ORAÇÃO NOS TERMOS BÍBLICOS – Mt 6.9-15 (2ª parte)


IV - POR QUE NEM TODA ORAÇÃO É EFICAZ?

Geralmente pensamos que é fazer o que a Bíblia manda e automaticamente tudo dá certo. Este é o motivo pelo qual muitas pessoas, na sua ignorância, decepcionam e se revoltam contra Deus, esquecendo-se que a Bíblia não só nos ensina a orar, como também o que é preciso para que esta oração tenha resposta, tenha eficácia. E se esses princípios não são respeitados, consequentemente as orações não são respondidas.
Vejamos então alguns textos que tratam dessa questão:

a) Pedidos egoístas, Tiago 4.1-12 – Neste texto nós podemos perceber no v. 3 que orações de petição egoístas, sem nenhum desejo de que seja para a glória de Deus, apenas visando satisfação pessoal, visando o esbanjamento, não terá resultado positivo por parte de Deus.

b) Estar em pecado. Sentimentos pecaminosos nos levam obviamente a nos distanciar do Senhor e então a orar não em consonância coma a vontade divina, mas em contraposição a ela. Tiago denuncia que havia entre seus destinatários alguns pecados específicos que prejudicava a comunhão dos mesmos com o Senhor, logo afetava o resultado de suas orações; ele cita então: contendas (v.1), cobiça e inveja (v.2), soberba (v.6), falta de consciência de pecado (v.7-9).
           Contenda é o ato de lançar discórdia entre duas ou mais pessoas, em qualquer conjuntura. Essa discórdia não precisa vir à tona para ser contenda. Em Pv 6.16-19 é revelada a repulsa de Deus ao contendeiro. Em Isaías 58.4 nos mostra que oração e jejum que partem de um coração cheio de contenda não tem valor para Deus.
           v.2 -  “vocês cobiçam coisas”, o que eles desejam eram bens materiais, o que havia era uma busca intensa pelo prazer de ter mais coisas, de prosperar, uma ambição desmedida. Eles deveriam na verdade lembrar de que Jesus manda buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça. Esta cobiça presente na vida deles fazia com que fossem individualistas e supérfluos. Eram levados pela inveja, que gerava por sua vez a cobiça. Tudo isso fazia deles mais amigos do mundo que amigos de Deus, v.4.
           A soberba por sua vez é por assim dizer a essência do pecado, pois na soberba as pessoas quererão viver contrários á vontade de Deus. O soberbo então não estará orando em conformidade com a vontade do Senhor, logo, o que encontrará será a resistência do Senhor às suas orações, v.6.
           Some-se a tudo isso a falta de consciência de pecado (v.7-9). Quando as orações deveriam ser de confissão muitos por não se quebrantarem continuam com orações de petição sem reconhecer seus pecados.

c) Oração com motivação errada (Mt 6.5-8, 16-18).

A motivação errada nos textos supra é a de aparecer, mostrar-se aos outros com alguém mais espiritual. É o soberbo que pensa ser espiritual.

V – O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE A ORAÇÃO SEJA TOTALMENTE EFICAZ?
Lembremos que toda promessa de Deus é sempre acompanhada de condição, portanto, não podemos pensar nelas, lutar por elas sem estarmos dispostos a nos submeter às condições.
           A oração não está fora dessa realidade e nem poderia estar, porque dessa forma Deus seria um boneco ventríloquo para o nosso belprazer, uma vez que oração respondida é ter “Deus ao nosso serviço”.
           Então qual a condição máxima para que a oração seja totalmente eficaz?
           Orar segundo a vontade de Deus. (I Jo 5.14; Sl 37.4). “Segundo” quer dizer “em conformidade com”, de “acordo com”.
           Antes da mais nada vamos pensar no seguinte: “Por que tem que ser conforme a vontade de Deus?”

Porque tudo que Deus faz é para Sua glória!
           A glória de Deus é o domínio absoluto que ele exerce sobre todo o universo, tendo como regimento a sua absoluta santidade (bondade, justiça e verdade), e todos os demais atributos que compõem o seu ser, visando um propósito, um fim para todas as coisas, tanto coletiva como individualmente falando, para louvor da sua glória e bem da sua criatura.  (Rm 11.33-36; Sl 115.1; Rm 15.7; Fl 4.20; Rm 16.27).
           Quando glorificamos a Deus estamos reconhecendo a Sua majestade.
Como nos é possível orar segundo a vontade e Deus?
           Salmo 37.4; Jo 15.7 – O Salmo diz: “Agrada-te do Senhor”. Isso significa aceitar a Deus como Ele é, e a sua vontade. Inclusive a sua vontade para nós, seja a sua vontade eterna (seus mandamentos) ou temporal (as tribulações e sofrimentos impostos na vida).

Como orar segundo a vontade de Deus por aquilo que não está revelado nas Escrituras? Ex: um carro, uma casa, uma profissão, um cargo, um ministério, etc?
           A verdadeira fé é uma decorrência do plano de Deus para a nossa vida, e não é ela que leva Deus a planejar (II Ts 1.11; 3.2; Lc 17.5).
           Nos casos em que não temos uma convicção gerada por Deus, devemos orar como Jesus: “Se possível...”. E em Fp 1.6 Paulo nos ensina a colocar livremente as nossas petições em oração e súplicas. E com certeza, estando nós em comunhão com o Senhor, buscando em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça, o Espírito nos iluminará a perceber o que é ou não vontade de Deus para nossa vida. Devemos ao mesmo tempo orar com fé, pois nenhuma oração será verdadeira oração se não for feita por fé. Fé nesse caso é a confiança no bom caráter de Deus e, portanto, ele nos ouve e nos atende, e naquilo em que não nos atender será para o nosso próprio bem. Devemos então ter a certeza que o não atendimento é algo bom de Sua parte para conosco. Às vezes oramos mais por hábito do que por fé.

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