Êxodo 20.4; Dt 5.8 - O SEGUNDO MANDAMENTO: COMO DEVEMOS CULTUAR A DEUS



"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20:4). 

 

Introdução

 

Há uma grande semelhança entre o primeiro e o segundo mandamentos, entretanto também uma diferença fundamental. Nas colocações de Calvino:

O primeiro precede, de fato, a ordem, a saber, que os crentes devem se contentar com um Deus; mas não seria suficiente sermos instruídos a adorá-lo sozinhos, a menos que também soubéssemos a maneira pela qual Ele seria adorado. A soma é que a adoração a Deus deve ser espiritual, a fim de corresponder à Sua natureza

Em outras palavras, este mandamento trata da forma como devemos cultuar a Deus. Nessa perspectiva gostaria que você guardasse inicialmente a seguinte afirmação: “Nem tudo que está na Bíblia deve estar no culto, mas tudo que o que estiver no culto tem que está na Bíblia”. Os reformados têm o termo técnico para isso: “Princípio Regulador do Culto”.

Vejamos o segundo mandamento na estrutura que temos adotado: as proibições do Antigo e Novo Testamentos e seu o caráter positivo em ambos os testamentos buscando contemporanizar à realidade atual.

 

 

I – AS PROIBIÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

 

Êx 34.17; Dt 27.15 - “Maldito quem esculpir uma imagem ou fizer um ídolo fundido, obra de artesãos, detestável ao Senhor, e levantá-lo secretamente”. Todo o povo dirá: “Amém! “ – Não faça ídolos de metal para você. Construir imagens através do processo de fundição.

"E para que, ao erguerem os olhos ao céu e virem o sol, a lua e as estrelas, todos os corpos celestes, vocês não se desviem e se prostrem diante deles, e prestem culto àquilo que o Senhor, o seu Deus, distribuiu a todos os povos debaixo do céu.

A vocês, o Senhor tomou e os tirou da fornalha de fundir ferro, do Egito, para serem o povo de sua herança, como hoje se pode ver" (Dt 4.19-20) NVI). Reverenciar os elementos da natureza como a lua e o sol. De modo estendido podemos colocar aqui a questão da astrologia, que era uma religião oficial na Babilônia, e que influenciou a cultura judaica, ao ponto de ser mencionada como um dos pecados pelos quais foram castigos com o Cativeiro Babilônico (2 Rs 17.16).

O horóscopo é uma versão comercial e popular da astrologia babilônica.

Ez 14.1-11 – Os ídolos dentro do coração, ou seja, mesmo quando a idolatria não se expressava externamente.

 

 

II – AS PROIBIÇÕES DO NOVO TESTAMETNO

 

Paulo mostra que o caráter da verdadeira divindade nada tem a ver com aquilo que é visível e manipulável como ouro, prata ou pedra (At 17.29), desse modo, todos são chamados a fugir da idolatria e converter-se ao Deus vivo: pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro(1 Ts 1.9).

 

 

III – AVERSÃO POSITIVA NO A. T e N. T.

 

Podemos entender a versão positiva como:

·         Em Cristo nos é dada a perfeita imagem de Deus.

·         Deus se revela por meio da fiel pregação de Sua Palavra.

·         Através do Espírito Santo o SENHOR se aproxima de nós de modo que nos comunicamos com Ele (Jo 4.24;  14.17).

·         Deixar o ídolo e converter-se (1 Ts 1.9, 10).

·         As nossas atitudes referentes à santificação e entendimentos acerca da pessoa de Deus é um modo prático de se cumprir o segundo mandamento (Dt 4.20).

 

 

IV – CONTEXTUALIZADNO O SEGUNDO MANDAMENTO

 

O que de fato proíbe: adorar a Deus através de imagem visível, cultuar a Deus de modo não prescrito na Palavra, pois ao fazê-lo estaremos mediando a forma de adorá-lo de modo ilícito, comparando a criação com o Criador.

O que é permitido: ter ou admirar imagens bíblicas com fins meramente artísticos ou pedagógicos.

 

 

V – O SEGUNDO MANDAMENTO E O CULTO PÚBLICO AO SENHOR

 

A forma como Israel deveria adorar a Deus, todo o seu serviço religioso, está minuciosamente detalhado nos livros de Êxodo, Levítico e Números.

O SENHOR não aceita qualquer culto: Rejeitou a adoração de Caim em Gn 4.3-5. Em I Jo 3.11-15 vemos que Caim não estava em condição de cultuar a Deus porque odiava a seu irmão.

Determinação de tempo específico para cultuá-lo, para centrar-se na adoração, estabeleceu o sábado como um momento de descanso (Ex 20.11) das ocupações diárias.

          A adoração no Antigo Testamento era expressa em rituais. Havia sacrifício diário (Nm 28.1-8). Todo o sistema sacrificial tinha o propósito de apontar para o Messias que havia de vir. Como explica o escritor da Epístola aos Hebreus o sacrifício não expiava o pecado, “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10.4).

