Por Rivaldo Constantino dos Santos
1. Introdução
1.1
O termo puritano hoje e ontem.
Atualmente se alguém diz que fulano
é um Puritano talvez para alguns venha à mente uma conotação negativa. A ideia
que alguns fazem de um Puritano é de alguém extremamente rígido beirando ao
farisaísmo. Tanto no passado como no presente a palavra “puritano” não parece
ser muito atrativa.
Segundo Errol Hulse essa expressão
parece ter sido usada inicialmente associada à congregações de anabatistas em
Londres no ano de 1568 (Hulse, 2004). Aqueles que não eram meramente crentes
nominais foram apelidados de puritanos.
Mas esta palavra foi usada também de
um modo pejorativo como para identificar aquelas pessoa pessoas piedosas como
um “estraga prazeres”. Assim sendo desde cedo, assumiu ares de escarnecimento.
Dentre tantas definições de quem
eram os Puritanos observemos esta:
Pessoas
preocupadas com a reforma mais plena da Igreja da Inglaterra na época de
Elizabete e dos Stuarts em virtude de sua experiência religiosa particular e do
seu compromisso com a teologia reformada (I. Breward). (Puritanos e Assembleia de Westminster. Alderi Souza de Matos).
1.2 O
puritanismo na Inglaterra e o puritanismo nos estados Unidos.
Os Puritanos da Inglaterra são
aqueles grupos que estiveram presentes na Inglaterra, apesar dos problemas com
a igreja nacional. Muitos puritanos por sua vez emigraram para as colônias da
Nova Inglaterra, no atual Estados Unidos da América. Era a época do Rei Carlos
I, na Inglaterra, que embora chefe da igreja inglesa, era secretamente um
católico romano. Ele foi quem nomeou o Arcebispo de Cantuária, o Arcebispo
Laud, indivíduo tremendamente preconceituoso contra os Puritanos. Os Puritanos
que emigraram para América do Norte estavam fugindo da perseguição do Arcebispo
Laud. Chegando lá fundaram em 1620 a Colônia de Plymouth, em Massachusetts.
2. A história dos puritanos
2.1
Os antecedentes dos puritanos.
O puritanismo é uma mentalidade ou atitude
religiosa que começou cedo na história da Inglaterra.
Desde o século 14, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas.
Começou com o “pré-reformador” João Wycliffe e os seus seguidores, os lolardos. Publicação da primeira Bíblia Inglesa completa em 1384, na época do “Grande Cisma”.
Wycliffe afirmou a autoridade suprema das Escrituras, definiu a igreja verdadeira como o conjunto dos eleitos, questionou o papado e a transubstanciação.
O protestantismo inglês sofreu a influência de Lutero e especialmente da teologia reformada continental, a Reforma Suíça de Zurique (Zuínglio, Bullinger) e Genebra(Calvino, Beza).
Começou com o trabalho teológico da primeira geração de reformadores ingleses, influenciados pela Reforma Suíça. Ênfases: colocação da verdade antes da tradição e da autoridade; insistência na liberdade de servir a Deus da maneira que se julgava mais acertada (ver Lloyd-Jones, O puritanismo e suas origens).
William Tyndale (†1536) – compromisso com as Escrituras, ênfase na teologia do
pacto. Tradutor da Bíblia - NT (1525); cruelmente perseguido; estrangulado e
queimado em Antuérpia, na Bélgica.Desde o século 14, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas.
Começou com o “pré-reformador” João Wycliffe e os seus seguidores, os lolardos. Publicação da primeira Bíblia Inglesa completa em 1384, na época do “Grande Cisma”.
Wycliffe afirmou a autoridade suprema das Escrituras, definiu a igreja verdadeira como o conjunto dos eleitos, questionou o papado e a transubstanciação.
O protestantismo inglês sofreu a influência de Lutero e especialmente da teologia reformada continental, a Reforma Suíça de Zurique (Zuínglio, Bullinger) e Genebra(Calvino, Beza).
Começou com o trabalho teológico da primeira geração de reformadores ingleses, influenciados pela Reforma Suíça. Ênfases: colocação da verdade antes da tradição e da autoridade; insistência na liberdade de servir a Deus da maneira que se julgava mais acertada (ver Lloyd-Jones, O puritanismo e suas origens).
