Apocalipse 3:1-6 - UMA IGREJA QUE NECESSITA DE REAVIVAMENTO

Ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.
Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras  as tuas obras na presença do meu Deus.
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás de modo algum em que horas virei contra ti.
Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.
O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.




Introdução

A história da igreja em Sardes tem um pouco a ver com a história da cidade. Sardes houvera sido capital da Lídia no século VII a.C, uma cidade importante. Situada no alto de uma colina, sentia-se muito segura, inexpugnável, jamais seus habitantes imaginariam cair nas mãos de inimigos.
A cidade de Sardes tinha uma atividade econômica basicamente do comércio da lã. A cidade ocupava uma posição estrategicamente importante, pois lá havia uma rota comercial. O comércio era algo intenso e que gerava riqueza, contudo, para os cristãos havia um problema, era uma atividade exclusiva dos adoradores da besta. Como é dito em 13.16 para comprar e vender é necessário ter a marca da besta, o nome da besta, o número do seu nome.
Aqui há esse dilema, por um lado há o poder do dragão que domina, persegue, exige adoração exclusiva; e por outro lado, os cristãos, não podendo ceder a essa exigência, estão cansados e perguntado ao Senhor: “até quando?” (6.10).
Aquela cidade, considerada inconquistável, com sua muralha eficiente a lhe proteger, caiu nas garras de Ciro da Pérsia em 529 a. C, seu exército entrou por um buraco na muralha e dominou toda a cidade. Mais tarde, em 218 a. C, Antíoco Epifânio dominou a cidade da mesma forma. Assim, os moradores de Sardes entendiam bem as palavras: "Sede vigilantes! ... senão virei como ladrão de noite".
A cidade foi reconstruída no período de Alexandre Magno e dedicada à deusa Cibele. Essa divindade padroeira era creditada com o poder especial de restaurar vida aos mortos. Mas a igreja estava morrendo e só Jesus poderia dar vida aos crentes.
No ano 17 d. C. Sardes foi parcialmente destruída por um terremoto e reconstruída pelo imperador Tibério. A cidade tornou-se famosa pelo alto grau de imoralidade que a invadiu e a decadência que a dominou.
Quando João escreveu esta carta, Sardes era uma cidade rica, mas totalmente degenerada. Sua glória estava no passado e seus habitantes entregavam-se agora aos encantos de uma vida de luxúria e prazer. A igreja tornou-se como a cidade. Em vez de influenciar, foi influenciada. Era como sal sem sabor ou uma candeia escondida. A igreja não era nem perigosa nem desejável para a cidade de Sardes.
É nesse contexto que vemos Jesus enviando esta carta à igreja. Sardes era uma poderosa igreja, dona de um grande nome. Uma igreja que tinha nome e fama, mas não vida. Tinha performance, mas não integridade. Tinha obras, mas não dignidade.
A esta igreja Jesus envia uma mensagem revelando a necessidade imperativa de um poderoso reavivamento. Uma atmosfera espiritual sintética substituía o Espírito Santo naquela igreja. Ela substituía a genuína experiência espiritual por algo simulado. A igreja estava caindo num torpor espiritual e precisava de reavivamento. O primeiro passo ao reavivamento é ter consciência de que há crentes mortos e outros dormindo que precisam ser despertados.
Não é diferente o estado da igreja hoje. Ao sermos confrontados por aquele que anda no meio dos candeeiros, precisamos também tomar conhecimento da nossa necessidade de reavivamento. Devemos olhar para esta carta não como uma relíquia, mas como um espelho, em que nos vemos a nós mesmos.




I – Uma aparente de condição de vida, v.1-2.

Como ocorre em todas as cartas Jesus se apresenta com seu título que faz parte da revelação à João, assim como consta no capítulo primeiro (1.4, 16, 20; 2.1).
Mais uma vez a menção aos sete Espíritos de Deus, expressão que busca designar a plenitude do Espírito Santo. Faz-se necessária essa ênfase, pois embora aquele igreja aparente estar muito viva, se encontrava decadente. E somente o Espírito de Deus pode trazer vida à igreja. Uma igreja pode ter estratégias acerca de suas atividades, isso lhe ajuda a se manter enquanto comunidade local, contudo, é algo que pode existir sem que haja vida real na igreja. A vida dinâmica espiritual só há mediante a atuação do Espírito Santo.
O Senhor Jesus também faz menção que em suas mãos estão as “sete estrelas”, referência aos sete líderes, pregadores, daquelas igrejas. Os mensageiros da Palavra de Deus são os canais para que o Senhor fale à igreja e venha então a gerar vida.
Jesus declara: “conheço as tuas obras, que tens nome de que vive e estás morto” (v.1). Infelizmente era uma igreja sob a influência mundana. Podiam os crente ali serem muito ativistas, mas sua fama não correspondia com sua realidade espiritual. Aquela era uma igreja que tinha todas as características externas de uma igreja viva. Contudo, internamente estava infrutífera, morta.
Uma igreja deve ser ativa, mas não é raro em nossos dias isso ser confundido com ativismo. Ativismo é algo que pode fazer uma igreja ter reputação, mas isso acontecendo estando cheia de crentes carnais de nada adianta ao Reino do Senhor e a essas pessoas.
“Sê vigilante” (v.2), isto é, tenham muito cuidado, pois em um pequeno vacilo vocês poderão estar conhecendo a derrota. Isso faz lembra que por falta de vigilância aquela cidade foi derrota por seus inimigos no passado que entraram por uma pequena brecha no muro. Como comunidade e individualmente devemos estar alerta, não permitindo brechas espirituais, pois nosso adversário sabe aproveitá-las muito bem.
Com a expressão “consolida o resto que estava para morrer” vem a ideia de fortalecer, fortificar, tornar firme (v.2). Aquela era uma igreja de pessoas enfraquecidas espiritualmente. Os que estavam conscientes da realidade da igreja deveriam ajudar aqueles que se encontravam em condição de mornidão espiritual. Para que uma igreja não tenha apenas aparência de vida, mas verdadeira vida em comunidade é necessário que os irmãos se ajudem mutuamente: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrige-os com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas um dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.1, 2).
 “Porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (v.2). Aquela era uma igreja que tinha seus rituais, fazia suas obras, mas fazia sem amor, sem fé genuína, sem prazer espiritual, e isso não é suficiente para o Senhor. Por mais que seja difícil às vezes, por conta de circunstâncias adversas, busque servir ao SENHOR com alegria e singeleza de coração.


