1. Introdução
Esta é uma temática de grande
importância, e aquele quem foi chamado pelo Senhor para liderar a igreja de
Cristo, para pregar o evangelho deve estar atentando, pois afinal é Ele que
será prestada contas. Pois as ovelhas lhe pertencem. Reflitamos então neste
tema tão vasto seguindo a sequência proposta. Primeiramente é de suma
importância ser analisada o que é este relacionamento entre o líder, seja ele
pastor, missionário, diácono ou outro e a igreja. Como deve ser esse
relacionamento no que tange as relações de poder e serviço e como o líder deve
se sentir é o que é analisado neste tópico. Em seguida são tradas as provas
bíblicas que as ovelhas não são propriedade dos líderes, somos apenas mordomos,
elas são propriedades do Senhor, sendo assim fica implicada as responsabilidades.
O modelo da liderança de Cristo, ainda que suscintamente torna-se indispensável
ser observado. Então está livre o raciocínio para pensar a essência do cuidado
das ovelhas do Senhor e finalmente algo que muitas vezes é negligenciado pelo
líder enquanto cuida das ovelhas, que é o cuidar desse cuidado. Este cuidar
desse cuidado é o conselho prático de Paulo a Timóteo: “tem cuidado de ti mesmo”
(1 Tm 4.16).
2. O relacionamento da igreja com seus
líderes.
Aqui trata-se do sentimento e
atitude consequente desse sentimento por parte do líder de como está sendo
visto por si mesmo em, relação à igreja na qual se encontra trabalhando.
2.1 Líderes que tem igrejas.
Infelizmente vivemos em uma época na
qual a igreja Corpo de Cristo que se reúne em locais de adoração sob rótulo
denominacional é vista por muitos supostos líderes como uma oportunidade de
prosperidade pessoal. Essa prosperidade pessoal pode está sendo concretizado em
ganhos financeiros advindo desse suposto ministério ou então até mesmo de
realização pessoal em estar à frente de um povo, liderando uma igreja. Nessa
mentalidade tão em voga são fundadas a todo momento novas igrejas e seus
líderes entendem que são seus ministérios em um sentido muito possessivo. Por
mais que a linguagem aparente piedade a verdade que nos fica tácita é que esses
líderes não levam em conta uma postura ética, seja para começar um novo
trabalho, seja para mantê-lo. A preocupação não é com o bem-estar das ovelhas,
afinal são seus ministérios, quem não concordar que saia. Esta é uma postura de
total discordância com a verdade bíblica acerca do povo de Deus e seu
relacionamento com seus líderes.
Nestas igrejas são usadas expressões
do tipo: “Não toque no ungido do Senhor”; quem discorda da liderança é dito em
algumas que “está fora da visão” ou que está “em rebeldia contra Deus”.
Na ânsia de manter o seu poder tais
líderes chegam a maltratar as ovelhas, feri-las e provocar afastamento de
muitas do convívio da membresia.
2.2 Igrejas que tem líderes.
Na Palavra de Deus não vemos nenhum
tipo de liderança espiritual da igreja de Cristo como sendo déspota. O Apóstolo Paulo muitas vezes vai se colocar
como servo do povo de Deus (1 Co 4.5). Os líderes não são os donos das igrejas,
muito pelo contrário, só exercem liderança em função das igrejas e para as igrejas.
As igrejas que percebem essa realidade e a vive terá pastores e demais líderes
que estarão preocupados em verdadeiramente cuidar delas.
3. As ovelhas pertencem ao Senhor.
Em Ezequiel cap. 34 o Senhor fala
contra os pastores infiéis de Israel, sacerdotes e profetas, que não exerceram
com fidelidade seu ministério. Pessoas que como é dito pastoreavam a si mesmas. “A fraca não fortalecestes,
a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornaste a
trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor” (v.4). Por isso o Senhor diz que Ele mesmo pastoreará
suas ovelhas, haveria de enviar o supremo pastor. Então Ele mesmo estará em
busca de suas ovelhas (v.16). Mas os negligentes não ficariam sem o devido
castigo de sua iniquidade.
Que os líderes possam ter cuidado
para não agir como se as ovelhas lhe fossem propriedade suas. Alguns líderes na
atualidade cunharam um termo para tentar manter um domínio sobre suas ovelhas:
“cobertura espiritual”. Assim sendo quem se afastar dessa cobertura são
ameaçados por tais líderes de que irão sofrer retaliação por parte do diabo.
As ovelhas não são nossa
propriedade, desse modo devemos nos lembrar de não as tratarmos como se fossem.
Não devemos trata-las como propriedade porque nós também somos ovelhas e estamos
todos, líderes e não líderes debaixo de uma única proteção espiritual: “Porque estáveis
desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da
vossa alma” (1 Pe 2.25).
