Apocalipse 2.18-29 - Uma igreja tolerante com o pecado



Introdução

A maior das cartas é dirigida a menor das igrejas. E a cidade de Tiatira não era uma cidade tão importante quanto as demais, não era um centro político nem religioso, tinha apenas um pouco de destaque no comércio.
Havia grêmios (grupos de comerciantes de lã, de couro, de linho, de bronze, de tintureiros, de alfaiates, de vendedores de púrpura, etc) que se reuniam com frequência. Era importante para os comerciantes fazer parte desses grêmios, ajudava nos negócios, na verdade, era essencial. Nessas reuniões havia sacrifícios aos ídolos e normalmente terminavam em orgias.
Essa carta nos mostra os perigos em ser cristão em um ambiente hostil e que não é possível servir a dois senhores (Mt.6:24; Tg.4:4). Infelizmente a igreja de Tiatira estava fazendo justamente isso, por ser demasiada tolerante com o pecado, tentavam agradar à sociedade e assim se contaminavam. Era como se estivessem tentando servir a dois senhores.



I - UMA IGREJA DINÃMICA, V.18-19.

V. 18 Mais uma vez a carta inicia com a apresentação de seu autor. Quem lhes escreve é o Filho de Deus. Essa ênfase no óbvio se faz necessária porque a carta é enviada a uma igreja que se encontra inserida em uma sociedade onde César e Apolo são tidos como divindades.
Ele apresenta-se como aquele que sonda e conhece todas as coisas, tem os “olhos como chama de fogo” (1:14), nada lhe é oculto. Além disso, diz que tem “pés semelhantes ao bronze polido” (1:15), ou seja, indica com isso que sua presença será percebida, pois ele julga a todos.
Depois de apresentar-se o Senhor falar-lhes o que está lhe agradando naquela igreja
v.19 – Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Aqui o Senhor revela que aquela era uma igreja dinâmica. Trabalhava bastante. Seria hoje uma igreja com agenda bem cheia. Também o amor era notório, e isso era algo muito positivo. Confiava no Senhor, a fé era genuína. Era perseverante em meio às provações. Tudo isso estava bem, contudo, ainda não era o suficiente. Em meio a todas essas coisas positivas havia algo que estava maculando sua santidade.


II – UMA IGREJA TOLERANTE AO PECADO, V. 20.


Percebam que antes de o Senhor repreender a Jezabel repreende a igreja por ser tolerante com aquela mulher. Quando os falsos ensinos estão no contexto da igreja aqueles que ouvem a aceitam são tão culpados quando os que ensinam heresias.
Jezabel faz lembrar aquela do A. T. de mesmo nome. A Jezabel do A. T. ensinou a idolatria ao povo, introduziu o culto pagão a Baal, perseguiu os profetas do SENHOR matando-os.
A Jezabel de Tiatira ensinava e induzia o povo ao erro. Pregava uma liberdade enganosa quanto ao pecado, uma tolerância não bíblica. Ensinava uma liberdade que era uma escravidão. Possivelmente dizia aos crentes comerciantes que não havia problemas de eles participarem daqueles grupos de comerciantes que sacrificavam aos ídolos e viviam na libertinagem sexual, afinal ela entendia que isso era necessário para poder se manter naquela sociedade. Transigir com o pecado nunca é a saída diante de uma situação de dificuldade.

Havia então nos ensinos daquela mulher uma falsa doutrina e uma falsa moralidade.

a) A falsa doutrina. Além de defender que não poderiam cometer um suicídio comercial deixando de participar daquelas festas, também dizia ela que era necessário conhecer as coisas profundas de Satanás (v. 24). Com isto ela queria dizer que só é possível de fato vencer o pecado se de algum modo mais profundo você conhecê-lo, ou seja, é necessário passar pela experiência da fornicação para saber o que de fato é isso e então poder vencer. Segundo Jezabel era necessário adulterar para poder vencer o adultério. Mas a Palavra de Deus nos diz totalmente o contrário, ora se nós já morremos para o pecado, como pois iremos admitir que vivamos sua prática? Como diz Paulo "na malícia... sede crianças (1 Co 14:20);  "devemos ser símplices para o mal" (Rm 16:19), ou seja, esse tipo de conhecimento prático não podemos jamais admitir.

b) A falsa moralidade. Jezabel está a ensinar uma moralidade liberal, ou seja, sem regras, sem legalismos, sem proibições.


