ATOS 2.47 – O CRESCIMENTO SAUDÁVEL DA IGREJA


"[...] louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescenta-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos."

Introdução
         
Em nossos dias há muitas formas de ser igreja, cada uma delas norteada por uma interpretação teológica da doutrina da igreja e da doutrina do evangelismo. Muitas dessas formas não têm fundamento nas Escrituras, são muitas vezes mera estratégia humana para administrar a comunidade local que se diz igreja. Em consequência também as estratégias ditas evangelísticas pairam às vezes ao absurdo, fogem das Escrituras e é considerada mais a partir dos efeitos práticos aparentemente bons do que se estão enquadrados na Bíblia.
Queremos então observar que o crescimento da igreja não pode ser dissociado do entendimento do que é ser igreja.


I – SER IGREJA EM SUA ESSENCIALIDADE.

Louvando a Deus
Esta expressão no texto denota que a igreja em seu cotidiano prosseguia vivendo o que ela é em essência - comunidade de adoração vivendo para a glória de Deus. A consciência missionária da igreja estava presente, evidentemente que os apóstolos ainda vivenciavam o preconceito de não anunciar Cristo aos gentios, logo toda igreja ainda estava nesse entrave. Mas acertadamente, antes mesmo de uma preocupação institucional quanto a como evangelizar, viviam o evangelho. Se a igreja perder de vista que se deve anunciar o evangelho que se está vivendo passa não a anunciar o evangelho, mas alguma cultura religiosa, além evidentemente de está em hipocrisia.
Não é o crescimento numérico o elemento final pelo qual podemos avaliar a saúde de uma igreja local. Apenas porque uma comunidade está crescendo numericamente não significa necessariamente que ali esteja a presença do Espírito Santo.
Ao observamos os nossos dias, e considerarmos o crescimento evangélico no Brasil não será difícil notarmos algumas coisas contraditórias ao que poderia ser uma igreja saudável. Vemos por exemplo igrejas descompromissadas com a pregação fiel da Palavra, crentes interesseiros que buscam a Deus não pra usufruir da presença divina, mas por conta das bênçãos seculares; pastores corruptos, enganadores, falsos ministros vivendo um falso evangelho e corrompendo a muitos; escândalos sexuais, financeiros, etc.
A igreja deve crescer, sem dúvida, contudo, esse crescimento tem que ser sadio. Devemos viver a vida com Deus para sermos multiplicadores dessa vida a outros.


II – DAR UM BOM TESTEMUNHO NA COMUNIDADE.

“Contando com a simpatia de todo o povo”
Nessa questão devemos buscar um ponto de equilíbrio. Deve ser compreendido que a igreja tem de ser vista pela sociedade de modo e ser impactada por ela. Em contrapartida haverá momentos que a própria sociedade se voltará contra ela. Vejamos:
“Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se há de salgar? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre o monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo de uma vasilha, mas no candelabro, e ilumina a todos os que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5.13-16). As figuras apresentadas neste texto remetem à influência e ao testemunho, falam da realidade da igreja, o que essencialmente ela é, logo, como deve viver para que sua essência transpareça fielmente.
Cair na graça ou na simpatia do povo significa que a igreja estava de fato brilhando e influenciando com a mensagem de Jesus.
Esse bom testemunho aponta para o fato de que o proceder dos cristãos deve ser tal que a sociedade nada de negativo possa ter para acusar com razão. Infelizmente vemos muitos supostos cristãos contribuindo negativamente para a imagem da igreja diante da sociedade. Isso acontece porque semelhantemente às pessoas que não tem compromisso com Cristo estão também sendo corruptas, insensíveis, extremamente materialistas, superficiais, arrogantes, adúlteras, etc. Poderiam ser mencionadas muitas causas para essa situação, duas delas são a superficialidade da experiência e do ensino nas igrejas locais.
Em Mateus 28.19-20 a Palavra diz que a igreja deveria fazer discípulos de Jesus. Mas muitas comunidades estão conformadas em ter em seu contexto apenas “adeptos” ou “membros fiéis”. Uma coisa é ser um religioso evangélico outra é ser discípulo de Cristo. Uma coisa é ter vivenciado uma experiência de adentrar a uma cultura religiosa, outra é passar pela experiência do novo nascimento e viver a alegria da salvação em Cristo. A igreja então tem dado um mal testemunho porque está cheia de pessoas não salvas em seu contexto. Mas há outra razão, o ensino medíocre que não faz os cristãos crescer espiritualmente.
A prática da igreja é dependente de seu ensino. A deficiência no ensino produz cristãos fracos, que não vivem o evangelho porque de fato não aprenderam o evangelho.
Outro ponto nessa questão que deve ser lembrado é que Jesus disse também que “sereis odiados de todos por causa do meu nome; [...]” (Mateus 10.22). De fato isso tem acontecido em muitas épocas e lugares. Sabe-se que na perseguição religiosa de nossos dias milhões de cristãos são mortos anualmente por perseguição à sua fé.
Entretanto, não sofremos esse tipo de perseguição no Brasil. Quando muito, sofremos críticas advindas da sociedade, mas não por causa de Cristo, muitas vezes é por conta do charlatanismo presentes em muitos contextos que se dizem evangélicos.
Diante de tudo isso sempre precisamos nos perguntar: Qual a imagem que a sociedade tem da igreja evangélica? Qual a imagem que a comunidade na qual a igreja local está inserida tem dessa igreja? Qual a imagem que as pessoas têm de mim como cristão?
Se como igreja temos dado um bom testemunho, se temos cumprido nossa missão em evangelizar, podemos confiar no Senhor para o crescimento saudável da igreja.


III – CONFIAR NA OPERAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO.

Acrescentava-lhes o Senhor.
O livro de Atos traz um foco sobre o crescimento da igreja voltado para Deus. Não é a estratégia humana, não é o carisma de um líder individual, Deus sempre está centralizado. Então o crescimento deve ser centrado em Deus. Essa a perspectiva de Paulo quando escreve: "Eu plantei, Apólo regou, mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.6-7). Assim, a igreja buscando a comunhão com Deus, buscando glorificá-lo, seu crescimento será saudável e denotará a presença de Deus na vida dos crentes.
Ao dizer que era o Senhor que acrescentava membros à igreja há uma ênfase na soberania divina.
Não há nenhuma contradição entre o fato de que a salvação é única e exclusiva obra de Deus e que temos o dever de evangelizar. Deus de fato elegeu alguns para serem salvos, o Espírito Santo irá operar no coração desses quando ouvirem o evangelho de Cristo e os regenerará, mas a igreja está incumbida de anunciar o evangelho a todos. Saber que somente os eleitos serão salvos não diminui o vigor evangelístico de quem conhece essa doutrina.


Conclusão

Que possamos prosseguir em viver o evangelho fielmente, sabendo que isto está intrínseco com a proclamação.

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