Introdução
Este é um texto glorioso, pois nos
fala da visita do próprio Deus a seu servo Abraão. Como tudo o que o Senhor faz
tem um propósito, observamos que aqui este também é o caso. O propósito geral
de Deus é prosseguir na implementação da Redenção em Cristo. Porém, existem
outros propósitos subsidiários. Estudemos, então, os tais, e suas aplicações as
nossas vidas hoje.
I
- DEUS REAFIRMA A PROMESSA DO FILHO PARA RETIRAR SARA DA INCREDULIDADE (Gn 18:1-15).
Esta porção do texto nos mostra Deus
aparecendo a Abraão. Ele toma forma humana, é o que chamamos de teofania. Ele
aparece a Abraão juntamente com dois anjos para transmitir uma mensagem de
ratificação da aliança a ambos ara fortalecer a fé deles. Como poderemos
perceber no texto quem necessitava de modo especial ser fortalecida na fá era
Sara. No texto dá a entender também que desde o início a visita tenciona
anunciar a Abraão a destruição das cidades ímpias representadas aqui por Sodoma
e Gomorra. Mas antes que possamos averiguar a lição do Senhor a Sara é
necessário atentarmos para o fato de que Abraão recebeu aqueles homens com
total gentileza mesmo a princípio sem saber que era o próprio Senhor.
Abraão demonstra hospitalidade para
com aqueles homens. Era muito importante a prática da hospitalidade naquele
contexto no qual havia muitos peregrinos que em muitos momentos dependia da
gentileza de outros. Mas observando o texto vemos que há um desprendimento
grandioso por parte de Abraão em receber bem aqueles homens, o que demonstra o
seu caráter amoroso. A hospitalidade é demonstração de amor e cuidado. Jesus
lembrou os discípulos da importância da hospitalidade em Mateus 25: “era
forasteiros e me hospedastes”... “quando? Perguntaram os justos”... todas as
vezes que o fizestes a um dos meus pequeninos a mim o fizestes”... A
hospitalidade então é exigida por parte do povo de Deus. O texto Hebreus 13.2 a
recomenda, citando que isso aconteceu de a quem estava realizando sem o saber estava
sendo abençoado com a presença de seres angelicais no Antigo testamento “Não
vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram
anjos”. E este foi o caso de Abraão. A hospitalidade é manifestação de amor, de
cuidado caridoso.
É evidente que vivemos em um
contexto sócio-histórico totalmente diferente do A.T. e daquele da época de
Jesus, no entanto isso não é desculpa para não sermos hospitaleiros. Podemos
inclusive fazer uma aplicação dessa hospitalidade mais existencialista. A
hospitalidade exigida por Jesus é um exemplo do cuidado, do amor manifestando
em prática, e a manifestação prática do amor pode se dá de diversas maneiras.
Não precisamos necessariamente abrir nosso espaço familiar para pessoas que não
conhecemos, o amor não é contraditório à sabedoria, mas podemos oferecer o
conforto da compreensão, da intercessão, da ajuda por outras vias.
No momento em que estavam se
alimentando aquele homem diz a Abraão que sara gerará um filho, muito possivelmente
a partir desse momento Abraão começou a perceber que não era um mero viajante.
Sara por sua vez, conforme o protocolo cultura de sua época estava em sua
própria tenda, não participando daquela conversa. Mas não distante o suficiente
que não pudesse ouvir o diálogo. E em seu íntimo ela duvida. No desenrolar do
texto ao que tudo indica ela é chamada e perguntada acerca de sua descrença,
que por sua vez a nega. Mas a pergunta que o Senhor faz no v. 14 ao mesmo tempo
é uma indagação e instrução: “Acaso, para o SENHOR há coisa
demasiadamente difícil?” Era a mensagem de Deus de que não importava a
limitação de ambos quanto à idade, eles gerariam um filho. É o SENHOR
fortalecendo a fé de Sara. Notemos que todos os textos anteriores o Senhor
sempre fala a Abrão, e aqui por meio de uma teofania é Sara que é confrontada e
logo fortalecida em sua falta de fé.
Também, à semelhança de Sara vivemos
nossas crises de fé, mas sempre podemos ser fortalecidos pelo Senhor. Que ao
invés de estarmos centralizando nossa atenção nas potencialidades humanas
possamos centralizar na Palavra. Confiemos nos m´peritos de Cristo e não em
nós! Que desse modo prossigamos até chegar ao Céu: Sempre olhando para Cristo,
para a Palavra e não para nossos recursos.
A visita do Senhor naquele momento foi uma
dádiva para Sara. A sua fé necessitava ser fortalecida. A fé é um dom.
II
- DEUS ANUNCIA A ABRAÃO O JUÍZO SOBRE AS CIDADES PECADORAS (Gn 18: 16-21).
No propósito de JAVÉ nesta visita a
Abraão está o anúncio de sua justiça sobre as cidades de Sodoma, Gomorra e
outras menores que lhes eram vizinhas. Mas o SENHOR diz que não ocultaria seus
planos de Abraão, por isso dar-lhe essa revelação.
Abraão era o escolhido para a Aliança
da Graça, e como tal viria a ser pai de uma grande nação e como é dito no v. 19
sobre ele estava o dever de ensinar seus descendentes nos caminhos do SENHOR.
