Introdução
Podemos dizer que quando o assunto é dinheiro a maioria das pessoas estarão assumindo uma das dessas três filosofias de ação: avareza, indiferença ou generosidade. Avareza – o que é meu é meu, o que é seu quero que seja meu. Indiferença – o que é meu é meu, o que é seu é seu. Generosidade – o que é meu também pode vir a ser de outros.
Elucidação
Ocorreu
uma grande situação de necessidade material na igreja de Jerusalém. Os irmãos
estavam precisando de socorro por parte da igreja que se encontrava em outras
cidades. Na região de Macedônia; constituída por Filipos, Tessalônica, Bereia e
outras se moveram para ajudar. O plano agora era fazer uma grande coleta para
socorrer os irmãos necessitados da Judeia. Paulo propôs que a igreja de Corinto
também participasse (2 Co 8.10). Paulo ficou bastante entusiasmado com a postura
de deles em querer ajudar, entretanto, um ano se passou e eles não haviam
cumprido o prometido (2 Co 9.1-5).
A
partir desse contexto reflitamos sobre o dever cristão de ajudar uns aos outros
em momentos de dificuldades.
I – Não é preciso ter muito para ser generoso, 8.1-5.
Observemos
que no primeiro versículo é dito que o SENHOR concedeu uma graça àquela igreja
– a graça de contribuir. Sendo graça um favor imerecido da parte de Deus
para nós, tenhamos em mente que eles estavam sendo privilegiados com essa
oportunidade. Então o desejo que havia neles foi gerado pelo Espírito Santo.
Foram movidos pelo Espírito Santo a ajudar irmãos que estavam em situação de
calamidade.
Generosidade
no v. 2 não enfatiza o quantitativo doado por eles, mas o fato de que doaram de forma simples, sem haver
duplicidade em suas intenções, com abertura de coração. E isso, apesar de como
é dito por Paulo estarem em grande tribulação, em extrema pobreza por conta das
perseguições, dos altos impostos, da exploração por parte de Roma. Então, a
graça de contribuir é para ricos e para pobres.
Muitas
vezes um pensamento muito comum é que quando o SENHOR nos abençoar materialmente
poderemos ter a oportunidade de sermos usados por Ele para abençoarmos as
pessoas. Entretanto, observemos que os irmãos da Macedônia não eram prósperos
materialmente, mas seus corações estavam desejosos de ajudar aqueles que tinham
menos que eles. A verdade é que quando queremos de fato ajudar não estaremos
esperando sermos prósperos para que isso aconteça, agiremos como os macedônios.
Outro
detalhe interessante mostrado nos versos 3 e 4 é a voluntariedade deles. Foi iniciativa
deles contribuir, eles suplicaram por este privilégio de ajudar aos irmãos da
Judeia.
Muito
interessante naqueles irmãos da Macedônia é que eles excederam as expectativas
de Paulo, apesar de sua pouca condição financeira contribuíram além do que
Paulo esperava. E isto aconteceu porque como ele diz no v. 5 que eles se entregaram primeiramente a Deus. Uma vez que se
entregaram ao SENHOR toda a sua vida estava envolvida: seu tempo, seus dons,
suas finanças, tudo o que tinham e tudo o que eram. Eles viviam de modo prático
a doutrina da mordomia Cristã. Portanto, como mordomos, entendendo que tudo o
tem pertence ao SENHOR e porque de fato tinham os seus corações convertidos não
podiam saber da situação da igreja na Judeia e ficar insensíveis!
Uma palavra-chave aqui é voluntariedade! Não devemos ajudar alguém simplesmente movidos por um
senso de obrigação, mas como expressão de amor!
De igual modo se for levantada uma oferta na igreja para ajudar quem
necessita devemos ofertar com o coração voluntário e grato a Deus por sermos
participantes dessa graça!
Além
dessa voluntariedade o SENHOR exige de nós a alegria quando contribuímos!
II – O dom de Deus da generosidade não é simplesmente
dar, mas fazê-lo com alegria, 9.6- 8.
O versículo 6 já foi bastante deturpado por pessoas que querem usar o
texto de forma mercantilista. O contexto não nos permite interpretá-lo de modo
a entender que quem muito dar financeiramente irá necessariamente prosperar
também financeiramente. Todo o texto de 2 Coríntios 8 e 9 não é acerca daquilo
que eu posso conseguir, mas como posso em resposta à graça divina já me concedida
ajudar aqueles que necessitam. A ideia é que não se trata de algo que Deus não
deixará de recompensar, claro se feito de todo o coração. Porém, essa colheita
poderá ser tanto aqui quanto nos Céus! Essa colheita aqui pode ser tanto
materialmente quanto a satisfação de estar ajudando, e a recompensa do Céu
Jesus nos fala a respeito em Mateus 25: 34-40.
