Tiago 2.1-14 - OS PERIGOS DE JULGAR NOSSOS IRMÃOS EM CRISTO




"Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso,
e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,
não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?
Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?
Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais?
Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?
Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem;
se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.
Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei.
Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.
Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tg 2.1-14).



Elucidação

           O apóstolo Tiago escrevendo aos irmãos dispersos que se reuniam na sinagoga para adorar ao Senhor lhes instruiu que não deveriam seguir o exemplo dos fariseus quanto ao tratamento aos irmãos. Eles deveriam tratar uns aos outros com a devida honra e respeito, sem distinção de classe social. Deveriam tratar os mais pobres materialmente com a mesma honra que tratavam os de elevada condição social. Tiago deixa claro que a atitude errada deles demonstra claramente o quanto eles eram transgressores de toda Lei. Pois a Lei mosaica exigia uma obediência completa. Isso tudo Tiago ensina para eles entenderem que não poderiam julgar os irmãos, não poderiam ser demasiadamente severos, e ninguém deveria ser favorecido em detrimento de outrem. A misericórdia deveria estar presente nos relacionamentos. Logo, se constituía um grande risco a atitude de julgamentos entre os irmãos.



I – O PERIGO DE SERMOS PARCIAIS DE ACORDO COM NOSSOS PRECONCEITOS, 1-4.
"Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso,
e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,
não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?" (Tg 1.1-4).

           Tiago nos diz que a fé que devemos ter em Cristo deve ser destituída da acepção de pessoas.  Acepção: é fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em considerações externas, tais como a aparência física, status social ou raça.  Aqui podemos tirar uma séria consequência de um modo de agir contrário ao que Tiago aconselhou. A primeira delas é que se agirmos com acepção de pessoas estaremos na realidade negando nossa fé em Cristo. Por que isso?  Porque Jesus não valorizava as pessoas pela cor da pele, pela beleza das roupas, pelo dinheiro. Jesus não julgava as pessoas pela aparência (Mt 22:16).
           Todos corremos o perigo da parcialidade. Ninguém é 100% neutro. Parcialidade é abraçar o partido de alguém, associa-se a alguém, conjurar-se a alguém. E quando alguma pessoa é parcial no julgamento ela está favorecendo um determinado partido ou determinados interesses.
           Por conhecer a natureza humana e quanto somos parciais é que Jesus nos adverte: “Não julgueis para que não sejais julgados. Pois com o critério com quem julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” (Mt 7.1, 2).
           Vivemos em um mundo caído, e por conta do pecado haverá circunstâncias que julgaremos, mas o nosso critério quando houver a real necessidade de fazer um julgamento a respeito de algum fato não deve ser nossos preconceitos, mas a Lei de Deus, Sua Palavra.


II – O PERIGO DE ESQUECERMOS QUE TAMBÉM SEREMOS JULGADOS, 5-12.
"Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?
Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais?
Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?
Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem;
se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.
Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei.
Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade" (Tg 2.5-12).

            No v. 5 a ênfase de Tiago é sobre a soberana escolha de Deus. A salvação não está baseada em mérito humano nem mesmo em nossas obras. A salvação não é nem comprada nem merecida (Ef 1:4-7; 2:8-10). Deus ignora diferenças nacionais (salvou Cornélio). Ele ignora diferenças sociais (salva senhores e escravos – Filemon e Onézimo). Deus não faz acepção de pessoas.
           Tiago nos mostra então que nossas atitudes de julgamento, nossa acepção com as pessoas está em contraste com a forma de Deus agir. Devemos ser imparciais com todos vivenciando a lei do amor (v. 8) baseando-se na Palavra de Deus, sabendo aliás, que a verdade tem primazia quando contraposta a alguma atitude “amorosa”.
           Aquele que sempre se prontifica a julgar os outros se esquece de sua própria condição, e Jesus adverte seriamente contra esse perigo, Mt 7.1-5. Tal pessoa esquece que prestará contas ao Senhor. Nossa fé será finalmente provada no dia do juízo. E o que será julgado? 1. Nossas palavras – Palavras de acepção (2:3), palavras de desprezo (2:6), palavras frívolas (Mt 12:36); 2. Nossas atitudes serão julgadas – Quando não são de misericórdia com as pessoas, estamos negando a nossa fé e atraindo sobre a nossa cabeça o juízo de Deus (2:13).


III - O PERIGO DE ESQUECERMOS DE USAR DE MISERICÓRDIA, 13.
"Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo" (Tg 2.13).

           Misericórdia tem um significado muito profundo. Vindo da palavra hebraica hesed usada principalmente em Oséias, ela quer dizer amor incondicional, compaixão. Em Latim, significa sofrimento (miséria) do coração.

           Na teologia ela tem um significado de não aplicar a punição merecida. Ou seja, quando nós pecamos, muitas vezes Deus não nos pune, não nos castiga com o castigo que mereceríamos receber.
         Deus foi infinitamente misericordioso conosco nos concedendo a salvação, usa de sua misericórdia a cada dia em nossas vidas como diz Jeremias em Lamentações 3.22, 23: "As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade."  Desse modo, temos o dever de usar de misericórdia para com todos, afinal, a misericórdia fundamenta-se no amor. O Senhor tem misericórdia de quem quer, como é expresso em Romanos 8, nós porém não temos esta escolha, quando a negligenciamos estamos incorrendo em pecado. E quando nos acostumamos a julgar os outros esquecemos de ser misericordiosos.


Aplicação

1. Cuidado meu irmão (ã) para não ser aquele tipo de pessoa que tem sempre um julgamento, ou melhor, já um veredicto pronto para as pessoas.

2. Lembre-se que se você usar de misericórdia, Deus usará de misericórdia com você.

3. Lembre-se que você não tem o direito de se colocar como juiz de tudo e de todos. Resista a essa tentação!

Que o Senhor da Glória nos abençoe em cristo Jesus e Seu Espírito sempre quebrante nossos corações!

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