ÚLTIMO SERMÃO DE 2012


2 Tessalonicensses 1.1-12


Introdução: A segunda epístola aos Tessalonicenses, como a primeira, é endereçada "à igreja dos tessalonicenses", sendo enviada por "Paulo, Silvano e Timóteo". A situação em apreço na segunda carta é muito semelhante àquela tratada na primeira. Isto sugere que a segunda foi enviada também de Corinto, e não muito tempo após a remessa da carta anterior. Lembremos que aquela igreja foi fundada em meio à perseguição, como bem demonstra At 17.4-6. Algo que fica evidente na leitura da primeira carta é que despeito das perseguições a igreja de Tessalônica era fiel, perseverante e crescia na fé. Logo no início desta segunda epístola fica evidente que a perseguição não chegou ao fim (1.4-6), mas pelo contrário aumentara, no entanto, Paulo não escreve com lamentos, mas com elogios àqueles irmãos expressando sua gratidão a Deus ao mesmo tempo que estimula a serem perseverantes em meio à tribulação.


FIRMEZA EM MEIO À ADVERSIDADE: UMA RAZÃO PARA GRATIDÃO



I – A gratidão pela situação presente dos tessalonicensses, 3-5.

           Paulo agradece a Deus pela vida dos tessalonicensses enquanto igreja do Senhor. Ele não permite que os poucos rebeldes que começara a ensinar uma falsa doutrina (cap. 2) presentes na igreja o prive da alegria, e percebe que a igreja de Tessalônica de um modo geral era uma igreja que crescia na fé, no amor e pacientemente. Por isto ele elogia os tessalonicensses. Ele faz referência a:

a) uma fé que cresce esplendidamente, v. 3;

           Na primeira epístola além de elogiá-los pela operosidade da fé deles (1 Ts 1.3) também ora ao Senhor para que pudessem se desenvolver (1 Ts 3.10). Agora o apóstolo louva a Deus por perceber que a fé daqueles irmãos estava crescendo de modo maravilhoso. Lembremos do contexto de perseguição presente à vida daquela igreja, portanto, mesmo em meio à tribulação que estava sobrevindo sobre os crentes tessalonicensses eles permaneciam fiéis e sendo exemplo de perseverança para as demais igrejas.
           A fé por sua própria essência necessita ser testada, para que possa estar em desenvolvimento. É necessário passarmos por provações em nossa fé. Uma vida sem provação o cristão se tornaria indolente, superficial e a fé seria algo raso. Em Hebreus 11 há um relato maravilhoso sobre os “heróis” da fé, todos eles foram duramente provados.

b) um amor mútuo em pleno crescimento, v.3;

           Encontramos novamente aqui outra resposta à oração de Paulo (1 Ts 3.12; 4.9,10). Uma igreja sob perseguição, sob sofrimento, mas que dava motivos de o apóstolo ser grato ao Senhor porque percebia neles está presente não apenas a marca distintiva do discipulado cristão (Jo 13.34, 35) como também o fato de estarem crescendo neste amor. O sofrimento poderia ter causado naqueles irmãos amargura e indiferença, é isso o que muitas vezes acontece com algumas pessoas diante das desventuras da vida, no entanto, tal não estava acontecendo com aqueles irmãos.

c) uma paciência triunfadora no sofrimento, 4.

