Introdução
O
livro de Apocalipse possivelmente é o livro menos lido da Bíblia. É um livro
diferente de todos os outros: cheio de simbolismo, imagens vívidas, repetições
numéricas, fala do dragão, da serpente, do número 666 como número da Besta.
Tudo isso enquanto é fascinante para alguns, para outros é assustador. É um
livro de difícil interpretação, se isso ocorre entre os estudiosos, muito
patente entre o povo em geral. Muitas pessoas tem uma visão meramente futurista
de Apocalipse, desconsideram ou desconhecem que ele também fala acerca do
presente. Interpretar esse livro somente como conteúdo de profecias futuras é
algo alienante. Erroneamente alguns já usaram este livro para defender algumas
posturas equivocadas; por exemplo: a ideia de que a ex-União Soviética
juntamente com a China era um bloco comunista diabólico profetizado em
Apocalipse (Gogue e Magogue - Ap 20,7-8), que combateriam os cristãos
democráticos e capitalistas, os quais, entretanto, venceriam com a ajuda de
Cristo (obviamente essa visão foi difundida por intérpretes norte-americanos).
Esse é apenas um exemplo de muitos absurdos já apregoados por meio de uma
interpretação errada do livro.
O
livro de apocalipse enquanto é encantador para alguns, para muitos outros é considerado
estranho, e por isso é evitado. Há duas razões básicas porque isso acontece:
a) a ideia de que ele é um livro selado,
encoberto.
Pelo
próprio título do livro essa ideia já deveria ser descartada. Apocalipse
significa revelação. O Senhor diz a João: "Não
seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo"
(22:10). O que nele está escrito deve ser conhecido por todos. Traz revelações
acerca do futuro próximo e do futuro distante.
b) a ideia de que fala de catástrofe, de
caos.
Essa
ideia prevalece hoje. Inclusive na cultura mundana o apocalipse é algo que deve
ser evitado, que o ser humano deve lutar para evitar que aconteça. Há muitos
filmes que retratam isso. Mas o livro de Apocalipse, embora mostre tragédias,
sofrimento, é antes, a revelação da vitória final de Cristo e sua igreja. Jesus Cristo em sua glória é o tema do
livro.
Por
que devemos ler Apocalipse?
Primeiramente
porque é Palavra de Deus, e como tal é útil para o ensino, para a correção,
para instruir na justiça (2 Tm 3.16).
Em
segundo lugar porque é bastante confortador, pois revela a vitória final de
Cristo e de sua igreja.
I – O título, o autor e o assunto do
livro, v. 1-3.
O
próprio livro esclarece suas peculiaridades: ele é a revelação daquilo que em
breve acontecerá; foi escrito por João, o mesmo que escreveu as epístolas e o
evangelho; e revela Cristo em sua glória.
Em
um tempo de perseguição e de grande sofrimento para a igreja João recebe essa
revelação acerca do Cristo vitorioso, que voltará e porá em triunfo a Sua
igreja.
Este
é um livro repleto de símbolos, e há uma razão para isso.
Nesse sentido é parecido com as parábolas, esclarece para uns e oculta para
outros. A igreja compreendia o que era dito por meio dos símbolos, no
entanto os ímpios nada entendiam. Assim: para falar acerca de um ditador
falou de uma besta, em vez de falar acerca de todo o sistema sedutor e
maligno do império romano falou da Meretriz, de Babilônia, a grande.
II – Os leitores de Apocalipse, v. 4-8.
Jesus
envia sua mensagem por meio de Joãos às sete igrejas da Ásia. Poderia ser a
seis igrejas ou a oito, contudo o livro é enviado a sete igrejas por um motivo
específico. O número sete se repete com frequência no livro: há sete
candeeiros, sete estrelas, sete selos, sete trombetas, sete taças, sete
espíritos, sete cabeças, sete chifres, sete montanhas. Isso ocorre porque que o
número sete significava algo completo. Então ao escrever às sete igrejas
tem o sentido de estar escrevendo a toda a igreja, isso em todos as eras e em
todos os lugares.
É
um livro destinado a todos os verdadeiros cristãos. Nos exorta, nos encoraja.
Somos abençoados ao ouvir a sua mensagem, ao guardá-la em nossos corações. Deve
ser lido nos cultos ao Senhor.