O
v.7 fala da motivação do coração presente quando ofertamos, seja no que diz
respeito à obra do SENHOR, seja quando nossa oferta está direcionada a alguém.
Não deve estar presente:
a) um senso de dever que exclui o prazer espiritual de
contribuir;
Já
tratamos anteriormente que tem que ser algo voluntário. Interessante como tudo
que é voluntário traz mais alegria (ilustração: meu trabalho voluntário como psicólogo).
b) um desejo de marketing pessoal.
Embora
o texto não trate dessa questão, gostaria de abordá-la. Infelizmente por
vivermos na sociedade do espetáculo, há muitas pessoas que fazem da obra de
caridade uma forma de plataforma pessoal para autopromoção. As redes sociais
estão cheias de exemplos de nas quais alguém estar supostamente ajudando quem
necessita, mas fazendo questão de ser visto pelo máximo de pessoas possível. Há
o argumento de que isto pode incentivar outras pessoas a agirem com generosidade,
é possível, porém é preferível se acautelar, pois o coração é extremamente
vaidoso. O melhor é seguirmos o conselho de Cristo para não cairmos na
hipocrisia que os fariseus cometiam. Jesus diz que eles faziam espetáculo de
suas obras, e os chama de hipócritas por isso (Mt 6.1-3).
Agora
no v. 8 ele diz algo muito interessante. Ele não está dizendo que Deus os faria
enriquecer, mas que teriam o suficiente para serem cooperadores instrumentalizados
por Deus para ajudar outras pessoas. A palavra utilizada por ele é Autarkeia (autarkeia),
que tem o sentido de alguém que tem o suficiente para viver de forma modesta. O
foco continua sendo ter o suficiente para viver tranquilamente e para ajudar a
quem tem menos, por isso que cita o Salmo 112.9 no versículo 9.
Vivenciar
essa graça de ser usado por Deus para ajudar a outras pessoas é uma forma de
glorificá-lo!
III – A generosidade glorifica ao SENHOR, v. 10-11.
Veja
que no v. 10 ele fala da providência divina em uma linguagem agrícola afirmando
que o SENHOR poderia esta abençoando-os. É ele quem supre, é Ele quem faz
prosperar, e os coríntios tinham que estar entendendo que a sua prosperidade
provém d’Ele; mas não para estarem vivendo de forma egoísta sendo insensíveis às
necessidades alheias. Está aqui a questão que Deus fará tudo isso na vida deles
para que seja multiplicada a sua justiça, ou seja, para que eles fossem
generosos.
Veja
que no v. 11 ele diz que Deus os faria
enriquecer em tudo (ARA). Não é uma promessa de riqueza material. Mas que
Deus poderia fazê-los enriquecer em amor, em gratidão, em paz; e claro que
sendo da vontade do SENHOR também materialmente, mas não é ponto central do
texto. Ainda lhes diz que haverá expressão de gratidão a Deus por parte dos
judeus que serão abençoados por terem sido ajudados por eles. A gratidão deles
é glorificação do SENHOR!
Aplicações
1. Não pode ser
negado que o Senhor Jesus nos ensinou a estar está agindo para o alívio
imediato das dores de quem sofre, isto pode ser feito por meio da esmola, da
campanha do agasalho, ou qualquer outra obra social. Agir beneficamente, independentemente
para com quem é um dever cristão. Entretanto, gostaria de salientar que ao mesmo
tempo temos que lutar para mudar as estruturas que geram sofrimento e pobreza
com as armas que temos. Deve estar presente então o dever cristão de trazer
mudança à sociedade.
2. Devemos ter uma prontidão
para ajudar. Em 8.11 isto é incentivado por Paulo. Quem tem esta prontidão não
necessita estar sendo encorajado ou incentivado, mas agirá!
3. A verdade é que
quando o coração está cheio de amor, o bolso também estará aberto!
4. Quando obedecemos
com alegria ao SENHOR doando espontaneamente estamos nada mais do que imitando
a sobrescelente generosidade divina, que nos doou Cristo, em sua insuperável
graça (Jô 3.16). Jesus é o indescritível dom de Deus mencionado no v. 15. Ele
já havia dito no cap. 8 v. 9 que Cristo sendo rico se fez pobre para que eles
sendo pobres fossem ricos!
Que
a riqueza da compaixão, da sensibilidade, do amor que há em você te leve a ser
generoso(a)!
5. Lembre-se que a
verdadeira fé é manifesta pelas obras (Tg 2.14-20).
Conclusão
Por
pertencermos a Cristo jamais podemos nos submeter a viver sob a filosofia da
avareza ou da indiferença, mas sim da generosidade, sem esperar o retorno, mas
por amor!
0 Comentários