           A palavra que é traduzida aqui por “constância” é HUPOMONÊ, tem o sentido, segundo o grande comentarista Willian Barclay, não apenas de aguentar o sofrimento, mas de nele se fortalecer e transformar em umbrais de novas conquistas. E segundo Fritz Rienecker significa suportar circunstâncias difíceis. Mas não de qualquer modo, mas com uma esperança alegre, não é uma espera triste pelo fim. Era assim que vivia a igreja em Tessalônica, era assim que viviam aqueles irmãos, e é assim que devemos viver.
           Paulo, portanto, em sua expressão de gratidão ao Senhor está também elogiando aquela igreja pela forma como ela tem se portado. No v. 5 é dito que os sofrimentos do presente eram para que eles fossem considerados dignos do reino de Deus. O apóstolo não está fazendo nenhuma menção à dignidade humana para a salvação, não está se referindo a uma salvação por meio de obras. Ele usa na verdade uma linguagem escatológica, já começa aqui a fazer referência ao juízo divino que sobrevirá no futuro, mas já se manifesta no presente inclusive na vida da igreja. E a forma como esse juízo divino ocorre faz separação entre o que serve a Deus e o que não o serve. O servo do Senhor sofre pelo evangelho, e quando isto ocorre há algo de sublime, e é neste sentido que deve ser compreendida a expressão “para que sejais considerados dignos do reino de Deus”. Paulo então louva ao Senhor porque eles estão sofrendo não por consequência de seus pecados, não por terem cometido algum crime, não por ter feito o mal, mas por viver em o evangelho em fidelidade.


II – A gratidão pelo livramento futuro, 6-10.

           O apóstolo em face ao sofrimento que aquela igreja estava passando faz referência ao juízo final da parte do Senhor para com os ímpios deixando então conteúdo de reflexão para os tessalonicensses de que deveriam estar sempre gratos a Deus por serem livres da condenação eterna.
           No v. 6 ele é muito claro ao declarar que aqueles que os perseguiam haveriam de sofrer a devida retribuição, e que o Senhor nisto estará manifestando a sua justiça.
           Ele então passa a especificar como será a tribulação dos ímpios:

a) será uma tribulação sem alívio, v.6, 7.

           Os salvos que hoje são atribulados vivenciarão um alívio eterno, não haverá mais dor, não haverá sofrimento, não haverá mais angústia. São muito belas as palavras de Ap 21:3, 4: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens, Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.
           No entanto, para aqueles que partem deste mundo sem a regeneração, sem a obra transformadora de Cristo aplicada às vidas vivenciarão um tomento sem alívio, um sofrimento que melhor se explica pelo fato de que estarão totalmente separados da graça divina. Haverá o domínio completo do pecado em seus corações, haverá sofrimentos subjetivos como angústia, desespero. A Bíblia retrata um quadro de choro e ranger de dentes: “E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mateus 8:12).
“Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13:49-50).
“Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21:8).

b) será uma tribulação justa, 8;

           A Palavra de Deus diz em Gl 6.7 que aquilo que o homem semear isso também ceifará, pois Ele não se deixa escarnecer. Quantos hoje zombam do evangelho, zombam da igreja do Senhor? Quantos não dão ouvidos à mensagem de arrependimento de seus pecados? Quantos estão adorando a criatura quando deveriam adorar ao criador? O v. é claro ao afirmar que o Senhor exercerá a sua vingança contra os que não conhecem a Deus e que desobedecem ao evangelho. Trata-se do mesmo grupo de pessoas, são aqueles que mesmo tendo conhecimento de Deus, mesmo tendo sido pregado a eles o evangelho, não o reconhecem como o seu Deus, não O glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pessoas que mudaram a verdade de Deus em mentira como bem relata Rm 1.18-25. Haverá gradação dos sofrimentos na condenação de acordo com os pecados cometidos nesta vida, a punição será proporcional aos pecados cometidos.

c) será uma penalidade eterna, 9.

           Enganam-se aqueles que acreditam que Paulo aqui está falando de aniquilação. Este versículo não está dizendo que os ímpios irão sofrer e depois deixarão de existir. A palavra grega traduzida por “destruição”, olethros significa perda de todas as coisas que dão valor à existência. A revelação clara das escrituras é que há uma condenação eterna (Mt 18.8; Ap 14.11; 20.10).
           Diante dessa realidade Paulo escreve então com o coração grato á Deus por aqueles irmãos que embora estivessem sofrendo tanto naquelas circunstâncias, mas que receberam pela graça do Senhor a dádiva do livramento da condenação. Desse modo como ele declara eles deveriam sempre lembrar que o dia do juízo será ocasião em que Cristo estará sendo glorificado na vida dos seus santos (v. 10).


