2 Tessalonicensses
1.1-12
Introdução: A segunda epístola aos
Tessalonicenses, como a primeira, é endereçada "à igreja dos
tessalonicenses", sendo enviada por "Paulo, Silvano e Timóteo".
A situação em apreço na segunda carta é muito semelhante àquela tratada na
primeira. Isto sugere que a segunda foi enviada também de Corinto, e não muito
tempo após a remessa da carta anterior. Lembremos que aquela igreja foi fundada
em meio à perseguição, como bem demonstra At 17.4-6. Algo que fica evidente na
leitura da primeira carta é que despeito das perseguições a igreja de
Tessalônica era fiel, perseverante e crescia na fé. Logo no início desta
segunda epístola fica evidente que a perseguição não chegou ao fim (1.4-6), mas
pelo contrário aumentara, no entanto, Paulo não escreve com lamentos, mas com
elogios àqueles irmãos expressando sua gratidão a Deus ao mesmo tempo que
estimula a serem perseverantes em meio à tribulação.
FIRMEZA EM MEIO À
ADVERSIDADE: UMA RAZÃO PARA GRATIDÃO
I – A gratidão pela
situação presente dos tessalonicensses, 3-5.
Paulo agradece
a Deus pela vida dos tessalonicensses enquanto igreja do Senhor. Ele não
permite que os poucos rebeldes que começara a ensinar uma falsa doutrina (cap.
2) presentes na igreja o prive da alegria, e percebe que a igreja de Tessalônica
de um modo geral era uma igreja que crescia na fé, no amor e pacientemente. Por
isto ele elogia os tessalonicensses. Ele faz referência a:
a) uma fé que cresce
esplendidamente, v. 3;
Na primeira
epístola além de elogiá-los pela operosidade da fé deles (1 Ts 1.3) também ora
ao Senhor para que pudessem se desenvolver (1 Ts 3.10). Agora o apóstolo louva
a Deus por perceber que a fé daqueles irmãos estava crescendo de modo
maravilhoso. Lembremos do contexto de perseguição presente à vida daquela
igreja, portanto, mesmo em meio à tribulação que estava sobrevindo sobre os
crentes tessalonicensses eles permaneciam fiéis e sendo exemplo de perseverança
para as demais igrejas.
A fé por sua
própria essência necessita ser testada, para que possa estar em
desenvolvimento. É necessário passarmos por provações em nossa fé. Uma vida sem
provação o cristão se tornaria indolente, superficial e a fé seria algo raso.
Em Hebreus 11 há um relato maravilhoso sobre os “heróis” da fé, todos eles
foram duramente provados.
b) um amor mútuo em
pleno crescimento, v.3;
Encontramos
novamente aqui outra resposta à oração de Paulo (1 Ts 3.12; 4.9,10). Uma igreja
sob perseguição, sob sofrimento, mas que dava motivos de o apóstolo ser grato
ao Senhor porque percebia neles está presente não apenas a marca distintiva do
discipulado cristão (Jo 13.34, 35) como também o fato de estarem crescendo
neste amor. O sofrimento poderia ter causado naqueles irmãos amargura e
indiferença, é isso o que muitas vezes acontece com algumas pessoas diante das
desventuras da vida, no entanto, tal não estava acontecendo com aqueles irmãos.
c) uma paciência
triunfadora no sofrimento, 4.
A palavra
que é traduzida aqui por “constância” é HUPOMONÊ, tem o sentido, segundo o
grande comentarista Willian Barclay, não apenas de aguentar o sofrimento, mas
de nele se fortalecer e transformar em umbrais de novas conquistas. E segundo
Fritz Rienecker significa suportar circunstâncias difíceis. Mas não de qualquer
modo, mas com uma esperança alegre, não é uma espera triste pelo fim. Era assim
que vivia a igreja em Tessalônica, era assim que viviam aqueles irmãos, e é
assim que devemos viver.
