"[...] louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescenta-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos."
Introdução
Em nossos dias há muitas formas de ser
igreja, cada uma delas norteada por uma interpretação teológica da doutrina da
igreja e da doutrina do evangelismo. Muitas dessas formas não têm fundamento
nas Escrituras, são muitas vezes mera estratégia humana para administrar a
comunidade local que se diz igreja. Em consequência também as estratégias ditas
evangelísticas pairam às vezes ao absurdo, fogem das Escrituras e é considerada
mais a partir dos efeitos práticos aparentemente bons do que se estão enquadrados
na Bíblia.
Queremos então observar que o crescimento da
igreja não pode ser dissociado do entendimento do que é ser igreja.
I – SER IGREJA EM SUA
ESSENCIALIDADE.
Louvando a Deus
Esta expressão no texto denota que a igreja
em seu cotidiano prosseguia vivendo o que ela é em essência - comunidade de adoração vivendo para a
glória de Deus. A consciência missionária da igreja estava presente,
evidentemente que os apóstolos ainda vivenciavam o preconceito de não anunciar
Cristo aos gentios, logo toda igreja ainda estava nesse entrave. Mas
acertadamente, antes mesmo de uma preocupação institucional quanto a como
evangelizar, viviam o evangelho. Se a igreja perder de vista que se deve
anunciar o evangelho que se está vivendo passa não a anunciar o evangelho, mas
alguma cultura religiosa, além evidentemente de está em hipocrisia.
Não é o crescimento numérico o elemento
final pelo qual podemos avaliar a saúde de uma igreja local. Apenas porque uma comunidade está crescendo
numericamente não significa necessariamente que ali esteja a presença do Espírito
Santo.
Ao observamos os nossos dias, e considerarmos
o crescimento evangélico no Brasil não será difícil notarmos algumas coisas
contraditórias ao que poderia ser uma igreja saudável. Vemos por exemplo
igrejas descompromissadas com a pregação fiel da Palavra, crentes interesseiros
que buscam a Deus não pra usufruir da presença divina, mas por conta das bênçãos
seculares; pastores corruptos, enganadores, falsos ministros vivendo um falso
evangelho e corrompendo a muitos; escândalos sexuais, financeiros, etc.
A igreja deve
crescer, sem dúvida, contudo, esse crescimento tem que ser sadio. Devemos viver
a vida com Deus para sermos multiplicadores dessa vida a outros.
II – DAR UM BOM
TESTEMUNHO NA COMUNIDADE.
“Contando com a
simpatia de todo o povo”
Nessa questão devemos buscar um ponto de
equilíbrio. Deve ser compreendido que a igreja tem de ser vista pela sociedade
de modo e ser impactada por ela. Em contrapartida haverá momentos que a própria
sociedade se voltará contra ela. Vejamos:
“Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se
tornar insípido, com que se há de salgar? Para nada mais serve senão para ser
lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode
esconder uma cidade edificada sobre o monte. Nem se acende uma lâmpada e se
coloca debaixo de uma vasilha, mas no candelabro, e ilumina a todos os que
estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5.13-16). As
figuras apresentadas neste texto remetem à influência e ao testemunho, falam
da realidade da igreja, o que essencialmente ela é, logo, como deve viver para que
sua essência transpareça fielmente.
Cair na graça ou na simpatia do povo
significa que a igreja estava de fato brilhando e influenciando com a mensagem
de Jesus.
Esse bom testemunho aponta para o fato de que
o proceder dos cristãos deve ser tal que a sociedade nada de negativo possa ter
para acusar com razão. Infelizmente vemos muitos supostos cristãos contribuindo
negativamente para a imagem da igreja diante da sociedade. Isso acontece porque
semelhantemente às pessoas que não tem compromisso com Cristo estão também
sendo corruptas, insensíveis, extremamente materialistas, superficiais,
arrogantes, adúlteras, etc. Poderiam ser mencionadas muitas causas para essa
situação, duas delas são a superficialidade da experiência e do ensino
nas igrejas locais.
Em Mateus 28.19-20 a Palavra diz que a igreja
deveria fazer discípulos de Jesus. Mas
muitas comunidades estão conformadas em ter em seu contexto apenas “adeptos” ou
“membros fiéis”. Uma coisa é ser um religioso evangélico outra é ser
discípulo de Cristo. Uma coisa é ter vivenciado uma experiência de adentrar a uma
cultura religiosa, outra é passar pela experiência do novo nascimento e viver a
alegria da salvação em Cristo. A igreja então tem dado um mal testemunho porque
está cheia de pessoas não salvas em seu contexto. Mas há outra razão, o ensino
medíocre que não faz os cristãos crescer espiritualmente.
A prática da igreja é dependente de seu
ensino. A deficiência no ensino
produz cristãos fracos, que não vivem o evangelho porque de fato não aprenderam
o evangelho.
Outro ponto nessa questão que deve ser
lembrado é que Jesus disse também que “sereis odiados
de todos por causa do meu nome; [...]” (Mateus 10.22). De fato isso tem
acontecido em muitas épocas e lugares. Sabe-se que na perseguição religiosa de
nossos dias milhões de cristãos são mortos anualmente por perseguição à sua fé.
Entretanto, não sofremos esse tipo de
perseguição no Brasil. Quando muito, sofremos críticas advindas da sociedade,
mas não por causa de Cristo, muitas vezes é por conta do charlatanismo presentes
em muitos contextos que se dizem evangélicos.
Diante de tudo isso sempre precisamos nos
perguntar: Qual a imagem que a sociedade tem da igreja evangélica? Qual a
imagem que a comunidade na qual a igreja local está inserida tem dessa igreja?
Qual a imagem que as pessoas têm de mim como cristão?
Se como igreja temos dado um bom testemunho,
se temos cumprido nossa missão em evangelizar, podemos confiar no Senhor para o
crescimento saudável da igreja.
III – CONFIAR NA
OPERAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.
Acrescentava-lhes o
Senhor.
O livro de Atos traz um foco sobre o
crescimento da igreja voltado para Deus. Não é a estratégia humana, não é o carisma
de um líder individual, Deus sempre está centralizado. Então o crescimento deve
ser centrado em Deus. Essa a perspectiva de Paulo quando escreve: "Eu
plantei, Apólo regou, mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que
planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.6-7). Assim, a igreja buscando a
comunhão com Deus, buscando glorificá-lo, seu crescimento será saudável e
denotará a presença de Deus na vida dos crentes.
Ao dizer que era o Senhor que acrescentava
membros à igreja há uma ênfase na soberania divina.
Não há nenhuma contradição entre o fato
de que a salvação é única e exclusiva obra de Deus e que temos o dever de evangelizar. Deus de fato elegeu alguns para serem salvos, o Espírito
Santo irá operar no coração desses quando ouvirem o evangelho de Cristo e os
regenerará, mas a igreja está incumbida de anunciar o evangelho a todos. Saber
que somente os eleitos serão salvos não diminui o vigor evangelístico de quem
conhece essa doutrina.
Conclusão
Que possamos prosseguir em viver o evangelho
fielmente, sabendo que isto está intrínseco com a proclamação.
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