III – A gratidão expressa em intercessão, 11-12.

           A gratidão a Deus por parte do apóstolo Paulo se manifesta neste momento em intercessão em favor dos tessalonicensses. Dois pontos merecem destaque nesta oração de Paulo:

a) Paulo ora pela dignidade dos crentes, v.11;

           Os cristãos foram vocacionados para a salvação, chamados para ser santos. Paulo pensa neles agora de uma forma individual em face às vicissitudes que enfrentavam, pois embora fossem cristãos maduros havia ainda necessidade de desenvolvimento espritual. Para tal ele deveriam viver de acordo com essa vocação, no dia do juízo serão considerados dignos de entrar no reino, no entanto, Paulo intercede para que eles possam conduzir suas vidas aqui e agora de acordo com o santo evangelho. É interessante observar que ele centraliza a ação de Deus: É o Senhor que os tornará dignos, em seu propósito os capacitará a continuar vivendo uma fé operosa. Ou seja, mesmo em meio á tribulação o Senhor os capacitará a uma fé viva demonstrada de modo prático.

b) Paulo ora pelo testemunho dos crentes, v.12.

           A súplica de Paulo é que Cristo esteja sendo glorificado na vida tessalonicensses. Neste ponto quero citar Willian Barclay:
           Aqui estamos diante de uma verdade que nos tira o fôlego: A verdade de que nossa glória é Cristo e que a glória de Cristo somos nós. A glória de Cristo está naqueles que por Ele aprenderam a sofrer, a conquistar e, brilhar como a luz nas trevas; irradiar bondade e amor. A glória de um mestre está nos discípulos que forma; a dos pais nos filhos que gera e ensina a viver; e a nós cabe o tremendo privilégio e a gloriosa responsabilidade de Cristo ser glorificado em nós e nós Nele. (cit. Lopes, 2009)


Aplicações: 1. Aqui no Brasil nós não vivemos uma perseguição ao evangelho como ocorre em alguns países, especialmente muçulmanos, portanto, o sofrimento que nos advém normalmente é de outra ordem.  Gostaria que você pudesse comparar seu sofrimento presente ou que poderá vivenciar com o que enfrenta os nossos irmãos que são perseguidos por amor ao evangelho em países onde se declarar cristão significa ser perseguido, ser torturado e assassinado como na Coréia do Norte, Irã, Afeganistão e outros. E ainda assim a igreja cresce nesses lugares. Perceba então que você tem muito o que agradecer ao Senhor e que a liberdade de se viver o evangelho em nosso país não sirva para o relaxamento espiritual, mas busque o crescimento na fé e não permita que suas pequenas tribulações estejam abatendo-o em meio à caminhada.

2. Se você ainda não entregou sua vida a Cristo, que possa receber as palavras ditas nesta noite não tendo em mente que estamos lhe julgando, mas que o amamos e de modo algum poderíamos deixar de lhe anunciar as verdades das Escrituras, ainda que elas sejam desconfortáveis de ser ouvidas. Que você possa entregar sua vida a Cristo e pela graça do Senhor vir a ter a convicção de que no futuro eterno estará na presença do Deus Triúno.

3. Lembre-se, que como discípulo de Cristo você tem o alvo de glorificar aquele que o chamou para uma vida em discipulado. 


Conclusão: Independentemente de ser perseguido ou não todo salvo chegará à glória com o reconhecimento nos seus corações de que tudo o que passou venceu pela graça de Cristo. Podemos muito bem com corações gratos:

FOI GRAÇA – ASAPH BORBA

Quando terminar esta vida e lá no céu eu chegar                      
Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim, Oh conta-nos como você irmão,
Venceu e chegou aqui.
E falarei, e cantarei de Jesus que me salvou
Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, superabundante graça
Graça, graça, preciosa e doce graça.
Foi graça irmão, Graça irmão,
Eu vos digo que foi assim
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.

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