Gênesis 19.1-29 - LÓ E SEU CONFORMISMO COM A IMORALIDADE


Introdução

           Quais as prioridades que você enquanto pai ou mãe tem considerado para seus filhos? Conquistar fama, riqueza? O seria moldá-los às verdades do evangelho? Quais valores você tem aprendido com seus pais?
           Como está sua relação com o mundo, com o sistema de valores que predomina na sociedade? Você tem vivido em total consagração ao Senhor, ou tem negociado com o mundo alguns aspectos de sua vida?


Elucidação

           Em Gênesis 19, temos a conclusão da triste história de Ló. Através da vida de Ló nós podemos ver o quanto um filho de Deus pode perder por tomar decisões erradas e por se embaraçar com este mundo. Ele se casou com uma mulher carnal, e vivia em uma cidade ímpia por razões meramente carnais. Enquanto o exemplo de Ló permanece como um aviso, não podemos esquecer de que ele era um homem justo. Isto faz ele ser um alerta eficaz ainda mais para os santos. Mesmo aqueles que conhecem a Cristo, podem cometer erros e causar muitos danos, se falharem no dever de vigiar e orar.¹



I - Ló, um homem justo, mas conformado com o pecado.

           Quem de fato era Ló? Como podemos traçar um perfil desse homem? Já vimos no capítulo 13 que Ló escolheu a região daquelas cidades, Sodoma e Gomorra porque parecia ser algo muito vantajoso a ele. Desse modo daí se percebe sua concepção de vida muito arraigado no aqui e agora, andando por vista não por fé. E de fato ele veio a se “dá bem” em Sodoma, pois no v. 9 dizem dele: “veio morar entre nós e pretende ser juiz em tudo?”, o que parece indicar que pelo menos em algumas coisas ele tinha poder de decisão, exercia algum tipo de cargo político. O fato de estar assentado à porta da cidade também indica isso, pois nas cidades antigas a porta era o lugar de negócios e ao mesmo tempo de decisões políticas. E aqui já demonstra algo de positivo em Ló; ele era um homem justo diante de Deus, isso não pode ser negado, pois II Pedro 2:6-9 diz a seu respeito: “e, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, ordenou-as à ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos venham a viver impiamente; e livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)”. De fato Ló era crente, se incomodava com o pecado ali presenciado. Estava prontificado a ajudar pessoas que passavam por aquela cidade com sua hospitalidade para proteger os viajantes contra as iniquidades daquele povo.
           A despeito dessas qualidades de Ló podemos também notar nele uma falta de firmeza, pois se conformou em estar em um lugar tão ímpio porque visava as vantagens materiais. Era por assim dizer um crente mundanizado, que embora exercesse a fé em Deus, mas o fazia cheio de limitações a esse respeito.
           Pela cultura da época o que acontecesse com um hospede era responsabilidade de quem estava hospedando, mas isso não justificava a atitude de Ló de querer negociar com a vida de suas filhas (v.8). Ele preferiu tentar resolver as coisas a seu modo a confiar no Senhor. Os padrões morais de Ló estavam influenciados por aquele lugar.

           Ló estava tão acostumado ao pecado que quando os anjos lhe diz para sair urgentemente da cidade, no v. 16 é dito que ele se demora, havendo a necessidade de os anjos o pegarem pela mão.

           Detenhamo-nos a analisar um pouco  aquela cidade.


II – Sodoma, um lugar de iniquidades.


           O pecado que mais se sobressaiam como algo natural naquela cidade era o homossexualismo. A expressão “sodomia” tem justamente a origem nos costumes de Sodoma. Aquelas pessoas eram tão malignas que não respeitavam nem o direito de hospedagem que Ló  estava exercendo para com aqueles homens (anjos), os desejavam sexualmente e estavam panejando violenta-los. O quadro geral mostra como aquele cidade havia culturalmente normalizado o estado de pecado. Ezequiel 16.49-50 nos traz uma descrição mais detalhada dos pecados de Sodoma: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado.
Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali”.
           Esses pecados tornaram-se culturalmente aceitáveis entre os habitantes de Sodoma. E Ló, por mais que sua alma se afligisse por tais coisas, não tinha uma postura firme, continuava ali, acomodado. Isso porque viver naquele lugar estava dentro de seu projeto de vida.
           A acomodação de Ló ao pecado fazia com que ele perdesse autoridade espiritual, quando ele chega para falar aos seus futuros genros, não foi levado a sério (v.14). Assim é o crente que quer viver como se não o fosse, não será ouvido, não será respeitado.

