Introdução
Para a mentalidade da chamada pós-modernidade
há uma dificuldade em falar de Deus definindo-o levanto em conta a Sua justiça.
O atributo divino mais lembrado sem dúvida é o amor, e de fato pé muito mais
confortável falar de Deus levando em consideração o Seu amor. Mas o atributo
divino santidade só é possível mediante a presença da justiça, aquele que é
Santo não pode ter comunhão com o pecado, tem que punir o pecador que permanece
em sua impiedade. E por incompreensível que possa parecer à limitada mente
humana isso não significa que o Senhor não aqueles a quem ele pune. Mas Ele não
pode negar-se a sim mesmo, e em sua reação com suas criaturas morais não pode
manifestar apenas Seu amor, mas também sua justiça.
Elucidação
O texto em questão nos mostra um
pouco dessas formas do agir divino. Bem como a reação de Abraão diante do anúncio
que o Senhor exerceria sua justiça sobre Sodoma e Gomorra. O momento é ainda
aquele no qual ABRAÃO está em diálogo com o Senhor que Lhe apareceu juntamente
com dois anjos para fortalecer a fé de Sara a anunciar a Abraão o que Ele haveria
de fazer com aquelas cidades.
I
– DEUS ANUNCIA A ABRAÃO O JUÍZO SOBRE AS CIDADES PECADORAS (Gn 18: 16-21).
No propósito de YHVY nesta visita a
Abraão está o anúncio de sua justiça sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. Mas
o SENHOR diz que não ocultaria seus planos de Abraão, por isso dar-lhe essa
revelação.
Abraão era o escolhido para a
Aliança da Graça, e como tal viria a ser pai de uma grande nação e como é dito
no v. 19 sobre ele estava o dever de ensinar seus descendentes nos caminhos do
SENHOR.
“ESCOLHI” – É o sentido mesmo de escolha
para ser pertencente a Deus. Deus escolheu Abraão para ser pari de um povo que
lhe seria santo, “separado”. Deus diz que não ocultaria a Abraão o que estava
prestes a fazer (v.18) demonstrando com isso a sua comunhão com ele. Assim como
ele escolheu Abraão, também nos escolheu. Somos o seu povo santo.
v. 21 Deus julga com
justiça. “Descerei e verei se, de fato, o
que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim; e, se assim
não é, sabê-lo-ei”. A linguagem divina aqui, bastante humana, é para
enfatizar que a justiça divina é exercida em pleno conhecimento das ações
praticadas por aqueles que dela são alvo. É a revelação de que a justiça divina
nunca é arbitrária. O Senhor conhece os
corações, conhece as motivações mais obscuras do coração humano. No mundo de
hoje a ira de Deus é descartada dos púlpitos, devemos lembrar a nós mesmos e a
todos em nossa volta que Deus não mudou e que julgará com justiça a cada homem
e mulher. A única maneira de escapar deste juízo está neste plano de Redenção
que Deus implantava com Abraão e que culminaria com a encarnação, morte,
ressurreição e ascensão de Cristo.
Mas Abraão ao tomar
conhecimento da iminente manifestação da justiça divina ora ao Senhor em favor
daquele povo.
II
- A INTERCESSÃO DE ABRAÃO (Gn 18:22-33).
Abraão dialoga com Deus quanto a possibilidade de haver pessoas justas naquela cidade, estava em tentativa de
salvar aqueles que não se encontravam no mesmo estado de pecados da maioria.
Esta porção das Escrituras é
frequentemente usada para mostrar a necessidade da oração intercessora. E a
intercessão é um dever de todo cristão como reino de sacerdotes que somos.
Paulo aconselha Timóteo a esse respeito: “Antes
de tudo, pois, exorto que se use a pratica de súplicas, orações, ações de
graças, em favor de todos os homens” (I Timóteo 2:1). Nós como Cristãos,
precisamos orar em favor dos perdidos e também dos salvos. Abraão temia que Ló
e outras pessoas justas fossem destruídas. Suas ações servem de modelo para as
nossas orações intercessoras:
1.
Ele se aproximou de Deus [vers. 23]. Embora o versículo seja o
relato da aproximação física no sentido de chegar perto daquele homem que era
Deus revelado em Teofonia, podemos fazer um aplicação para nossa realidade
espiritual. A necessidade de dedicarmos tempo em nossa vida espiritual para uma
comunhão mais intima com Deus é urgente. Aproximemo-nos portanto dele par
intercedermos por aqueles que à semelhança dos habitantes de Sodoma estão
juntando juízo para si.
2.
