A interpretação dos textos a
esse respeito é muito controversa e complexa, mas a primeira dificuldade para a
compreensão correta é entender o que de fato Jesus ensinou. As palavras do
apóstolo Paulo são mais claras de serem compreendidas.
Em Mateus 5.31-32
encontramos que: Aquele que repudiar a sua mulher dê-lhe carta de divórcio. E
não se poderia casar com mulher divorciada. Aparentemente nesse texto o novo
casamento está excluído. Contudo, observa-se que Jesus está falando para os homens judeus, sim, apenas para os
elementos do sexo masculino que naquele contexto estavam vivendo uma
facilitação da interpretação da Lei apregoada pelo rabino Hilel de que se
poderia separar-se da esposa por qualquer motivo que o marido se desagradasse
dela. Jesus é taxativo, mas por um motivo bem específico exigido pelo momento
em que ele foi inquirido. Então, Jesus só admite o divórcio por causa relação
sexual ilícita, ou seja, infidelidade conjugal. O ideal divino é o perdão e a
reconciliação, observa-se que no texto trata-se de uma permissão, não de uma
ordem de Jesus para o casal. A Bíblia diz que Deus odeia o divórcio (Ml
2.14-16). Mas, infelizmente nem sempre o ideal divino é a realidade vivida por
nós pecadores. O que fazer então uma vez divorciados, permanecer sozinho(a) ou
vivenciar um segundo casamento?
O segundo texto nessa
questão é 1 Coríntios 7.10-12, apenas evitando a prolixidade, pois o assunto é
muito extenso. Paulo diz de modo claro que uma vez separado não deve haver um
segundo casamento, isto corrobora com as palavras de Jesus, que um segundo
casamento é adultério. Duas observações: Primeira, Paula fala para um contexto
diferente do de Jesus, no contexto paulino mulheres estavam se separando de
seus maridos, influenciadas pela cultura greco-romana, Paulo está a combater a
leviandade da separação por quaisquer motivos que não seja o permitido por
Jesus, relações sexuais ilícitas. A segunda observação é quanto às palavras de
Jesus em Mateus, a exceção apresentada por ele: “exceto em caso de relações
sexuais ilícitas” é válida tanto para a primeira quanto para a segunda parte do
versículo, ou seja, peca quem se separar sem ser por causa do adultério, e peca
quem se casa novamente com alguém que se separou levianamente sem ter sido por
causa de adultério. Assim, 1 Coríntios 7 permite novo casamento e não está
contradizendo Mateus 5. Logo, quem se casa com alguém que se divorciou por
razões legítimas não está pecando.
Considerando brevemente o
texto de 1 Co 7:
V. 15 - Separação por incompatibilidade de
fé, ou seja, quando o descrente não viver com o crente. Paulo diz que este não
está mais sujeito a servidão, ou seja, está livre para casar novamente.
V. 28 – Paulo diz que na eventual situação de
separado, quem casa novamente não peca.
V. 39 – Possibilidade de novo casamento
diante da viuvez.
Concluímos que a vontade
expressa do Senhor é que o casamento seja para toda a vida, e casamento em sua
essência ordenada por Deus como fonte de alegria, felicidade, prazer, harmonia
e aliança de propósitos em qualquer circunstância. Entretanto, somos pecadores,
e eventualmente ocorrerá situação em que o divórcio é uma saída humana de uma
situação de sofrimento. Para aqueles que receberam a graça do Senhor de
permanecer sem casamento e assim escolher, conseguindo vivenciar santidade na
vida apesar de sua condição de estar só, tudo bem, são pouquíssimos inclusive.
Para a grande maioria prevalecem as necessidades humanas de companheirismo, sexo,
ter filhos... Assim como os solteiros vivenciam essa realidade, os divorciados
de igual modo. Seria muito sufocante para nós e fonte de grande sofrimento,
angústia, tristeza, permanecer sozinhos contrariando nossos desejos e
sentimentos. O jugo de Jesus não é pesado, é leve (Mt 11.28-30). O novo
casamento não apenas é conveniente, mas é bíblico, haverá opiniões contrárias,
mas que nosso coração possa estar em paz, sabendo que o Senhor é compassivo e
conhecedor de nossos limites e necessidades.
Bibliografia
DAMOSO,
Leonardo. Casamento, divórcio e novo
casamento - 2/3. Disponível em: https://bereianos.blogspot.com.br/2015/06/casamento-divorcio-e-novo-casamento-23.html. Acesso em: 01 jul
2016.
ADAMS,
Jay E. Casamento, divórcio e novo
casamento: novo exame do que a Bíblia ensina. São Paulo, SP: Publicações
Evangélicas Selecionadas, 2012.
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