Este artigo é um trabalho de minha época do seminário da disciplina Antigo Testamento. É um texto do ano de 2006.
APRESENTAÇÃO
Nosso intuito nesse tratado é tentar
mostrar em linhas gerais a história do Reino do Norte sob os aspectos
políticos, embora estejamos cientes que não temos como fugirmos de
relacionarmos as causas e consequências políticas ao fator religioso. É simplesmente
impossível falar sobre Israel sem fazer referência ao seu relacionamento com
Deus. A Política e a vida religiosa estavam indubitavelmente entrelaçadas.
Nossas pretensões são modestas, de
forma alguma queremos aqui esgotar qualquer assunto referente à história dessa
nação. Esperamos que o conteúdo aqui exposto possa pelo menos servir para
clarear o entendimento do leitor iniciante.
INTRODUÇÃO
O Reino do Norte, ou como também é
conhecido Israel ou Samária, surgiu da cisão com a região sul, Judá e Jeruzalém
após a morte de Salomão. Seu primeiro rei foi Jeroboão I, assassinado por
Baasa, que fundou a primeira grande dinastia. As relevantes dinastias
subsequentes foram as de Onri, considerada a mais notável de toda, a dinastia
de Jeú, que eliminou toda a casa de Onri.
Em seus quase duzentos anos de sua
existência o Reino do Norte foi constantemente tumultuado, seja por problemas
internos como conspiração e assassinato de monarcas, seja o perigo de invasões
estrangeiras.
Houve guerras constantes contra Judá
e Síria, foi detentora de uma das cidades mais bem fortificadas daquela época,
Samária. Mas sucumbiu ante o poder Assírio em 722 a . C., quando então
governava Oséi
Esboço do Primeiro Livro dos Reis
O Reinado de
Salomão, 1 Reis 1:1 – 11:43
A Morte de Davi e a Unção de Salomão,
1:1 – 2:11
Salomão Elimina seus Oponentes, 2:12
– 46
Salomão Ora Pedindo Sabedoria; sua
Primeira Sábia Decisão, 3:1 – 28
A Administração do Reino, 4:1 – 34
Planejamento e Ereção do Templo, 5:1
-7:51
A Dedicação do Templo. Promessa de
Deus a Salomão, 8:1 – 9:9
Comércio e Programa da Edificação de
Salomão, 9:10 – 28; 10:14 – 29
A Visita da Rainha de Sabá, 10:1 – 13
Fim do Reinado de Salomão, 11:1 – 43
O Reino Dividido
Primeiro Período de Antagonismo Entre
Judá e Israel, 12:1 – 16:28
Revolta de Jeroboão I. A Primeira
Dinastia de Israel, 12:1 – 14:20
Reoboão, de Judá, 14:21 – 31
Abias e Asa, de Judá, 15:1 -24
Nadabe, de Israel, Filho de Jeroboão
I, 15:25 – 32
Baasa e Ela, Segunda Dinastia de
Israel, 15:33 – 16:14
Zinri, Único Rei da Terceira Dinastia
de Israel, 16:15 – 22
Onri, de Israel, Fundador da Quarta
Dinastia, 16:23 -28
Período de Amizade Entre Judá e
Israel, 16:29 – 2 Reis 9:37
Acabe, de Israel, Segundo Rei da
Quarta Dinastia, 16:29 – 24:40
Josafá, de Judá, 22:41 – 50
Acazias, de Israel, Terceiro Rei da
Quarta Dinastia, 22:51 – 53
A Divisão do
Reino
O que ocasionou a divisão do Reino de
Israel não foram meramente questões de cunho político ou social. Havia raízes
mais profundas que remetia aos tempos de Salomão. Salomão teve um reino
próspero e bem sucedido, foi temente a Deus na maior parte de sua vida. Mas
sendo falho como todos os homens o são, houve um porém em sua vida, algo que
desagradou ao Senhor. Como uma forma de estratégia política Salomão adquiriu
numerosas alianças com nações vizinhas, e como era costume na época, cada
aliança era selada com um novo casamento, o que fez Salomão vir a ter
setecentas mulheres. Infelizmente ele se deixou influenciar por essas mulheres,
o resultado é que juntamente com elas veio a oferecer sacrifícios a falsos
deuses.