Reconhece a Justiça de Deus. Sabe que o juízo de Deus
não é falho, mas sempre consoante a justiça que provem Dele próprio. Em nossas
orações tenhamos em mente que pedimos Àquele que nos ouvirá conforme o que for
justo. Por isso é importante conhecê-lo mais e mais, para orarmos segundo sua
justa vontade, e não conforme os injustos caprichos humanos: “pedis e não recebeis, porque pedis mal,
para esbanjardes em vossos prazeres” (Tg 4:3). Por exemplo, oramos conforme
sua vontade quando oramos por seu povo, e pedimos a salvação dos que ainda não
creem. Mas não faça apenas orações generalizadas, dedique-se a interceder pela
vida de algumas pessoas de modo individual.
3.
Reconhece a soberania de Deus sobre toda a terra. O
Senhor não é meramente um Deus local, mas o Verdadeiro Deus Criador e
Mantenedor Justo de toda a terra. Ao orarmos devemos crer que não estamos
manipulando a Deus, mas sim cumprindo seu Decreto Soberano. Não estamos mudando
os propósitos divinos, mas sendo participantes desse propósito. Como não
conhecemos a mente do Senhor, não conhecemos quem é eleito para a salvação e
quem não é, cabe a nós nos concentrarmos em nossa responsabilidade, e o nosso
dever é orar.
4.
Ele discutiu o problema. Deus deseja ouvir de nós aquilo que
Ele já sabe. O intercessor precisa trazer a situação diante do Senhor. E ele
foi persistente [vers. 27, 30-33]. O Senhor exige persistência na oração como
um teste da profundidade de nosso desejo (Lucas 18:1-7: a parábola do juiz
iníquo). Com muita frequência não somos perseverantes em nossas orações,
especialmente no que tange à intercessão. A não ser que claramente estejamos
orando contra a vontade do Senhor, não há razão para não sermos perseverantes.
5.
Ele era ousado e ao mesmo tempo reverente [vers. 27 e 32].
Existe tal coisa como ousadia "santa" em nossa vida de oração? Abraão
foi ousado em continuar fazendo perguntas ao Senhor. Ser ousado com reverência
é reconhecer é reconhecer o direito absoluto divino, e que Ele ao nos responder
é unicamente pela Sua graça, leva em conta somente os méritos de Cristo.
6.
Ele demonstrou grande compaixão. A compaixão é um
ingrediente básico da oração intercessora.
Abrão estava intercedendo por
pessoas ímpias. Aquelas pessoas estavam inebriadas no pecado, no entanto, em
sua intercessão ele não tinha para com aquele povo um olhar excessivamente
severo, ele estava tomando uma postura que Jonas teve dificuldade em tomar,
teve compaixão daquele povo. A justiça pertence ao senhor, por mais ímpia que
seja uma sociedade o nosso olhar deve ser de compaixão. Nínive era uma cidade
de homens cruéis, no entanto o Senhor repreende Jonas por falta de compaixão.
1 Com isso, desgostou-se Jonas
extremamente e ficou irado.
2 E orou ao SENHOR e disse: Ah!
SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me
adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e
misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te
arrependes do mal.
3 Peço-te, pois, ó SENHOR,
tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.
4 E disse o SENHOR: É razoável
essa tua ira?
5 Então, Jonas saiu da cidade, e
assentou-se ao oriente da mesma, e ali fez uma enramada, e repousou debaixo
dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade.
6 Então, fez o SENHOR Deus nascer
uma planta, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua
cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. Jonas, pois, se alegrou em
extremo por causa da planta.
7 Mas Deus, no dia seguinte, ao
subir da alva, enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se secou.
8 Em nascendo o sol, Deus mandou
um vento calmoso oriental; o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que
desfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é morrer do que
viver!
9 Então, perguntou Deus a Jonas:
É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha
ira até à morte.
10 Tornou o SENHOR: Tens compaixão
da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa
noite nasceu e numa noite pereceu;
11 e não hei de eu ter compaixão
da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que
não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos
animais?
Estamos inseridos em uma sociedade
idólatra, violenta, pornógrafa, depravada corrupta, e com muita frequência
convivemos com pessoas que vivem esse contexto em suas vidas. Mas que nosso
olhar seja isso tudo seja de proclamar a verdade de Deus com compaixão,
desejando verdadeiramente ver tais pessoas libertas em Cristo.
Conclusão
Abraão foi bem sucedido em suas
orações. É verdade que Sodoma foi destruída, mas Deus concordou com todos os
seus pedidos. Abraão superestimou o número de justos de Sodoma. Mas aqueles que
eram justos o Senhor já havia enviado os anjos para livrá-los.
O povo de Deus é o sal da terra. Dez
santos em Sodoma teriam preservado a cidade de ser destruída. O mundo estaria
muito pior do que está sem a presença do povo de Deus.
Templo Sede, 04/05/14.
E.B.D.
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