Introdução
Zacarias foi um profeta que Deus
instrumentalizou para incentivar o povo a reconstruir o templo, contemporâneo
de Ageu, era ainda jovem quando começou seu ministério profético. Seu
ministério realizou-se em Judá, ele é citado por Esdras no cap. 1 v.1 como
sendo um dos incentivadores a dar palavras de despertamento ao povo para
reconstruírem o Templo. O livro de Zacarias começou a ser escrito uns 19 anos
após os primeiros judeus voltarem do Cativeiro Babilônico. Isto é, foi escrito
entre 520 a 470 a.C. O texto em questão faz parte desse contexto, e nos mostra
como Deus pode agir de modo maravilhoso na vida de seu povo assim como suas exigências a este povo que ele está
abençoando.
I – Quando Deus decide favorecer o seu
povo, v. 13-15.
Olhar para o passado lembrando as
coisas tristes só tem valor para o presente se não nos mantivermos presos a
este passado, mas trazê-lo à memória como aprendizado para atualidade e como
incentivo à gratidão a Deus pelas bênçãos atuais. Zacarias faz o povo lembrar o
passado: “fostes
maldição entre as nações”, passado de vergonha, de humilhação, que
ainda se estendia no presente. A causa de tudo, de toda a dor, de toda vergonha,
de toda a ira divina foi a perversidade de seus caminhos pecaminosos, como o
Senhor diz por meio de seu profeta que aquele povo o provocou à ira. Setenta
anos de cativeiro para aqueles que foram expatriados; pobreza extrema para aqueles
poucos que permaneceram em Judá; receberam, então, a devida medida da ira
divina. Mas as palavras aqui proferidas são palavras de restauração, ele apenas
lembra-lhes o passado para que possam saber que assim como grandiosa foi a
manifestação da ira divina, igualmente grandiosa será a manifestação de sua
graça. A profecia é de que eles viriam a ser bênção, vivenciariam a salvação de
Senhor. Não é que o Senhor tenha se arrependido de tê-los castigado, mas que em
seu santo propósito agora chegou a hora de mudar a “sorte” de seu povo. Era uma
decisão soberana do Senhor.
Como demonstrado nesse relato e
tantos outros da Palavra, a ira do Senhor para com os seus filhos não permanece
para sempre. Como povo de Deus pode ser que venhamos a passar correção,
açoites, e muito possivelmente experimentar sentimentos de vergonha por não
estar sendo plenamente abençoado em todas as áreas de nossas vidas como
consequência de um proceder pecaminoso. Mas como é maravilhosa a certeza de
que: "... a
sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma
noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmos 30:5).
Quando o Senhor decide nos
favorecer, embora Ele leve em conta nosso arrependimento, não é nosso
arrependimento que o leva a agir como se Ele não tivesse escolha, como se
estivesse sendo pressionado a isto, de modo algum. Nosso arrependimento é nosso
dever, e embora a um coração contrito o Senhor não desprezará jamais, não faz
porque somos dignos, mas porque Ele é bom, é como nos diz Miqueias 7.18: "Quem, ó Deus,
é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do
restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem
prazer na benignidade".
Como povo de Deus, como igreja local
já vivenciamos nossos momentos de vergonha, atrevo-me a dizer, já vivenciamos
nossos momentos da ira do Senhor, mas o Senhor em Sua bondade, no presente tem
nos favorecido.
E você meu irmão, minha irmã, não
desanime se estiver açoitado pelo Senhor, reconheça seu pecado, arrependa-se e
saiba desde já que o tempo da alegria chegará. Deus te favorecerá!
Mas Zacarias segue falando das exigências
que devem estar presentes na vida daqueles que estão sendo favorecidos pelo
Senhor.
II – As exigências divinas a um povo
favorecido, v. 16-17.
Muitas coisas poderiam ser
mencionadas aqui, mas o que me chama a atenção é o fato da centralidade de como
eles deveriam se comportar para com o seu próximo: “falai a verdade cada um com o seu próximo” (v.16); “nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo”
(v.17). Eles só poderiam manter a bênção do Senhor presentes em suas vidas se
vivessem como deve viver o povo eleito do Senhor. É uma exigência de pureza nos
relacionamentos. E como isso também é pertinente nos dias atuais. Não podemos
como povo de Deus agir em conformidade com o mundo com palavras e atitudes
insinceras. Isto não significa ser negligente com aquilo que é justo, pois foi
Jesus mesmo que disse: “Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque
serão fartos” (Mt 5.6). As palavras de nosso Senhor devem ser
entendidas no âmbito da justiça imputada
de Deus para nós, ou seja, a justiça de Cristo em nós. Deve ser entendida
também como justiça implantada, ou
seja, uma vida em santidade diante do Senhor: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20). E também como justiça promovida: “venha o teu reino, faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Desse modo o filho de Deus
lutará contra a injustiça, conta a opressão, contra a inverdade nos julgamentos
e nos relacionamentos, não se calará quando algo injusto é falado ou feito a
alguém ou contra um povo.
Deixa eu te perguntar: o que você
pensa a respeito de sua irmã em Cristo? O que você tem falado a respeito de sua
irmã, de seu irmão condiz com alguém que quer ser favorecido pelo Senhor? Pense
nisso, e se a resposta for negativa, mude seu comportamento.