A divisão do reino, portanto, foi um
castigo de Deus como consequência das iniquidades de Salomão. Prenunciado pelo
profeta Aías a Jeroboão, que era então um simples servo de Salomão que tinha
sido posto por ele para supervisionar a construção das muralhas de Milo, em sua
misericórdia o Senhor prorrogou o juízo para depois da morte de Salomão.
Quando Salomão morreu, houve certa
agitação política como é comum em tempos de sucessão. O povo do norte, que na
verdade sempre tinha sido rebelde a Davi, que nunca aceitara plenamente um
governo do sul; encontrava-se extremamente desgostoso com a atual situação. O
momento era propício a uma revolta, havia motivos que fomentava esse desejo no
coração do povo, como por exemplo, uma altíssima carga tributária instituída
pelo falecido rei. Aproveitando a ocasião os nortistas chamaram a Jeroboão, que
se encontrava exilado no Egito por ter fugido do rei Salomão, ele seria o líder
do povo nas reivindicações diante do novo rei Roboão, filho de Salomão e
herdeiro do trono.
Para sua própria desgraça, Roboão era
um homem de visão política estreita. Embora tenha tomado conselho com os
anciãos, que foram de parecer favorável que se atendesse as reivindicações
populares naquele momento tão crítico, preferiu seguir os conselhos daqueles
que cresceram juntamente com ele. O conselho que deram a ele era que não
atendesse a vontade do povo, pois segundo eles isso seria sinal de fraqueza.
Esses homens tinham na verdade a intenção de exaltar o ego de Roboão. Se Roboão
fosse de fato um bom administrador, como o era o seu oponente político
Jeroboão, teria conseguido evitar a revolta dos nortistas.
A consequência da recusa da Roboão
não poderia ser outra, haja vista a tensão social e política que estava vivendo
o povo. As dez tribos do norte proclamaram Jeroboão como seu rei. Para tentar
recuperar essas dez tribos de volta Roboão passou em revista seu exército.
Teria sido um massacre, pois Roboão tinha um exército numeroso e bem equipado,
enquanto o de Jeroboão ainda estava se organizando. Desistiram da empreitada
porque o Senhor enviou o profeta Semaías advertindo-os que não lutassem contra
seus irmãos. Mas na realidade, não houve uma convivência plenamente pacífica
entre os dois novos reis, I Reis 14:30 diz: “Houve
guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias”.
O Reinado de
Jeroboão I
Tendo sido proclamado rei, Jeroboão
estava agora diante do desafio de solidificar as bases do seu reino.
Infelizmente não se tratava de um homem fiel a Deus, logo, as soluções que ele
iria encontrar para resolver os problemas iniciais do estabelecimento do seu
reino não seriam agradáveis ao Senhor.
Se fôssemos tentar descrever a
personalidade desse monarca, diríamos, pelo o que está exposto nas Escrituras,
que ele era um homem de pensamento claro e prático, devido a isso tinha grande
facilidade de resolver problemas políticos e administrativos. E pelo seu modus operandi fica implícito que para
ele o fim justifica os meios.
Algumas atitudes tinham de ser
tomadas imediatamente, não poderiam ser deixadas para depois. O novo reino
precisava de uma capital, e havia uma questão religiosa urgente a ser
resolvida.
Jeroboão teve certa dificuldade em
estabelecer uma capital única e permanente. Primeiro ele fortificou Siquém para
ser sua capital. Mas possivelmente devido à invasão de Sisaque a Judá (I Reis
14:25 – 28), ele teve que mudar sua capital para Penuel, pois esta, mais a
leste, encontrava-se fora das retas dos invasores egípcios. Mudou-se ainda para
Tirza, que permaneceu como capital até o tempo de Onri.