Não
devemos nos aproximar desse livro como meros curiosos. A reação de João diante
da revelação divina foi semelhante à de Daniel (D 10.7-10; Ap 1.17). Ficaram
esmagados diante da grandeza do Senhor. Desse modo, devemos nos aproximar do
livro de Apocalipse com reverência.
III – O remetente do livro de
Apocalipse, v. 4-5.
João os saúda com a graça e
a paz. É uma saudação de encorajamento para uma igreja que está
vivendo um martírio. Ele fala em nome do verdadeiro autor do livro, o Deus
Triúno. Nesses versículos temos a revelação da Trindade. O Deus Pai, o Deus Filho
e o Deus Espírito, que é um Deus Triúno, estão no total controle da situação
vivenciada pela igreja, em meio à
tribulação que ela enfrenta Ele envia Sua Graça e sua Paz.
Mas
esses versículos também nos mostram como a igreja deve ver o noivo. O que aqui
está exposto traz a revelação do tríplice ofício de Cristo:
a) Ele é Profeta – A
Fiel Testemunha nunca deixou de anunciar o Pai em seu ministério terreno, mesmo
na hora do sofrimento e da morte. Ele mesmo disse: “Eu
vim para fazer a vontade do pai” (Jo 6.38);
b) Ele é Sacerdote –
Ele nos representou em sua vitória contra a morte, é o primogênito na
ressurreição e nós o seguiremos também ressuscitando no corpo. Uma igreja que
passa por perseguição e martírio precisa ouvir que o seu senhor é aquele que
venceu a morte;
c) Ele é Rei – O
Soberano dos reis da terra. Ele é o rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele
está acima dos impérios, tem domínio absoluto sobre tudo.
Qual
então deve ser a postura da igreja? João em sua descrição passa a adorar a
Cristo. E essa deve ser a postura constante de toda a igreja, pelas razões por
ele exposta:
a)
Ele nos ama. O verbo no presente indica a permanência
desse amor. Ele nos amou, nos ama e continuará nos amando perpetuamente.
b)
Ele nos libertou dos nossos pecados. João fala do ato da
redenção já concluído.
c)
Nos constituiu reino e sacerdotes. Já reinamos com Cristo nas
regiões celestiais, e reinaremos de modo mais excelente. Além da posição real
ao lado de Cristo também nos concedeu ser sacerdotes. Os sacerdotes tinham uma
mitra na qual tinha uma placa de ouro onde estava escrito “Santidade ao
Senhor”. Como sacerdotes, então, devemos viver uma vida de santidade.
IV – O tema do livro de Apocalipse, v.
7-8.
Eis
aqui o grande tema do livro: a vitória de Cristo em sua volta gloriosa.
A vinda de Cristo será:
a)
Uma vinda Pessoal
Não
será um evento do qual ouviremos, mas veremos, vivenciaremos, contemplaremos.
Assim como foi pessoal a sua partida será pessoal o seu retorno. Vários textos
bíblicos corroboram (Jo 14.3; 1 Ts 4.16; At 1.11).
b)
Uma vinda Pública e visível.
“[...todo
o olho o verá...] (1.7).
“e
verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória”
(Mt 24.30).
c)
Uma vinda Poderosa e para juízo
Aquele
que veio em estado de humilhação, viveu em estado de humilhação e morreu também
em humilhação sendo vítima de um julgamento
falso, voltará gloriosamente para julgar todas nações (Mt 25.31-46). Sua
vinda será em grande glória (Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27).
No
v. 8 o Senhor mesmo fala de seus atributos de onipotência e eternidade, isso
para mostrar que ele é poderoso para executar o seu plano na história humana.
Conclusão
Ao
contemplar essa revelação de Cristo devemos estar nos perguntando:
·
Temos hoje como igreja e como cristãos
individualmente constantemente diante de nossos olhos a visão desse Cristo
glorificado?
·
Temos nos percebido em viver uma vida de
preparação para o seu retorno?
·
Estamos sendo como aquelas jovens prudentes,
nossas lâmpadas estão cheias de azeite? Ou temos sido relaxados?
Impendentemente
do que estejamos passando tenhamos em mente que a mensagem de Apocalipse é para
nós; e nos fortalece, nos anima e nos exorta.
2 Comentários
Gostei do esclarecimento do número 7. Nunca tinha parado para pensar. Ótima explicação. Graça e paz
ResponderExcluirPaz Analine! Que bom que foi esclarecedor!
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