III – UMA IGREJA CONFRONTADA POR JESUS, V. 21.

Veja o Senhor em sua longanimidade. Ela teve tempo para que se arrependesse de seu pecado. O prazer do Senhor está não no exercício do juízo, mas em acolher quem se arrepende a vai aos seus braços.
Cada dia que o senhor não nos trata consoante os nossos pecados é tempo de graça para nós, que possamos aproveitar longanimidade e cair aos seus pés em arrependimento.


IV – UMA IGREJA QUE VERIA O JUÍZO DO SENHOR, V. 22-23.

Os atos de justiça do Senhor Jesus foi profetizado àqueles que comungavam com o pecado de Jezabel e que assim como ela não se arrependeram. Com sua atitude eles estavam a zombar da paciência de Cristo, mas o Senhor não se deixa escarnecer.  Eles receberiam o salário devido pelo seu pecado. O pecado inicialmente pode parecer atraente, mas o resultado é destruição. É como a oferta de estelionatário, que enaltece as supostas vantagens buscando seduzir sua vítima, mas no final a pessoa ver a realidade de sua condição.

VII – UMA IGREJA ENCORAJADA A PERMANECER FIEL ATÉ O FIM, V. 24-25.

Embora alguns tenham sido seduzidos pela influência de Jezabel, havia aqueles que permaneceram vivendo em santidade. É possível mesmo em meio a grande corrupção permanecer fiel. O Senhor diz que não colocaria outra carga sobre eles, apenas deveriam permanecer fiéis. Que eles continuassem levando o julgo de Cristo aguardando o Senhor.
O grande propósito do diabo é arruinar a igreja, afastá-la da fidelidade ao Senhor. Ele poderá usar de muitas estratégias para isso; naquele contexto a perseguição era uma dessas estratégias, a heresia também, assim como a influência do pecado.
Aqui no Brasil não somos uma igreja perseguida, mas somos uma igreja que está sangrando por conta das heresias e porque está permitindo que coisas mundanas lhe influencie. Que apesar desse contexto negativo possamos permanecer fiéis!


VIII – UMA IGREJA COM PROMESSA DE RECOMPENSA, V. 26-28.

O vencedor é todo aquele que guarda as obras de Jesus, são os verdadeiros salvos. Aqueles que desistem o fazem na verdade porque nunca foram salvos, são como Judas, vivem um grande privilégio de estar entre os salvos, presenciar o agir de Deus no meio de sua igreja, mas não possui a vida em si, pois nunca foram regenerados.
Essa “autoridade sobre as nações” faz lembrar que Jesus recebeu depois de sua obra expiatória toda a autoridade (Mt 28.18), e ao nos ordenar anunciar o evangelho ele está nos enviando a conquistar as nações pela pregação das Boas Novas, que é salvação para os eleitos, mas perdição para os ímpios (Sl.2:8,9). Também aqui está imbuído do sentido que quando o Senhor voltar, aqueles que foram desprezados por amor a Cristo, com ele estarão em glória.
A “estrela da manhã” é o próprio Cristo. Ele é a nossa herança, o nosso deleite, o nosso prazer para sempre, muito mais excelente do que qualquer banquete deste mundo.


Conclusão

V. 29. Essa carta não foi apenas para Tiatira, mas para nós também. Que jamais sejamos como igreja e individualmente transigentes com o pecado!


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