Paulo,
portanto, em sua expressão de gratidão ao Senhor está também elogiando aquela
igreja pela forma como ela tem se portado. No v. 5 é dito que os sofrimentos do
presente eram para que eles fossem considerados dignos do reino de Deus. O
apóstolo não está fazendo nenhuma menção à dignidade humana para a salvação,
não está se referindo a uma salvação por meio de obras. Ele usa na verdade uma
linguagem escatológica, já começa aqui a fazer referência ao juízo divino que
sobrevirá no futuro, mas já se manifesta no presente inclusive na vida da
igreja. E a forma como esse juízo divino ocorre faz separação entre o que serve
a Deus e o que não o serve. O servo do Senhor sofre pelo evangelho, e quando
isto ocorre há algo de sublime, e é neste sentido que deve ser compreendida a
expressão “para que sejais considerados
dignos do reino de Deus”. Paulo então louva ao Senhor porque eles estão
sofrendo não por consequência de seus pecados, não por terem cometido algum
crime, não por ter feito o mal, mas por viver em o evangelho em fidelidade.
II – A gratidão pelo
livramento futuro, 6-10.
O apóstolo
em face ao sofrimento que aquela igreja estava passando faz referência ao juízo
final da parte do Senhor para com os ímpios deixando então conteúdo de reflexão
para os tessalonicensses de que deveriam estar sempre gratos a Deus por serem
livres da condenação eterna.
No v. 6 ele
é muito claro ao declarar que aqueles que os perseguiam haveriam de sofrer a
devida retribuição, e que o Senhor nisto estará manifestando a sua justiça.
Ele então passa a especificar como
será a tribulação dos ímpios:
a) será uma tribulação
sem alívio, v.6, 7.
Os salvos
que hoje são atribulados vivenciarão um alívio eterno, não haverá mais dor, não
haverá sofrimento, não haverá mais angústia. São muito belas as palavras de Ap
21:3, 4: “Então, ouvi grande voz vinda do
trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens, Deus habitará com
eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará
dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
No entanto,
para aqueles que partem deste mundo sem a regeneração, sem a obra
transformadora de Cristo aplicada às vidas vivenciarão um tomento sem alívio,
um sofrimento que melhor se explica pelo fato de que estarão totalmente
separados da graça divina. Haverá o domínio completo do pecado em seus corações,
haverá sofrimentos subjetivos como angústia, desespero. A Bíblia retrata um quadro
de choro e ranger de dentes: “E os filhos
do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de
dentes” (Mateus 8:12).
“Assim será
na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os
justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de
dentes” (Mt 13:49-50).
“Mas, quanto
aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos
fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua
parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap
21:8).
b) será uma tribulação
justa, 8;
A Palavra de
Deus diz em Gl 6.7 que aquilo que o homem semear isso também ceifará, pois Ele
não se deixa escarnecer. Quantos hoje zombam do evangelho, zombam da igreja do
Senhor? Quantos não dão ouvidos à mensagem de arrependimento de seus pecados? Quantos
estão adorando a criatura quando deveriam adorar ao criador? O v. é claro ao
afirmar que o Senhor exercerá a sua vingança contra os que não conhecem a Deus
e que desobedecem ao evangelho. Trata-se do mesmo grupo de pessoas, são aqueles
que mesmo tendo conhecimento de Deus, mesmo tendo sido pregado a eles o
evangelho, não o reconhecem como o seu Deus, não O glorificaram como Deus nem
lhe deram graças. Pessoas que mudaram a verdade de Deus em mentira como bem
relata Rm 1.18-25. Haverá gradação dos sofrimentos na condenação de acordo com
os pecados cometidos nesta vida, a punição será proporcional aos pecados
cometidos.
c) será uma penalidade
eterna, 9.
Enganam-se
aqueles que acreditam que Paulo aqui está falando de aniquilação. Este
versículo não está dizendo que os ímpios irão sofrer e depois deixarão de
existir. A palavra grega traduzida por “destruição”, olethros significa perda
de todas as coisas que dão valor à existência. A revelação clara das escrituras
é que há uma condenação eterna (Mt 18.8; Ap 14.11; 20.10).
Diante dessa
realidade Paulo escreve então com o coração grato á Deus por aqueles irmãos que
embora estivessem sofrendo tanto naquelas circunstâncias, mas que receberam
pela graça do Senhor a dádiva do livramento da condenação. Desse modo como ele
declara eles deveriam sempre lembrar que o dia do juízo será ocasião em que
Cristo estará sendo glorificado na vida dos seus santos (v. 10).
