14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Introdução
O que pensamos acerca de nós? Que imagem
temos de nossa igreja? Como nos consideramos, frios, mornos, quentes,
fervorosos, indecisos, determinados, visionários, conformados, realistas?
O que você pensa acerca de si? Você se
considera um cristão vigorosa(a) ou alguém apático, sem energia?
A igreja de Laodiceia tinha uma imagem acerca
de si. Mas a imagem que tinha não era que Jesus dizia a seu respeito. Na
verdade somente Jesus pode dizer quem realmente somos. Jesus diz que aquela era
uma igreja indecisa e autoenganada. Mas convida a sair do autoengano e viver
profundamente a relação com ele.
Elucidação
A cidade de Laodicéia estava situada no vale
do Lico, estava distante de Filadélfia cerca de 69 km, de Colossos cerca de
18km e de Hierápolis uns 10km (Cl.4:13). O nome da cidade foi dado por Antíoco
II em homenagem a sua esposa Laodice. A cidade foi conquistada pelos romanos em
133 a.C, eles construíram um sistema rodoviário de leste para oeste e de norte
para o sul, isso favoreceu Laodicéia trazendo muita prosperidade para a cidade.
Lá havia uma forte indústria de lã negra e uma escola de medicina que se
especializou no cuidado dos ouvidos e dos olhos, lá eles também desenvolveram
um colírio eficaz para infecção nos olhos. Esses dados acerca da cidade nos
faz entender melhor as palavras usadas pelo Senhor Jesus ao exortar sua igreja.
I – Uma igreja
indecisa, v, 15-16.
v.15 – aquele que conhece perfeitamente sua igreja,
conhece suas obras, estar a dizer de sua real condição. O termo “frio” tem aqui
o sentido de alguém que não ouviu o evangelho, que não conhece a verdade que
aquece o coração. O termo “quente” aqui se refere a alguém que está inflamado
pelo amor ao Senhor e à sua obra.
O problema da igreja de Laodiceia é que
embora tenha ouvido o evangelho, tenha supostamente se comprometido com ele,
suas vidas não estavam em conformidade que essa verdade. Eram pessoas
indecisas, que ficavam no meio do caminho, que assumiam um compromisso pela
metade. Eram indiferentes e despreocupados para com as coisas do Senhor.
Devido essa indecisão daquelas pessoas Jesus
diz a elas algo bastante forte: “Assim, porque és morno
e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (v.16).
Jesus classifica aquela igreja como morna.
Essa forma de ilustrar a situação daquela igreja vem do fato que a água que
abastecia aquela cidade era cheia de carbonato de cálcio (sal não solúvel em
água). Era então uma água que provocava náuseas em quem consumia. Assim o
Senhor diz que está nauseado com aquela igreja. Mas ao dizer que está a ponto
de vomitá-la tanto é algo forte por dizer que não está mais suportando-a,
quanto ainda que pareça paradoxal, denota esperança para aquela igreja, pois é
uma palavra de graça, Ele ainda espera mudança por parte do seu povo ante que
derrame juízo sobre ele.
O que seria uma igreja morna?
Podemos falar de algumas características de
mornidão:
a) Mornidão tem a ver
com SATISFAÇÃO.
Satisfação aqui no sentido do conformismo. O
morno está satisfeito com sua situação, não percebe sua real condição, está
pobre, cego e nu; mas considera que está tudo bem.
Esse sentimento de conformismo é prejudicial
em todos os âmbitos da vida. Profissionalmente o conformado é alguém que não
ousa mudar, que não se arrisca, que não quer melhorar. Na vivência da igreja é
alguém que apenas vive os ritos, apenas participa das atividades sem se
importar muito de como está participando, o importante é estar fazendo algo.
b) Mornidão tem a ver
com INDIFERENÇA.
A pessoa indiferente é aquela para quem nada
importa. Se Jesus está a bater à porta, considera que é para outra pessoa, não
para ela. A pessoa indiferente não se deixa tocar.
c) Mornidão te a ver
com INDECISÃO.
É aquela pessoa escrava da conveniência, vai
pelo momento, dividida em seus pensamentos, indecisa, não toma uma postura. Não
é firme em suas posições. Isso acontecia naquela igreja, cheia de crentes que
agiam de acordo com conveniência, sempre prontos a se comprometerem com o
mundo, eram crentes frouxos, aceitavam todas as opiniões e não se posicionavam
de modo corajoso do lado da verdade de Deus.
Há algo mais que o Senhor Jesus reprova
naquela igreja, ela não se via dessa forma, achava que estava tudo bem.
II – Uma igreja
autoenganada, v. 17-18.
Ap.3.17 – “pois
dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu
és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”.
Aqueles irmãos tinham boa condição material,
mas infelizmente ao invés de manterem a humildade consideravam-se autossuficientes.
Confiavam na instabilidade da riqueza. Faz lembrar aquele homem da parábola citado
por Jesus que seu maior objetivo na vida era acumular mais riqueza (Lc
12.13-21).