Mas ainda devemos mencionar que o povo que
é favorecido pelo Senhor prestará ao Senhor um culto sincero, alegre, como
consequência de uma vida que ama a verdade e a paz.
III – A alegria do culto de um povo
favorecido pelo Senhor, v. 18, 19.
Por que essas palavras neste
momento? Voltemos um pouco e observemos o capítulo 7. Neste capítulo o Senhor
recusa o jejum que os judeus estavam fazendo. E recusa porque eles em suas
datas especiais realizavam os jejum como era de costume com o propósito de
expressar luto e súplica. Mas a dura palavra do Senhor a eles é que era tarde
demais, a tristeza deles não mudaria o santo propósito da justiça divina que já
havia sido profetizado por outros profetas, pois não deram ouvidos à voz do
Senhor. O Senhor enviou profetas a eles e eles não deram ouvidos, por isto
disse-lhes: “Visto
que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não ouvi, diz
o Senhor dos Exércitos” (Zc 7.13).
Mas o Senhor se voltou para eles com
tanta benignidade que o jejum de meses festivos não seria expressão de
tristeza, mas de alegria.
Assim como com eles que nosso culto
ao Senhor também seja repleto de alegria, o que não significa irreverência, mas
satisfação no Senhor, sentimento de gratidão, alívio pelo perdão divino,
bem-estar na alma por estar na presença do Senhor. Tudo isso sim pode ser
expresso em louvores alegres para glória do nosso Deus.
E a centralidade de tudo isso é do
Senhor, é Ele quem realiza na vida da sua igreja pela ação de seu Santo
Espírito! E o Espírito Santo nos leva a cultuar com fervor combinado com
entendimento, com alegria combinada com solenidade, com sentimento combinada
com racionalidade.
Se você tem reconhecido de coração o
quanto o Senhor tem te favorecido não será difícil a você adorá-lo com alegria
e singeleza de coração!
E finalmente meus irmão, tudo isso
traz como resultado prático uma influência maravilhosa na vida daqueles que
ainda não conhecem a Cristo como salvador, mas por nosso testemunho podem ser
atraídos a ele.
IV – A influência de um povo favorecido
pelo Senhor, v. 20-23.
Esses versículos dizem dos judeus
que uma vez restaurados pelo Senhor, debaixo da bênção divina viveriam uma época
em os povos de nações olhariam para Judá e seriam impactados pelo testemunho
deles, aponto de ser dito: “Vamos depressa suplicar o favor do SENHOR e buscar ao SENHOR
dos Exércitos" (v.21). Um tempo de influência maravilhosa na
vida dos gentios por meio do povo de Israel: “Iremos porque temos ouvido que Deus está
convosco” (v.23c). Há quem interprete
e aplique esses versículo como uma profecia a respeito do Milênio, os mil anos
de reinado de Cristo na terra, que alguns acreditam será um reinado sócio-político,
outros que Jesus já reina de modo espiritual.
Independentemente da interpretação que se der a esse texto o que nos
interessa no momento é o teor nele contido da influência que pode exercer um
povo que vive no temor do Senhor.
O que desejo que você pense neste momento
é se seu testemunho tem atraído pessoas a Cristo. Devemos ser testemunhas vivas
de Cristo, primeiramente com nossas palavras e em segundo lugar com nossas
atitudes. E como bem sabemos o mundo é especialista em identificar hipocrisia,
não é preciso iluminação do Espírito Santo para que as pessoas saibam que
alguém não está vivendo o evangelho
que com os lábios está a propagar. O anúncio do evangelho quando isso ocorre é
desprezado pelas pessoas, pois o que as atrai são outras pessoas que não apenas
falam, mas suas vidas podem ser citadas como permeadas pelo evangelho de
Cristo.
Diante disse eu te pergunto: a forma
como tem se portado demonstra o reino de Deus em você? O seu testemunho pessoal
é exemplo de alguém sob o domínio do Espírito Santo, ou é exemplo de uma pessoa
sob o domínio da ira, da inveja, da amargura que tem como resultado o
afastamento das pessoas ao invés de atraí-las.
Minha oração é para que as pessoas
possam ver em você alguém a quem elas podem recorrer e dizer: Eu vou com você,
pois sei que Deus está com você! Minha oração é para que as pessoas olhem para
esta igreja e possam dizer: Vamos até lá, vamos buscar o favor do Senhor,
porque as pessoas dessa igreja são verdadeiros crentes!
Conclusão
Que possamos ser um povo que
reconhece o constante favor divino em nos vidas, em gratidão por Ele ter se
voltado para nós com bondade e amor inexplicável!
Que possamos andar de acordo com a
vocação a que fomos chamados, sabendo que Ele é gracioso, mas em Sua graça Ele
tem suas exigências para conosco!
Que cada um de nós, individualmente
e coletivamente, respondamos ao seu maravilhoso amor com a mais sincera e
profunda adoração de nossas almas!
E que nossas vidas sejam
transparentes ao ponto de evidenciar o favor divino da bênção da salvação e
nossa comunhão com Ele, e que assim por nosso intermédio, como instrumentos em
Suas mãos, pessoas se acheguem ao evangelho da graça!
Que Deus em Cristo, pela operação do
Seu Santo Espírito continue nos favorecendo!
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