Marcos 6.7-13
Introdução: O Senhor Jesus enviou os discípulos
várias vezes antes da Grande Comissão de Mateus 28.19-20. Foram treinados em
Estágios de Preparação para a Missão.
Estágio é a
oportunidade para que os estudantes coloquem em prática os conhecimentos
adquiridos em sala de aula, de maneira que possam vivenciar no dia a dia a
teoria, absorvendo melhor os conhecimentos.
Jesus usou
de estágios para treinar seus discípulos na Missão. Marcos 6.7-13 demonstra
como eles foram enviados neste primeiro estágio preparatório.
Este envio serve de modelo para a
nossa missão como igreja no século XXI.
INSTRUÇÃO PARA O
CUMPRIMENTO DA MISSÃO EVANGELIZADORA
I – OS DISCÍPULOS ENVIADOS EM DUPLA,
V. 7.
Chegou o
momento possivelmente ansiado pelos discípulos, o momento do envio. O momento
de serem comissionados a transmitir as boas novas de salvação. Jesus os envia
em dupla, e isto não é em vão, à luz da lei mosaica toda questão deveria ser
decidida com duas ou três testemunhas, não havia legitimidade em um testemunho
isolado (Dt 19.15; 2 Co 13.1). Em segundo lugar
com certeza Jesus tinha em mente o aspecto da comunhão. Aquele primeiro momento
de enviou ainda está no contexto do ensino, da preparação, era um tipo de aula
prática de evangelização. Deveria logo no início de seus ministérios aprender a
trabalhar reconhecendo suas próprias debilidades e consequente necessidade da
presença de outras pessoas para ajudar.
Um segundo elemento presente neste
v. é o fato de que o Senhor concede a eles autoridade sobre os espíritos
imundos. Isto demonstra primeiramente o caráter espiritual da missão. Jesus
envia seus discípulos tendo o coração compassivo por aquelas pessoa que se
encontravam oprimidas pelo diabo. E concede aos seus discípulos a autoridade de
expelir tais demônios, como de fato ocorreu como demonstra o v. 13. Lembremos
que esta questão da expulsão de demônios encontra-se no contexto de proclamação
do Reino de Deus, portanto, tal fenômeno apenas pode ser concebido em
consonância com a pregação do evangelho e conseqüente arrependimento do
pecador. A Palavra de Deus sempre associa a libertação do oprimido pelo Diabo
com a conversão daquele que foi liberto, do contrário não houve de fato
verdadeira libertação, e é possível mais uma vez está sob o domínio do Maligno
(Mt 12. 43-46). Os espíritos malignos só voltam se não houver na vida da pessoa
a presença do Espírito Santo.
Um terceiro detalhe deste versículo
que deve ser mencionado é o fato da legalização da proclamação por parte dos
discípulos. Eles foram enviados (apostellein)
pelo Senhor. Por conta disso que tinham a autoridade já mencionada e também por
conta disso não tinham o direito de pregar o que quisessem, mas apenas aquilo
que foi ordenado por Cristo.
Quando Jesus enviou seus discípulos
foi muito específico a providência divina diante da missão.
II – OS DISCÍPULOS DEVERIAM CONFIAR NA
PROVISÃO DIVINA, V. 8-9.
Seu equipamento era
simples e prático, evitando os dois extremos de farrapagem e de ostentação
luxuosa. Nem mesmo deveriam utilizar alforge, que era utilizado para colocar as
provisões. Deveriam confiar unicamente na provisão divina. É um texto estranho
para o contexto atual. Como conciliar o que é dito pelo Senhor aos seus
discípulos com o fato de que aqueles que partem em missões devem estar
prevenidos financeiramente e que as igrejas que os envia deve sustentá-los
devidamente. Jesus com certeza está ensinando que a confiança para o
cumprimento da missão tem que ser no Senhor. Estavam sendo enviados a ensinar
sobre uma nova prioridade para a vida das pessoas: buscar em primeiro lugar o
reino de Deus e todas as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6.33). Como
poderiam então chegar a essas pessoas em pompa, como poderiam ter excessiva preocupação
com coisas ínfimas das quais o Senhor afirma que devemos descansar no Pai.