Neste ínterim, Jeroboão teve que
encontrar uma forma de impedir o deslocamento do povo para Jerusalém no intuito
de ir adorar a Deus. Para tal ele tomou três atitudes ímpias, estabeleceu em
Israel o culto a bezerros de ouro, construiu santuários nos altos e constituiu
sacerdotes levianamente que não eram da linhagem de Levi.
Jeroboão era bom estrategista
político, sabia que lhe era conveniente desviar o povo do seu Deus, sua
intenção em estabelecer aqueles bezerros de ouro, que talvez de alguma forma
simbolizassem a força de Deus, era mudar o local de adoração de Jerusalém para
cidades do Reino do Norte. Mas ele também não era idiota, e sabia que
inevitavelmente o povo cairia na idolatria. Ele não estava preocupado em
agradar ou não a Deus, mas em manter o seu reinado. E assim ele procedeu sempre
nessa intenção.
Ao morrer, Jeroboão deixa o seu nome
na história, como o primeiro rei de Israel ou Reino do Norte, e como um dos
piores exemplos de reis ímpios que levaram o povo de Israel ao pecado.
Um Reino
Instável Politicamente
O que vem a suceder-se após a morte
de Jeroboão I ao Reino de Israel é um amaranhado de confusão política que apenas
deixa claro quão frágil politicamente se encontrava aquele reino.
O legítimo sucessor de Jeroboão era o
seu filho Nadabe. Ele assumiu o trono e ao invés de se concentrar em resolver
problemas internos, e tentar melhorar a condição de vida do seu povo,
empenhou-se em campanha militar para tentar reaver a cidade de Gibetom, que
haviam perdido para os filisteus anos atrás. Durante este assédio a esta cidade
ele foi assassinado por Baasa, um dos chefes do seu exército. Seu reinado durou
apenas dois anos. A descrição bíblica de sua pessoa é que “fez o que era mau
diante do Senhor”. Ele sucedeu Jeroboão não apenas no trono, mas também em seu
caminho pecaminoso. Talvez seja interessante notar a ausência da manifestação
popular ante o assassinato de seu rei, o mesmo comportamento do povo continuará
diante de crimes futuros na briga pelo poder. O estado de coisas era tal que
parecia algo natural que um general do exército matasse o seu rei para assumir
o trono.
Ao assumir o trono Baasa prosseguiu
com as hostilidades a Judá, que tinha nesse período como rei a Asa, homem que
andou retamente diante do Senhor. Este rei de Judá promoveu uma reforma
religiosa, tal reforma veio a atrair muitos que moravam no norte e que ainda se
mantinham fiéis ao Senhor ou procuravam voltar à adoração ao Deus único e
verdadeiro. Isso obviamente causou uma crise que com certeza preocupou muito a
Baasa. Afinal, ele estava perdendo gente do seu reino. Não havia como ele
impedir à força que o povo migrasse para o sul, tal proceder não teria
cabimento e poderia causar uma crise ainda maior. Ele encontrou uma solução
mais civilizada e que ao mesmo tempo deixava claro sua intenção, ocupou Rama,
uma importante cidade que ficava a 8
Km ao norte de Jerusalém, dessa forma ele podia
controlar as estradas principais procedentes do norte que convergiam em Ramá e
levavam a Jerusalém. Porém tal ocupação não durou muito. O rei de Judá, Asa,
agindo no campo da diplomacia, renovou aliança com Ben-Hadade I, de Damasco.
Como conseqüência, Ben-Hadade anulou sua aliança com Israel, afinal, Israel e
Judá viviam em guerra.
Estando agora do lado de Judá, Ben-Hadade invade o Reino do
Norte e conquista algumas cidades como Cades, Hazor, Merom e Zefate. Diante do
avanço de Ben-Hadade, Baasa se viu obrigado a abandonar Rama.
O próximo a subir ao trono nesse
período tempestuoso na história do Reino do Norte foi Ela quando morreu o seu
pai Baasa. Ela, pelo que descreve a Bíblia a seu respeito, era um homem que não
tinha um modo de vida condizente com um rei, vivia a embriagar-se e em festas. Não parecia se
comprometer seriamente com a governabilidade do seu reino, e muito menos com Deus.
