1 SENHOR, como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se levantam contra mim.
2 São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação para ele.
3 Porém tu, SENHOR, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça.
4 Com a minha voz clamo ao SENHOR, e ele do seu santo monte me responde.
5 Deito-me e pego no sono; acordo, porque o SENHOR me sustenta.
6 Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados.
7 Levanta-te, SENHOR! Salva-me, Deus meu, pois feres nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes.
8 Do SENHOR é a salvação, e sobre o teu povo, a tua bênção.
Introdução
As emoções são inevitáveis a nós e
nos constituem enquanto humanos.
As emoções nos enganam, e enganoso é
o coração. “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr
17.9). Desse modo, não é muito sábio confiarmos em nossos sentimentos. Nos
momentos de dores nossos sentimentos estão bastante fragilizados, mas nestes momentos
também Deus nos fala fortemente.
Os salmos nos revelam de modo
dramático e magistral as emoções dos salmistas.
Elucidação
Este salmo foi escrito por Davi e
relata um dos momentos mais difíceis de sua vida, quando ele estrava fugindo de
seu filho Absalão que usurpara o seu trono, conforme 2 Sm 15. Ele teve que
fugir às pressas de Jerusalém tencionando evitar um morticínio na cidade.
Traído pelo próprio filho. Podemos imaginar como foi doloroso para ele saber
que agora o seu filho era seu inimigo. Mas neste momento, conforme mostra o
Salmo ele demonstra confiança no Senhor.
Quem era Absalão? A Bíblia mostra o
processo de degeneração de Absalão. Tudo começa com um caso trágico de família,
o estupro de Tamar por um de seus irmãos, Amnom. Absalão faz justiça com as
próprias mãos matando Amnom. Tempos depois ele está a conspirar para atrair o
povo de Israel a si buscando resolver as causas de muitos insinuando uma
incompetência de Davi.
É importante que se diga que Davi
teve sua parte de negligência em tudo o que estava a acontecer, o resultado foi
colhido de modo amargo. Mas pesa de modo positivo a Davi a confiança que ele
sempre depositara no Senhor por mais difíceis que fossem os momentos.
I
– As adversidades de Davi, v. 1 e 2.
Davi coloca-se diante do Senhor
naquela situação. Ele está vivendo um dos momentos mais angustiantes de sua
vida. Seu próprio filho se levantou contra ele, e com certeza outras pessoas
que aparentemente lhe eram fiéis estavam apoiando aquela revolta. Foi Deus quem
o colocou naquele trono, e ele busca aquele que o exaltou. Ele não fala ao
Senhor de modo irreverente, não tenta de modo algum “reivindicar” aquilo que se
perdeu, apenas abre seu coração, apenas ora de modo sincero fazendo um relato
do que está acontecendo. Uma oração humilde, um coração que está esperando no
Senhor. Quando se tem uma postura dessa é muito mais provável que o Senhor se
compadeça de nós.
Às vezes nos sentimos tão seguros
que parece que nada de mal pode nos atingir. Mas a verdade é que sempre estamos
sujeitos às interpéries da vida. De repente tudo pode mudar, uma grande dor
pode nos atingir. Assim é a vida humana. Muitas vezes o Senhor envia tais
situações para nos lapidar conforme a imagem de Cristo. O Senhor nos molda em
meio ao sofrimento. Mas é evidente que muitas vezes sofremos como mera
consequência de nossos atos imprudentes e escolhas erradas. Diante de tudo o
que pode ocorrer a atitude mais sábia sempre será colocar-se diante do Senhor
em oração, rasgar nossas almas diante dele.
Que busquemos ao Senhor para resolver
as nossas causas, mas nessa busca haja em nós o interesse de que o Senhor seja
glorificado. No v. 2 notamos as palavras de ofensa a Deus por parte dos ímpios.
Davi diz que seus inimigos afirmam não haver em Deus salvação para ele. Como
estavam enganados! O nome do Senhor foi glorificado quando Davi depois de tudo
o que passou volta a Jerusalém e reassume o seu trono.
Independentemente do que esteja
acontecendo em tua vida há sempre em Deus salvação para ti.
