“Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo”.
Introdução
Jesus
disse que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34).
I – O que proíbe o nono mandamento.
O
nono mandamento é a clara proibição acerca da mentira, de modo mais específico acerca
da mentira que prejudica o outro. A Palavra não ameniza ao falar da malignidade
da mentira, diz que o diabo é o pai da mentira (Jo 8.44). Em contrapartida a
isso, Jesus declara ser a verdade encarnada (Jo 1.14).
Há
muitos textos bíblicos sobre o falso testemunho. Vejamos apenas alguns:
Êxodo
23.1 adverte para que se não se fale de modo maldoso acerca de alguém.
O
falso testemunho de alguém é algo destrutivo. Depois da honra da pessoa está
corrompida é muito difícil recuperar a imagem anterior ao falso testemunho
levantado. Por conta da gravidade desse pecado e do quanto pode prejudicar as
pessoas a Palavra adverte que “a falsa testemunha não
ficará impune, e o que profere mentiras não escapará” (Pv 19.5). Jesus
chega a dizer que falar mal de alguém ou insultar é uma forma de assassinato
(Mt 5.22).
Jeremias
declara a ruína espiritual do povo em sua época, dentre outros fatores estava
presente a falsidade, pessoas que falavam de paz, mas em seus corações
maquinavam o mal (Jr 9.3-6, 8).
Poucos
tipos de testemunhos falsos são tão prejudiciais quanto o testemunho enganoso
acerca de Deus, assim é terrível a ação daqueles que são falsos profetas (Jr
14.14).
Em
1 João 5.10 vemos que aquele que não crer no testemunho que Deus dá acerca de
Cristo sua incredulidade é como uma afirmação de que Deus é mentiroso. Em contrapartida
quem diz que conhece a Cristo, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (1
Jo 2.4).
Assim,
em face à gravidade desse pecado a Bíblia enfatiza que faz parte de uma lista
de pecados comuns aos não regenerados e não eleitos pelo Senhor, tendo então a
devido condenação dos seus atos: “Quanto, porém, aos
covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos
feiticeiros, aos idólatras e a todos
os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e
enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap. 21.8).
II – A expressão bíblica positiva do
nono mandamento.
A
Palavra de Deus constantemente nos convida a vivermos uma vida na verdade, de
forma íntegra, sendo fiéis ao Senhor. Podemos encontrar na Bíblia algumas
indicações de como vivermos o nono mandamento de modo prático em nosso cotidiano:
a)
defender a honra do próximo. Em Atos 2.13 vemos o apóstolo Pedro
defendendo os irmãos que foram acusados pelos visitantes judeus que tinham ido
à Festa do Pentecostes de estarem bêbados. Pedro prontamente os defende afirmando
que o que viam era obra do Espírito Santo.
Que
possamos sentir uma santa indignação diante de um falso testemunho levantado
contra alguém!
b)
ter cautela com as palavras. Colossenses 4.6 diz que nossas
palavras devem ser agradáveis, temperadas. Faz bem falar bem das pessoas, e
também faz bem elogiar as pessoas. O texto não incentiva à bajulação, mas a
sermos pessoas simpáticas, agradáveis.
c)
saber ouvir, não se irar facilmente e não ter pressa para falar (Tg
1.19). Este é um conselho que se bem observado evitaria muitos momentos
desagradáveis.
III – Alguns problemas éticos.
Deve-se falar a verdade
sempre? É correto em algum momento ocultar a verdade?
Mentir para salvar a vida de alguém é pecado?
A
Palavra de Deus condena a mentira e nos exorta a sempre sermos verdadeiros. Mas
ser verdadeiro e busca falar a verdade não implica ter atitudes de desamor por
fanatismo à verdade das palavras.
Dentro
do estudo da ética há o que se chama de hierarquismo,
ou seja, as normas, embora sejam universais, são hierarquicamente ordenadas, o
que significa que em algumas situações pode ser feita uma opção por uma
alternativa que seja superior a outra. Por ex.: é mais importante salvar uma
vida do que falar a verdade a um bandido que está procurando alguém para matar.
Neste caso o não falar a verdade não é pecado.
E
o que a Bíblia diz? Jesus enfatiza a importância dos mandamentos, mas ressalta
que o mais importante de todos é amar a Deus sobre todas as coisas, e em
segundo lugar amar ao próximo como a si mesmo. Até mesmo quanto aos pecados Jesus
diz que há um pecado que é mais grave que todos os outros: a blasfêmia contra o
Espírito Santo, e que não tem perdão.
Outro problema ético que pode ser
mencionado é a questão do jeitinho brasileiro.
O
jeitinho brasileiro é algo impregnado em nossa cultura. Está presente na
flexibilização das leis. É fácil para as pessoas não se sentirem culpadas em
atitudes que burlam uma fila de espera, ou quando tentam conseguir uma
declaração que não atesta a verdade. O jeitinho brasileiro contribui para a
corrupção, o suborno, passa por cima das leis e dos princípios morais.
Há
sim momentos em que o jeitinho brasileiro poderá não ser pecado, mas deve-se
ter muita cautela, pois normalmente as pessoas agem de forma fraudulenta sem
dar a devida importância.
Conclusão
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a
que for boa para edificação, conforme a necessidade e, assim, transmita graça
aos que ouvem”. (Ef. 4:29).
“O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os
lábios a si mesmo se arruína” (Pv. 13:3).
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