Jesus diz em Mt 6.28-30: “E, quanto ao
vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles
crescem; não trabalham nem fiam;
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?”
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?”
Quem você considera que tem mais
autoridade para falar de confiança na providência divina, aqueles que agem em
semelhança dos discípulos ou os supostos pregadores milionários dos nossos
dias?
Devemos lembrar também que Jesus não
está ensinando os discípulos a serem pedintes, devemos evitar os extremos.
Confiança por parte de quem trabalha no Reino de Deus na providência divina não
minimiza a responsabilidade daqueles que são participantes do evangelho de
contribuir financeiramente com aqueles que pregam o evangelho. “Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que
se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o
boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário.” 1
Timóteo 5:17, 18.
III – OS DISCÍPULOS DEVERIAM ESTAR PREPARADOS
PARA A ACEITAÇÃO E PARA A REJEIÇÃO, V. 10-11.
Os
discípulos são enviados com instruções bem específicas quanto a como deveriam
se portar no que tange ao anúncio do evangelho, propriamente Jesus ensina como
deveria ser a tática utilizada. Ao chegarem a uma cidade ou vila deveriam
encontrar uma casa para usar como base logística, dentro dos costumes judaicos
aproveitando a hospitalidade que lhes seria concedida. No entanto fica o alerta
para possibilidade tanto de não os receberem e nem mesmo os ouvirem. Diante
disso, o testemunho deveria ser corajoso contra a incredulidade que existia,
mas ao mesmo tempo simpático, não ofensivo, não violento. Também o testemunho
contra os que não ouvissem deveria ser assim: simplesmente sacudir o pó da
sandália como um recado de que Deus seria o juiz último.
Em nossos dias, o estilo evangelístico
obviamente varia de cultura para cultura, de igreja para igreja. Há muitas
formas diferentes de anunciar o evangelho, desde que não se prejudique o
essencial, o conteúdo central da mensagem a ser anunciada. Independentemente da
tática a ser utilizada, a igreja hoje deve observar que o princípio
estabelecido por Cristo deve permanecer, independentemente de ser ouvido ou
não, de ser aceito ou não, aquele que proclama o evangelho deve fazê-lo de modo
claro e simples. Deve fazer-se entender pelos seus ouvintes concedendo-lhes a
oportunidade de receber ou recusar a mensagem do evangelho. Jesus faz ênfase
quanto a essa questão de se recusar a mensagem do evangelho, ao ponto de no
texto paralelo de Mt 10.5-15, no v. 15 ele afirma que haverá mais rigor no dia
do juízo para a cidade que recusar o evangelho do que mesmo para Sodoma e
Gomorra. Recusar o convite de Cristo à salvação é algo muito grave. É um dos
mais graves pecados que alguém pode cometer. Milhares de pessoas acreditam que
e estão bem diante de Deus porque não estão matando, roubando ou fazendo outro
tipo de atrocidade. Não sabem o quanto são cegos espirituais (ainda que sejam
religiosos, ou talvez especialmente por isso), são escravos do pecado
(manifestando ás vezes pela sua suposta forma correta de vida). São a essas
pessoas que somos chamados a proclamar o evangelho, portanto, o sentimento de
ser rejeitado não pode nos levar a um desânimo em nossa missão. Outros milhares
de pessoas estão frequentando igrejas, vivem uma abstinência de alguns pecados
escandalosos socialmente, mas na verdade estão na mesma situação dos
mencionados anteriormente.
Que você
como discípulo de Cristo tenha consciência limpa quanto ao cumprimento do seu
dever, e que sua consciência o acuse se estiver anunciando o evangelho
misturado com outra mensagem que não vem de Deus.
IV – OS DISCÍPULOS PREGAVAM O
ARREPENDIMENTO, V.12-13.