Mas o Senhor faz lembrar a real condição
daquele povo:
a) Miserável – embora tivessem suficiência material, careciam da
verdadeira riqueza diante de Deus;
b) Pobre – aqui não no sentido material, mas da falta do que é
mais importante;
c) Cego – Não conseguia enxergar sua real condição. Não apenas
os ímpios são cegos espiritualmente, os salvos em alguns momentos podem estar
com sua visão espiritual nublada sem perceber seus pecados. Por isso o apóstolo
Pedro ao recomendar uma vida plena de fé, virtude, conhecimento, domínio próprio,
perseverança, piedade, fraternidade e amor diz que: “[...]
aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está
perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora” (1 Pe 1.9).
d) Nu – essa expressão é para denotar sua condição pecaminosa
diante do Senhor que deveria trazer vergonha para ele.
Todos nós não estamos isentos do autoengano.
Podemos estar nos iludindo, julgando que está tudo bem, contudo, as críticas do
senhor àquela igreja podem ser válidas a nós. “estou
rico e abastado” é o sentimento de um suposto cristianismo de alguém que
pensa que já sabe tudo a respeito de Deus, que não percebe que está lhe
faltando algo, não atenta para essa falta que pode ser preenchida todos os
dias, não é renovado espiritualmente e diariamente pelo Senhor. Não é renovado
porquê não busca, não busca porquê não deseja, não deseja porquê se altoengana.
Diante de sua real condição vem o conselho do
Senhor.
Ap.3.18 – “Aconselho-te
que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras
brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua
nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas”.
Jesus utiliza uma linguagem de mercado para
enfatizar que deveria buscar o que realmente importa, a verdadeira riqueza.
a) “ouro refinado
pelo fogo” é uma referência à fé
verdadeira que sobrevive até mesmo na tribulação;
b) “vestiduras
brancas” enfatiza a justificação que
nos foi dada pelo sangue de Jesus, pois somente ele remove o pecado e a culpa
do homem diante de Deus (Rm.3:21-26; Ap.16:15; 19:18).
c) “colírio para
ungires os olhos”. Naquela cidade se
produzia um colírio famoso e Jesus usa desse fato para mostrar a eles que
somente ele poderia leva-los ao reconhecimento da verdade da Palavra de Deus e
da real condição espiritual que eles se encontravam diante do Senhor. Só ele
pode nos mostrar o que é ilusão e o que é verdade em nossas vidas.
Essa palavra dura, sem elogios, é motivada
pelo amor do Senhor à sua igreja.
III – Uma igreja
convidada a mudar sua postura, v. 19-20.
V. 19 – “Eu repreendo
e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.
A verdade exposta pelo Senhor conforme se
encontra também em Hb 12.6 e Pv 3.12 faz lembrar a igreja sua necessidade de
arrependimento, caso contrário não poderia esperar nada mais do que juízo do
Senhor. Que possamos trocar aquilo que julgamos ser ou ter, nos desfazendo de
qualquer ilusão e decididamente estarmos tendo plenamente a Cristo! Que ele
possa ser tudo em nós e para nós! E ainda que ele venha a nos disciplinar, que
nos alegremos em saber que isso é motivado por seu amor.
O v.20 com certeza é o mais lembrado desse
texto. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a
minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo”.
Já pensou ir fazer uma visita a alguém que
lhe querido é essa pessoa fingir não estar em casa? Como nos sentiríamos?
Apesar de tantas vezes fecharmos nossas
portas para o Senhor ele diz que é perseverante, ele estar a bater. A realidade
daquela igreja é que o próprio senhor dela não estava tendo espaço em seu meio.
Mas o mesmo acontece com muitas comunidades cristãs hoje e com muitos crentes.
Isso denota falta de comunhão. Queremos
comunhão com Cristo, uma comunhão diária, constante e crescente? Que
sejamos então zelosos por nossa vida espiritual, que vivamos de modo mais
intenso o arrependimento de nossos pecados!
Conclusão
1. Há muitas possibilidades para nós enquanto igreja:
podemos nos portar como um clube onde as pessoas têm deveres e prazeres ou
podemos viver como uma casa onde o Senhor habita.
E você, que tipo de igreja tem contribuído
para edificar? Que conceito tem acerca de si mesmo(a)?
2. Que bom sabermos que servimos aquele que tem poder
para conduzir os vencedores ao seu trono de glória (v. 21). Além das realidades
já presentes por termos aberto nossos corações para ele: vivemos as riquezas do
seu reino, recebemos vestes de justiça, nossos olhos foram abertos, temos a
alegria da comunhão com Cristo; podemos também sentir-nos motivados neste mundo
por sabermos que sentaremos com ele no trono da glória. A ideia aqui é de
conquista e autoridade. É a comunhão da mesa secreta transformada em comunhão
pública.
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