Reinou por apenas dois anos, pois Zinri liderou uma conspiração e o matou
quando ele encontrava-se embriagado na casa do seu mordomo na cidade de Tirza.
Zinri, que era comandante da metade dos carros de guerra, procurou
imediatamente exterminar todos os parentes e amigos de Baasa e Ela. Toda a casa
de Baasa foi aniquilada, como cumprimento à profecia que dera o profeta Jeú
acerca do juízo de Deus a Baasa por conta do seu caminho pecaminoso.
A crise política de Israel prossegue.
Zinri havia chegado ao trono devido a uma conspiração, e que na verdade, foi
muito mal elaborada. Ele não tinha conquistado o apoio de Onri, general de
grande influência, que estava à frente das tropas acampadas defronte da cidade
filistéia Gibeton. Ao tomar conhecimento da morte de Ela e que Zinri tinha se
declarado rei, Onri investe com suas tropas contra Tirza. Não podendo resistir
às tropas de Onri, Zinri abriga-se no castelo real e o incendeia, morrendo nas
chamas. Seu reinado foi de apenas sete dias e podemos afirmar que serve
perfeitamente pra exemplificar e estado político e espiritual em que se
encontrava o reino de Israel.
A Dinastia
de Onri
Na grande confusão em que se
encontrava Israel, e com a morte de Zinri, havia dois pretendentes ao trono, Onri
e Tibni. O encontrava-se dividido entre os dois candidatos. Com a morte de
Tibni, Onri torna-se rei.
Tudo indica que Onri era um
governante perspicaz. A prova disso é que em seu governo conseguiu adquirir
respeito internacional. Em um dos seus acertos como governante resolveu
construir uma cidade para ser capital do seu reino. Diz as Escrituras que ele
comprou um monte a Semer, e nesse monte ele edificou e fortificou a cidade à
qual chamou de Samária. Estrategicamente localizada a 12 Km a noroeste de Siquém,
na estrada que conduzia à Fenícia, à Galiléia e a Esdrelom. Devido aos muros
que foram construídos era uma capital tida como inexpugnável.
Ele foi com certeza, bem sucedido
militarmente, pois conseguiu dominar os moabitas, dos quais cobrava tributo e
controlava o comércio; e assim enriqueceu mais ainda o seu reino. Também
conseguiu manter boas relações estrangeiras com a Fenícia, para tal realizou o
casamento do seu filho Acabe com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios.
Essa relação com a Fenícia foi vital para a expansão comercial de Israel.
A política de Onri, embora fizesse
Israel prosperar materialmente, fazia com que declinasse espiritualmente mais
ainda. A abertura e contato com a Fenícia fizeram com que houvesse um
sincretismo religioso em
Israel. Inicia-se então um dos períodos de grande idolatria
da história do povo de Deus. Devido a isso a Bíblia afirma que ele cometeu mais
iniqüidades que todos os seus antecessores.
Quanto à sua relação com Judá, ao que
parece, foram pacíficas, havendo até casamentos entre membros das duas famílias
reais.
Onri governou pos doze anos, e morreu
em 874 a .C.
deixando Samária como monumento de seu governo.
Acabe
Após a morte de Onri, Acabe, seu filho,
assumiu o trono de Israel. Acabe recebeu de seu pai um reino com boas relações
internacionais. Ele destacou-se dentre os reis de Israel por duas
características, uma positiva e outra negativa. De positivo no reinado de Acabe
é que ele é visto como um reinado de grande avanço político. O grande lado
negativo é que representou o mais baixo degrau na esfera religiosa. Acabe foi
fortemente influenciado por sua mulher, Jezabel, uma mulher maligna, com
personalidade muito forte e dominadora que do seu modo característico conseguia
convencer Acabe a praticar as mais terríveis injustiças. O exemplo típico
encontra-se em I Reis
21:1 – 16, a
tão conhecida história sobre o crime que este casal perverso cometeu contra
Nabote.