John Hooper (†1555) – as Escrituras devem regular a estrutura eclesiástica e o comportamento pessoal.
John Knox (†1572) – reforma completa da igreja e do estado. (Puritanos e
Assembleia de Westminster. Alderi Souza
de Matos)
2.2. Contexto histórico
(a) Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana, uma igreja nacional inglesa de orientação nitidamente católica. Em 1539, impôs os Seis Artigos, com severas punições para os transgressores (“o açoite sangrento de seis cordas”). Incluíam a transubstanciação, a comunhão em uma só espécie, o celibato clerical, votos de castidade para leigos, missas particulares, confissão auricular, etc.
Duas reações dos protestantes: conformação – por exemplo, o arcebispo Thomas Cranmer a princípio de opôs, mas depois se submeteu e separou-se da esposa; protesto – Miles Coverdale, John Hooper e outros, que tiveram de fugir do país e foram para a Suíça. Sob a influência continental, começaram a se opor ao cerimonialismo religioso.
(b) Eduardo VI (1547-1553) – nessa época, a influência dos partidários de uma reforma profunda da igreja inglesa se tornou mais forte. John Hooper dispôs-se a aceitar um bispado que lhe foi oferecido, mas não a ser investido no ofício do modo prescrito, com o uso das vestes litúrgicas. Acabou sendo lançado na prisão por algum tempo. Foi o primeiro a expor claramente o argumento acerca das vestes. Não eram coisas indiferentes, e sim resquícios do catolicismo. Começa a surgir uma nítida distinção entre anglicanismo e puritanismo.
(c) Maria I (1553-1558) – tentou restaurar a Igreja Católica na Inglaterra e perseguiu os líderes protestantes. Muitos foram executados – Hugh Latimer (†1555), Nicholas Ridley (†1555) e Thomas Cranmer (†1556) – mártires marianos. Outros fugiram para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), entre eles John Knox e William Whittingham, o principal responsável pela Bíblia de Genebra. Nesse período surgiram em Londres as primeiras igrejas independentes.
(d) Elizabete I (1558-1603) – inicialmente esperançosos, os puritanos se decepcionaram amargamente. A rainha insistiu em controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias. A mesma divisão anterior se manifestou entre os líderes imbuídos de convicções protestantes – alguns, como Matthew Parker, Richard Cox, Edmund Grindal e John Jewel, protestaram no início, mas acabaram acomodando-se ao status quo. Aceitaram bispados e outras posições eclesiásticas sob o argumento de que, se recusassem esses ofícios, Elizabete nomearia católicos romanos em lugar deles. Outros, como Thomas Sampson, Miles Coverdale, John Foxe e Lawrence Humphrey, desafiaram a rainha.
- Os puritanos surgem com esse nome no contexto da “Controvérsia das Vestimentas” (1563-1567) – protesto contra vestimentas clericais (propunham o uso de togas genebrinas) e cerimônias como ajoelhar-se à Ceia do Senhor, dias santos e sinal da cruz no batismo. Nas décadas seguintes, intensificaram-se as medidas disciplinares da igreja e do estado contra os puritanos estritos (“não-conformistas”). Cristalizou-se o anglicanismo clássico, cujo principal teórico foi Richard Hooker, com sua obra Leis de Política Eclesiástica (1593). Em 1593 foi aprovado o rigoroso “Ato contra os Puritanos”.
(e) Tiago I (1603-1625) – esse rei havia recebido uma educação calvinista na Escócia, o que encheu de esperanças os puritanos. Eles lhe apresentaram a Petição Milenária, que foi totalmente rejeitada na Conferência de Hampton Court (1604). Alguns puritanos se desligaram inteiramente da Igreja da Inglaterra, entre eles um grupo que foi para a Holanda e depois para a América, fundando em 1620 a Colônia de Plymouth, em Massachusetts.
(f) Carlos I (1625-1649) – esse rei manteve a política de repressão contra os puritanos, o que levou um grupo não-separatista a ir para Massachusetts em 1630. No final do seu reinado, entrou em guerra contra os presbiterianos escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes eram maioria no Parlamento e convocaram a Assembléia de Westminster (1643-49), que elaborou os famosos e influentes documentos da fé reformada.
