A IGREJA QUE QUEREMOS SER – ATOS 2.42-47




 Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.
Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos.
Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.
Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.
Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração,
louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos
. (At 2.42-47).


Introdução

O que é a igreja? Como ela deve estar atuando neste século XXI? Quais seus desafios? Quais seus pecados atuais? Em que ela tem acertado? Muitas são as interrogações que podem ser postas sobre a igreja. E, também variados são os entendimentos da expressão “igreja”.
Nesta série de estudos em Atos objetivamos analisar a vida da igreja de Jerusalém e a partir da realidade daquela igreja buscar estar nos enquadrando na vontade de Deus revelada para sua igreja.
A Igreja enche o mundo todo e é peregrina sobre a terra. Ela tem sua origem na graça celestial. Pois os filhos de Deus nascem, não da carne e do sangue, mas pelo poder do Espírito. Eis a razão por que a Igreja é chamada a mãe dos crentes. E, indubitavelmente, aquele que se recusa a ser filho da Igreja debalde deseja ter a Deus como seu Pai. Pois é somente através do ministério da Igreja que Deus gera filhos para si e os educa até que atravessem a adolescência e alcancem a maturidade (João Calvino).
O versículo 42 nos mostram quatro pilares essenciais para uma igreja saudável, crescente, vibrante.


Quatro pilares essenciais de uma igreja cheia do Espírito Santo


I – Valorização da doutrina bíblica.

O texto no diz que eles eram perseverantes. E o que é ser perseverante? É permanecer com frequência na busca de um objetivo. Não desistir, apesar de momentos de desânimos e ou das dificuldades encontradas. É isso o que acontece com a igreja de Jerusalém.
Lembremos que pouco antes o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no Pentecostes. Os convertidos, os três mil que ouviram a pregação de Pedro, estavam agora em uma nova realidade de vida. Para saber como deveria ser sua nova vida teriam de atentar para a doutrina dos apóstolos.
A doutrina dos apóstolos era o ensinamento acerca da pessoa e palavras de Jesus. Não há mais apóstolos hoje, e para nós que temos a Bíblia completa perseverar na doutrina dos apóstolos significa observarmos, aprendermos e por em prática a Palavra de Deus. Significa permanecermos na sã doutrina revelada nas Escrituras, e tudo o que não estiver na Palavra recusarmos, por mais que aparentemente possa parecer algo de Deus.
O apóstolo Paulo enfatiza o ensinamento da Palavra com suas recomendação à Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3.14-17). Enfatiza: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.1–2). Tanta ênfase é porque somente a pura Palavra de Deus trás edificação para a igreja.
O que fazer então?
Valorize a escola Bíblica Dominical, bem como todos os momentos em que a igreja enquanto instituição favorece o ensino e aprendizado da Palavra.
Mantenha uma frequência na leitura bíblica devocional.
Entretanto, a perseverança daquela igreja não era apenas na Palavra.


II – Valorizavam a comunhão.

Essa comunhão enfatizada em grego é “Koinonia”. A palavra indica o afastamento de interesses particulares e a união com outras pessoas para o cumprimento de alvos comuns. Koinonia, portanto, é colocarmos de lado nossos interesses egoístas visando somar forças para juntos servirmos ao Senhor. Assim, podemos afirmar que só há essa koinonia primeiramente porque há comunhão com o Deus Triuno. Havendo comunhão com Deus, essa comunhão se expressará nas relações interpessoais. Se em nossos relacionamentos não há unidade, atitudes de misericórdia, companheirismo então é porque também não há verdadeira comunhão com Deus.
Deve haver alvos comuns, e no contexto esses alvos eram bem tangíveis. Havia pessoas que precisavam ser atendidas em suas necessidades materiais. Os irmãos então, movidos pelo amor, pelo sentimento de que era algo banal manter posses materiais, uma vez que Cristo logo voltaria, e pelo costume cultural de acolher aqueles que tinham vindo de lugares longínquos para a Festa de Pentecostes vendiam suas propriedades e entregavam o valor aos apóstolos para que fosse distribuído aos mais necessitados.
Como podemos de modo prático viver a comunhão aqui expressa?
·        Estar juntos. Podemos estar juntos sem estar em comunhão, mas para vivermos de modo prático a comunhão precisamos estar juntos. Não se trata apenas de estar em mesmo espaço físico – o Templo – mas viver a mesma fé, no mesmo Espírito, com os mesmos objetivos. Então é necessário ser salvo. É importante cultuar juntos no templo, porém, nossas relações necessitam de ser extramuros da igreja.
·        Compartilhar o que temos. Não significa uma apologia ao socialismo ou comunismo. A propriedade privada na época da igreja primitiva era algo comum, jamais vista como maligna, ou seja, as pessoas podiam ter seus bens, desde que não fossem insensíveis para as necessidades de outros. A Palavra de Deus é bem enfática sobre essas questões: “Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas fecha o seu coração para essa pessoa, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus?” (1Jo 3.17, NTLH)! Ademais, não precisamos nos sentir constrangidos a compartilhar com quem é preguiçoso e não quer trabalhar (2 Ts 3.6-12).

