Gênesis 11.1-9 - Uma revolta contra Deus

 
E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.

E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.

E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.

Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.

Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.


 

Introdução

No capítulo 6 de Gênesis é mostrado a corrupção do gênero humano, como a iniquidade deles estava ofendendo a santidade divina. No cap. 7 Noé, chamado pelo Senhor para preservação da humanidade em face ao castigo divino, entra na Arca, ocorre então o dilúvio. Aquela sociedade ímpia é exterminada da face da terra. O cap. 8 traz o relato das fases do dilúvio, que chega ao seu fim, e o compromisso do Senhor em não enviar outra catástrofe natural punindo os seres viventes. No cap. 9 Ele faz uma aliança com Noé e o cap. 10 é sobre a genealogia dos descedentes de Noé e historicamente deve ser entendido após os acontecimentos do capítulo 11 no qual se encontra o famoso relato de torre de Babel.

 


I - A intenção dos habitantes de BABEL, V. 1-4.
E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.

E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.

E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.


Percebemos nesse texto que a humanidade já se encontra em um estágio de avanço tecnológico. No v. 3 é mencionado a técnica utilizada por eles para a construção civil. O lamentável é perceber que estavam utilizando de seu avanço cultural para afrontar à Deus. Havia uma ordem expressa do Senhor para a humanidade de povoar a terra (Gn 9.7); no entanto eles resolveram se estabelecere em um só lugar.

Uma outra intenção daquelas pessoas que demonstrava a malignidade de seus corações era o desejo de tornar o nome célebre (v.4). Queriam realizar um grande feito e nisso seriam lembrados, enaltecidos, não havia nenhum tipo de pensamento sobre a glória divina, muito pelo contrário, estavam vivendo em uma total oposição à Deus.

Estabeleceram uma cidade onde estariam vivendo e uma torre com um propósito bem específico. Essa torre muito alta deve ser entendida como as que havia na Babilônia (Ziggurats) que os arqueólogos têm encontrado. Aliás, Babel venho a ser identificada depois como a Babilônia. O Ziggurats tinha a forma de uma pirâmide e eram monumentos religiosos ou templos pagãos.

Os antigos babilônicos concebiam o mundo como uma alta montanha e achavam que os deuses habitavam nos cumes dos montes; então colocavam no último patamar das torres a morada dos deuses da cidade. Na Babilônia a torre mais famosa era do deus Marduque, chamada de "casa do fundamento do céu e da terra".

Era o poder político da Babilônia divinizado. Assim a torre de Babel mostra um empreendimento pagão religioso, de homens que queria criar para si um nome famoso, que os mantivesse unidos formando assim um poderoso centro político e cultural, impregnado do culto de um ídolo. Queriam construir para se tornarem vizinhos de Deus, estarem de igual para igual. Lembremos que na concepção deles as nuvens não estavam tão altas como nós sabemos hoje.

Uma outra razão para a construçãom daquela torre era ter a possibilidade de fugir da ira divina caso houvesse um outro dilúvio.

Babel, a cidade orgulhosa de Gen.11, depois veio a se chamar de Babilônia; na história sagrada este nome tornou-se símbolo do poder deste mundo que se faz adverso e inimigo de Deus. Mais tarde, no início do Cristianismo, os cristãos vão identificá-la com a cidade de Roma que matava os cristãos. É a Babilônia do Apocalipse.

Mas semelhante àquele povo nós também muitas vezes construímos nossas torres. A nossa torre é a nossa posição profissional e social, é o status que apresentamos, a nossa residência, o nosso carro, também o nosso primeiro lugar na escola, a nossa reputação. É portanto, tudo o que estabelecemos para nós em nossa vaidade e tira a primazia do Senhor em nossas vidas. Quantos hoje não estão apenas preocupados com suas torres e os outros que se lixem, e Deus pouco importa para eles.

Todas as vezes que construímos nossa "torre" à parte do direcionamento do Senhor é como se estivéssemos dizendo: A tua graça não me basta, eu não confio muito nela, eu acho que o melhor é eu mesmo procurar dar um jeito. Eu não confio muito em ti como meu Salvador; acho que o meu salvador sou eu mesmo.

Que possamos buscar não a nossa fama, mas a fama do Senhor. Que possamos não confiarmos em nós mesmos, mas no Senhor que nos guarda.




II - A reação do Senhor aos habitantes de Babel, v. 5-9.
Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.

Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.

Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.


O texto diz: "Então, desceu o Senhor, para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam" (v.5). Interessante o texto dizer que Deus desceu. Está ressaltando que embora eles estivessem em um grande empreendimento, como tudo aquilo era tão pequeno diante do Senhor. Isso nos traz a importante lição que não importa quão grandiosos possam ser nossos projetos, até onde nós possamos chegar nessa vida, mesmo sob a bênção de Deus; nunca podemos esquecer o quanto somos pequenos, e que Ele está acima de tudo isso. Não esqueçamos que autoexaltação também é rebeldia contra Deus.

Uma outra reação do Senhor diante daquilo tudo que estava acontecendo foi interferir na unidade linguística da humanidade. A comunicação é uma das instâncias mais básicas para o relacionamento humano. A linguagem é uma produção cultural sem a qual não poderia haver convívio social. Por conta de sua arrogância, de sua pretensão maligna Deus toca justamente naquilo que possibilitava a unidade deles. Sem que houvesse entendimento não poderia haver êxito nos projetos. Eles tinham uma única língua, mas estavam usando isso para aperversidade de seus corações.

Enquanto isso, no que consta a nós, embora falemos um mesmo idioma, será que conseguimos ser compreendidos por aqueles que nos houvem? Será que em contrapartida estamos compreendendo os outros? Isto também é uma questão de linguagem, embora não seja de idioma. Sempre no que é dito está implícito o que pode ser interpretado. Mas nem sempre somos interpretados como gostaríamos de ser, e daí surgem muitos problemas.

A reação consequente do Senhor é de dispersá-los pela terra. O projeto de Deus era de povoar a terra, e por isso a necessidade da disperção.

Esse texto então deve nos levar a algumas reflexões:




Aplicação

1. Quais torres que você tem construído em sua vida? Algumas podem ser boas, outras ruins, mas que nem umas nem outras ocupem o lugar que é devido ao Senhor em sua vida.

2. O que você tem feito com as capacidades que o Senhor te concedeu? Que você glorifique ao Senhor naquilo que é e sabe fazer!

3. O protestantismo fala uma diversidade de línguas atualmente? Acredito que sim! As denominações não conseguem se entederem para trabalhar em conjunto na obra misssionária. Há as divergências doutrinárias e de prática. E em uma igreja local muitas vezes ela está dividida em muitas facções. Que não seja assim, que falemos uma única língua, que tenhamos um mesmo propósito. E isso só pde ser realizado expurgando de nosso meio o individualismo e o egocentrismo.

4. Seus projetos glorificam à Deus ou são para tornar o teu nome famoso? Que entendas o quanto dependes do Senhor. Não é à toa que Tiago adverte:



"13 Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.

14 Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.

15 Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.

16 Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.
17 Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando". (Tg 4.13-17)




Conclusão

Que nos afastemos de tudo aquilo que Babel exemplifica, que possamos viver em união,falando uma mesma línguagem, mas para a glória do Senhor! Que jamais nos revoltemos contra os propósitos divinos! E que estejamos sempre dispostos a viver a Sua vontade em nossas vidas!



 

 

Sermão pregado no Templo Sede da Igreja Batista dos Guararapes, em 05 de janeiro de 2014, na Escola Bíblica Dominical.

Jaboatão dos Guararapes, PE.

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