II
– A confiança de Davi no Senhor, v. 3 a 6.
No v. 3 está expressa a confiança
tão firme que Davi tinha no Senhor. Diz que Deus é o seu escudo, é a sua
proteção. Deus é a sua glória e aquele que exalta a sua cabeça.
Deus é nosso escudo. Há um detalhe
em Davi que às vezes talvez não notamos, ele não tem muita preocupação em se
defender. Quando Saul estava lhe perseguindo ele não ficava tentando argumentar
que era o escolhido de Deus para governar Israel. Quando ele foge de Jerusalém
devido à revolta de Absalão e é amaldiçoado por Simei (2 Sm 15.5-14), ele não fica
tentando se justificar, mas entrega sua causa ao Senhor: “Talvez o Senhor olhará para minha aflição e me pagará com bem a sua
maldição deste dia” (v.12). Somente naquele triste episódio de sua queda
espiritual é que ele se autojustificou. Mas nos demais momentos ele sabe que o
Deus a quem serve é aquele que lhe protege. Mas ele também sabia que essa
proteção não se dá conforme a vaidade humana, mas de acordo com os santos
propósitos divinos, de modo que a sua confiança no Senhor é plena.
Que nós possamos agir de forma
semelhante, confiando no Senhor, seguindo o exemplo de Jesus, “pois ele, quando ultrajado, não revidava
com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que
julga retamente” (1 Pe 2.23). Ter o Senhor como escudo não é apenas confiar
na proteção divina, é também não revidar diante do ultraje.
Davi também diz que Deus é a sua
glória. Ele acaba de perder muito do poder real que tinha, homens que o respeitavam
já não respeitam mais, perdeu influência, perdeu bens, perdeu aliados, perdeu a
honra que muitos lhe prestavam como rei. E tudo isso é necessário a um rei. Ele
pode ter perdido a glória humana, mas não perdeu a percepção de que o Senhor é
sua glória. Tantas pessoas buscam glória pessoal, buscam honra para si. Não apenas
não devemos estar buscando tudo isso, como também se tivermos podemos de
repente perder. Podemos perder o respeito das pessoas, podemos perder uma boa
reputação, mas como é maravilhoso sabermos que não podemos perder o Senhor, ele
é a nossa glória.
Ele também diz que é Deus quem
exalta sua cabeça. Ele está em uma situação deplorável, humilhante, mas sabe
muito bem quem pode levantá-lo daquela situação. Ele compreendia o que também
compreendeu Asafe: “Porque não é do
Oriente, não é do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio. Deus é o juiz; a
um abate, a outro exalta” (Sl 75.6, 7).
Seja em qual condição que nós
estejamos, pela fé podemos desfrutar de tudo isso em nosso relacionamento com o
Senhor.
A sua expressão de confiança abrange
agora no v. 4 a intimidade com Deus por meio da oração. Davi era um homem de
oração.
Que possamos confiantemente pôr
diante do Senhor tudo que nos aflige, tendo a certeza de sua resposta assim
como o salmista tinha. Deus nos ouvirá graciosamente. Mas que estejamos alerta para
perceber as respostas do Senhor. Nem sempre elas serão conforme desejamos.
Em sua oração ele demonstra
confiança. Ele consegue dormir, mesmo vivenciando aquela situação, não porque
era lerdo, mas porque confiava no Senhor (v.5). Ele consegue realmente descansar
em Deus.
No v. 6 ele declara não ter medo de
tantos milhares que estarão se opondo a ele, e ele clama ardentemente ao Senhor
no v.7. Ele faz uma declaração do que Deus faz, ele não está pedindo que Deus
haja dessa forma, apenas está fazendo referência que Ele faz isso, fere seus
inimigos e quebra os dentes dos ímpios.
A confiança real no Senhor sempre
estará sendo expressa na oração. É preocupante o fato de que para alguns de nós
a vida de oração tem sido monótona. Muitos de nós nem sempre temos a coragem de
abrir por completo nosso coração ao Senhor. Aventure-se na oração, pois o
Senhor se compraz com isso.
III
– A exaltação ao Senhor, v. 8.