III – A gratidão
expressa em intercessão, 11-12.
A gratidão a
Deus por parte do apóstolo Paulo se manifesta neste momento em intercessão em
favor dos tessalonicensses. Dois pontos merecem destaque nesta oração de Paulo:
a) Paulo ora pela
dignidade dos crentes, v.11;
Os cristãos
foram vocacionados para a salvação, chamados para ser santos. Paulo pensa neles
agora de uma forma individual em face às vicissitudes que enfrentavam, pois
embora fossem cristãos maduros havia ainda necessidade de desenvolvimento
espritual. Para tal ele deveriam viver de acordo com essa vocação, no dia do
juízo serão considerados dignos de entrar no reino, no entanto, Paulo intercede
para que eles possam conduzir suas vidas aqui e agora de acordo com o santo
evangelho. É interessante observar que ele centraliza a ação de Deus: É o Senhor
que os tornará dignos, em seu propósito os capacitará a continuar vivendo uma
fé operosa. Ou seja, mesmo em meio á tribulação o Senhor os capacitará a uma fé
viva demonstrada de modo prático.
b) Paulo ora pelo
testemunho dos crentes, v.12.
A súplica de
Paulo é que Cristo esteja sendo glorificado na vida tessalonicensses. Neste
ponto quero citar Willian Barclay:
Aqui estamos diante de uma verdade que nos
tira o fôlego: A verdade de que nossa glória é Cristo e que a glória de Cristo
somos nós. A glória de Cristo está naqueles que por Ele aprenderam a sofrer, a
conquistar e, brilhar como a luz nas trevas; irradiar bondade e amor. A glória
de um mestre está nos discípulos que forma; a dos pais nos filhos que gera e
ensina a viver; e a nós cabe o tremendo privilégio e a gloriosa responsabilidade
de Cristo ser glorificado em nós e nós Nele. (cit. Lopes, 2009)
Aplicações: 1. Aqui no Brasil nós não vivemos uma
perseguição ao evangelho como ocorre em alguns países, especialmente
muçulmanos, portanto, o sofrimento que nos advém normalmente é de outra
ordem. Gostaria que você pudesse comparar
seu sofrimento presente ou que poderá vivenciar com o que enfrenta os nossos
irmãos que são perseguidos por amor ao evangelho em países onde se declarar
cristão significa ser perseguido, ser torturado e assassinado como na Coréia do
Norte, Irã, Afeganistão e outros. E ainda assim a igreja cresce nesses lugares.
Perceba então que você tem muito o que agradecer ao Senhor e que a liberdade de
se viver o evangelho em nosso país não sirva para o relaxamento espiritual, mas
busque o crescimento na fé e não permita que suas pequenas tribulações estejam
abatendo-o em meio à caminhada.
2. Se você ainda não entregou sua vida a Cristo, que possa
receber as palavras ditas nesta noite não tendo em mente que estamos lhe
julgando, mas que o amamos e de modo algum poderíamos deixar de lhe anunciar as
verdades das Escrituras, ainda que elas sejam desconfortáveis de ser ouvidas.
Que você possa entregar sua vida a Cristo e pela graça do Senhor vir a ter a convicção de que no futuro
eterno estará na presença do Deus Triúno.
3. Lembre-se, que como discípulo de Cristo você tem o alvo de
glorificar aquele que o chamou para uma vida em discipulado.
Conclusão: Independentemente de ser perseguido
ou não todo salvo chegará à glória com o reconhecimento nos seus corações de
que tudo o que passou venceu pela graça de Cristo. Podemos muito bem com
corações gratos:
FOI GRAÇA – ASAPH BORBA
Quando terminar esta vida e lá no céu
eu chegar
Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim, Oh conta-nos como você irmão,
Venceu e chegou aqui.
Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim, Oh conta-nos como você irmão,
Venceu e chegou aqui.
E falarei, e cantarei de Jesus que me
salvou
Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, superabundante graça
Graça, graça, preciosa e doce graça.
Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, superabundante graça
Graça, graça, preciosa e doce graça.
Foi graça irmão, Graça irmão,
Eu vos digo que foi assim
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.
Eu vos digo que foi assim
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.
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