Podemos dizer que o terceiro elemento de uma igreja cheia do Espírito é uma extensão do foi dito anteriormente.


III – Valorizavam o partir do pão.

Há o entendimento de que a expressão “partir do pão” é uma referência a duas ideias; a primeira é que eles expressavam sua comunhão nas refeições uns com os outros. E a segunda conotação é que aponta para a Santa Ceia do Senhor. Como a Santa Ceia naquela época era literalmente uma refeição, é possível que as duas coisas ocorriam juntas. Todas as vezes que partiam o pão lembravam que Cristo foi “partido” por eles e para eles. Assim, o momento do partir o pão era momento de ensino do evangelho para a família, vizinhos, amigos, qualquer um que estivesse presente. A Ceia era e é uma proclamação do evangelho de Cristo. Como pontuou Matthew Henry (methiu Henri) quando declarou: “A Ceia do Senhor é um sermão para os olhos e uma confirmação da palavra de Deus para nós. É um incentivo para as nossas orações e uma expressão solene da ascensão de nossa alma a Deus”.
Como isso se aplica nós? Valorizando a Ceia do Senhor bem como todos os momentos de adoração.
Além do que já foi exposto, vemos os irmãos da igreja de Jerusalém sendo crentes perseverantes em oração.


IV – Valorizavam a oração.

Tudo o que a igreja de Jerusalém fazia era antecedido por oração.
Ø  Havia o bom exemplo da liderança – era hábito orarem no Templo às três horas da tarde (At 3.1).
Ø  Buscavam intensamente ao Senhor nos momentos de perseguição (Atos 4:31; 12.5).
Ø   Nada para os líderes era mais importante em sua atividade apostólica do que a pregação da Palavra e a oração (At 6.4).
Ø  Para a igreja de Antioquia as portas das missões são abertas e a oração antecede o envio dos missionários (At 13.1-3).
Quanto a nós, que a oração seja algo constante, como nos recomenda a Palavra.
ü  Que suas orações possam ser teocêntricas, não antropocêntricas, no sentido de não querer fazer de Deus seu servo, entendo que a vontade d’Ele embora às vezes tão difíceis de serem vividas, é o que humildemente deve ser aceito.

ü  Uma forma simples de saber se estamos orando corretamente é se perguntar: Jesus faria a oração que estou fazendo? Estou desejoso de ver o nome do SENHOR glorificado em minha vida, em minha família, na igreja, etc?

ü  Cuidado com o falatório, Jesus disse que não é pelo muito falar que seríamos ouvidos pelo Senhor. Isso não implica deixar de ser perseverante na oração, mas também saber ouvir o Senhor. A esse respeito há uma frase interessante que diz: “A oração não se mostra verdadeira quando Deus escuta o que se lhe pede. Ela é verdadeira, quando quem ora continua orando, até que seja ele mesmo a escutar o que Deus quer. Quem ora de verdade, nada mais faz senão escutar.” (Orar com o coração – Edições Paulinas – p. 24).
Há muito que pode ser dito sobre oração, a intenção no momento é apenas ressaltar sua importância para o cristão individualmente, e para a igreja coletivamente.


Conclusão


Viver a vida em Cristo, que deve ser evidenciada pelo crescimento e valorização do conhecimento da Palavra, pela luta por se viver em comunhão, valorizando o que o Senhor estabeleceu para sua igreja, como a Ceia e ser perseverante em oração é dever de todo cristão e indicativo de estar cheio do Espírito Santo. E uma igreja formada de cristãos que vivem essas características é uma igreja cheia do Espírito Santo.

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