Não será
raro você encontrar em supostos templos evangélicos faixas convite do tipo: “aqui um milagre espera por você!” Símbolo do
falso evangelho que prega um falso deus sujeito ao calendário humano que
determina onde e como ele tem que realizar milagre. Há muitos que hoje fazem
uma ênfase exagerada na satisfação das necessidades humanas, as pessoas têm que
estar se sentindo bem, então preferem não pregar sobre arrependimento de
pecados, sobre justiça divina, sobre inferno, e temas semelhantes. Prosperidade
tem sido a ênfase de muitos religiosos “evangélicos”. A mensagem da verdadeira
igreja de Cristo não é prosperidade acima de tudo, não livramento de todos os
problemas desta vida e nem mesmo sua centralidade está no cunho social.
A mensagem
que Cristo mandou seus discípulos pregar foi de arrependimento e perdão. O que
temos a dizer ao povo não é venham para receber um milagre, mas à semelhança do
apóstolo Pedro: “Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da
presença do Senhor, venham tempos de refrigério...” (At 3.18,19a).
Como um
complemento a esta mensagem deu-lhes poder sobre a tirania de Satanás. A ênfase
do trabalho da igreja naquela ocasião estava na divulgação de que,
gratuitamente em Cristo, todos poderiam ter o céu, a vida eterna. O centro do
trabalho não estava no expulsar demônios, embora seja algo bíblico, mas esta
não deve ser a centralidade da prática de uma igreja, porque não foi isto que o
Nosso Senhor ordenou. O centro do trabalho também não estava no curar doentes
ou resolver problemas financeiros. Estas coisas deveriam servir como um
sinalizador do poder de Deus que estava em Cristo em meio a um povo que não
aceitava Jesus como o Messias prometido.
Quanto à
cura dos enfermos Jesus faz menção que eles deveriam realizar ungindo-os com
óleo. O Novo Testamento se refere à unção com óleo somente aqui, em Lc 10.34: “E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite
e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e
cuidou dele;” (Lucas
10:34) e em Tg 5.14: “Está alguém entre vós doente?
Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-os com
óleo, em nome do Senhor. E oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o
levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. O óleo era utilizado no contexto do
Novo Testamento como remédio e todos os textos que falam sobre a unção com óleo
tem esta conotação. O sentido do texto em Tiago é que os presbíteros deveriam
orar pela cura, mas não deveriam desprezar a aplicação do remédio ao doente. O
termo “aleipho” (ungir) nesses
versículos tem um sentido corriqueiro, isto é, não se refere a questão
espiritual, mas apenas a questão física em si. Traduzindo as palavras de Tiago
para uma linguagem atual: ““eles
davam o remédio e oravam com fé e Deus curava o enfermo”.
Leia mais: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/05/pve-devemos-ungir-com-oleo/#ixzz2FC5G04kb
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Além disto,
não há base bíblica no Novo Testamento para a unção de objetos. Lembre-se que
tudo o que você tem já pertence ao Senhor, como pois, você quer consagrar um
objeto específico ao Senhor?
Aplicações: 1. Você foi chamado para uma missão de caráter espiritual,
portanto deve pautar a forma de realizar esta missão na revelação bíblica. Diga
não aos modismos, à deturpação da mensagem a ser anunciada, ao relaxamento em
seu dever como arauto de Cristo.
2. Não permita que a
falta de fé daqueles a quem você prega ou a falta de resultados práticos
observáveis leve você a perder o foco da sua missão. Haverá sempre aqueles que
não creem, mas sempre haverá aqueles a quem o Espírito Santo estará gerando fé.
Conclusão: Você já foi instruído na Palavra?
Você já teve a experiência de compartilhar a sua fé com algumas pessoas? Já
teve a experiência de ser ouvido ou de ser rejeitada a mensagem que você prega?
Se já passou por isso, podemos dizer que já passou pelo seu estágio. Que tal
agora então pôr a mão no arado de uma forma mais séria. Os campos estão brancos
para a ceifa e o reino de Deus precisa de trabalhadores.
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