A ESSÊNCIA DA PÁSCOA E SEU SIGNIFICADO PARA O CRISTÃO


Êxodo 12.1-18


Introdução: 1. O sentido da Páscoa em nossa cultura moderna.
           A nossa cultura moderna explora o conceito de Páscoa amplamente em sentido comercial. Deste modo, perverte-o, Jesus é trocado pelos produtos da época – ovos de páscoa, chocolate – afinal, o objetivo é vender. Há evidentemente o apelo religioso, que em nossos dias se transforma em uma grande fonte de lucro por meio do turismo e grandes apresentações teatrais da Paixão de Cristo. Não tencionamos aqui condenar e considerar como diabólico alguns aspectos da cultura atual a esse respeito, mas certamente que é demoníaco não lembrar do verdadeiro e real sentido da Páscoa, e este sentido encontra-se revelado na Palavra de Deus.

2. O sentido bíblico da palavra “Páscoa”.
O termo Páscoa tem origem justamente em Ex 12.11 e significa “pular além da marca”, “passar por cima”, ou “poupar”; vem do hebraico PESAH.
           Para o cristão, a Páscoa é um referencial a Cristo e à Sua obra redentora.


Elucidação: Israel encontrava-se em estado de escravidão no Egito. Atendendo seu clamor por libertação o Senhor enviou Moisés para transmitir a Faraó a ordem divina de que ele deveria permitir o povo israelita partir para viver em adoração ao Senhor “Deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto; porém eis que até agora não tens ouvido.” Êxodo 7:16 em face à desobediência de Faraó segue-se as conhecidas pragas do Egito, ou castigo divino. Depois de nove pragas é anunciado o mais terrível dos castigos sobre aquela nação ímpia: Deus enviaria um Anjo que mataria todos os primogênitos dos egípcios. É neste contexto que vem a ordem da Páscoa para os judeus, que para nós é símbolo e prenúncio do que Cristo realizaria.



I – PÁSCOA APONTA PARA O SACRIFÍCIO PERFEITO, 12.1-6.

          1. O cordeiro deveria ser sem defeito, 12.5.
           Todo o povo é convocado a oferecer um sacrifício ao Senhor, este sacrifício deveria ser conforme exigido, não de qualquer forma. E isto porque aquele ato ritual apontava para aquele que é perfeito e que realizaria um sacrifício perfeito por nós.  Aquele sacrifício tipificava a Cristo. E, portanto o cordeiro deveria ser sem defeito. De modo prático aprendemos nisto que aquilo que ofertamos ao Senhor não deve ser a sobra, mas o que temos de melhor. É por isso que em Lc 21.1-4 vemos o episódio de uma pobre viúva que dou como oferta ao Senhor a única moeda que ela tinha, e Jesus comenta este ato dizendo que ela havia dado mais do que os ricos que ofertavam apenas de suas sobras.

           2. Páscoa aponta para aquele que é sem pecado, v. 5; 1 Pe 1.18, 19; Jo 8.46.
           1 Pe 1.18, 19 – “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado...”
           Já aqui em Ex 12 vemos revelado o maravilhoso plano de salvação em um ato que era símbolo do que Deus viria a fazer. De nada adianta lembrar-se da expressão Páscoa se na mente e no coração do indivíduo não estiver o fato de que aquele que é sem pecado veio ao mundo para levar sobre si os nossos pecados. Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e ele, somente ele pôde desafiar que encontrassem algo em sua pessoa que fosse pecado – Jo 8.46a: “Quem dentre vós me convence de pecado?”.


II – PÁSCOA APONTA PARA UMA OBEDIÊNCIA IRRESTRITA, V. 7-11.

           1.  Deveriam comer a Páscoa exatamente como o Senhor lhes mandou, 7-11.
           É interessante o que se encontra o no v. 11 – “apressadamente” – como prontos para atender a qualquer momento a chamada para a partida.

          2. Esta obediência irrestrita ratificada no ato da Ceia, 1 Co 11.24.
          A Páscoa conforme relatada no A. T. era penas para o os judeus, como um memorial de sua libertação do Egito. Nós fomos libertos de um “Egito” espiritual, uma escravidão do pecado. O rito do A. T. da Páscoa para a igreja é substituída no Novo Testamento pela Santa Ceia do Senhor, que aponta para Cristo e para a libertação espiritual que ele realizou em nossas vidas. Cristo é o nosso cordeiro pascal: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7). E na Ceia do Senhor declaramos isso: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” Assim como os judeus deveria comer a Páscoa exatamente como o Senhor ordenou, devemos nos alimentar de Cristo também exatamente como ele nos ordena, por isso que ele nos diz que devemos estar constantemente nos    autoexaminando: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice"  (1 Co 11.28).


III – PÁSCOA APONTA PARA DERRAMAMENTO DE SANGUE, 12.12-13, 23, 27.