Infelizmente, os puritanos não formavam um movimento coeso. Estavam divididos principalmente no que se refere à forma de governo da igreja. Existiam vários grupos: presbiterianos, congregacionais, episcopais, batistas. Alguns eram separatistas e outros não-separatistas, como os “independentes” (congregacionais moderados). A Guerra Civil terminou com a derrota e execução do rei.
(g) Oliver Cromwell – congregacional, líder das forças parlamentares que derrotaram o rei Carlos I. Tornou-se o “Lorde Protetor” da Inglaterra. Durante o Protetorado ou Comunidade Puritana (1649-1658), a Igreja da Inglaterra foi inicialmente presbiteriana e depois congregacional. Todavia, as rivalidades religiosas levaram ao restabelecimento da monarquia – a Restauração.
(a) Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana, uma igreja nacional inglesa de orientação nitidamente católica. Em 1539, impôs os Seis Artigos, com severas punições para os transgressores (“o açoite sangrento de seis cordas”). Incluíam a transubstanciação, a comunhão em uma só espécie, o celibato clerical, votos de castidade para leigos, missas particulares, confissão auricular, etc.
Duas reações dos protestantes: conformação – por exemplo, o arcebispo Thomas Cranmer a princípio de opôs, mas depois se submeteu e separou-se da esposa; protesto – Miles Coverdale, John Hooper e outros, que tiveram de fugir do país e foram para a Suíça. Sob a influência continental, começaram a se opor ao cerimonialismo religioso.
(b) Eduardo VI (1547-1553) – nessa época, a influência dos partidários de uma reforma profunda da igreja inglesa se tornou mais forte. John Hooper dispôs-se a aceitar um bispado que lhe foi oferecido, mas não a ser investido no ofício do modo prescrito, com o uso das vestes litúrgicas. Acabou sendo lançado na prisão por algum tempo. Foi o primeiro a expor claramente o argumento acerca das vestes. Não eram coisas indiferentes, e sim resquícios do catolicismo. Começa a surgir uma nítida distinção entre anglicanismo e puritanismo.
(c) Maria I (1553-1558) – tentou restaurar a Igreja Católica na Inglaterra e perseguiu os líderes protestantes. Muitos foram executados – Hugh Latimer (†1555), Nicholas Ridley (†1555) e Thomas Cranmer (†1556) – mártires marianos. Outros fugiram para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), entre eles John Knox e William Whittingham, o principal responsável pela Bíblia de Genebra. Nesse período surgiram em Londres as primeiras igrejas independentes.
(d) Elizabete I (1558-1603) – inicialmente esperançosos, os puritanos se decepcionaram amargamente. A rainha insistiu em controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias. A mesma divisão anterior se manifestou entre os líderes imbuídos de convicções protestantes – alguns, como Matthew Parker, Richard Cox, Edmund Grindal e John Jewel, protestaram no início, mas acabaram acomodando-se ao status quo. Aceitaram bispados e outras posições eclesiásticas sob o argumento de que, se recusassem esses ofícios, Elizabete nomearia católicos romanos em lugar deles. Outros, como Thomas Sampson, Miles Coverdale, John Foxe e Lawrence Humphrey, desafiaram a rainha.
- Os puritanos surgem com esse nome no contexto da “Controvérsia das Vestimentas” (1563-1567) – protesto contra vestimentas clericais (propunham o uso de togas genebrinas) e cerimônias como ajoelhar-se à Ceia do Senhor, dias santos e sinal da cruz no batismo. Nas décadas seguintes, intensificaram-se as medidas disciplinares da igreja e do estado contra os puritanos estritos (“não-conformistas”). Cristalizou-se o anglicanismo clássico, cujo principal teórico foi Richard Hooker, com sua obra Leis de Política Eclesiástica (1593). Em 1593 foi aprovado o rigoroso “Ato contra os Puritanos”.
(e) Tiago I (1603-1625) – esse rei havia recebido uma educação calvinista na Escócia, o que encheu de esperanças os puritanos. Eles lhe apresentaram a Petição Milenária, que foi totalmente rejeitada na Conferência de Hampton Court (1604). Alguns puritanos se desligaram inteiramente da Igreja da Inglaterra, entre eles um grupo que foi para a Holanda e depois para a América, fundando em 1620 a Colônia de Plymouth, em Massachusetts.
