7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá:
8 Conheço as tuas obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar – que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.
9 Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.
10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.
13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Introdução
A
cidade de Filadélfia foi fundada pelo rei Átalo, de Pérgamo. O apelido desse
rei era Filadelfo (“aquele que ama o irmão”), daí o nome da cidade. Esta
cidade, (hoje Alasehir, na Turquia), era bem localizada, junto a uma estrada
bastante movimentada que ligava a Àsia à Europa. Assim mantinha sempre uma porta
aberta à indústria, ao comércio e a cultura grega, que se difundiu naquela
região.
No
ano 17 a. C. foi atingida, juntamente com outras cidades, como Sardes, por um
grande terremoto. Tibério César ajudou a reconstruí-la e ela passou a chamar-se
Neocesaréia em homenagem a ele. Por conta então do medo de terremotos muitos
moradores passaram a viver em tendas fora dos muros da cidade, daí a promessa
de Jesus no v. 12: “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no
santuário do meu Deus, e daí jamais sairá”. E porque a cidade mudou de
nome a ênfase acerca do novo nome dado por Cristo.
Essa
é uma das duas igrejas que Jesus apenas elogia, não traz repreensões, a outra é
Esmirna.
Podemos
de dizer que esta era uma igreja que tinha uma visão correta do Reino de Deus.
Era uma igreja que olhava para as oportunidades, não para as dificuldades.
I – Uma igreja com uma grande
oportunidade diante de si, v. 7-8.
Quem
lhe concede tal oportunidade é aquele que é santo e verdadeiro. Como sempre
Jesus se apresenta falando de sua santidade para ser de incentivo aos irmãos
que busquem santidade de vida. Diz também que é o verdadeiro como forma de
contrapor os falsos mestres citados no v. 9.
Esse
que é santo e verdadeiro é quem possui a Chave de Davi. Essa é uma declaração
que visa denotar sua messianidade. Como profetizado por Isaías em 22.2: “Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá,
e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá”. Assim, ele é aquele que
tem autoridade. Chaves aqui é símbolo de autoridade. Ele é o Messias prometido
descendente de Davi. É Ele que tem as chaves da salvação.
A
igreja não tem a chave do reino de Deus no sentido acreditado pelos católicos
romanos. Não é a igreja quem decide que vai para o céu ou para o inferno. Jesus
é o senhor absoluto, a ele pertence a salvação. Ele é a porta, ele é o caminho
e é ele quem tem a chave, quem tem autoridade.
No
v. 8 Jesus elogia aquela igreja, pois embora pequena mantêm-se fiel ao seu
Senhor. Aquela não era uma igreja influente, com recursos. Tinha poucas
possiblidades de ação. Possivelmente essa é uma das premissas usadas pelos seus
adversário, os “supostos” judeus, para se chegar a conclusão de que Deus não
estava com eles. Uma conclusão falsa. O próprio Senhor diz a eles: “conheço as tuas obras”. Sua pouca força não implicava
distanciamento do Senhor, os judeus não compreendiam a lógica do reino de Deus.
E os irmãos de Filadélfia precisavam ser fortalecidos naquilo que no passado o
Senhor falou ao seu povo em Is 41.14: “Não temas, ó
vermezinho de Jacó, povinho de Israel; eu te ajudo, diz o SENHOR, e o teu
Redentor é o Santo de Israel”. Isso é repetido a eles de uma forma
diferente para enfatizar a proteção do Senhor na vida daquela igreja.
Jesus
diz que porá uma porta aberta para ela. Essa porta é a da evangelização. Não
importava que fosse uma congregação pequena formada em sua maioria de pobres e
escravos; o seu poder e a eficiência de sua mensagem não viria de sua condição
social, mas do Senhor.
Quando
o Senhor Jesus nos abre uma porta para pregar o seu nome temos a garantia de
que ninguém pode fechá-la.
Uma
pergunta que podemos estar nos fazendo é quais são as portas que ele tem aberto
para nós anunciarmos o evangelho? Temos sabido aproveitá-las?
II – Uma igreja que enfrenta inimigos,
9-10.
Jesus
menciona os falsos judeus, inimigos da igreja do Senhor, pessoas arrogantes,
soberbas, que se ufanavam em sua linhagem judaica como sendo a coisa mais
excelente da vida.