          Este texto nos traz ainda um grande exemplo da manifestação da justiça divina.


III – A justiça e misericórdia de Deus.


           Deus investigou Sodoma e decidiu que o momento do seu julgamento já havia chegado [Gênesis 18:20-21]. Quando a perversão sexual e a violência se tornam explícitos, o julgamento está próximo. Ló foi avisado para tirar toda a sua família de Sodoma. Suas filhas mais velhas haviam se casado com homens de Sodoma e também viviam na cidade. O seu aviso não foi levado a sério. Aparentemente os genros de Ló não tinham respeito nenhum pelo testemunho dele. O sobrenatural não parecia real para a família de Ló.¹

           Mas em sua misericórdia Deus pouparia Ló e sua família, não destruiria o justo juntamente com o ímpio.
           Percebemos no texto o quanto Deus é paciente com Ló (v.17-22). Nós ficamos perplexos com a estupidez e a lentidão de Ló. Ainda pensando em conforto físico, ele desejou ir para uma pequena cidade em vez de ir para as montanhas. Ele nunca parou para considerar que Deus sabia o que era melhor? Séria normal se ele bastasse com cidades nessa altura. A paciência de Deus é bem evidente neste caso. O Senhor concordou com o pedido de Ló e poupou a cidade pequena por causa dele. Talvez nós deveríamos refletir mais a respeito da paciência de Deus para conosco.

           O julgamento destas cidades permanece como um tipo do julgamento final que Deus exercerá sobre os ímpios [Judas 7]. Mesmo hoje, esta área é um lugar quente e miserável, coberta de escavações de betume. Os restos de Sodoma e Gomorra parecem estar sob o fundo raso do Mar Morto. Toda a área parece ser amaldiçoada por Deus. Vamos nos lembrar que estas cidades têm um encontro marcado com Deus no futuro [Mateus 11:24]. Nenhum julgamento nesta vida é comparável com o julgamento final.

           O castigo divino sobre a mulher de Ló (v. 26) permanece como um aviso para aqueles que se encontram divididos entre fugir do pecado e buscar a Cristo (Lc 17.32).
           Por fim temos nos v. 27 a 29 o contraste entre Abraão e Ló.  Enquanto Ló estava fugindo da destruição e perdia tudo o que possuía, Abraão observava do seu lugar de comunhão com Deus. Aqui fica evidente a vantagem de ser espiritualmente consagrado. O salvo só tem a perder quando se embaraça com este mundo. Podemos notar também aqui, o poder da oração intercessora. O versículo 29 declara que o livramento de Ló estava ligado ao relacionamento entre Deus e Abraão. Abraão havia intercedido por Ló, e o Senhor concedeu a ele a resposta de sua oração livrando Ló, não fazendo perecer o justo com os injustos.

           Diante de tudo isso fica algumas reflexões para nós.



Conclusão

1. Às vezes à semelhança de Ló podemos estar tão acostumados a alguns pecados que mesmo o Senhor nos falando, nos repreendendo, demoramos a tomarmos uma atitude de abandono do erro.

2. O Brasil não é assim tão melhor que Sodoma. Há pecados que são bastante típicos de nosso país: a corrupção, seja do povo de um modo geral, seja dos políticos, a degradação do corpo dos nossos jovens por meio de uma sensualidade exacerbada, o próprio homossexualismo, que é uma questão contemporânea a aceitação cultural não apenas no Brasil, mas hoje em todos os países de uma cultura pós-moderna, e tantos outros que poderiam ser citados.

3. A trajetória descendente de Ló começou quando ele olhou para as campinas do Jordão (Gn 13.10). Foi uma escolha baseada no egoísmo e na ganância, sem nenhuma consideração por Abraão, ou pela vontade de Deus. Ele estava tentando chegar ao sucesso financeiro, sem nenhuma preocupação em promover a glória de Deus. Diz a Bíblia que, Ló ia armando as suas tendas até Sodoma (v.12). As suas escolhas tem sido baseadas em quê? Que seu pensamento não seja um pensamento secularizado!




¹ CRISP, Ron. Um Guia de Estudo do Livro de Gênesis. Primeira Igreja Batista 11659 Madison Pike Independence, Kentucky 41051 EUA 2002.

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