"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20:4).
Introdução
Há
uma grande semelhança entre o primeiro e o segundo mandamentos, entretanto
também uma diferença fundamental. Nas colocações de Calvino:
O primeiro precede, de fato, a ordem,
a saber, que os crentes devem se contentar com um Deus; mas não seria
suficiente sermos instruídos a adorá-lo sozinhos, a menos que também
soubéssemos a maneira pela qual Ele seria adorado. A soma é que a adoração a
Deus deve ser espiritual, a fim de corresponder à Sua natureza.
Em
outras palavras, este mandamento trata da forma como devemos cultuar a Deus.
Nessa perspectiva gostaria que você guardasse inicialmente a seguinte afirmação:
“Nem tudo que está na Bíblia deve estar no culto, mas tudo que o que estiver
no culto tem que está na Bíblia”. Os reformados têm o termo técnico para
isso: “Princípio Regulador do Culto”.
Vejamos
o segundo mandamento na estrutura que temos adotado: as proibições do Antigo e
Novo Testamentos e seu o caráter positivo em ambos os testamentos buscando
contemporanizar à realidade atual.
I – AS PROIBIÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO
Êx 34.17; Dt 27.15 -
“Maldito quem esculpir uma imagem ou fizer um ídolo fundido, obra de artesãos,
detestável ao Senhor, e levantá-lo secretamente”. Todo o povo dirá: “Amém! “ –
Não faça ídolos de metal para você. Construir imagens através do processo de
fundição.
"E para que, ao erguerem os olhos ao céu e virem o sol, a lua e as estrelas, todos os corpos celestes, vocês não se desviem e se prostrem diante deles, e prestem culto àquilo que o Senhor, o seu Deus, distribuiu a todos os povos debaixo do céu.
A vocês, o Senhor tomou e os tirou da fornalha de fundir ferro, do Egito, para serem o povo de sua herança, como hoje se pode ver" (Dt 4.19-20) NVI). Reverenciar os elementos da natureza como a lua e o sol. De modo estendido podemos colocar aqui a questão da astrologia, que era uma religião oficial na Babilônia, e que influenciou a cultura judaica, ao ponto de ser mencionada como um dos pecados pelos quais foram castigos com o Cativeiro Babilônico (2 Rs 17.16).O
horóscopo é uma versão comercial e popular da astrologia babilônica.
Ez 14.1-11 – Os
ídolos dentro do coração, ou seja, mesmo quando a idolatria não se expressava
externamente.
II – AS PROIBIÇÕES DO NOVO TESTAMETNO
Paulo
mostra que o caráter da verdadeira divindade nada tem a ver com aquilo que é
visível e manipulável como ouro, prata ou pedra (At 17.29), desse modo, todos
são chamados a fugir da idolatria e converter-se ao Deus vivo: “pois eles mesmos
relatam de que maneira vocês nos receberam, como se voltaram para Deus,
deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro” (1
Ts 1.9).
III – AVERSÃO POSITIVA NO A. T e N. T.
Podemos
entender a versão positiva como:
·
Em Cristo nos é dada
a perfeita imagem de Deus.
·
Deus se revela por
meio da fiel pregação de Sua Palavra.
·
Através do Espírito
Santo o SENHOR se aproxima de nós de modo que nos comunicamos com Ele (Jo
4.24; 14.17).
·
Deixar o ídolo e
converter-se (1 Ts 1.9, 10).
·
As nossas atitudes
referentes à santificação e entendimentos acerca da pessoa de Deus é um modo
prático de se cumprir o segundo mandamento (Dt 4.20).
IV – CONTEXTUALIZADNO O SEGUNDO MANDAMENTO
O
que de fato proíbe: adorar a Deus através de imagem visível,
cultuar a Deus de modo não prescrito na Palavra, pois ao fazê-lo
estaremos mediando a forma de adorá-lo de modo ilícito, comparando a criação
com o Criador.
O
que é permitido: ter ou admirar
imagens bíblicas com fins meramente artísticos ou pedagógicos.
V – O SEGUNDO MANDAMENTO E O CULTO PÚBLICO AO SENHOR
A
forma como Israel deveria adorar a Deus, todo o seu serviço religioso, está
minuciosamente detalhado nos livros de Êxodo, Levítico e Números.
O SENHOR não aceita qualquer culto: Rejeitou a adoração de Caim em Gn 4.3-5. Em I Jo 3.11-15 vemos que Caim não estava em condição de cultuar a Deus porque odiava a seu irmão.
Determinação
de tempo específico para cultuá-lo, para centrar-se na adoração, estabeleceu o
sábado como um momento de descanso (Ex 20.11) das ocupações diárias.
A adoração no Antigo Testamento era
expressa
Tempos
designados eram considerados centrais na expressão de adoração a Deus (Nm
29.39), isto porque eventos passados nos quais Deus havia manifestado a Sua
glória jamais deveriam ser esquecidos.