Há um fato no reinado de Acabe que
quando se é lido nas Escrituras não fica esclarecida a sua atitude. Em certo
momento, por motivos que não são bem esclarecidos, Bem-Hadade, rei da Síria
resolve atacar Israel. Mesmo estando em desvantagem numérica Israel consegue
obter a vitória, vitória esta lhe concedida pelo Senhor. Tendo capturado o rei
assírio, Acabe não somente poupa a sua vida como também lhe permite formular
seu acordo de paz. Esta atitude de Acabe na realidade foi uma estratégia
política. Uma aliança com um reino poderoso como a Síria naquele momento era
mais vantajoso politicamente para Acabe do matar Bem-Hadade. Ele estava se
preparando para um perigo emergente, futuros ataques da Assíria. A aliança
entre Acabe e Bem-Hadade nesse momento era vantajosa para os dois monarcas.
Acabe teve um bom relacionamento com
o rei de Judá, Jeosafá. Não houve hostilidades entre os dois reinos nesse
período, e ao que indica o texto bíblico, parece que havia um sentimento de
amizade entre os dois. Acabe convidou Jeosafá para irem juntos conquistar a
cidade de Ramote-Gileade, Jeosafá lhe respondeu: “Como tu és sou eu, o meu povo
como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos”. Foi nesta batalha,
porém, que Acabe veio a perder a vida.
Acazias
Após a morte de Acabe, Acazias, seu
filho, reinou em seu lugar. Reinou pouco tempo (853 – 852 a . C.). Ele tentou
realizar uma expedição naval em parceria com o rei de Judá, Jeosafá. Essa
expedição não teve um final feliz, os navios foram destroçados, conforme o
relato de 2 Cr 20:35 -37. Acazias não tinha filhos, por isso quando ele morreu,
quem reinou foi seu irmão, Jorão.
O Reinado de Jorão
Jorão reinou por doze anos, e há dois
fatos históricos em seu reinado que merecem destaque.
Um deles é referente à batalha para
recuperar o território moabita. Com o apoio do rei de Judá, Josafá, ele entrou
nessa investida militar. Conseguiu ainda o apoio dos edomitas, quando estavam a
sete dias ao redor da extremidade sul do mar Morto. Há comentadores que
insistem que eles não conseguiram retomar o território moabita, mas a leitura
atenta do texto bíblico a respeito deixa claro que Jorão foi vitorioso nessa
empreitada. Há ainda uma prova arqueológica do que defendemos. Na famosa pedra moabita está escrito que Messa,
rei de Moabe relata sua libertação do jugo israelita. Ora, essa libertação deve
ter ocorrido nos últimos decadentes anos do Reino do Norte.
Um outro fato relevante foi o sítio
que Bem-Hadade fez a Samária. Esta capital de Israel, como já descrevemos, era
uma verdadeira fortaleza, e somente sitiando-a poder-se-ia conseguir uma
vitória sobre ela. Devido a está sitiada Samária passou por uma terrível fome,
e a inflação tornou-se insuportável, um simples quilo de alimento custava um
preço altíssimo. A derrota de Samária seria inevitável se não houvesse uma
intervenção divina. O exército sírio quando estava acampado ouviu um grande
barulho de carros de guerra, e de um grande exército se aproximando. Eles
interpretaram que o rei de Israel estava contando com o auxílio dos exércitos
dos heteus e dos egípcios, conforme 2 Reis 7:6, abandonaram o arraial e fugiram
desesperados, de modo que deixaram para traz cavalos, tendas armadas e todo o
suprimento alimentar. Foi este alimento que serviu para matar a fome do povo de
Samária.
