Mateus 5.33-37

 

 


Introdução

 

Os rabinos não só pendiam para a permissividade em sua atitude para com o divórcio, mas também eram permissivos em seus ensinamentos sobre o juramento. É outro exemplo de como se desviaram das Escrituras do Velho Testamento, a fim de as tornarem mais fáceis de serem obedecidas. Precisamos primeiro examinar a lei mosaica, depois a distorção farisaica e, final­mente, as verdadeiras aplicações da lei sobre as quais Jesus insistiu (STOTT, 1981).

 

 

I – Por que o problema do juramento é sério?

 

Entendamos o que de fato está escrito no v. 33. Não se trata de uma citação, ainda que livre de um mandamento divino veterotestamentário. De fato, há muitos textos bíblicos do A. T. que trabalham a questão do juramento. "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão" (Ex. 20:7, o terceiro mandamento). "Não jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus" (Lv 19:12). "Quando um homem fizer voto ao Senhor, ... não violará a sua palavra'' (Nm 30:2). "Quando fizeres algum voto ao Senhor teu Deus, não tardarás em cumpri-lo" (Dt 23:21).

Em termos práticos os judeus fizeram uma distorção. Ao aplicarem o cumprimento do terceiro mandamento: não tomar o nome do SENHOR em vão, enfatizaram a questão de tomar o nome do SENHOR em detrimento de que isso não poderia ser em vão. O que significa que estavam muito preocupados quanto a tomar o nome do SENHOR em vão, que significava profanação (um uso profano do nome divino), mas pouco preocupados com o perjúrio (empenhar a palavra desonestamente). Desse modo, poderiam se sentir aliviados em cometer perjúrio, desde que não usassem a fórmula em ‘nome do SENHOR’.

Neste assunto Jesus denuncia as artimanhas deles em Mateus 23:16-22:

“Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso é nada; mas se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou. 17Insensatos e cegos! Pois, qual é maior: o ouro, ou o santuário que santifica o ouro? 16E dizeis: Quem jurar pelo altar, isso é nada; quem, porém, jurar pela oferta que está sobre o altar, fica obrigado pelo que jurou. 19Cegos! Pois, qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20Portanto, quem jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está. 21Quem jurar pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita; 22e quem jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que no trono está sentado”.

Nos versículos 34-36 Jesus deixa claro para eles que a tentativa de Jurar fugindo de usar o nome do SENHOR era vã, pois tudo lhe pertence.  

“[...] não podem evitar alguma referência a Deus, pois o mundo todo é mundo de Deus [...] Se vocês jurarem pelo "céu", é o trono de Deus; se pela "terra", é o es­trado dos seus pés; se por "Jerusalém", é a sua cidade, cidade do grande Rei. Se vocês jurarem por sua cabeça, na verdade é sua no sentido de não pertencer a qualquer outra pessoa, mas ainda assim é criação de Deus e está sob o seu controle”.

Já que não havia de fato seriedade quanto a isso Jesus diz literalmente “Não jurem de forma alguma” (v. 34).

Há duas perguntas relevantes que devem ser consideradas: Se Deus proíbe o juramento por que Ele jurou? "Jurei por mim mesmo... que deveras te abençoa­rei..."? (Gn 22.16-17). “O propósito dos votos divinos não foi aumentar a sua credibilidade (consi­derando que 'Deus não é homem para que minta'), mas sim despertar e confirmar a nossa fé” (STOTT, 1981).

Se os juramentos ficam proibidos, esta proibição é absoluta? A resposta é negativa, nenhum cristão precisa ficar com a consciência pesado em jurar, por exemplo, diante do tribunal, ou em um ato formal de formatura acadêmica

 

 

I – O que significa “seja o seu ‘sim’, ‘sim’ e o seu ‘não’, ‘não’?

 

Jesus afirma então como deve ser a postura dos cidadãos do reino de Deus. Não deve haver apelação para que sejamos dignos de crédito. Se somos íntegros e verdadeiros em nossa ações e palavras jamais sentiremos necessidades de na linguagem cotidiana de estarmos usando tais artifícios na comunicação com as pessoas. Se somos verdadeiros e as pessoas veem isso, de fato sabem que o nosso “sim” corresponde com atitudes de sim e nosso não corresponde com nossa atitude de “não”.

O grande problema então não é juramento em si, mas o desejo de não cumprir com a palavra, ou seja, a falsidade.

Quanto ao nosso relacionamento com o SENHOR, não temos a necessidade de estarmos fazendo votos ao Senhor – promessa solene de algo que faremos. Mas se fizermos tal voto ou juramento cabe-nos o dever de cumpri-los.

A Palavra de Deus nos adverte a termos cuidado com votos tolos, ou seja, que não temos condição de cumpri-los. “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires” (Ec 5.4-5).

O que passar disso vem do Maligno” (v. 37) – com essas palavras Jesus não está afirmando que não podemos estar em um meio termo como “talvez”, “possivelmente se...”, mas que nosso caráter é revelado em nossas palavras e ações; que enquanto a verdade, a integridade, o cuidado diante de Deus com nossas palavras revela que somos do Senhor, de igual modo o contrário disso: a mentira, a falsidade, as artimanhas para se fugir ao compromisso assumido são malignas e agradam ao Diabo.

 

 

Conclusão

 

Lembremos que vivemos na verdade e que toda mentira procede do Maligno. Tenhamos então cuidado ao afirmarmos que faremos algo, melhor é falar de nossa intenção ou pretensão, pois nossas limitações poderão nos impedir de cumprir o que nos comprometemos com as pessoas ou com o SENHOR.



Referência

 

STOTT, John R.W. Contracultura cristã: A mensagem do Sermão do Monte. Editora ABU, São Paulo, 1981.

 

 

Postar um comentário

0 Comentários