(f) Carlos I (1625-1649) – esse rei manteve a política de repressão contra os puritanos, o que levou um grupo não-separatista a ir para Massachusetts em 1630. No final do seu reinado, entrou em guerra contra os presbiterianos escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes eram maioria no Parlamento e convocaram a Assembléia de Westminster (1643-49), que elaborou os famosos e influentes documentos da fé reformada.
Infelizmente, os puritanos não formavam um movimento coeso. Estavam divididos principalmente no que se refere à forma de governo da igreja. Existiam vários grupos: presbiterianos, congregacionais, episcopais, batistas. Alguns eram separatistas e outros não-separatistas, como os “independentes” (congregacionais moderados). A Guerra Civil terminou com a derrota e execução do rei.
(g) Oliver Cromwell – congregacional, líder das forças parlamentares que derrotaram o rei Carlos I. Tornou-se o “Lorde Protetor” da Inglaterra. Durante o Protetorado ou Comunidade Puritana (1649-1658), a Igreja da Inglaterra foi inicialmente presbiteriana e depois congregacional. Todavia, as rivalidades religiosas levaram ao restabelecimento da monarquia – a Restauração.
(h) Carlos II (1660-1685) - expulsou cerca de 2000 ministros puritanos da Igreja da Inglaterra. A Grande Expulsão (1662) marcou o fim do puritanismo anglicano. Embora perseguidos, sobreviveram como dissidentes (“dissenters”) fora da igreja estatal e eventualmente criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas.
(i) Tiago II (1685-1689) – tentou restaurar o catolicismo, mas foi derrotado pelo holandês Guilherme de Orange, esposo de sua filha Maria – a Revolução Gloriosa.
(j) Guilherme e Maria (1689-1702) – mediante um decreto, foi concedida tolerância aos “dissenters” (presbiterianos, congregacionais e batistas), cerca de um décimo da população. A essa altura, os melhores dias do puritanismo já haviam ficado para trás.
O puritanismo americano foi muito dinâmico e influente por pouco mais de um século, desde os primórdios na Nova Inglaterra (1620) até o Grande Despertamento (1740). Alguns nomes notáveis dessa tradição foram John Cotton, William Bradford, John Winthrop, John Eliot, Thomas Hooker, Cotton Mather e Jonathan Edwards.
Herdeiros recentes da tradição puritana: Charles H. Spurgeon, D. M. Lloyd-Jones, J. I. Packer, James M. Boice e outros. (Puritanos e Assembleia de Westminster. Alderi Souza de Matos)
2.3
A influência de João Calvino.
Na época do reinado de Maria I cerca
de cem refugiados se encontravam em Genebra fugindo do reino de terror daquela
rainha. Esses homens se impressionaram com a forma sistemática e expositiva de
pregar usada por João Calvino. Ao retornarem à Inglaterra quando da ascensão de
Elizabeth estavam ansiosos por uma reforma total da igreja. O que até então não
haveria de acontecer. Mas eles ocuparam cargos elevados naquele período,
portanto eram pessoas de muita influência.
2.4
As fraternidades espirituais (1558 - 1603).
Em 23 de novembro de 1558 a rainha
Elizabeth assume o trono em Londres. Há um progresso na reforma da igreja, pois
sua administração era moderadamente protestante. No entanto, ela não favoreceu aqueles
que foram influenciados pela reforma em Genebra. O papa excomungou a rainha
Elizabeth em 1570, por conta disso a oposição a Roma na Inglaterra ficou
fortalecida. Em 1588, A Espanha, uma nação católica tentou invadir a
Inglaterra, mas sua poderosa Armada foi derrotada.
Foi nessa época, entre de 1580 a
1590 que as fraternidades de pastores piedosos não aceitaram a imposição por parte
da rasinha Elizabeth do Ato de Supremacia e Uniformidade, e o novo Livro de
Oração Comum. O Ato de Supremacia declarava Elizabeth como Líder Suprema da Igreja
da Inglaterra. Juntado forças a eles, muitos bispos não se conformaram,
inclusive, foram contra o uso da sobrecapa, indumentária usada na igreja
romana. Considera-se o inicio do movimento puritano com essas fraternidades. As
principais foram lideradas por Richard Greenham (1531-1591), Richard Rogers
(1550-1620), William Perkins (1555- 1602) e Laurence Chaderton (1537-1635).
3. Puritanos de renome
John Hooper (1495-1555) – As
Escrituras devem regular a estrutura eclesiástica e o comportamento pessoal.