Em período de sucessão do trono
sírio, talvez aproveitando uma fragilidade política que a Síria estivesse
passando naquele momento, Jorão faz uma tentativa de recuperar Ramote de
Gileade, com o apoio de Acazias, seu sobrinho, que governava em Judá. Nessa batalha
ele é gravemente ferido. Aproveitando a ocasião Jeú conspira para derrubar o
rei. Ele estava à frente da maior parte do exército e foi bem sucedido em seu
intento, matando não apenas Jorão, como também acazias, o rei de Judá. Para
concluir seu trabalho, conforme a profecia do Senhor, que dizia que a casa de
Acabe seria exterminada e onde os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberiam
também o sangue de Acabe, Jeú ordena que o seu corpo seja jogado do campo de
Nabote. Além disso, matou Jezabel e os setenta filhos de Acabe.
E assim termina a dinastia de Onri, o
rei do Reino do Norte mais conhecido pelos reinos vizinhos. Inclusive em alguns
documentos históricos outros reis fazem referência ao rei de Israel chamando-o
de Onri, quando na realidade se tratava de Jorão.
A Dinastia
de Jeú
A dinastia de Jeú é a mais longa das
dinastias do Reino do Norte, durou quase um século (841 -753 a . C.).
Uma das primeiras atitudes de Jeú
como rei foi matar todos os profetas de Baal. Ele não fez isso simples
obediência ao Senhor, o fez mais por conveniência política, haja vista que a
política e o baalismo na dinastia de Onri estavam entrelaçados.
Evidentemente, ao destruir a casa de
Onri ele perdeu toda possibilidade de aliança política com Judá e com a
Fenícia, pois havia relação de parentesco dessas famílias reais com Jezabel.
Também não se aliou ao novo rei sírio para se precaver frente à emergente
ameaça assíria que vinha avançando para o ocidente. O resultado foi que o rei
sírio Hazael sempre esteve a lutar contra Jeú durante todo o seu reinado.
Jeoacaz
Continuam as hostilidades sírias. Os
sírios obtiveram vitórias relevantes, chegaram até a conquistar cidades do
norte da Galiléia. Neste reinado de Jeoacaz, filho de Jeú, que durou de 814 - 794 a . C., Israel foi muito
enfraquecido pelas sucessivas vitórias sírias. Teve o seu domínio dobre os
edomitas e amonitas abalado. Seu exército, praticamente destruído. Para se ter
uma idéia, Israel encontrava-se nessa época com apenas 10 carros de combate, 50
cavaleiros e 10 mil infantes. Ainda não muito tempo atrás, nos dias de Acabe, o
Reino do Norte tinha dez mil carros de combate.
A situação era tão drástica, que o Reino do Norte só não fora devastado
pela Síria porque Jeoacaz voltou-se para Deus, e o Senhor deu-lhe livramento.
Jeoacaz foi um rei que seguiu o mal
exemplo de Jeroboão I, mesmo quando buscou a Deus, ele não o fez de todo o
coração, pois não destruiu os famosos postes ídolos de Samária (2 Rs 13:1 – 9).
Jeoás
Com a morte de Jeoacaz, seu filho
Jeoás reinou em seu lugar. Reinou por dezesseis anos (798 – 982 a . C.). Durante o seu
reinado, o Reino do Norte começa a se recuperar do estado calamitoso em que se
encontrava.
Ele foi tolamente desafiado à batalha
pelo rei Amazias, de Judá. Tendo ido à luta contra Amazias, seu exército saiu
vitorioso. Invadiu Judá, destruindo parte da muralha de Jerusalém, saqueou o
palácio e o templo e ainda levou alguns reféns. Segundo Thiele, essa batalha
ocorreu em 791 – 790 a .
C.
Jeroboão II
O quarto rei da dinastia de Jeú
começou a reinar quando seu pai, Jeoás, ainda estava vivo. Por um período de
doze anos foi co-regente com o seu pai, contando com esse tempo, ele reinou por
41 anos (793 – 752 a .
C.). Assumiu o controle único em 781
a . C..
Esse período do reinado de Jeroboão
II, que para alguns foi o mais importante rei do Reino do Norte, foi um período
de prosperidade e de relativa paz.
