Zacarias 8.13-23 - O poderoso favor de Deus ao seu povo

Introdução

           Zacarias foi um profeta que Deus instrumentalizou para incentivar o povo a reconstruir o templo, contemporâneo de Ageu, era ainda jovem quando começou seu ministério profético. Seu ministério realizou-se em Judá, ele é citado por Esdras no cap. 1 v.1 como sendo um dos incentivadores a dar palavras de despertamento ao povo para reconstruírem o Templo. O livro de Zacarias começou a ser escrito uns 19 anos após os primeiros judeus voltarem do Cativeiro Babilônico. Isto é, foi escrito entre 520 a 470 a.C. O texto em questão faz parte desse contexto, e nos mostra como Deus pode agir de modo maravilhoso na vida de seu povo assim como  suas exigências a este povo que ele está abençoando.


I – Quando Deus decide favorecer o seu povo, v. 13-15.

           Olhar para o passado lembrando as coisas tristes só tem valor para o presente se não nos mantivermos presos a este passado, mas trazê-lo à memória como aprendizado para atualidade e como incentivo à gratidão a Deus pelas bênçãos atuais. Zacarias faz o povo lembrar o passado: “fostes maldição entre as nações”, passado de vergonha, de humilhação, que ainda se estendia no presente. A causa de tudo, de toda a dor, de toda vergonha, de toda a ira divina foi a perversidade de seus caminhos pecaminosos, como o Senhor diz por meio de seu profeta que aquele povo o provocou à ira. Setenta anos de cativeiro para aqueles que foram expatriados; pobreza extrema para aqueles poucos que permaneceram em Judá; receberam, então, a devida medida da ira divina. Mas as palavras aqui proferidas são palavras de restauração, ele apenas lembra-lhes o passado para que possam saber que assim como grandiosa foi a manifestação da ira divina, igualmente grandiosa será a manifestação de sua graça. A profecia é de que eles viriam a ser bênção, vivenciariam a salvação de Senhor. Não é que o Senhor tenha se arrependido de tê-los castigado, mas que em seu santo propósito agora chegou a hora de mudar a “sorte” de seu povo. Era uma decisão soberana do Senhor.
           Como demonstrado nesse relato e tantos outros da Palavra, a ira do Senhor para com os seus filhos não permanece para sempre. Como povo de Deus pode ser que venhamos a passar correção, açoites, e muito possivelmente experimentar sentimentos de vergonha por não estar sendo plenamente abençoado em todas as áreas de nossas vidas como consequência de um proceder pecaminoso. Mas como é maravilhosa a certeza de que: "... a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmos 30:5).
           Quando o Senhor decide nos favorecer, embora Ele leve em conta nosso arrependimento, não é nosso arrependimento que o leva a agir como se Ele não tivesse escolha, como se estivesse sendo pressionado a isto, de modo algum. Nosso arrependimento é nosso dever, e embora a um coração contrito o Senhor não desprezará jamais, não faz porque somos dignos, mas porque Ele é bom, é como nos diz Miqueias 7.18: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade".
           Como povo de Deus, como igreja local já vivenciamos nossos momentos de vergonha, atrevo-me a dizer, já vivenciamos nossos momentos da ira do Senhor, mas o Senhor em Sua bondade, no presente tem nos favorecido.
           E você meu irmão, minha irmã, não desanime se estiver açoitado pelo Senhor, reconheça seu pecado, arrependa-se e saiba desde já que o tempo da alegria chegará. Deus te favorecerá!
           Mas Zacarias segue falando das exigências que devem estar presentes na vida daqueles que estão sendo favorecidos pelo Senhor.


II – As exigências divinas a um povo favorecido, v. 16-17.

           Muitas coisas poderiam ser mencionadas aqui, mas o que me chama a atenção é o fato da centralidade de como eles deveriam se comportar para com o seu próximo: “falai a verdade cada um com o seu próximo” (v.16); “nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo” (v.17). Eles só poderiam manter a bênção do Senhor presentes em suas vidas se vivessem como deve viver o povo eleito do Senhor. É uma exigência de pureza nos relacionamentos. E como isso também é pertinente nos dias atuais. Não podemos como povo de Deus agir em conformidade com o mundo com palavras e atitudes insinceras. Isto não significa ser negligente com aquilo que é justo, pois foi Jesus mesmo que disse: “Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). As palavras de nosso Senhor devem ser entendidas no âmbito da justiça imputada de Deus para nós, ou seja, a justiça de Cristo em nós. Deve ser entendida também como justiça implantada, ou seja, uma vida em santidade diante do Senhor: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20). E também como justiça promovida: “venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Desse modo o filho de Deus lutará contra a injustiça, conta a opressão, contra a inverdade nos julgamentos e nos relacionamentos, não se calará quando algo injusto é falado ou feito a alguém ou contra um povo.
           Deixa eu te perguntar: o que você pensa a respeito de sua irmã em Cristo? O que você tem falado a respeito de sua irmã, de seu irmão condiz com alguém que quer ser favorecido pelo Senhor? Pense nisso, e se a resposta for negativa, mude seu comportamento.
           Mas ainda devemos mencionar que o povo que é favorecido pelo Senhor prestará ao Senhor um culto sincero, alegre, como consequência de uma vida que ama a verdade e a paz.