Homem profundamente preocupado com a ignorância e corrupção do clero. Possuía
uma paixão evangelística e pastoral e zelo pela reforma da igreja. A situação
do clero era de total ignorância das Escrituras. Para se ter uma ideia Hooper
preparou um questionário com as seguintes perguntas: Quantos são os
mandamentos? Onde podem ser encontrados? Você pode mostrar onde se encontra a
Oração do Senhor (Pai-nosso)? Quem é o autor da oração do Pai-nosso? As respostas
foram surpreendentes. De 311 clérigos 9 não souberam quantos mandamentos
existem, 39 não souberam dizer onde está a oração do pai-nosso na Bíblia e 34
não souberam quem era o autor.
John Bradford (1510-1555).
Estudou em Cambridge onde foi influenciado pelo mestre reformador Martin Bucer.
Sua ordenação ocorreu em 1550. Excelente pregador. Foxe o elogia coma as
seguintes palavras: “Com vigor ele expôs
e impugnou o pecado, com doçura ele pregou Cristo crucificado, piedosamente
reprovou heresias e erros, honestamente persuadiu à santidade de vida”
(House, 2004). Pregou sempre sobre arrependimento, sobre o qual também foi o
primeiro a fazer uma exposição escrita como tema central na Inglaterra. Era
constante na prática de oração, desviava-se do pecado, mantinha um diário
devocional. Morreu martirizado em 1555 ao lado de um jovem chamado John Leaf a
quem encorajou com as seguintes palavras: “Console-se
irmão, esta noite teremos um jantar festivo com o Senhor”.
Richard
Sibbes
(1577-1635) – foi estudante e professor em Cambridge
. Exemplificou a síntese
entre profundidade bíblica e sensibilidade pastoral que caracterizou a teologia
puritana no que tinha de melhor. Seus escritos são práticos antes que
sistemáticos e mostram claramente porque as ênfases puritanas foram assimiladas
tão plenamente pelos leigos. Escritos seus como “A Porção do Cristão” e “A
Exaltação de Cristo Comprada por sua Humilhação” revelam
não só uma rica soteriologia, mas profundas percepções sobre a criação e a
encarnação.
John Bunyan
(1628-1688) – após lutar na guerra civil, em 1653 filiou-se a uma igreja
independente em Bedford. Um ou dois anos depois, começou a pregar com boa
aceitação. Foi aprisionado de modo intermitente entre 1660 e 1672, o
que lhe
permitiu escrever sua obra-prima, O Progresso do Peregrino (1678), e outros
escritos. Após 1672, dedicou-se à pregação e ao evangelismo em sua região.
Outras obras famosas de sua lavra são “A Guerra Santa” (1682) e “Graça
Abundante para o Principal dos Pecadores” (1666).
Richard
Baxter (1615-1691) – foi ordenado em 1638 e dois anos depois
rejeitou o episcopalismo. De 1641 a 1660 foi ministro de uma paróquia em
Kidderminster. Após a guerra civil, apoiou a Restauração e tornou-se capelão de
Carlos II. Excluído da Igreja da Inglaterra após o Ato de Uniformidade (1662),
continuou a pregar e foi encarcerado em 1685 e 1686. Tomou parte na deposição
de Tiago II e deu as boas-vindas ao Ato de Tolerância de Guilherme e Maria.
Suas obras incluem O Repouso Eterno dos Santos (1650) e O Pastor Reformado
(1656).
John
Owen
(1616-1683) – ao lado de Baxter, o grande pensador sistemático da tradição
teológica puritana. Educado em Oxford, enfrentou uma longa luta espiritual em
busca da certeza de salvação, que terminou por volta de 1642. Dedicou seus
formidáveis dotes intelectuais à causa parlamentar. Inicialmente presbiteriano,
converteu-se à posição independente através da leitura de John Cotton. Fez uma
vigorosa exposição do calvinismo clássico em Uma Exibição do Arminianismo
(1643). Em A Morte da Morte na Morte de Cristo (1647) fez uma brilhante
apresentação da doutrina da expiação limitada. Até o fim da vida trabalhou por
uma igreja nacional mais abrangente e pela reconciliação dos dissidentes
rivais. (Puritanos e Assembleia de Westminster. Alderi Souza de Matos).
