Introdução
Os
rabinos não só pendiam para a permissividade em sua atitude para com o
divórcio, mas também eram permissivos em seus ensinamentos sobre o juramento. É
outro exemplo de como se desviaram das Escrituras do Velho Testamento, a fim de
as tornarem mais fáceis de serem obedecidas. Precisamos primeiro examinar a lei
mosaica, depois a distorção farisaica e, finalmente, as verdadeiras aplicações
da lei sobre as quais Jesus insistiu (STOTT, 1981).
I – Por que o problema do juramento é sério?
Entendamos
o que de fato está escrito no v. 33. Não se trata de uma citação, ainda que
livre de um mandamento divino veterotestamentário. De fato, há muitos textos
bíblicos do A. T. que trabalham a questão do juramento. "Não tomarás o
nome do Senhor teu Deus em vão" (Ex. 20:7, o terceiro mandamento).
"Não jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso
Deus" (Lv 19:12). "Quando um homem fizer voto ao Senhor, ... não
violará a sua palavra'' (Nm 30:2). "Quando fizeres algum voto ao
Senhor teu Deus, não tardarás em cumpri-lo" (Dt 23:21).
Em termos
práticos os judeus fizeram uma distorção. Ao aplicarem o cumprimento do
terceiro mandamento: não tomar o nome do SENHOR em vão, enfatizaram a questão
de tomar o nome do SENHOR em
detrimento de que isso não poderia ser em
vão. O que significa que estavam muito preocupados quanto a tomar o nome do
SENHOR em vão, que significava profanação (um uso profano do nome divino), mas
pouco preocupados com o perjúrio (empenhar a palavra desonestamente). Desse
modo, poderiam se sentir aliviados em cometer perjúrio, desde que não usassem a
fórmula em ‘nome do SENHOR’.
Neste
assunto Jesus denuncia as artimanhas deles em Mateus 23:16-22:
“Ai de vós, guias
cegos! que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso é nada; mas se alguém jurar
pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou. 17Insensatos e
cegos! Pois, qual é maior: o ouro, ou o santuário que santifica o ouro? 16E
dizeis: Quem jurar pelo altar, isso é nada; quem, porém, jurar pela oferta que
está sobre o altar, fica obrigado pelo que jurou. 19Cegos! Pois, qual é
maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20Portanto, quem
jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está. 21Quem
jurar pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita; 22e
quem jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que no trono está
sentado”.
Nos
versículos 34-36 Jesus deixa claro para eles que a tentativa de Jurar fugindo
de usar o nome do SENHOR era vã, pois tudo lhe pertence.
“[...]
não podem evitar alguma referência a Deus, pois o mundo todo é mundo de Deus
[...] Se vocês jurarem pelo "céu", é o trono de Deus; se pela
"terra", é o estrado dos seus pés; se por "Jerusalém", é a
sua cidade, cidade do grande Rei. Se vocês jurarem por sua cabeça, na
verdade é sua no sentido de não pertencer a qualquer outra pessoa, mas ainda
assim é criação de Deus e está sob o seu controle”.
Já
que não havia de fato seriedade quanto a isso Jesus diz literalmente “Não jurem
de forma alguma” (v. 34).
Há
duas perguntas relevantes que devem ser consideradas: Se Deus proíbe o juramento por que Ele jurou? "Jurei por
mim mesmo... que deveras te abençoarei..."? (Gn 22.16-17).
“O propósito dos votos divinos não foi aumentar a sua credibilidade (considerando
que 'Deus não é homem para que minta'), mas sim despertar e confirmar a nossa
fé” (STOTT, 1981).
Se os juramentos ficam proibidos, esta
proibição é absoluta? A resposta é negativa,
nenhum cristão precisa ficar com a consciência pesado em jurar, por exemplo,
diante do tribunal, ou em um ato formal de formatura acadêmica
I – O que significa “seja o seu ‘sim’, ‘sim’ e o seu ‘não’,
‘não’?
Jesus
afirma então como deve ser a postura dos cidadãos do reino de Deus. Não deve
haver apelação para que sejamos dignos de crédito. Se somos íntegros e verdadeiros em nossa ações e
palavras jamais sentiremos necessidades de na linguagem cotidiana de estarmos
usando tais artifícios na comunicação com as pessoas. Se somos verdadeiros e as
pessoas veem isso, de fato sabem que o nosso “sim” corresponde com atitudes de
sim e nosso não corresponde com nossa atitude de “não”.
O grande
problema então não é juramento em si, mas o desejo de não cumprir com a
palavra, ou seja, a falsidade.
Quanto
ao nosso relacionamento com o SENHOR, não temos a necessidade de estarmos
fazendo votos ao Senhor – promessa solene de algo que faremos. Mas se fizermos
tal voto ou juramento cabe-nos o dever de cumpri-los.
A Palavra de Deus nos adverte a termos
cuidado com votos tolos, ou seja, que não
temos condição de cumpri-los. “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes
em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não
cumprires” (Ec 5.4-5).
“O
que passar disso vem do Maligno” (v. 37) – com essas palavras Jesus não
está afirmando que não podemos estar em um meio termo como “talvez”,
“possivelmente se...”, mas que nosso caráter é revelado em nossas palavras e
ações; que enquanto a verdade, a integridade, o cuidado diante de Deus com
nossas palavras revela que somos do Senhor, de igual modo o contrário disso: a
mentira, a falsidade, as artimanhas para se fugir ao compromisso assumido são
malignas e agradam ao Diabo.
Conclusão
Lembremos que vivemos na verdade e que toda mentira procede do Maligno. Tenhamos então cuidado ao afirmarmos que faremos algo, melhor é falar de nossa intenção ou pretensão, pois nossas limitações poderão nos impedir de cumprir o que nos comprometemos com as pessoas ou com o SENHOR.
Referência
STOTT, John R.W. Contracultura cristã: A mensagem do
Sermão do Monte. Editora ABU, São Paulo, 1981.
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