III – A alegria do culto de um povo favorecido pelo Senhor, v. 18, 19.

           Por que essas palavras neste momento? Voltemos um pouco e observemos o capítulo 7. Neste capítulo o Senhor recusa o jejum que os judeus estavam fazendo. E recusa porque eles em suas datas especiais realizavam os jejum como era de costume com o propósito de expressar luto e súplica. Mas a dura palavra do Senhor a eles é que era tarde demais, a tristeza deles não mudaria o santo propósito da justiça divina que já havia sido profetizado por outros profetas, pois não deram ouvidos à voz do Senhor. O Senhor enviou profetas a eles e eles não deram ouvidos, por isto disse-lhes: “Visto que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 7.13).
           Mas o Senhor se voltou para eles com tanta benignidade que o jejum de meses festivos não seria expressão de tristeza, mas de alegria.
           Assim como com eles que nosso culto ao Senhor também seja repleto de alegria, o que não significa irreverência, mas satisfação no Senhor, sentimento de gratidão, alívio pelo perdão divino, bem-estar na alma por estar na presença do Senhor. Tudo isso sim pode ser expresso em louvores alegres para glória do nosso Deus.
           E a centralidade de tudo isso é do Senhor, é Ele quem realiza na vida da sua igreja pela ação de seu Santo Espírito! E o Espírito Santo nos leva a cultuar com fervor combinado com entendimento, com alegria combinada com solenidade, com sentimento combinada com racionalidade.
           Se você tem reconhecido de coração o quanto o Senhor tem te favorecido não será difícil a você adorá-lo com alegria e singeleza de coração!
           E finalmente meus irmão, tudo isso traz como resultado prático uma influência maravilhosa na vida daqueles que ainda não conhecem a Cristo como salvador, mas por nosso testemunho podem ser atraídos a ele.


IV – A influência de um povo favorecido pelo Senhor, v. 20-23.

           Esses versículos dizem dos judeus que uma vez restaurados pelo Senhor, debaixo da bênção divina viveriam uma época em os povos de nações olhariam para Judá e seriam impactados pelo testemunho deles, aponto de ser dito: “Vamos depressa suplicar o favor do SENHOR e buscar ao SENHOR dos Exércitos" (v.21). Um tempo de influência maravilhosa na vida dos gentios por meio do povo de Israel: “Iremos porque temos ouvido que Deus está convosco” (v.23c). Há quem interprete e aplique esses versículo como uma profecia a respeito do Milênio, os mil anos de reinado de Cristo na terra, que alguns acreditam será um reinado sócio-político, outros que Jesus já reina de modo espiritual.  Independentemente da interpretação que se der a esse texto o que nos interessa no momento é o teor nele contido da influência que pode exercer um povo que vive no temor do Senhor.
           O que desejo que você pense neste momento é se seu testemunho tem atraído pessoas a Cristo. Devemos ser testemunhas vivas de Cristo, primeiramente com nossas palavras e em segundo lugar com nossas atitudes. E como bem sabemos o mundo é especialista em identificar hipocrisia, não é preciso iluminação do Espírito Santo para que as pessoas saibam que alguém não está vivendo o evangelho que com os lábios está a propagar. O anúncio do evangelho quando isso ocorre é desprezado pelas pessoas, pois o que as atrai são outras pessoas que não apenas falam, mas suas vidas podem ser citadas como permeadas pelo evangelho de Cristo.
           Diante disse eu te pergunto: a forma como tem se portado demonstra o reino de Deus em você? O seu testemunho pessoal é exemplo de alguém sob o domínio do Espírito Santo, ou é exemplo de uma pessoa sob o domínio da ira, da inveja, da amargura que tem como resultado o afastamento das pessoas ao invés de atraí-las.
           Minha oração é para que as pessoas possam ver em você alguém a quem elas podem recorrer e dizer: Eu vou com você, pois sei que Deus está com você! Minha oração é para que as pessoas olhem para esta igreja e possam dizer: Vamos até lá, vamos buscar o favor do Senhor, porque as pessoas dessa igreja são verdadeiros crentes!


Conclusão

           Que possamos ser um povo que reconhece o constante favor divino em nos vidas, em gratidão por Ele ter se voltado para nós com bondade e amor inexplicável!
           Que possamos andar de acordo com a vocação a que fomos chamados, sabendo que Ele é gracioso, mas em Sua graça Ele tem suas exigências para conosco!
      Que cada um de nós, individualmente e coletivamente, respondamos ao seu maravilhoso amor com a mais sincera e profunda adoração de nossas almas!
           E que nossas vidas sejam transparentes ao ponto de evidenciar o favor divino da bênção da salvação e nossa comunhão com Ele, e que assim por nosso intermédio, como instrumentos em Suas mãos, pessoas se acheguem ao evangelho da graça!


           Que Deus em Cristo, pela operação do Seu Santo Espírito continue nos favorecendo!

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