4. Ajuda proveniente dos puritanos
Muito há o que ser dito sobre a
contribuição doutrinária dos puritanos para igreja de Cristo. No entanto iremos
citar brevemente apenas algumas.
4.1
A confissão de Fé de Westminster e a justificação.
Os puritanos deixaram um dos mais
valiosos legados escritos para a igreja que é a Confissão de Fé de Westminster,
adotada como confissão oficial da grande maioria das igrejas presbiterianas. As
igrejas batistas a tomaram como base para fazer a Confissão de Fé Batista de
1689 de Londres e a Igreja Congregacional para a sua Confissão de Savoy.
A importância de uma confissão de fé
está na preservação da sã doutrina. E uma das doutrinas que mais preocupavam os
puritanos era a da justificação. Além de se encontrar uma definição muito clara
de justificação em resposta à pergunta de nº 70 do Catecismo Maior de Westminster
sobre a justificação, eles escreveram bastante a respeito sustentando uma
doutrina da justificação em quatro princípios: 1. A justificação deve ser
mantida no contexto das Escrituras; 2. Depende da fidelidade aos termos
bíblicos; 3. Tem que estar relacionada à vida e 4. A relação entre justificação
e santificação deve ser mantida.
70. Que é justificação?
Justificação é um ato da
livre graça de Deus para com os pecadores, no qual Ele os perdoa, aceita e
considera justas as suas pessoas diante dEle, não por qualquer coisa neles
operada, nem por eles feita mas unicamente pela perfeita obediência e plena
satisfação de Cristo, a eles imputadas por Deus e recebidas só pela fé.
Rom.
3:22-25, e 4:5; 11 Cor. 5:19, 21; Ef. 1:6-7; Rom, 3:24, 25, 28, e 5:17-19, e
4:6-8, e 5:1; At. 10:43. (Catecismo Maior de Westminster).
4.2
A primazia da pregação
Em
primeiro lugar, eles queriam a Reforma total da Igreja segundo as Escrituras.
Eles acreditavam que a melhor forma de se obter isso era através da pregação
expositiva de todo conselho de Deus. Acreditavam que, se a pregação viesse
através da exposição dos livros da Bíblia, uma reforma sobrenatural aconteceria
como resultado. Para tal, era necessário que todas as partes da Bíblia fossem
entendidas, para se dar um caráter equilibrado à reforma. Acreditavam na
necessidade de pregar de forma direta ao coração. Na realidade, a pregação
puritana é mais conhecida como pregação direta. Desejavam falar às pessoas
simples, de forma direta e não rebuscada, e que fosse compreendida. Esse
conceito era muito diferente do que era praticado na Igreja Anglicana daquela época.
A pregação Anglicana daquele tempo era muito florida, rebuscada, com citações
em grego, hebraico e latim. Muitos dos pregadores na Igreja Anglicana pregavam
apenas com o propósito de impressionar os professores das universidades que
estavam presentes. Os Puritanos entendiam que este tipo de pregação era uma
glorificação do pregador ou demonstração de erudição, muito mais do que a
declaração do conselho de Deus. O propósito da pregação não era o de glorificar
o pregador e toda a sua erudição. O propósito do pregador era o de se esconder
atrás do texto o máximo que pudesse para que o Senhor fosse exaltado em toda a
Sua glória e beleza. Assim, os Puritanos pregavam de forma simples e direta em
muitos assuntos, e colocavam grande ênfase na aplicação da Palavra. (A. N. Lopes,
1995).
Os Puritanos acreditavam que a
igreja e a sociedade poderiam ser transformadas pela pregação da Palavra.
Interessante que alguns homens de negócio literalmente sustentaram um grande
número de pregadores puritanos para que continuassem pregando. E os pregadores,
quando não tinham templos onde pregar se dirigiam às feiras-livre e lá
anunciavam a Palavra do Senhor.
4.3 A experiência espiritual
Como era vida a espiritual dos
puritanos em seu cotidiano?
A
única espiritualidade que realmente vem de Deus é a que é consoante ao ensino
da Palavra. Um dito puritano afirmava: “Pregações são como a comida na mesa;
você deve comer, mastigar bem; um sermão bem digerido e sobre o qual você
meditou bem é melhor do que vinte sermões sobre os quais você não meditou”. Os
Puritanos faziam comparação com uma vaca ruminando. Entendemos que uma das
razões da nossa superficialidade, como evangélicos, é que não queremos tirar
tempo para meditar na Palavra de Deus. Os Puritanos eram pessoas tão ocupadas
quanto nós hoje, mas tinham essa prioridade diária de meditar na Palavra, na
verdade. Eles voltavam para casa depois do culto para discutir e conversar a
respeito do sermão com seus filhos.