Por fim, porque as ovelhas são do
Senhor, todo líder haverá de prestar contas ao Senhor das ovelhas de como
exerceu sua responsabilidade.
4. O modelo de liderança de Jesus.
Jesus é nosso exemplo máximo de
liderança e certamente ele tencionava que seguíssemos seu exemplo: “Vós me chamais o
Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o
Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.14, 15).
Só podemos cuidar das ovelhas
adequadamente se estivermos vivenciado a nossa realidade enquanto líderes em conformidade
com a tipo de liderança exercida pelo próprio Jesus. Sobre este tema muita
coisa poderia ser mencionada, mas excede este espaço. Pelo o que já foi
colocado acima será evitada a redundância de se referir a Jesus como o líder
servo de forma detalhada, uma vez que ficou comprovado que o líder deve ver a
si mesmo como servo da igreja. Mas ainda assim é pertinente uma citação do Pr.
Sylvio Macri que aborda também o líder servo:
Todo
verdadeiro líder cristão precisa ter um forte senso de missão, de autoridade e
de dependência, do contrário não se sentirá capaz de liderar. Ele é incumbido
de sua missão e investido em sua autoridade pelo próprio Jesus, e depende de
sua ajuda e direção para executar uma e exercer a outra.
O
líder servo é uma pessoa que está entre as pessoas que lidera, e não acima
delas. O líder servo dedica sua vida a favor dos liderados, como Jesus. O líder
servo não manda; ele faz, dando exemplo aos liderados.
Ainda pode ser colocado que a
liderança de Jesus não era um tipo de liderança organizacional, mas de funções
de vida, isto é, de investimento em relacionamento. Sendo dessa forma, à
semelhança de Jesus o líder cristão deve relacionar-se em laços verdadeiramente
afetivos com seus liderados, vivendo sacrifícios pessoais para o bem do seu
liderado, baseando-se em compromisso, respeito e dever a longo prazo.
Compreendendo, valorizando e vivendo nessa relação a confiança, a lealdade, o
perdão, o amor a compaixão, a honestidade e outras virtudes mais.
Esteja agindo como Jesus, valorize
as pessoas em todo seu ser, chame-as pelo nome, lembre-se de suas necessidades,
permita que elas sintam que você de fato se preocupa com elas.
5. Cuidando das ovelhas por amor ao
Senhor.
Quando Jesus ressuscitou e apareceu
aos discípulos para dar-lhes instruções finais e naquela ocasião teve a
importante conversa com o apóstolo Pedro lhe fez uma interessante pergunta: “Tu
me amas?” (Jo 21.16 e 17). A prerrogativa para a restauração espiritual e
emocional de Pedro e consequente confirmação de seu ministério não era ele ser
eloquente (coisa que não era, aliás), não era ser corajoso (embora isso seja
importante em um ministério), e também não era ele amar as ovelhas mais do que
tudo. Na pergunta de Jesus está implícito “o que tu amas mais do que tudo?”.
Não deveria ser a própria segurança, o próprio conforto, jamais o
reconhecimento, os aplausos das pessoas. Quando Pedro confirmou o seu amor a
Cristo e a imperfeição desse amor é que Jesus lhe disse: “Apascenta minhas ovelhas”
(v.17).
É por amor ao Senhor que o líder
deve exercer o seu serviço. Este amor ao senhor da igreja está vinculado ao
amor àqueles por quem Cristo deu sua vida.
E como deve ser esse cuidado?
Quem foi chamado a exercer algum
tipo de cuidado de ovelhas nunca pode esquecer quais são as necessidades das
ovelhas. Uma ovelha necessita de alimentação, proteção, direcionamento (Sl
23.2, 3, 4), bálsamos para as feridas, amor (Mt 18.10-14).
Não há como cuidar corretamente das
ovelhas se o alimento que está sendo concedido não for puro. As ovelhas
precisam da Palavra de Deus e quem não tiver essa preocupação de alimentá-las
na Palavra está fazendo qualquer outra coisa, menos cuidando das ovelhas de
Cristo.
A proteção diz respeito a guarda-las
dos enganos das heresias, e não há como fazer isso de modo eficaz se não pela
instrução bíblica adequada. Está também incluso o direcionamento.
As ovelhas muitas vezes se encontram
feridas, necessitam de alguém que demonstre amor, atenção, que sua presença
seja bálsamo para suas feridas.
Quem ama ao Senhor e foi chamado
para qualquer tipo de ministério demonstrará o seu amor ao Senhor com o seu
amor aos seus irmãos que estão sob seu cuidado.