O derramamento de sangue nos
sacrifícios, a oferta pelo pecado, etc, tudo isso prefigurava a obra de Cristo.
O
culto a Deus por meio das festas solenes, dos sacrifícios, dos rituais em geral
deveria seguir aquilo por ele ordenado,
o que aponta o princípio de que a adoração no culto público deve seguir um
princípio regulador.
Em Lv 10.1, 2 vemos que os filhos de
Arão, Nadab e Abiu foram mortos pelo Senhor porque se atreveram a oferecer fogo
estranho ao Senhor, quando o correto seria agir como se encontra em Lv 16.12.
Em Deuteronômio 12.32 é ordenado ao
povo de Israel de forma clara a não acrescentarem ou diminuírem nada à sua
forma de cultuar ao Senhor. E II Sm 6.3-4, 6-7 relata a morte de Uzá por ter se
atrevido a tocar na arca do Senhor, ainda que sua intenção tenha sido boa, mas
a sua atitude foi errada. Há outros textos no Antigo Testamento que vai nos
mostrar a proibição divina de agir fora daquilo que foi ordenado para o culto.
O culto no Novo Testamento era realizado de forma simples e de modo que todos
pudessem participar.
Elementos do culto do
N. T:
"Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja" (1 Co 14.26 NVI).
a) Ofertas: Cada
um contribuía conforme o Espírito Santo lhe concedesse: "
b) Leitura bíblica:
havia a leitura de salmos
c) Cânticos:
entoavam hinos e cânticos espirituais;
d) Doutrina,
palavra de instrução ou pregação da Palavra.
e) Revelação: alguns
traziam revelação, pois a Bíblia ainda não estava escrita por completo.
f) Os que falavam em línguas tinham essas línguas interpretadas por outros
irmãos (I Co 14.26; Ef 5.19).
Tudo
o que era realizado no culto público na igreja do período apostólico tinha o
objetivo da edificação, desse modo o apóstolo Paulo é bastante duro quanto à
falta de ordem no culto na igreja dos coríntios no que tange ao uso dos dons
espirituais (I Co 12 – 14).
I
Co 11.17-34 - A Ceia do Senhor era
um momento especial, pois tratava-se da participação no corpo e no sangue de
Cristo (I Co 10.16), e era realizada como sendo uma reunião secreta, apenas
para os membros da igreja. O apóstolo Paulo enfatizou que estava faltando a
eles a falta de discernimento espiritual quanto à obra de Cristo, por isso
havia os excessos que ele condenou como pecaminosos.
O fato mais importante sobre o culto
no Novo Testamento é que ele centralizava-se em Cristo.
Em Hb 10.25 fica exposto que já
naquela época alguns irmãos encontravam-se negligentes quanto à importância de
estarem congregando.
O
CULTO TEM QUE SER TEOCÊNTRICO/CRISTOCÊNTRICO, em todos os seus elementos:
Música
DEVEMOS
CANTAR NO CULTO o que glorifica ao SENHOR, o que fale do seu amor, da Sua obra,
que de fato seja de adoração. Há muitas canções cristãs que podem ser bonitas, mas
não adequadas para o culto público.
Há
4 tipos básicos de canções e hinos de adoração e que podemos cantar nos cultos:
(1) aquelas cuja lírica (a letra, as
palavras) é dirigida ao Senhor ou são direto louvor a Deus;
(2) aquelas que são meditativas e que refletem sobre Deus;
(3) aquelas que são um testemunho a respeito de Deus; e
(4) aquelas que são orações a Deus.
Ações
No
culto ao SENHOR não temos o direito de fazer nada em que Deus não seja
glorificado e a igreja edificada. Culto não é momento de lazer, não é
espetáculo.
O que pode? Apenas o que está prescrito: louvor, ofertas, oração,
pregação.
O
que não pode: unção de objetos, beber
água consagrada, exorcismo como elemento litúrgico, cantores se exibindo como
se fosse show, etc.
Pregação
Necessariamente
bíblica, ou seja, exposição das Escrituras.
Oração
Intercessão,
confissão, exaltação, gratidão.
Ofertas
Como
um ato de adoração.
Conclusão
Que
você possa adorar a Deus em Espírito em verdade (Jo 4.24). Em espírito porque tal adoração transcende o limite do físico. O
que determina a adoração não é o tempo sacro, não são dias santos, mas a
própria vida redimida nos afazeres do cotidiano será louvor a Deus. Assim
sendo, as atividades mais simples se vivenciadas de forma que glorifique ao
Senhor poderão também ser atos de culto a Deus.
Em verdade porque a adoração aceita pelo Senhor não é destituída da
verdade por Ele revelada.
Que
Sua vida seja adoração e que ela se expresse no ajuntamento solene também.
“O culto cristão é o ato mais importante, mais relevante, mais glorioso
na vida do homem.” (Karl Barth)
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