Mas
aquela pequena igreja, aparentemente sem força recebe a promessa do Senhor de
que tais adversários não triunfariam contra ela. Afinal, as portas do inferno
não prevalecem contra a igreja do Senhor.
A
forma como a igreja deveria enfrentar seus inimigos judeus aqui era continuar
anunciando o evangelho de Cristo. Quando é dito no final do v. 9 que os judeus
iriam se prostrar aos seus pés está significando que alguns judeus iriam ser
convertidos ao Senhor e isso lhes seria de consolo. Assim como não eram todos
os judeus que os rejeitavam, também não seriam todos os judeus que viriam a ser
convertidos. Mas haveria conversões.
Outro inimigo ou desafio a
ser enfrentado pela igreja era uma grande provação que estava por vir sobre
aqueles irmãos. Não apenas sobre eles, mas também sobre os
ímpios até de outras nações. Provação aqui trás a ideia de um tempo de
dificuldades e sofrimento. Este versículo pode ter o sentido tanto de perigo
imediato quanto de uma tribulação futura que a igreja em sua totalidade viria a
enfrentar - a chamada Grande Tribulação. O Senhor diz que os guardará. Contudo,
guardar aqui não implica livrá-los de vivenciar qualquer dor, não é fazer com
que a igreja não passe pela grande Tribulação. “eu te guardarei” significa que
manterá os seus na pureza. O sentido dessa expressão é compreendido lembrando
João 17.15 quando Jesus ora pela igreja pedindo ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal”. Mas
aqueles irmãos poderiam sentir-se tranquilos, pois seja qual fosse a situação
futura, como é dito em hebreus 2.8 enquanto tais tempos de provação são de
juízo para os ímpios, para os justos é de crescimento.
III – Uma igreja com promessas
maravilhosas, v. 11-12.
A
primeira dessas promessas é acerca da vinda do Senhor. Aqui sua vinda pode ser
entendida de forma mais ampla. Pois essa referência pode dizer respeito a:
a)
Uma vinda para julgamento ou juízo;
b)
Uma referência à morte física;
c) A
vinda escatológica.
Isso
tudo porque a ideia da vinda está atrelada à do encontro com ele. Mas há aqui
não apenas a promessa de sua vinda como também uma exortação a prosseguirem
fielmente. A referência da coroa é acerca da vitória. Deveriam ter cuidado para
manterem-se vitoriosos. A expressão poderia ser entendida com se a igreja já
possuísse a grinalda de vencedora, mas na verdade ainda estavam na corrida, o
prêmio final ainda seria alcançado, embora já lhe estivesse garantido (2 Tm
4.8), preservado para ela ( 1Pe 1.4). Mas deveriam enquanto neste mundo estivessem
continuar na luta para não perder aquilo que o evangelho lhes trouxe: a
perseverança por Jesus, a independência de honra humana ou fama, e até o amor
aos inimigos. Perder essas coisas seria ser derrotados.
Aqueles
irmãos que viviam em uma cidade que já fora abalada por terremotos recebe do
Senhor a promessa de serem feitos colunas no santuário de Deus.
A
promessa aqui é de segurança. Para uma igreja que habitava em uma cidade onde
as pessoas viviam inseguras com medo de terremotos o Senhor Jesus diz que eles
habitarão para sempre em sua presença. Dizer que gravará sobre eles o nome de
Deus é uma afirmação de que eles pertencem ao Senhor, são verdadeira igreja do
Senhor. A sua cidadania celestial é ratificada ao dizer-lhes que lhe gravará o
nome da nova Jerusalém. E ainda diz que gravará o seu novo nome como uma
referência à consumação de sua obra redentiva. Assim são promessas gloriosas
concedidas à igreja.
Quem
é o vencedor aqui? O texto é exortativo, assim busca incentivar os irmãos a
prosseguirem como estão. O vencedor é todo aquele que é verdadeiramente “judeu
espiritual”, todo aquele que é lavado no sangue de Cristo, todo o salvo.
Conclusão
1. Certamente
se formos ficar observando apenas os obstáculos não estaremos aproveitando as
oportunidades que o Senhor nos concede, essa é uma verdade que tanto vale para
as questões individuais de nossas vidas como para o serviço que podemos estar
prestando ao Senhor enquanto igreja.
2. O
Senhor é que abre as portas, se ele o faz devemos trabalhar, se ele fecha
devemos parar.
3.
Será que nos assemelhamos com a igreja de Filadélfia?
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