[...]
os Puritanos instituíram o culto doméstico diário. Isso foi um passo
sociológico muito importante. O Prof. Hill o considera como a “espiritualização
da família”. À medida que a família e a casa eram vistas por esta perspectiva,
se tornavam então, como um outro centro de governo. E à medida que o lar era
visto como tendo esta independência, funcionava como oposição, com o objetivo
de equilibrar aquele governo autoritário que havia. O lar Puritano, então, era
um lugar onde Deus era encontrado em amor, onde os membros da família eram
respeitados como santos, e onde a Palavra de Deus era continuamente ouvida e
difundida.
É
uma grande falsidade que se levanta contra os Puritanos dizer que eram opostos
a qualquer tipo de sexualidade. Se você se dedicar a ler sobre os Puritanos,
vai ver que não é assim. Eles se baseavam no Velho Testamento e nas epístolas
para se deleitarem no dom da sexualidade dado por Deus. (A. N. Lopes, 1995).
5. Seriam os puritanos obstinados e de
mente estreita?
Algumas pessoas já chegaram a acusar
os puritanos de serem pessoas de mente estreita, que não se divertiam,
extremamente rígidas e coisas similares. No livro: “Santos no mundo: os puritanos como eles realmente eram”, de Leland
Ryken, o autor apresenta algumas dessas acusações e as esclarece. Em resumo vejamos
algumas.
*Os puritanos eram contra o sexo. Ridículo.
*Os puritanos opunham-se ao esporte
e à recreação. Em grande medida, falso. Os puritanos
praticavam caça, pesca, jogavam algo parecido com o futebol, gostavam de
leitura, música, natação e arco e flecha. Ou seja, eles tinham seus momentos
lazer.
*Os puritanos eram hostis às artes.
Parcialmente verdadeiro. A confusão se dá por eles terem tirado as músicas e as
artes das igrejas para contrastarem à Igreja Católica Romana. Eles não eram
contra a música e a arte em si.
*Os puritanos eram super-rígidos.
Frequentemente verdadeiro. Na agenda pessoal colegial de Samuel Wards pode ser
encontrado auto-acusações do tipo: “cair no sono sem voltar seu último pensamentos
para Deus”.
*Os puritanos eram legalistas e
moralistas que julgavam as pessoas pelo seu comportamento externo apenas.
Muito falso na maioria dos puritanos originais.
*Os puritanos eram pessoas
ignorantes que se opunham à educação. Absolutamente falso.
Nenhum outro movimento na história da igreja foi mais zeloso pela educação.
6. Conclusão
O valor de nos voltarmos para a
história dos puritanos é de percebemos que eles são extraordinários exemplos de
vida piedosa para a igreja da atualidade. Para os pastores fica o exemplo
motivador de homens como John Owen que possuía elevada capacidade teológica
assim como era profícuo escritor. Tem-se editado hoje 16 volumes sobres suas
obras e mais 7 sobre a Epistola aos Hebreus. Richard Baxter é um exemplo
memorável de zelo pastoral, seu livro “O Pastor Aprovado” é um clássico de
grande valia. Eram todos pregadores excelentes, a exemplo de John Bunyan.
Os puritanos deixam-nos seu precioso
testemunho de santidade e sã doutrina. Um exemplo de vida devocional e oração
consistente. Os puritanos eram bíblicos e equilibrados, são um precioso tesouro
da história da igreja de Cristo. Em suas vidas Cristo foi glorificado.
7. Bibliografia
HULSE, Erroll. Quem foram os puritanos?
...e o que eles ensinaram? Editora PES – Publicações Evangélicas Selecionadas.
1ª edição, 2004.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através
dos séculos: uma história da igreja cristã. Editora Vida Nova, 2ª edição, São
Paulo – SP, 1995.
Acesso em 27 de outubro de 2014 às 00:22
hs.
MATOS, A. S. Puritanos e Assembleia de
Westminster. http://www.mackenzie.com.br/7058.html, acesso em 30 de outubro de 2014 às
02:30 hs.
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