Sermão nº 148, de 08 de
março de 2015, dia das mães. Pregado no Culto Solene da IBG.
Introdução
O texto no qual queremos refletir
fala sobre Maria, mãe de Jesus. Antes é necessário fazer algumas afirmações
acerca da pessoa de Maria.
Ela não é mãe de Deus. Embora Jesus
seja Deus, ele possui duas naturezas, uma humana e uma divina, ela é mãe de
Jesus apenas em sua natureza humana. Como homem Jesus não teve pai humano, não
foi filho de José, e como Deus Jesus sempre existiu (Jo 1.1).
Maria não imaculada, ou seja, sem
pecado. A igreja Católica Romana adota a crença que ela não foi pecadora, mas
os cristãos da igreja primitiva não pensavam assim. Este dogma foi promulgado
pelo papa Pio IX em 8/12/1854. A Bíblia diz que todos pecaram (Rm 3.23), todo
ser humano nasce pecador e isso inclui Maria.
Maria não é mediadora e
intercessora. É totalmente antibíblico orar a Maria, lhe prestar culto,
venerá-la como divina. Esse é um pensamento que se originou na idade Média por
considerarem Jesus um juiz muito severo, então Maria com um coração mais
compreensivo intercederia pelos homens ao seu filho. E a Bíblia afirma que só
há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Tm 2:5; Jo 14:6; 1 Jo
2:1; Rm 8:34; Hb 7:25).
Ela também não é Co-redentora. A
salvação é obra única de Deus, Maria nada acrescenta. “E não há salvação em nenhum outro; porque
abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual
importa que sejamos salvos” (At 4.12).
Maria teve outros filhos além de
Jesus: Mt 13:54-56; Mc 6:3; Sl 69:8; Lc 2:7; Mt 1:24,25; At 1:14.
E finalmente ela não ascendeu aos
céus à semelhança de Jesus. Cito aqui o Pr. Hernandes Dias Lopes: “No dia 1/11/1950 o papa Pio XII promulgou o
dogma de que o corpo de Maria ressuscitou da sepultura logo depois que morreu,
que o corpo e alma se reuniram e que ela foi elavada e entronizada como Rainha
do Céu, recebendo um trono à direita de Seu Filho.”
Por tudo isso, percebemos que muito
do que se crer sobre Maria não está revelado nas Escrituras. Mas há textos que
falam dessa maravilhosa mulher de Deus e que portanto, não podemos deixar de
pregá-los. É importante para nós hoje observarmos que ela é um bom exemplo para
as mulheres cristãs.
I – Uma mulher submissa aos propósitos
divinos, Lc 1.26-38.
Os versículos 26 a 38 nos mostram o
relato do anúncio por parte do anjo Gabriel a Maria de que ela seria mãe do
messias prometido. Maria estava noiva de José, havia conforme a cultura judaica
um compromisso de um futuro casamento entre os dois, é justamente nesse momento
que ela recebe o anúncio que terá um filho. Um grande privilégio, no entanto
que traz consigo todo o peso de seu significado. Este privilégio veio-lhe pela
graça de Deus, conforme é dito no v. 30: “achaste graça diante de Deus”. Embora com certeza Maria fosse uma moça muito
virtuosa, ela não foi escolhida para ser a mãe do Salvador por mérito dela, foi
graça divina, um favor imerecido. No entanto, com certeza é de se elogiar a
coragem daquela jovem e sua submissão aos propósitos divinos em sua vida. Coragem,
porque embora as palavras do anjo Gabriel falem de Jesus como aquele que seria
chamado Filho do Altíssimo e lhe seria dado o trono de Davi (v.32), ela com
certeza conhecia as profecias de Isaías a respeito do servo sofredor.
“Como pasmaram muitos
à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro
qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos...” (Is
52.14).
E no
capítulo 53: ”Porque
foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência
nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
Era desprezado e o mais
rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como
um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
Certamente, ele tomou sobre
si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos
por aflito, ferido de Deus e oprimido.
Mas ele foi traspassado
pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez
cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
Ele foi oprimido e
humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
Todavia, ao SENHOR agradou
moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado,
verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos”. (v. 2-7, 10).
Desse modo ela sabia que por muitos
sofrimentos ele haveria de passar. Sabia então que propósito divino para sua
vida passava por uma difícil maternidade. Embora ela tenha gerado outros filhos
segundo alguns textos bíblicos (Ler: Mt 12:46-50; 13:53-58; Mc 6:1-5; Lc 4:16-30; Jo 7:1-9; 19:25) estava consciente
do que iria sofrer enquanto mãe.
Olhar para Maria como exemplo de
mulher é destacar então essa submissão ao Senhor.
Os parâmetros para a mulher cristã é
totalmente contrastante ao apregoado pelo feminismo contemporâneo. A Palavra de
Deus nos ensina que a esposa deve ser submissa ao seu marido (Ef 5.22; 1 Pe
3.1), isso é inconcebível para o movimento feminista. Deve também educar seus
filhos no temor do Senhor. Deve agir com sabedoria no lar para que haja
harmonia. Sem verdadeira humildade ou submissão à vontade do Senhor nada disso
poderá ser possível.
