"Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão" (Ex 20.7).
Introdução
O terceiro mandamento é a exigência divina para com a devida
reverência à Sua pessoa. Não tomar o nome de Deus em vão implica o
reconhecimento de sua santidade. Para os judeus o nome estava intimamente
ligado à pessoa, indicando seu caráter ou o caráter de seu pai (Êx 3.13; Mt
1.21) ou também tinha o sentido de denotar a posição e a função de quem usava o
nome (Êx 23.21).
Deus se revela ao seu povo na Antiga Aliança por diversos nomes, cada um deles apontando para os atributos divinos, de modo que eles invocavam ao Senhor usando um determinado nome a depender da circunstância vivenciada. Assim temos: EL / ELOHIM: Soberano Criador; JEOVÁ (YHAWEH): “EU SOU”; EL SHADAY: Deus Todo Poderoso, Onipotente; ADONAI: Senhor (dono); JEOVÁ JIRÉ: Deus proverá; JEOVÁ M’KADESH: o Deus que santifica; JEOVÁ NISSI: O Senhor é a nossa bandeira; JEOVÁ RAFÁ: Eu sou o Deus que te sara; JEOVÁ SHALOM: O Senhor é a nossa Paz; JEOVÁ TSIDKENU: Senhor, Justiça nossa; EL ROHI: O Senhor é o meu Pastor; JEOVÁ SHAMNAH: O Senhor está presente aqui; EL ELYON: O Deus Altíssimo; JEOVÁ TSEBAÔ: O Senhor dos Exércitos; JEOVÁ MAKKE: O Senhor nos corrige; JEOVÁ GMOLÁ: O Senhor das recompensas; JEOVÁ ELOAI: Senhor meu Deus; EL ELOAH: O Deus pessoal; JEOVÁ ELOENU: O Senhor nosso Deus; EMANUEL: Deus conosco.
O nome que o SENHOR revela-se a Moisés como o Deus da aliança
que haveria de libertar seu povo da escravidão do Egito é YAVÉ, ou JAVÉ, de
onde resulta também JEOVÁ. O significado desse nome é “eu era quem eu
era”; “eu estou sendo quem estou sendo”; “sou quem sou” (Êx
3.14) ou ainda “eu serei o que serei” (Êx 3.12).
I – A
proibições bíblicas para com a falta de reverência ao SENHOR.
O que de fato está proibindo o terceiro mandamento é o uso
leviano do nome do SENHOR. Está em foco o costume antigo do juramento para
atestar a veracidade de algo dito. Conforme Lv 19.12 o jurar em falso pelo nome
do Senhor é condenado por este mandamento: “nem jurareis falso pelo meu
nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor”.
A reverência ao nome do Senhor é a reverência ao próprio Senhor.
Por isso a exigência divina. O próprio texto em questão diz que o Senhor
não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
No Antigo Testamento era rigoroso o castigo para a falta de
reverência com o nome divino, apedrejamento (Lv 24.16).
E de fato os judeus puseram em prática pelo menos esse sentido
literal de não usar o nome do Senhor em vão, na verdade eles temiam até
pronunciá-lo, substituíam por outras expressões ou nomes que se referiam ao
Senhor. À vezes se referiam a Ele por Adonai (Senhor), por Ha Shem (O Nome) ou
ainda por El Olam (O Eterno). Devido a isso ninguém sabe ao certo qual a pronúncia
correta do nome divino YHWH.
EM VÃO – A palavra hebraica para o sentido de “vão” é “SHAW” e
significa usá-lo de maneira imprópria, vazia de sentido, insincera, frívola, ou
para finalidades que nada tem a ver com o verdadeiro propósito de Deus nos ter
dado o seu nome.
Quais atitudes então podemos entender que estão proibidas a nós
com relação a reverenciar o nome do Senhor?
a) Votos cínicos ou juramentos falsos, Ec
5.4, 5; Mt 5.33-37.
“Quando você fizer um voto,
cumpra-o sem demora, pois os tolos desagradam a Deus; cumpra o seu voto. É
melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir (Ec 5.4-5).
O Antigo Testamento proíbe a precipitação naquilo em que nos
comprometemos ao Senhor. Não ocorre na verdade uma proibição do juramento no
Antigo Testamento, mas da leviandade.
No Novo Testamento Jesus amplia ao pontuar que a postura mais
reverente e compatível com uma vida na verdade é banir o juramento no sentido
de ser verdadeiro em todos os momentos.