II – A advertência do possível juízo divino, v.3.

Deveriam lembrar o evangelho que receberam. A obediência deveria voltar a fazer parte de suas vidas, a chamada ao arrependimento era urgente aqui. Deveriam ter uma mudança de mente e de coração. Arrependimento diz respeito à percepção racional do pecado, ao entristecimento por ter pecado e ao desejo de não mais voltar a tal prática.
A igreja foi devidamente cuidada pelo Senhor, alimentada espiritualmente, tem a presença de seu Santo Espírito. Contudo, a igreja de Sardes parecia estar vivendo como se nada disso tivesse acontecido. A palavra de Jesus é uma só: arrepende-te, senão virei em juízo.
A ameaça do juízo está posta para o caso do não arrependimento.
Todo reavivamento na história da igreja esteve presente a chamada ao arrependimento, o consequente arrependimento do povo e a restauração do Senhor na vida do povo.


III – Gloriosas promessas aos vencedores, v.4-6.

Em sua graça o Senhor sempre sustenta alguns na pureza. Mesmo em uma igreja que estava contaminada pela influência mundana, havia aqueles que não mancharam suas vestimentas. Roupas brancas e limpas é símbolo de conduta e estilo de vida moral aprovada pelo Senhor. A promessa do Senhor é que essas pessoas andariam com ele, por serem dignas. Essa dignidade não é própria, mas por causa da obra de Cristo aplicada a elas (Ap 7.13-15).
No v. 5 a ideia é que o vencedor será vestido de vestidura branca pelo próprio Cristo, isto é uma indicação da glorificação dos santos. Diz ainda que de nenhum modo será apagado o seu nome do Livro da Vida, aqui a referência é à certeza da salvação, à segurança dos santos. Aqueles que em Cristo podem sentir-se seguros de que serão vencedores, seus nomes estão escritos no Livro da Vida.
Essa expressão “Livro da Vida” é interessante aqui, pois os romanos apagavam os registros civis dos condenados antes de sua execução. O Senhor está garantindo àqueles que estavam como réus tendo a possibilidade de perderem sua cidadania romana, que não havia como eles perderem sua cidadania celestial. No antigo Testamento a expressão “Livro da Vida” tem o sentido de morte terrena, por isso que Moisés pede para o Senhor riscar o seu nome do Livro da Vida quando intercede pelo povo (Ex 32.32, 33).
O v. 5 termina com o Senhor Jesus dizendo: “Confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”. Essa é uma repetição do que consta em Mateus 10.32. Muito melhor do que a boa fama, do que ser visto em alto conceito pela sociedade, do que ter a fama de estar vivo, é de fato tudo isso corresponder com a realidade de estarmos em Cristo e termos nosso nome proclamado por ele nos céus como um dos redimidos, para o louvor de sua glória.
Assim, meus irmãos, quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas, valorize, ponha em prática.


Aplicações

1. Que como igreja local não nos preocupemos primordialmente com nossa aparência de igreja ativa e trabalhadora, não devemos essa satisfação à sociedade nem a outras igrejas. Nossa preocupação é que de fato estejamos sendo uma igreja viva, que trabalha na dependência e poder do Espírito Santo.

2. Muitos crentes tem ouvido a repreensão do Senhor e a chamado ao arrependimento, quando isso ocorrer conosco que não percamos tempo, mas caiamos aos pés do Senhor em confissão de pecados.

3. Você é um(a) vencedor(a) em Cristo Jesus. Pode ser que sofra algumas derrotas nesta vida. Lute para viver mais vitórias do que derrotas. Mas que as derrotas sofridas não tirem sua percepção de que a vitória final é garantida pelo sangue do Cordeiro.


Conclusão


“Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec 9.8). Reavivamento é santidade de vida.

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