No v. 38 ela diz ao anjo: “Aqui está a serva
do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra”. Apesar de
tudo o que ela poderia vir a sofrer, seja a curto prazo como o possível
desprezo de José por pensar que ela o traíra, o possível apedrejamento que era
a pena entre os judeus apara o adultério; ou de tudo isso escapando sabia já
que seu filho iria padecer; seja qual fosse a situação a enfrentar ela estava
disposta a que a Palavra de Deus se cumprisse em sua vida.
E quanto a você minha irmã?
Está disposta a pagar o preço da submissão ao Senhor? A submissão ao Senhor
pode lhe trazer algumas consequências, você pode perder a popularidade na
faculdade, pode perder um amigo ou uma amiga, pode perder uma promoção no seu
trabalho, etc. Isso tudo porque a submissão Senhor o coloca em primeiro lugar
em sua vida.
II – Uma mulher feliz por ser usada por
Deus, Lc 1.39-45.
Essa parte do texto é bem
interessante. Ao contrário do que se crer no catolicismo romano, Maria não está
acima das outras mulheres como ente especial, sem pecado, ou mediadora, o texto
bíblico aqui apenas diz que ela é bendita (abençoada, feliz), e partícula en traduzida por “entre” é usada no modo hebraico como um
superlativo, Isabel está apenas dizendo que ela é abençoadíssima.
A centralidade do texto é o seu
filho, ela é bendita porque iria gerar o salvador (v.43), João Batista se mexe
no ventre de Isabel conta do Jesus, não de Maria. Maria foi usada por Deus para trazer ao mundo
o Salvador, e sentia-se muito feliz por esse privilégio, tanto que em seu canto
reconhece que em todas gerações a considerariam dessa forma, v. 48.
Maria era feliz porque creu no
Senhor (v.45). Ela não iria casar com um milionário, embora com certeza fosse
bonita não feliz por conta de sua beleza, sua felicidade não estava baseada em
ser a garota mais popular na região. A base de sua felicidade é porque creu em
Deus.
Minha irmã, há muitas coisas que
podem estar contribuindo para sua felicidade: um bom casamento, filhos
obedientes e que estejam no caminho do Senhor, estabilidade financeira, ter uma
autoestima elevada por conta de sua beleza física, tudo isso é maravilhoso. Mas
que você seja feliz principalmente por ser uma mulher de Deus, por crer no
Senhor como seu salvador, por ser usado por Ele para glória do Seu nome. Que
você possa à semelhança daquela Maria irmã de Marta escolher estar aos pés do
Senhor aprendendo dele, amadurecendo como mulher de Deus (Lc 10.38-42).
III - Uma mulher fiel até seus últimos
momentos, Atos 1.14.
Este é o último versículo da Bíblia
que fala sobre Maria. Pouco ante do Pentecostes lá estava ela com os demais
discípulos. Não estava em uma situação de superioridade, mas assim como os
outros sendo perseverante para que o Espírito Santo viesse sobre sua vida
conforme prometido por Jesus. Nem a Bíblia nem a história da igreja antiga traz
algum relato posterior a esse sobre Maria, seus filhos Tiago e Judas escreveram
epístolas, mas não a mencionam, no entanto, é muito razoável acreditarmos que
ela foi fiel a Deus até seus últimos dias.
Diante de tantas lutas que nos
deparamos em nossas vidas o que fazer para permanecer em fidelidade? Esta é uma
pergunta que suscita uma longa resposta. Entretanto observemos o exemplo da
vida de Maria, observemos o seu maravilhoso hino nos versículos 46 a 55 e
tiremos dele algumas lições que devem estar presentes em nossas vidas para
prosseguirmos em fidelidade. Este hino conhecido como Magnificat nos revela uma profunda compreensão de Maria acerca de
Deus e da vida espiritual.
v.46-48 Alegria por aquilo que Deus
fez em sua vida. Ao invés de estar olhando somente aquilo que ainda não está
realizado alegre-se pelo o que o Senhor já te concedeu.
v. 48-50 Reconhecimento dos
atributos divinos. Ela canta a soberania, a santidade e a misericórdia divina.
A anônima Maria agora seria lembrada por todas as gerações não por algo nela
mesma, mas pelo o Todo Poderoso fez nela. Reconheça a soberania divina em toda
a história de sua vida, isso lhe fortalecerá diante das dificuldades. Busque
conhecer melhor ao Senhor para compreender melhor o seu agir em sua vida!
v. 51-53 Os valores de Deus são
diferentes dos valores do mundo, e por isso muitas vezes ele inverte as coisas.
Viva então de acordo com os valores do Senhor e ele estará agindo de forma
maravilhosa em sua vida.
v. 54-55 O Senhor é justo e fiel.
Confie que em Sua fidelidade ele estará lhe sustentado. Assim como ele foi fiel
a Aliança estabelecida com Abraão será sempre fiel à aliança estabelecida com
você em Cristo, portanto estará lhe dando o poder espiritual para também ser
fiel a ele.
Conclusão
Mulheres, que neste dia e sempre
vocês possam viver de forma virtuosa assim como era Maria.
Homens, estejam valorizando mais
suas esposas e os solteiros suas futuras esposas. Lembrem-se: “O que acha uma
esposa acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR”. Provérbios
18:22.
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