6. O cuidar do cuidado.
O cuidado das ovelhas de Cristo só poderá
ser efetivo se quem cuida esteja fazendo de modo a não negligenciar sua própria
vida. Trata-se então daquele maravilhoso conselho de Paulo a Timóteo: “Tem cuidado de ti
mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás
tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” (1 Tm 4.16). Importa-nos
neste momento a verificação do “tem cuidado de ti mesmo”.
Entendemos que Paulo estava sendo abrangente
em sua declaração, se referindo ao cuidado de si que deve ter o obreiro do
Senhor em diversos aspectos. Vejamos alguns:
“Não
mate o cavalo”. Houve um pregador chamado Robert Murray M’Cheyne na Escócia
que morreu aos 25 anos em 25 de março de 1843. No momento de sua morte disse: “O Senhor me deu uma mensagem e um cavalo,
matei o cavalo. Oh, o que devo fazer com a mensagem agora?” Esta é uma
declaração de um homem que não valorizou o descanso, que não cedeu às
necessidades do corpo. O líder deve cuidar de sua saúde, deve cuidar de seu
corpo, deve tirar férias.
O
perigo das três minas. Há três áreas de muita vulnerabilidade para a
maioria dos obreiros: sexo, dinheiro e fama. Muitos já caíram por não atentarem
a uma vigilância constante nessas áreas. Não admitir nossa fragilidade é sinal
de soberba, e como nos adverte a Palavra: “A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito, a queda” (Pv 16.18). Muitos já caíram nesses pecados. As
portas de atos pecaminosos nesses pecados como adultério e desvio de dinheiro
se fez na vida de muitos presentes porque também cederam à tentação ao orgulho,
à inveja, à preguiça, à luxúria, à ganância, etc. Cuidado para não pisar nessas
minas e ter sua vida explodida!
Desenvolva hábitos saudáveis na vida
espiritual. Infelizmente se faz necessária essa
advertência de algo que deveria ser natural não apenas a todo líder, mas a todo
cristão. Mas o líder tem o especial dever de desenvolver sua vida de oração e
de dedicar-se à reflexão da Palavra. Que possamos nos desenvolver em comunhão
com o Senhor para estarmos mais aptos a ajudar a outros neste desenvolvimento.
Cuidado
com as más companhias. “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons
costumes” (1 Co 15.33). Queremos aqui abrir o leque em aplicar esse
texto não apenas para as más companhias de pessoas ímpias, mas, também, para
companhias de pessoa que são regeneradas e que, no entanto, pode estar sendo
prejudicial a nós. Selecione bem as companhias de sua vida ministerial para que
não haja uma influência de forma negativa em você!
Muito mais poderia ser acrescentado
sobre o cuidar do cuidado, todavia, fiquemos por hora satisfeitos.
7. Conclusão
Maravilhoso, árduo, recompensador,
angustiante são alguns dos adjetivos que nós podemos estar qualificando o
serviço que realizamos no Corpo de Cristo. É um privilégio, mas ao mesmo tempo
um dever de responsabilidade enorme, pois tratamos com vidas, com pessoas.
Portanto, não sejamos negligentes com nenhum dos aspectos mencionados, mas em
tudo busquemos com grata satisfação melhorar para a glória de Deus.
“Tendo, porém, diferentes dons
segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;
se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou que ensina esmere-se no fazê-lo;
ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que
preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Rm
12.6-8).
8. Bibliografia
MACBEWER, Conrad. Cuida de
ti mesmo. http://www.monergismo.com/textos/pastores/tem_cuidado_mbewe.pdf,
acesso em 08/11/14 às 00:55 hs.
LIMA, Alan Rennê Alexandrino.
Pastores/ovelhas: um relacionamento em tensão. Uma reflexão acerca da dignidade
ministerial em seus múltiplos aspectos diante de uma igreja autonomista.
http://www.monergismo.com/textos/pastores/pastores-ovelhas_Alan.pdf, acesso em
08/11/14 às 01:07 hs.
CAMPOS, Fábio. As ovelhas
têm um dono! Este não é você!
http://www.fabiocamposdevocionais.org/2013/02/as-ovelhas-tem-um-dono-e-este-nao-e-voce.html,
acesso em 08/11/14. Às 01:50 hs.
MACRI, Silvio. Jesus como
modelo de líder. http://prazerdapalavra.com.br/colunistas/sylvio-macri/5478-jesus-como-modelo-de-lider-sylvio-macri,
acesso em 09/11/14 às 02:05 hs.
GIMENEZ, Gilherme. Um modelo
de liderança baseado em Jesus. http://prgimenez.dominiotemporario.com/doc/UM_MODELO_DE_LIDERAN%C3%87A_BASEADO_EM_JESUS-corre%C3%A7%C3%A3o.pdf,
acesso em 09/11/14 às 02:30 hs.
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