Tempos designados eram considerados centrais na expressão de adoração a Deus (Nm 29.39), isto porque eventos passados nos quais Deus havia manifestado a Sua glória jamais deveriam ser esquecidos.

          O derramamento de sangue nos sacrifícios, a oferta pelo pecado, etc, tudo isso prefigurava a obra de Cristo.

O culto a Deus por meio das festas solenes, dos sacrifícios, dos rituais em geral deveria seguir aquilo por ele ordenado, o que aponta o princípio de que a adoração no culto público deve seguir um princípio regulador.

          Em Lv 10.1, 2 vemos que os filhos de Arão, Nadab e Abiu foram mortos pelo Senhor porque se atreveram a oferecer fogo estranho ao Senhor, quando o correto seria agir como se encontra em Lv 16.12.

          Em Deuteronômio 12.32 é ordenado ao povo de Israel de forma clara a não acrescentarem ou diminuírem nada à sua forma de cultuar ao Senhor. E II Sm 6.3-4, 6-7 relata a morte de Uzá por ter se atrevido a tocar na arca do Senhor, ainda que sua intenção tenha sido boa, mas a sua atitude foi errada. Há outros textos no Antigo Testamento que vai nos mostrar a proibição divina de agir fora daquilo que foi ordenado para o culto.

 

O culto no Novo Testamento era realizado de forma simples e de modo que todos pudessem participar.

Elementos do culto do N. T:

"Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja" (1 Co 14.26 NVI).

a) Ofertas: Cada um contribuía conforme o Espírito Santo lhe concedesse: "Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria" (2 Co 9.7).

b) Leitura bíblica: havia a leitura de salmos

c) Cânticos: entoavam hinos e cânticos espirituais;

d) Doutrina, palavra de instrução ou pregação da Palavra.

e) Revelação: alguns traziam revelação, pois a Bíblia ainda não estava escrita por completo.

f) Os que falavam em línguas tinham essas línguas interpretadas por outros irmãos (I Co 14.26; Ef 5.19).

Tudo o que era realizado no culto público na igreja do período apostólico tinha o objetivo da edificação, desse modo o apóstolo Paulo é bastante duro quanto à falta de ordem no culto na igreja dos coríntios no que tange ao uso dos dons espirituais (I Co 12 – 14). 

I Co 11.17-34 - A Ceia do Senhor era um momento especial, pois tratava-se da participação no corpo e no sangue de Cristo (I Co 10.16), e era realizada como sendo uma reunião secreta, apenas para os membros da igreja. O apóstolo Paulo enfatizou que estava faltando a eles a falta de discernimento espiritual quanto à obra de Cristo, por isso havia os excessos que ele condenou como pecaminosos.

          O fato mais importante sobre o culto no Novo Testamento é que ele centralizava-se em Cristo.

          Em Hb 10.25 fica exposto que já naquela época alguns irmãos encontravam-se negligentes quanto à importância de estarem congregando.

 

O CULTO TEM QUE SER TEOCÊNTRICO/CRISTOCÊNTRICO, em todos os seus elementos:

Música

DEVEMOS CANTAR NO CULTO o que glorifica ao SENHOR, o que fale do seu amor, da Sua obra, que de fato seja de adoração. Há muitas canções cristãs que podem ser bonitas, mas não adequadas para o culto público.

Há 4 tipos básicos de canções e hinos de adoração e que podemos cantar nos cultos:

(1) aquelas cuja lírica (a letra, as palavras) é dirigida ao Senhor ou são direto louvor a Deus;

(2) aquelas que são meditativas e que refletem sobre Deus;

(3) aquelas que são um testemunho a respeito de Deus; e

(4) aquelas que são orações a Deus.

Ações

No culto ao SENHOR não temos o direito de fazer nada em que Deus não seja glorificado e a igreja edificada. Culto não é momento de lazer, não é espetáculo.

O que pode? Apenas o que está prescrito: louvor, ofertas, oração, pregação.

O que não pode: unção de objetos, beber água consagrada, exorcismo como elemento litúrgico, cantores se exibindo como se fosse show, etc.

Pregação

Necessariamente bíblica, ou seja, exposição das Escrituras.

Oração

Intercessão, confissão, exaltação, gratidão.

Ofertas

Como um ato de adoração.

 

 

Conclusão

 

Que você possa adorar a Deus em Espírito em verdade (Jo 4.24). Em espírito porque tal adoração transcende o limite do físico. O que determina a adoração não é o tempo sacro, não são dias santos, mas a própria vida redimida nos afazeres do cotidiano será louvor a Deus. Assim sendo, as atividades mais simples se vivenciadas de forma que glorifique ao Senhor poderão também ser atos de culto a Deus.

Em verdade porque a adoração aceita pelo Senhor não é destituída da verdade por Ele revelada.

Que Sua vida seja adoração e que ela se expresse no ajuntamento solene também.

“O culto cristão é o ato mais importante, mais relevante, mais glorioso na vida do homem.” (Karl Barth)


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