           1. Pois o Senhor julgou os egípcios, v. 12.
           Parece estranho a alguns relacionar Páscoa a julgamento divino, mas é isso o que ocorre naquela circunstância. O senhor julgou a impiedade daquele povo, de igual modo, ao exterminar todos os primogênitos dos animais humilhou-os em suas crenças politeístas, mostrando-lhes que só Yavé é Deus. Havia deuses egípcios que eram representados por animais, e esses desuse se mostraram impotentes para proteger seus próprios representantes. Um golpe na idolatria egípcia.
           O sangue nas vergas e ombreiras das portas seria uma evidência de que o sacrifício tinha sido efetuado, e que os moradores exerciam sua fé no SENHOR. Aos tais ele libertaria.

           2. Cristo é nosso cordeiro pascal nos livrando da ira vindoura, v. 13; 1 Co 5.7, 1 Ts 1.10.
“... Cristo, nosso cordeiro pascal foi imolado” (1 Co 5.7).
           O sangue de Cristo foi derramado por mim e por você justamente parta ficarmos livres da ira vindoura: “E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.” (1 Tessalonicenses 1:10). Certamente o Senhor julgará aqueles que, como os egípcios, voltam às costas para Ele. Logo, a época da Páscoa é momento de enfatizarmos que Cristo sofreu por mim e por você, e por isso estamos livres da condenação eterna.


IV – PÁSCOA APONTA PARA LIBERTAÇÃO, V. 14-18.

           1. Pois o Senhor livrou os israelitas da escravidão, v. 17.
           Jamais deveria esquecer o significa daquele rito, deveriam transmitir para as futuras gerações aquilo que o Senhor realizou por eles (v. 24-27). Deveriam sempre ser gratos pela libertação lhe concedida.
           De igual modo, para a igreja, como estatuto perpétuo para nós, como lembrança grata de nossa libertação espiritual, devemos celebrar a Ceia “até que Ele venha”.
           2. Libertos, devemos viver separados do pecado, v. 15 e 18.

           Em alguns textos do A. T. “fermento” é símbolo de corrupção e pecado, por isso a ordem divina de comerem pães asmos (não fermentado). Era o senhor já lhes dizendo que nunca deveriam esquecer que foram chamados para ser nação santa e que não poderiam se contaminar com as influências das nações ímpias com as quais entrariam em contato.
           Semelhantemente, nós, que fomos libertos em Cristo, devemos atentar em nos afastar do pecado, afinal a liberdade que temos foi paga por um alto preço, o sangue de Cristo.


Aplicação: 1. Deus deu o melhor por você, Seu Filho Unigênito. E você, o que tem lhe dado? Lembre-se que o melhor que você pode ofertar ao Senhor é sua vida.

2. Páscoa é momento de lembrar que somos pecadores e que Cristo é santo. E que o relacionamento do Santo com o pecador som é possível devido à graça do Senhor. Sendo você já convertido, lembre-se que Jesus, Deus Santo Criador dos Céus e da Terra, condescendeu a viver como homem e sentir a ira divina o contra o pecado para que você hoje pudesse testemunhar que é salvo.

Se você ainda não entregou sua vida a Cristo, lembre-ser que este favor divino estar disponível a ter um efeito restaurador em sua vida.

3. Quero lhe dizer que nada adianta você comemorar uma data e um calendário litúrgico se diariamente não está vivendo em obediência ao Senhor.
Viva uma vida de fidelidade a Deus e você poderá aproximar-se da mesa do Senhor como de fato estando se alimentando do cordeiro pascal. Cristo deve ser sua vida e sua vida deve estar totalmente nele de modo que você estará sendo sustentado por ele por meio de Sua Palavra. Lembremos que ele disse: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mm, e eu, nele.” (Jo 6.54-56).

4. Embora tenhamos sido salvos da ira vindoura, é muito bom sabermos que servimos ao Senhor, não por medo de Sua ira, mas por amor àquele que deu sua vida por nós.

5. Lembre-se que você era escravo. Escravo do pecado em suas muitas manifestações – a soberba, egoísmo, avareza, vícios, práticas sexuais pecaminosas, mentira etc. agora você encontra-se livre caminhando não para uma Canaã física e terrestre, mas para a Canaã Celestial – uma vida plena e eternamente em felicidade diante do Senhor.


Conclusão: Diante da cultura popular sobre a Páscoa em nosso país, nós cristãos podemos tomar uma das três opções:
1ª rejeitá-la completamente por causa dos erros, superstições, do mercantilismo, de toda distorção acerca desta festa judaica.
2ª Aceitá-la como parte da cultura brasileira, e vivenciar esse contexto cultural.
3ª Aproveitar esta ocasião para falarmos do verdadeiro sentido da Páscoa.
            Prefiro ficar com esta terceira opção.
           É importante que não esqueçamos que embora cercados por todo tipo de apelo comercial e muitos tipos de manifestações religiosas, Páscoa está muito além dessas coisas, Páscoa é Cristo em ato de redenção por nós. E este Cristo em ato de redenção morreu, no entanto, a morte não conteve, ressuscitou em um domingo como este!
Glória a Deus!

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2 Comentários

  1. Amém! Obrigada pela reflexão, Pastor. Deus continue iluminando sua mente e abençoando sua vida.

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