Ele finaliza fazendo menção à
soberania divina. A salvação é do Senhor. Ele declara a confiança de que o
Senhor tem o domínio sobre a situação de sua vida, logo, no momento que lhe
apraz Ele agirá poderosamente.
Tudo o que Davi estava passando
estava dentro dos santos propósitos divinos. Com certeza não foi fácil para
ele, dúvidas certamente o assolou, mas mesmo assim sua confiança no Senhor
prevaleceu. Ele poderia não compreender plenamente os propósitos divinos, mas
continuava confiando, pois conhecia o Deus a quem servia. Igualmente nós podemos
ás vezes não compreender as partes daquilo que nos acontece, mas compreendemos
o todo, e isso nos fortalece.
Aquele que conhece o Deus a quem
serve, e esse conhecimento só é seguro por meio de sua Palavra, poderá não
compreender alguns desígnios específicos do Senhor, mas saberá que o plano
geral é sábio e santo. Dizer o que o salmista disse para nós é dizer o mesmo
que nos diz Paulo em Romanos:
“Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito” (v. 8).
“Quem
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição,
ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti,
somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o
matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou” (v. 35-37).
A bênção do Senhor está sobre nossas
vidas: a bênção da permanência nos caminhos da vida, mesmo quando estamos no
vale da sombra da morte (Sl 23.4), pois o Senhor está conosco. A bênção do
consolo do Espírito Santo que de modo maravilhosos conforta onde nenhuma
palavra humana consegue tal efeito. Bênção que é manifestação da graça do
Senhor para nós, do seu cuidado paternal. Deus trabalha a favor daquele que nele
espera. Bênção que apreciamos pela fé e nos é assegurada pela Palavra de Deus.
Que exaltemos ao Senhor, e
percebamos suas bênçãos mesmo em meio às adversidades. Alguns textos para
reflexão:
Sl. 65.4: “Como são felizes aqueles que escolhes e
trazes a ti, para viverem nos teus átrios! Transbordamos de bênçãos da tua
casa, do teu santo templo!”
Sl. 29.11: "O SENHOR dá força ao seu povo; o
SENHOR dá a seu povo a bênção da paz”.
Sl. 24.5: “Ele receberá bênçãos do SENHOR, e Deus, o
seu Salvador lhe fará justiça”.
Rm. 15.29: “Sei que, quando for visitá-los, irei na
plenitude da bênção de Cristo”.
Ef. 1.3: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões
celestiais em Cristo”.
1 Pe. 3.9: "Não retribuam mal com mal, nem insulto
com insulto; ao contrário, bendigam; pois para isso vocês foram chamados, para
receberem bênção por herança".
Aplicação
Ao meditar nesta mensagem,
pergunte-se:
• O que Deus quer
transformar no meu modo de pensar e agir?
• Como eu posso colocar isto
em prática na minha vida?
• Qual o primeiro passo que
darei nessa direção (para que haja real transformação em minha vida)?
Conheça... Creia... Aproprie-se... E,
pratique a verdade divina para que experimentes a vida plena que há em Jesus
Cristo (Jo. 10.10).
Conclusão
As emoções que Davi passou foram
extremamente fortes. Traído pelo próprio filho, humilhado. Tendo que fugir de
modo vergonhoso. Mas ele era um homem segundo o coração de Deus, apesar de seus
erros, de seus muitos pecados. Note que suas emoções não o afastaram do Senhor.
O que suas emoções tem feito com você? Tem lhe afastado do seu Deus? Ou sua
reação diante do que lhe acontece é de aproximar-se mais ainda do Senhor,
buscá-lo em oração, abrir o seu coração para Ele e estar aberto a Ele para o que
lhe tem dito para que possa crescer mais ainda em confiança n’Ele?
5 Comentários
Muy buen comentario del salmo 3. Bendiciones.
ResponderExcluirMuito boa a reflexão.
ResponderExcluirGlória a Deus por sua vida!!!
Adorei a explicação do salmo 3maravilha.
ResponderExcluirUma benção Bessa explicação do Salmos 3. Deus continue te usando como canal DEle na terra.
ResponderExcluirFiquei maravilhada com esse estudo.
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