Deste fato aqui exposto reflitamos
que Abraão deveria ensinar seus filhos a serem bênçãos para os povos (v.19).
Desse modo encontra-se aqui, ainda que rapidamente, o ensino acerca da responsabilidade
da transmissão dos valores divinos aos filhos. Nós que somos herdeiros da fé
conforme Abraão, devemos de igual modo viver esta realidade.
1 – Abraão deveria ensinar
seus filhos, e ser uma benção para os povos. Podemos crer que esta também é uma
função de seus descendentes espirituais, ou seja, dos crentes. Se você é crente
deve ensinar seus filhos o caminho da justiça, e que através de você as
famílias da terra sejam abençoadas. Isto está acontecendo?
2 – Deus julga com justiça.
Apesar de que no mundo de hoje a ira de Deus é descartada até dos púlpitos,
devemos lembrar a nós mesmos e a todos em nossa volta que Deus não mudou e que
julgará com justiça a cada homem e mulher. A única maneira de escapar deste
juízo está neste plano de Redenção que Deus implantava com Abraão e que
culminaria com a encarnação, morte, ressurreição e ascensão de Cristo.
III
– A INTERCESSÃO DE ABRAÃO (Gn 18:22-33).
Esta porção das Escrituras é frequentemente
usada para mostrar a necessidade da oração intercessora [I Timóteo 2:1]. Nós
como Cristãos, precisamos orar em favor dos perdidos e também dos salvos.
Abraão temia que Ló e outras pessoas justas fossem destruídas. Suas ações
servem de modelo para as nossas orações intercessoras:
1. Ele se aproximou de Deus
[vers. 23]. Isto nos mostra a necessidade de dedicarmos tempo em nossa vida
espiritual para uma comunhão mais intima com Deus. O propósito do jejum é
buscar ao Senhor e ao mesmo tempo nos aproximarmos Dele sem nenhuma distração.
2. Reconhece a Justiça de
Deus. Sabe que o juízo de Deus não é falho, mas sempre consoante a justiça que
provem Dele próprio. Em nossas orações tenhamos em mente que pedimos Àquele que
nos ouvirá conforme o que for justo. Por isso é importante conhecê-lo mais e
mais, para orarmos segundo sua justa vontade, e não conforme os injustos
caprichos humanos: “pedis e não recebeis,
porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tg 4:3). Por
exemplo, oramos conforme sua vontade quando oramos por seu povo, e pedimos a
salvação dos que ainda não creem.
3. Reconhece a soberania de
Deus sobre toda a terra. O Senhor não é meramente um Deus local, mas o
Verdadeiro Deus Criador e Mantenedor Justo de toda a terra. Ao orarmos devemos
crer que não estamos manipulando a Deus, mas sim cumprindo seu Decreto
Soberano.
4. Ele se lembrou das
promessas que Deus havia lhe feito. Ele também lembrou Deus de Sua própria
natureza e os Seus próprios atributos. Esta maneira de "raciocinar"
juntamente com Deus a respeito de Suas promessas e atributos é uma parte muito
importante da oração. Talvez isto fortaleça a nossa fé mais do que qualquer
outra coisa.
5. Ele discutiu o problema.
Deus deseja ouvir de nós aquilo que Ele já sabe. O intercessor precisa trazer a
situação diante do Senhor. E ele foi persistente [vers. 27, 30-33]. O Senhor
exige persistência na oração como um teste da profundidade de nosso desejo
[Lucas 18:1-7: a parábola do juiz iníquo; Mateus 15:21-28].
6. Ele era ousado e ao mesmo
tempo reverente [vers. 27 e 32]. Existe tal coisa como ousadia
"santa" em nossa vida de oração.
7. Ele demonstrou grande
compaixão. A compaixão é um ingrediente básico da oração intercessora.
Veja vários outros itens de
importância espiritual:
A. Abraão foi bem sucedido
em suas orações. É verdade que Sodoma foi destruída, mas Deus concordou com
todos os seus pedidos. Abraão superestimou o número de justos de Sodoma. Alguém
disse que "Abraão terminava a oração antes de Deus terminar a
resposta".
B. O povo de Deus é o sal da
terra. Dez santos em Sodoma teriam preservado a cidade de ser destruída.
C. Tempos virão em que mesmo
as nossas orações não poderão salvar uma cidade ou nação. Nações e cidades
podem ir além da esperança de misericórdia [Ezequiel 14:12-2: Quando o Senhor
determina o julgamento, diz o texto, que ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem
na cidade salvariam apenas suas próprias vidas]. Em qualquer tempo em que há
poucos santos em um lugar o julgamento está próximo.
Conclusão
Deus visita a Abraão para prosseguir
na implementação da Redenção. Para tanto Ele concede fé a Sara, comunica a
Abraão seus planos, e recebe sua intercessão. Esta implementação chegou até
nós, crentes de hoje. Como participantes da mesma Aliança também cremos,
participamos de seus planos, e intercedemos.
1 Comentários
Ótima explicação sobre o texto.. principalmente no sentido de explicar a firma Humana to.ada pelo Senhor.
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