Introdução
Estamos vivendo hoje em nossa nação uma crise econômica. Tendo ciência
ou não de seus pormenores todos acabamos sendo afetados.
Podemos falar também de crise espiritual vivida por muitos cristãos em
sua individualidade, bem como pela comunidade cristã em suas formações grupais enquanto
denominação.
Em uma crise podemos cruzar os braços, ser pessimistas ou buscar uma
saída. A igreja de Cristo no Brasil e no mundo, levando em consideração de modo
especial o nosso contexto, sem dúvida necessita de uma restauração em muitos
aspectos de seu existir. Contudo, assim como aconteceu com Israel no texto
relatado, essa restauração não é obra humana, só pode acontecer por uma
iniciativa divina.
Elucidação
A visão que Deus concede à Ezequiel não é algo belo, pelo menos não de
início. Visão de um cenário de morte, mas que pelo poder do Senhor se
transforma em um cenário de vida.
Ezequiel estava na Babilônia juntamente com os demais deportados. Seu
ministério ocorreu em um dos momentos mais tenebrosos da história de Israel, os
sete anos que antecederam a destruição de Jerusalém e os quinze anos seguintes
(586-571 a.C.). É nesta época então que vem essa palavra profética para o povo,
palavra de restauração, palavra de esperança. Nós também estamos necessitados
de ouvir tais palavras do Senhor.
I – A
realidade da nação de Israel mostrada ao profeta, v.1-3.
Esses ossos, que eram numerosos representam toda a nação de Israel, espalhada
por outras nações, sem possibilidades de uma restauração à sua antiga condição
enquanto nação. Estavam desterrados,
distantes de sua terra, sem esperança, sem vida enquanto nação de Deus.
Mais uma vez o povo de Israel vive um momento de distanciamento do
SENHOR, a situação era tão deprimente que o cenário no qual o Senhor revela a
realidade espiritual de Israel ao seu profeta é um cenário de morte. O que há é
devastação, onde outrora havia alegria, risos, esperança, vida; agora há
penumbra. Certamente que a revelação do Senhor não diz de uma realidade
política ou social apenas, mas da espiritualidade do povo. Eles estavam
desterrados, estavam fora de seu território, mas isto por consequência de seus
pecados. Ao Deus da vida não interessa apenas uma restauração política.
“[...] poderão reviver esses ossos?” (v.3).
Ezequiel não estava vendo algo belo, mas estava vendo o que ele
precisava ver. O Senhor pode não estar te mostrando algo lindo neste momento,
mas está te mostrando algo que precisa enxergar. Precisamos então ver que às
vezes estamos como ossos secos. Recebemos pela graça do Senhor a vida em
Cristo, mas cedemos espaço ao pecado e acabamos perdendo muito dessa vida. Por
isso a vida abundante que ele oferece não é realidade em muitos. O poder do Espírito
Santo tem sido algo desconhecido para muitos. Há uma imitação do mundo nos
procedimentos, os cristãos estão flertando com o pecado. Muitos são apáticos
para com as coisas espirituais.
As igrejas de hoje estão sendo um cemitério de ossos secos. Sei que isso
é duro de ouvir. Mas essa afirmação é porque muitos que se dizem cristãos não
tem fome e sede de deus, não tem prazer na leitura bíblica, o culto é uma
canseira. Não buscam ao senhor em primeiro lugar. Os prazeres do mundo são mais
atraentes do que os prazeres espirituais – sim, pessoas sem apetite espiritual,
pessoas que estão morrendo espiritualmente. Um morto não tem apetite.
Ocorre também insensibilidade. Deus está a falar, a exortar, mas esses
se encontram surdos espiritualmente. Não se constrangem com o amor de Deus, não
sentem medo de sua justiça, não se importam com condição dos que estação sem
Cristo caminhando para a perdição. Afinal, um morto é insensível.
De igual modo vemos pessoas sem atitudes em prol do reino de Deus. Não
trabalham para o Senhor, não buscam desenvolver seus dons, não querem dedicar
tempo ao Senhor. De fato, um morto não tem ação.
Mas faço a pergunta: Deus pode reviver esses ossos? A reposta de
Ezequiel quando o Senhor lhe pergunta sobre isso é implicativa. “SENHOR Deus,
tu o sabes”. Pode ser entendida sua reposta como “se tu quiseres, é possível”.
Se Deus quiser em Sua graça operar na vida de sua igreja veremos crentes com o
coração ardendo pela Palavra; veremos crentes se arrependendo da intenção
pecaminosa que há em seu coração; veremos crentes pondo a mão no arado sem
desejar olhar para trás; veremos adúlteros desejando ser fiéis às suas esposas;
veremos cristãos que estão em perversidade oprimindo, magoando, perseguindo
outros se quebrantarem e caírem nos pés do Senhor. Só o Senhor pode fazer isso,
Sé Ele pode transforma em tamanha magnitude.
II –
A possibilidade da restauração revelada ao profeta, v.4-10.
Que possibilidades tinha a nação de Israel voltar à sua terra sem uma
interferência divina? Nenhuma! O texto coloca sempre o Senhor como agente
operante, Ele é que fará entrar o espírito naqueles ossos, fará crescer carne e
dará vida. Contudo, para que isso ocorra Ele conta com seu profeta, ordena a
este que cumpra o seu papel (v.4).