A situação política das nações
vizinhas favoreceu a Jeroboão. A Síria já não tinha tanto poder sob o governo
de Ben-Hadade II quanto na época de seu pai Hazael. Estava debilitada sendo
atacada por outras nações. Aproveitando então esse ambiente favorável, Jeroboão
consegue reconquistar territórios a leste do Jordão, que estavam sob o controle
sírio por cerca de um século. Jeroboão fez com que Israel voltasse a ter
sucesso militar e comercial.
Zacarias
Jeroboão II morreu em 753 a . C., seu filho Zacarias
reinou por um período muito curto, apenas seis meses. Ele foi assassinado por
Salum. E assim termina a dinastia de Jeú.
De Salum a
Oséias
Salum (752 a . C.)
Após ter assassinado Zacarias, reinou
por apenas um mês, e foi morto por Menaém. Voltou a Israel a época de sucessão
monárquica pelo meio das conspirações e assassinatos.
Menaém (752 – 741 a . C.)
Esse conseguiu manter-se no trono por
mais tempo, aproximadamente uma década.
A Assíria então já estava firmada
como um grande império conquistador. Tiglate Pileser III invadiu a palestina, e
levou cativo para a Babilônia as duas tribos e meia do leste de Israel. Menaém
então,tornou-se tributário do rei da Assíria. Além disso,se viu obrigado a
entregar ao rei assírio todo o tesouro deixado por Jeroboão II. Em troca o rei
assírio o manteve no trono de Israel.
Pecaías (741 – 739 a . C.)
Manteve a mesma política de pecaías, seu pai. Continuou, assim como seu
pai, a coletar impostos do povo para enviar ao rei da Assíria. Foi assassinado
por Peca.
Peca (739 -731 a .C.)
Este rei tinha uma política
anti-assrías buscou fazer aliança com Rezim, o novo soberano da Síria para
unirem-se contra o inimigo comum, Porém em 732 a . C. Damasco, capital da
Síria cai ante o poderio assírio e a síria se impotente, não mais condição
alguma de fornecer qualquer ajuda a Israel. Oséias conspirou contra Peca com o
apoio de Tiglate Pileser, tornando-se então tributário do mesmo.
Oséias (731 – 722 a . C.)
Oséias governava em Israel como
vassalo de Tiglate Pileser III. Quando este morreu, ele suspendeu o pagamento
dos tributos. O novo rei da Assíria Salmanaser V não estava disposto a perder
Israel do seu domínio, marchou com seus exércitos contra Israel e sitiou a
poderosa cidade de Samaria em 725
a . C. A bem fortalecida cidade de Samaria conseguiu
resistir ao poder assírio por três anos, mas finalmente em 722 a . C. Oséias teve de
render-se.
Chega ao fim então o Reino do Norte,
com o seu povo transportado para as regiões da Pérsia. Como era do costume
assírio foram trazidos colonos da Babilônia para habitarem em Israel, agora província
da assíria.
CONCLUSÃO
Todos os reis que governaram em
Israel independentemente de sua política social, sua política de relações
exteriores, tiveram diante de Deus um padrão de procedimentos. Seguiram todos
os caminhos do seu primeiro rei Jeroboão, que fez o povo pecar em idolatria. Embora
tenhamos tecido um comentário meramente político desse reino, sabemos muito bem
que o seu término em 722 não foi meramente uma questão política, mas como
predito pelos profetas, juízo de Deus sobre o povo infiel ao Senhor
BIBLIOGRAFIA
SCHULTZ, Samuel J. – A História de
Israel no Antigo Testamento – Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 2004.
MESQUITA, Antônio Neves de –
Estudo nos Livros dos Reis – Ed. JUERP, Rio de Janeiro, RJ, 1979.
DAVIS, Jhon D. – Dicionário da
Bíblia – Ed. JUERP, Rio de Janeiro, RJ, 1996.
DONHER, Hebert – História de
Israel e dos Povos Vizinhos, volume 2 – Ed. Sinodal, São Leopoldo, RS.
BÍBLIA DE ESTUDO VIDA
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