar a disciplina um
pai responsável deve expressar seu amor também sendo um bom exemplo para seus
filhos.
II – Ser um bom exemplo.
Absalão teve um mal exemplo como
pai, e tornou-se consequentemente à imagem de seu pai nos aspectos negativos,
infelizmente.
Mas que nossos exemplos sejam
diferentes. Nada para a educação de um filho é mais forte que o exemplo. Muito
mais do que nossas palavras o que os influenciará a uma vida com Deus é verem
isso em nós. A melhor forma de ensinar a administrar o dinheiro com a sabedoria
de Deus é dando exemplo de santidade na área das finanças. A melhor forma de
educar filhos que transmitem a mensagem do evangelho é fazendo com que eles
vejam que isto é uma prática nossa. A melhor forma de ensinar uma vida de
pureza, de santidade, é vivendo em santidade.
E o que fazer quando falhamos no
exemplo, isso diminui a autoridade para disciplinar? Como podemos agir?
Se falhar reconheça sua falha,
quando você é sincero, reconhece seu erro isso não diminui sua autoridade diante de seu
filho.
Você pode perfeitamente dizer: Filho, eu errei, fiz isto ou aquilo, pequei.
Mas me arrependi e fui lavado no sangue do Cordeiro. E como um novo pai, uma
nova mãe que recebeu o perdão do Senhor estou aqui para te dizer que não é por
aí o caminho! E eu não quero deixar você seguir esse caminho de morte, porque
se que se o fizer poderei depois está me lamentando como Davi: Absalão,
Absalão, meu filho Absalão!
Um pai então que compreende sua
responsabilidade não apenas disciplina e é um bom exemplo, como também tem um
envolvimento consistente com seus filhos.
III – Envolvimento consistente.
Faltou a Davi envolver-se
consistentemente em relacionamento com seus filhos. Faltou lhe dedicar tempo,
estar presente em seu cotidiano. A dedicação excessiva à sua atividade como
rei, a dedicação excessiva ao trabalho lhe fez negligenciar o que tinha
importância superior, a família.
Alguns pais às vezes demonstram
insatisfação por seus filhos não o procurarem quando estão magoados ou em
alguma situação difícil, no entanto, esse distanciamento pode ser fruto da
falta de atenção em momentos singelos como quando uma criança buscava seu pai desejando
consolo pelo seu brinquedo quebrado e o pai não estava presente para o filho.
Se como pais desejamos está envolvidos nas grandes decisões das vidas de nossos
filhos se faz necessário estarmos presentes nas supostas pequenas situações do
cotidiano.
Que você possa estar interessado
pelos assuntos de seus filhos: estudos, namoro, conflitos, anseios,
frustrações, sonhos, desafios etc.
Lembre-se que suas responsabilidades
são intransferíveis. Que você não permita que sua
responsabilidade esteja sendo exercida por terceiros: seja avô, filhos mais
velhos, empregada, escola, figura da mídia, rede social, nem mesmo EBD ou o
pastor. A incumbência maior de ministrar à alma de sue filho é sua.
Conclusão
Lute, na graça do Senhor tenha suas
conquistas na vida, realize seus sonhos. Mas nunca permita que suas vitórias na
vida profissional, no âmbito social, seja ao custo de uma derrota como pai,
pois à semelhança de Pirro seria uma vitória que estaria servindo para sua
ruína.
0 Comentários