Olhando o contexto atual da igreja poderíamos nos perguntar: Que
possibilidades há de haver uma melhora? Que possibilidade de uma igreja mais
temente ao Senhor? Que possibilidades de uma igreja que não se corrompa diante
da influência política? Que possibilidades de uma igreja que leve Missões mais
a sério? Que possibilidades de uma igreja que lute verdadeiramente contra as
heresias? E quanto aos cristãos individualmente poderíamos nos perguntar: Que
possibilidade de haver mais cristãos preocupados com a santidade em suas vidas?
Que possibilidades de vermos mais sinceridade e amor nas relações? Que
possibilidades de vermos os cristãos não se vendendo aos parâmetros mundanos
sobre casamento, sexualidade e realização pessoal? Que possibilidades de vermos
crentes mais comprometidos com oração?
Só é possível tudo isso mediante a operação do Espírito Santo. Nesse texto
o termo hebraico no v. 5 para espírito é ruach, que representa a energia divina que anima os seres vivos.
É o mesmo termo de Gn 2:7 quando Deus criou o homem. Assim o texto não fala
especificamente do Espírito Santo, contudo podemos fazer essa aplicação, porque
onde há a ação do Espírito Santo há vida, há libertação do pecado. “É o Espírito quem dá vida; a carne em nada se aproveita; as
palavras que Eu vos tenho dito são Espírito e são vida” (Jo 6.63). É o Espírito Santo que aplica a Palavra e traz
transformação à vida.
Enquanto não houver a ação do
Espírito, acontece o processo relatado pelo profeta.
a) Ruído (v.7)
Podemos fazer por nós mesmos muito
ruído; muito barulho, muita agitação, muito emocionalismo etc. Mas avivamento
espiritual não é propaganda e markenting de atividade de igreja. Ezequiel sabia
que aquilo ali não era o suficiente. Não confundiu agitação com avivamento.
b) Ajuntamento
(v.7).
Aqui os ossos já se ajuntam a seus
lugares, mas ainda não há vida. Não é um exército ainda. Não adianta sermos
muitos se não estivermos cheios do Espírito Santo!
c) Tendões
e carne (v.8)
Podem muito bem representar aqui
para nós as ações que realizamos. Podemos pensar na ideia de estrutura. Aquilo
que temos enquanto igreja que deve nos facilitar o serviço do Reino de Deus;
nossa estrutura organizacional, nossos preceitos denominacionais, nossas
doutrinas. Mas tudo isso não tem valia se não houver vida com Deus.
c) Pele (v.8)
Tendo pele já não havia uma
aparência exterior horrenda. Exteriormente então já estava tudo bem, mas ainda
eram cadáveres. De igual modo não adiante a nós a aparência de santidade. Que
não sejamos como os fariseus de quem Jesus disse que eram aparentemente muito
santos, belos por fora, como túmulos bem cuidados, mas por dentro havia
podridão. Não basta aparência e conformidade à cultural evangélica, é preciso
vida no Espírito Santo.
v.9 Somente com o RUACH, o sopro de
vida divino é que aquele ossos reviveram para ser um exército numeroso. Sim,
somente o Espírito Santo pode fazer com que sejamos um poderoso exército a
lutar contra as hostes malignas, somente ele pode fazer jorrar rios de águas
vivas de nosso interior, como nos diz João 7.38: “Aquele que crê em mim,
como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”
III
– A glória do SENHOR profetizada, v.11-14.
“toda a casa de Israel”. Aqui vem a
aplicação imediata da mensagem: os prisioneiros israelitas, sem nenhuma força
política, haveriam de formar uma nação; sem nenhuma força moral, iam vencer a
idolatria e formar uma religião pura. Isto se faria não por força, nem por
poder, porém pelo Espírito do próprio Deus (Zc 4.6). Bíblia Shedd.
Diante das perspectivas negativistas que havia entre os judeus o Senhor
prossegue revelando ao seu profeta que a restauração iria ser completa. E tudo
isso como ele demonstra no versículo 14 iria fazer para o Louvor de Sua Glória,
podemos percebido isso pela informação: “Então, sabereis que eu, o SENHOR,
disse isto e o fiz, diz o SENHOR”.
Por que desejamos um reavivamento? Por que devemos buscar mais ao Senhor
em oração? Porque devemos crescer no conhecimento das Escrituras? A resposta
não poderia ser outra. Embora nós sejamos grandemente beneficiados, pois a
proximidade com o Senhor é o que de melhor podemos ter nesta vida, se
entendermos corretamente nosso relacionamento com Ele e o sentido de nossa vida
enterremos que no final tudo o que devemos ser em Cristo é com o objetivo de
glorificá-lo.
Conclusão
Concluímos exemplificando no próprio contexto imediato dois resultados
do reavivamento espiritual: comunhão com os outros e comunhão com o Senhor. Dos
versículos 22 a 25 ele fala de unidade espiritual entre eles. As duas nações
israelitas, o Reino do Norte e o Reino do Sul voltariam então a ser um só povo,
com um só rei. Mas o cumprimento para a igreja é espiritual. Jesus é nosso Rei.
E porque temos um só rei não podemos
viver divididos, tomados de mágoas uns pelos outros.
Nos versículos 26 a 28 fala-nos de comunhão
íntima e contínua com o Senhor. O Espírito Santo nos livra da morte, nos
restaura para vivermos uma vida na qual diariamente a comunhão seja real e
crescente.
Se você está vivendo uma vida de mornidão, se está em crise espiritual,
se está em conformismo com o mundo, Jesus hoje pode te levantar nas cinzas para
uma vida em sua presença.
0 Comentários