Ele está colocando um ideal para nós. Não necessariamente proibindo todo e
qualquer juramento, mas dizendo que é desnecessário em nosso dia-a-dia. “De modo
nenhum jureis” – e depois toma tudo o que é inferior a Deus, mas que é superior
a nós e que serviam de motivo para os judeus estarem jurando. A rigor, Jesus
está dizendo não tomar nada por testemunha. Jurar é tomar por testemunha.
Conforme o costume da igreja primitiva o apóstolo Paulo toma a Deus por
testemunha ao falar de sua preocupação com a igreja (Rm 1.9).
b) A banalização
Ocorre em nossos dias com ênfase acentuada o fenômeno da banalização
do sagrado. Isso ocorre por meio de expressões ou por meio de atitudes. Por
ex.: “meu Deus”, “Deus me livre”, “se Deus quiser”, “Deus é testemunha” são
expressões ditas muitas vezes destituídas de reflexão e reverência,
excessivamente comuns na cultura brasileira. A banalização é tal que hoje em
dia há coisas do tipo: “acredite em si, pois Deus tem mais fé em você do que
você mesmo”. A banalização das atitudes está em nossa cultura por meio de
expressões da cultura gospel: “frases bíblicas nos carros”, o mercado dos
supostos artigos cristãos (objetos, música, etc). Algumas coisas não são
erradas em si, mas a forma como delas utilizamos é onde se encontra o erro.
Dentro deste aspecto encontramos a repreensão do Senhor diante do uso de seu santo nome por pessoas que por Ele não foram autorizadas a falar em dado momento. Jr 23.25-27 traz uma advertência nesse sentido: "Ouvi o que dizem os profetas, que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: ‘Tive um sonho! Tive um sonho!' Até quando os profetas continuarão a profetizar mentiras e as ilusões de suas próprias mentes?
Eles imaginam que os sonhos que contam uns aos outros farão o povo esquecer o meu nome, assim como os seus antepassados esqueceram o meu nome por causa de Baal" (Jr 23.26-27).c) A incoerência
Tomamos o nome de Deus e vão quando nossa vida não está coerente
com o que estamos falando. A hipocrisia, o honrar ao Senhor apenas com os
lábios é tomar o nome do Senhor em vão.
No Novo Testamento encontramos os judeus acusando Jesus de tomar
o nome do Senhor em vão. Os fariseus entendiam que quando Jesus afirmava que
Deus era seu pai estava sendo leviano com a santidade do nome do Senhor. Além
do fato de que consideravam que ele colocava-se como igual a Deus, logo, na
mentalidade judaica para daqueles líderes Jesus era merecedor de ser apedrejado
(Jo 10. 30-33).
II – O
uso correto do nome do Senhor.
No Novo Testamento o melhor exemplo a esse respeito nos vem do
ensino de Cristo na oração do pai nosso. “[... santificado seja o Teu
nome]” (Mt 6.9). É evidente que o nome do Senhor já é santo em si, mas nessa
expressão de Jesus está como deve ser nossa atitude com relação ao Nome Santo.
Aqui se trata do inverso do mencionado anteriormente, ou seja,
cumprir os seus votos ao Senhor, ter a devida reverência para com Ele. As
pessoas em seu suposto direito de livre expressão faltam com o respeito para o
que é divino. É comum vermos o nome santo do Senhor envolto em piadas
mundanas, mais triste é percebermos que muitos cristãos consideram isso normal.
Viver coerentemente o evangelho também é cumprir positivamente o terceiro
mandamento.
Conclusão
Não podemos ignorar a lei de Deus. Sabemos que não conseguimos guardá-la
perfeitamente. Mas, Deus, por sua graça, nos socorre em Jesus Cristo, cujo
nome, ele exaltou acima de todo o nome – Ef 1.21.
Quando Deus exalta o nome de Jesus acima de todo nome conduz-nos à
adoração a ele. Assim, cumprimos o mandamento de honrar o nome de Deus,
honrando o nome de Jesus: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp 2.10, 11).
Hoje então, podemos honrar o nome de Deus. Isso é possível em
Cristo, por meio do ministério do Espírito Santo, pois, o Espírito Santo aplica
as virtudes de Jesus em nosso coração – Ez 36.27; Jo 16.14; Rm 8.14-17.
Sejamos perseverantes então em honrar o nome de Cristo em nossas
vidas: “Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma
porta aberta, que ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto
guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3.8).
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